Opinião

Opiniao 12766

Os humanos perdidos no seu mundo virtual

Sebastião Pereira do Nascimento*

No mundo contemporâneo, fatores como a necessidade exacerbada de nos mostrarmos ou expormos coisas que possam causar impacto para o outro são cada vez mais escancarados. Nas redes sociais, essa possibilidade de postarmos fatos e acontecimentos fora da realidade, como queremos que eles realmente fossem, torna as coisas muito mais evidentes. Onde o frenesi da impressão “perfeita” e “verdadeira” que acreditamos que passamos para as outras pessoas, nos mostra o quanto temos ainda de incapacidade humana em lidar com os diversos meios da tecnologia digital.

Considerando essas incorreções diante das redes sociais, é possível constatarmos tantas inversões de valores, onde o outro é cada vez mais distante e estranho para nós. E há quem tema que essa tendência possa ser ainda mais destrutiva socialmente, pelo fato das pessoas não imporem limitações éticas e morais quanto às exposições demasiadas nas plataformas digitais, muitas vezes, postando imagens e comentários sem nenhum julgamento prévio e sem compromisso com a verdade.

O desejo sôfrego da pessoa querer ser o centro das atenções, querer notoriedade social a todo custo, a busca incessante da autopromoção nos meios virtuais, o apego excessivo aos próprios interesses, tudo isso são atitudes levadas por pessoas carentes de entendimentos humanos, ainda mais comprometedor quando esses fatos estão dissociados da realidade e fortemente agregados aos apelos existenciais, que levam o indivíduo simular sentimentos histriônicos no intuito de persuadir outras pessoas para satisfação dos seus desejos imoderados.

Em outras situações, esse tipo de comportamento, pode ser ainda mais prejudicial à pessoa, quando ela divulga algo e não consegue uma resposta à altura do que esperava, com isso a pessoa pode sofrer uma grande frustração, levando-a uma vida insuportável. Na realidade isso evidencia o quanto nós estamos vivendo dissociados dos afetos humanos e movidos pela vaidade extrema, onde cada um visa apenas o seu bel-prazer, dando crédito ao transtorno de personalidade antissocial, comumente conhecido como sociopatia.

Com isso, é possível afirmar que esses meios de relações virtuais estão convertendo os seres humanos não só em espectadores insensíveis, mas em sujeitos ávidos em se autorrevelar, postando imagens e fatos infundados apenas para a sua doentia satisfação. Onde o sujeito expõe o conteúdo virtual da forma em que ele deseja, muitas vezes tentando transformar uma coisa insignificante em algo que para ele é extraordinário, algo que contenta a sua carência existencial e faz perder a capacidade de refletir o quanto esses espaços virtuais realmente podem ser salutares ou o quanto nos desgastam como pessoa humana.

Não o suficiente, essas práticas desorientadas tanto causam indignação às pessoas que têm a consciência iluminada pelo bom senso e comprometidas com a verdade social, como deterioram cada vez mais os valores morais da sociedade, reforçando que sem uma vigorosa resistência moral, as pessoas entram em turbulência, e consequentemente deixam de fazer as coisas certas, muitas vezes até de forma imperceptível, não raro para satisfação própria – a respeito da resistência moral, é oportuno que fosse mais admissível entre a sociedade, principalmente neste  momento de loucas virtuais, quando as pessoas caminham tão facilmente pelas paixões dos vícios, pelas vontades insaciáveis ou pelos artifícios do egoísmo.

Assim, a internet e suas plataformas virtuais, apesar dos benefícios que trazem para a humanidade, passa ser também uma “arma” virtual perigosa nas mãos de uma massa humana descontrolada, que se exime de atributos saudáveis e passa expor os mais degradantes laivos humanos como aqueles que exprimem as conspirações maliciosas, os gestos e linguagens toscas, as futilidades que agridem o senso humano, as notícias falsas e ofensivas que revelam o ódio, o preconceito e a intolerância, além de outros escárnios praticados, inclusive, por agentes públicos que a todo momento quebram o decoro dos cargos que ocupam, lamentável.

