Opinião

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O meio ambiente entre a falácia e o fisiologismo

Sebastião Pereira do Nascimento*

Nos dias 30 e 31 de outubro ocorreu em Roma, a reunião de cúpula do G20, grupo de países que reúne as principais economias do mundo. O grupo é formado por 19 países e a União Europeia, sendo responsáveis por cerca de 80% da produção econômica global. O tema da reunião, a critério do governo italiano, focou nos três pilares da agenda 2030 que comporta os temas: povo, planeta e prosperidade.

Na atualidade, a maioria desses eventos internacionais gira em torno da percepção do decrescimento global. Onde, por razões ambientais indubitáveis, a possibilidade de crescimento infinito em um mundo finito não pode mais oferecer ilusões à humanidade. Principalmente pelo motivo desse mundo desigual, produtivista e consumista, dominado pela desconfiança, pelo negacionismo, pelo individualismo e pelo enfraquecimento do multilateralismo.

E, é por conta dessas evidências que, mesmo em um evento de peso como a reunião de cúpula do G20 ou da COP (Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas – Conferência das Partes), poucas são as propostas que podem ser exequíveis e capazes de assegurar um resultado salutar a médio ou longo prazo, principalmente do ponto de vista da redução do desmatamento e da emissão gases do efeito estufa. A maioria das propostas, ainda que com alguns sinais de otimismo, não passam de falácia e de fisiologismo, a exemplo das lambanças de Jair Bolsonaro que se revela, de fato, um verdadeiro trapaceiro, direcionando seu discurso apenas para o deleite de seus adeptos e vergonha para o Brasil e o mundo.

Tal presidente, cada vez mais isolado de seus pares mundiais, quando faz presença nesses eventos internacionais acaba por divulgar o seu imobilismo patético, levando outros países a desacreditar cada vez mais no Brasil, particularmente quanto às questões do meio ambiente, o qual, Bolsonaro deseja levar à bruteza dos anos 60 e 70, quando o Brasil alcançou um cenário desolador, vindo melhorar de forma progressiva a partir da redemocratização do país e mais acentuadamente a partir da Constituição Federal de 1988 quando trouxe um capítulo específico sobre o meio ambiente, o artigo 225. A constituição garantiu que todos têm direito ao meio ambiente equilibrado, um bem de uso comum do povo e essencial à boa qualidade de vida, impondo-se ao Estado e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo. Neste sentido, a partir da Eco 92 outros avanços ambientais foram considerados e levados a um nível satisfatório durante o governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Quando houve uma série de serviços ambientais contribuindo para a redução de 83% de desmatamento na Amazônia entre os anos de 2004 e 2012.

Contudo, esses benefícios contrastam com os dias atuais do governo Bolsonaro, que vem cumprindo medidas absurdas e autoritárias, em especial na Amazônia, estimulando a grilagem de terra, o desmatamento e a invasão de áreas indígenas e de proteção ambiental. Se no passado recente o Brasil se transformou em um dos principais líderes na agenda ambiental global – por reduzir o desmatamento –, agora se transformou num dos principais vilões do meio ambiente.

No caso da COP26, o Brasil chega pressionado em várias frentes. A principal delas diz respeito ao desmatamento da Amazônia, que cresceu substancialmente durante o governo Bolsonaro, assim como o incentivo governamental à diversas atividades ilegais, entre outras, a retirada de madeira e atividade de garimpo. Para se ter uma ideia, no último dia 26/10 Bolsonaro veio à Roraima e fez uma visita a uma área de garimpo ilegal dentro da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, na oportunidade reforçou a atividade e prometeu legalizar – no entanto, essa atividade vem afetando drasticamente os povos indígenas da floresta (Yanomami e Ye’kuana) e região das serras (principalmente o povo Macuxi).

Contrariando tudo isso, mais uma vez o Brasil participa de um encontro internacional para o meio ambiente anunciando metas ambiciosas de redução das emissões de gases causadores do efeito estufa. Contudo, o compromisso do país com o meio ambiente é difícil de ser creditado, quando o próprio presidente do Brasil (como chefe de Estado) não compareceu à cúpula do clima. Isso sinaliza a falta de responsabilidade com os problemas climáticos globais e a falta de compromisso com o bem-estar do povo brasileiro.

Embora ausente na conferência, a hipocrisia de Jair Bolsonaro esteve presente, quando afirmou, em mensagem gravada e transmitida nesta segunda, que há espaço para “mais ambição” no controle climático e classificou o Brasil como “parte da solução” do problema. Seria realmente parte da solução, se tivéssemos um presidente responsável que, em vez de trabalhar para resolver os problemas do país, não ficasse fazendo turismo na Europa à custa do erário. Enquanto isso, o ministro do meio ambiente, Joaquim Leite, repetindo as lorotas do Bolsonaro, além de anunciar uma nova meta para reduzir em 50% a emissão de gases do efeito estufa até 2030, prometeu que o Brasil vai zerar o desmatamento ilegal até 2028 – com redução de 50% até o ano anterior.

Sobre essas metas, caso Bolsonaro continue com a sua política reacionária de desmonte dos órgãos públicos (meio ambiente, ciência e tecnologia), flexibilização das normas e regras ambientais, corte nos orçamentos destinados aos programas de controle do desmatamento, proteção das áreas de conservação, ações socioambientais e prevenção e controle de incêndios, nunca serão alcançadas. Só para lembrar as estatísticas recentes, em 2020 para 2021, a quantidade de focos de incêndios em todo o território nacional foi a maior em 10 anos. Além disso, o volume de emissões de carbono foi o maior em 13 anos, e o desmatamento da Amazônia alcançou o máximo patamar desde 2008.