No mesmo contexto, também assistimos às inúmeras distorções existenciais que levam as pessoas a se mostrarem como protagonistas de algo que elas mesmas não têm a mínima noção. Isso tudo faz das redes sociais um espaço insalubre para os humanos, obrigando a criação de mecanismos de controle para coibir os diversos excessos, ainda que os mecanismos de contenção não sejam tão eficientes.

Não o bastante, quando uma pessoa se esquiva de utilizar alguns desses produtos virtuais, é sempre excluída do meio, taxada de retrógrada e antiquada. Pois, no gosto da sociedade virtual, todo esforço é atribuído para fazer do ser humano uma criatura debilitada existencialmente, a qual se dedica a responder as provocações virtuais de maneira a alimentar os apetites existenciais – que, nos ditames de Sartre, se ajustam à dubitabilidade e à irracionalidade – da outra pessoa.

Portanto, o que percebemos atualmente diante das conexões virtuais é o fracasso da mobilização coletiva, submetida a um contínuo processo de desconstrução das relações sociais e dos valores morais, onde a pessoa manifesta seus mais intensos desejos de satisfazer seus próprios apetites, conduzindo sempre a um conflito com o meio social em que vive. Aqui citamos como exemplo as recorrentes ações judiciais no sentido de arbitrar agravos (mentiras, calúnias, injúrias, etc.) proferidos por alguém em difama de outrem – isso sugere que as pessoas cada vez mais perdem a capacidade de controlar seus impulsos ultrajantes e mais ainda incapaz de controlar a internet e seus ciberespaços, inventos humanos, que vão além da natureza humana.

No que concerne aos juízos morais que guiam a boa conduta social, Aristóteles fala que de maneira incisiva é possível aplicar esses atributos morais às questões mais práticas, com as quais nos confrontamos nas nossas vidas quotidianas. E, conduzindo isso para uma postura diante do mundo virtual, devemos considerar essas questões do ponto de vista moral de todos os sujeitos envolvidos, nos colocando na posição de cada um, assim como na nossa, e de agirmos de forma
que seja gratificante para o outro, como se fosse para cada um de nós humano.

*Filósofo, Consultor Ambiental e Escritor. Autor das obras “Sonhador do Absoluto” e “Recado aos Humanos”. Editora CRV.

Mesmo Quando Tudo está Dando Errado Debhora Gondim

Habacuque 3: 17-19 Quando nos voltamos para o contexto histórico, no qual o profeta e poeta Habacuque escreveu este livro e, analisamos cada um dos três capítulos, percebemos que o seu povo vivia longe de Deus em um estado espiritual de impiedade e com o aumento da iniquidade entre esta nação acabavam por sofrer com a injustiça e a opressão por parte dos governantes. Todo este cenário angustiava o coração do profeta, mas o que o fez ficar ainda mais aflito foi quando Deus revelou que os Caldeus iriam atacar Judá.

Todo este contexto levou o profeta a indagar a Deus e seus desígnios. A sua intimidade com o Todo-Poderoso o fez ter ousadia para perguntar e sabedoria para entender o real propósito de tudo o que Ele estava permitindo acontecer. Deus respondeu a ele por ser misericordioso e gracioso, que tudo não passava de instrumentos temporários em Suas mãos para levar o povo a se arrepender de seus maus caminhos e se voltar em verdadeira adoração a Ele. O Senhor responde: “Pois toda terra se encherá do conhecimento da Gloria do Senhor, como as águas cobrem o mar.” (Habacuque 2:14).

A resposta do Senhor veio como alívio ao seu coração, fazendo com que escrevesse o belo Salmos contido no capitulo três do livro de Habacuque. Sendo um testemunho de fé em Deus, mesmo quando as circunstancias ao redor o levassem a incredulidade de que nada daria certo, contra toda desesperança Habacuque creu e esperou os propósitos de Deus se cumprir. Assim, como Abraão este profeta também é um exemplo de fé a ser seguida. 

O Apostolo Paulo escreveu Romanos 1:17 em total influencia de Habacuque 2:4 que diz: “O justo viverá por fé.” Martinho Lutero descobriu esta grande verdade do evangelho ao ler Romanos e Gálatas, o que teve também influencia através do livro de Habacuque. Desta forma, assim como estes grandes homens de Deus eu lhe convido a conhecer este pequeno livro bíblico do Antigo Testamento, que nos leva a entender que a fé deve ser cultivada e exercida mesmo quando tudo parece estar dando errado.  Agostinho afirmou: “É preciso crer para ver.” Vivemos em um contexto da história do mundo em que a maldade está aumentando, no qual há uma banalização do mal cada vez maior em nossa sociedade (termo utilizado pela primeira vez pela filosofa alemã Hanna Arendt, no seu livro Eichmann em Jerusalém). Trazendo como consequência a desvalorização da vida, opressão, injustiça, corrupção desenfreada, falta de amor, idolatria de ideologias e pessoas, violência, relações que já passaram do estado liquido para o gasoso.

Ao olharmos para tudo isso tendemos a desanimar e não encontramos respostas em nós mesmos e nem em nada que provêm deste mundo caído, entregue a sua própria maldade. Por isso, eu lhe faço mais um convite: “Olhe para Cristo, para a salvação que só há Nele. Ele tem a resposta e não perdeu o controle do mundo e nem da sua vida. Exerça fé Nele, somente Nele, que você viverá e verá o agir Dele, terá paz e ânimo para perseverar em meio a circunstâncias difíceis.” E assim como Habacuque poderá dizer: “Mesmo não florescendo a figueira e não havendo uvas nas videiras, mesmo falhando a safra de azeitonas, não havendo produção de alimentos nas lavouras, nem ovelhas no curral, nem bois nos estábulos, ainda assim eu exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação.” (Habacuque 3: 17 e 18). 

Teóloga e Professora

Relembrar o passado

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Para você beber vinho numa taça cheia de chá, é necessário primeiro jogar o chá fora; para, então, beber o vinho. O passado é para ser relembrado, não revivido”. (Legrand)

Sempre que se aproxima uma data festiva, sobretudo quando a data me traz lembranças e alegria, do passado, me lembro dele e fico feliz. É muito agradável lembrar de momentos felizes do passado. O Bob Marley já disse que: “Saudade é um sentimento que quando não cabe no coração escorrega elos olhos”. E como só sente saudade quem foi feliz, vamos viver cada minuto da saudade. O importante é que nunca percamos um minuto sequer com pensamentos negativos de maus momentos do passado. Sempre que eles chegarem mande-os embora.

Vamos viver a vida independentemente do momento que estamos vivendo. Há sempre bons momentos nos nossos dias, por mais tumultuados que eles sejam. Mesmo porque é com os maus momentos que aprendemos e nos preparamos para os bons momentos. É só não perder tempo com os maus. E podemos fazer isso, desde que nos valorizemos a ponto de não nos deixar levar pelo que não nos importe. O Laudo Natel também nos disse: “Saudade é a presença da ausência”. Quando a saudade chega, está nos trazendo lembranças dos bons momentos. Então vamos vivê-los nos pensamentos.

Se seus pensamentos são um copo cheio de chá, e você prefere café, derrame o chá. Você é dono de você. Ninguém tem o poder que você tem sobre você mesmo ou mesma. Então não fique esperando que alguém faça você se sentir feliz. Lembre-se de que ninguém, além de você mesmo, tem esse poder. Só você mesmo tem o poder de se fazer feliz ou infeliz, desde que esteja a fim. Então esteja sempre a fim de viver cada momento de sua vida com felicidade. Porque a felicidade está aí do seu redor. Você é que não a está vendo. Então tire a venda causada apela incapacidade de ser feliz, e veja. Simples pra dedéu. E não caia nessa, de pensar que estou querendo ser seu orientador.

A extraordinária Helen Keller também já disse: “A alegria é o fogo que mantém aceso o nosso objetivo, e acesa a nossa inteligência”. Então por que apagá-la quando necessitamos de uma inteligência clara, para sermos felizes? A alegria é um sentimento que sempre nos faz feliz. Então, por que sermos tristes? Tudo de que necessitamos para sermos felizes, está à nossa volta. É só estarmos atentos aos momentos agradáveis. Por que perder tempo com acontecimentos desagradáveis? Eles fazem parte do nosso aprendizado. Então vamos aprender a aprender.

O Gandhi também nos ensina: “A arte da vida consiste em fazer da vida uma obra de arte”. E todos somos artistas. Pense nisso.

[email protected]

99121-1460