*Consultor Ambiental, Filósofo e Escritor. Autor dos livros: Sonhador do absoluto e Recado aos Humanos. Editora CRV. Coautor de “Vertebrados Terrestres de Roraima”, obra publicada pela revista científica BGE.

O Apressado Come Cru

Debhora Gondim

Peguei-me recitando este ditado para minha irmã de 08 anos, em uma tarde em que nós duas e minha mãe fazíamos um bolo. Ela ansiosa para ver o resultado já estava impaciente para com os processos que tinham para chegar ao ponto final da massa. Então eu disse: Calma! O apressado come cru. Pensei: Caramba! Co
mo o que eu disse coube direitinho para a ocasião. Não consegui não pensar que Deus estava usando aquele momento, aquela frase que proferi para ministrar em minha vida.

Após proferi-lo eu fiquei refletindo, racionalizando o real significado daquelas palavras. Comecei pela perspectiva do contexto em que estava: em uma cozinha fazendo bolo. Pensei: “Toda comida tem um processo de preparo e para que, ele ocorra de forma correta tem determinados ingredientes que serão misturados uns com os outros em certo ponto do processo de preparo. Para que, tenha o sabor, a aparência da comida que estamos cozinhando, devemos seguir a receita exatamente como ela é do contrário, poderá ter outro sabor ou até errarmos o tempo de cozimento e ela ficar crua”.

Assim, transportando para a nossa caminhada temos recordações de momentos em que ansiamos por coisas, até oramos a Deus para alcançá-las. Mas o processo da espera às vezes nos desanimou, no fez pegar uma receita que prometeu ser mais rápida. Porém, o resultado foi nos servir de comida insossa, crua. Tudo por que não passamos com excelência cada processo, usando os ingredientes certos e tendo paciência de esperar o resultado.

Por trás dessa frase simples tem uma palavra cheia de significado criada por Deus, Tempo. Deus em sua infinita e inesgotável sabedoria o criou com o propósito de vivermos cada segundo, minuto, hora desfrutando dele sem pular etapas. Pois quando fazemos isso quebramos princípios que fundamentariam a construção de nosso caráter. Não teremos bons resultados de escolhas apressadas, tomadas movidas por impulso, ansiedade e impaciência. Não vale a pena viver longe do propósito de Deus para nossas vidas. Apressar-nos é caminhar do lado de fora da estrada que ele preparou para trilharmos.

Muitas vezes queremos ouvir Deus nas experiências extraordinárias, não que Ele não se mova nestas situações, mas Ele é Deus que se manifesta mais no comum, no nosso dia a dia. Estejamos de ouvidos abertos para ouvi-lo, para permitir o seu agir em nos moldar. Deixe o tempo tomar o seu curso como Deus o preparou.

Para finalizar, vou deixar um poema que escrevi em fevereiro deste ano.

Tempo

“Para tudo há uma ocasião, e um tempo para cada propósito debaixo do céu:” (Eclesiastes 3:1)

Quanto tempo eu tenho nesta terra estrangeira? Quanto tempo você tem? Eu não sei. Só sei que o tempo foi feito para não perder tempo. E caminhar na pressa das horas é viver inutilmente.

O relógio marca as horas e cada vez que o ponteiro gira é o tempo a menos que tenho nesta peregrinação. Então, por que viver como um maratonista correndo contra o relógio?

O tempo perdido nesta terra estrangeira não volta. Então viver, só nos faz sentir vivos quando desfrutamos do tempo que nos foi dado.

O Senhor do tempo nos deu vida e vida abundante. Mas o que é viver? O viver é Cristo à medida que não vivo mais o eu. Mas o tempo vivido para Cristo.

O tempo com Deus é o tempo que está dentro do infinito. É como se o passado, presente e futuro se alinhassem, tornando-se um. Não vemos o tempo passar na presença do Senhor do tempo.

Neste tempo bebemos da fonte que sacia a sede, mas nos faz querer mais. Ele é a fonte inesgotável. Fonte que traz vida para quem dela bebe.

O buscarei até que meus dias deixem de ter fôlego e passem a ser descanso eterno, descanso Nele. Aí o tempo não terá mais tempo de limitar minha busca, pois lá o tempo já não se fragmentará.

Pelo infinito vou caminhar ao lado do Deus infinito, tendo a infinidade para conhecê-lo. Vida terei para da vida de Cristo eu desfrutar.

“Busquem o Senhor enquanto se pode achá-lo; clamem por ele enquanto está perto.”(Isaías 55:6).

Teóloga e Professora

Viva intensamente

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Não viva emoções mornas ou vazias. Cultive seu interior, extraia o máximo de pequenas coisas. Seja transparente e deixe que as pessoas saibam que você as estima, e precisa delas. Repense seus valores e dê a si mesmo a chance de crescer e ser mais feliz”. (Aristóteles Onassis)

O feriado trouxe-me lembranças de bons tempos vividos profissionalmente. E isso pelo meu hábito de, nas folgas, mexer em livros e anotações. E hoje deparei-me com uma série de pensamentos ditos pelo Onassis. Um cara que sempre adorei, pelas suas atividades como armador. Durante quase dez anos, trabalhei como inspetor de qualidade em três grandes estaleiros do Brasil. Iniciei a tarefa no Estaleiro Mauá. Um dos maiores e mais credenciados estaleiros, no Rio de Janeiro. O Mauá foi criado no início do século XX, pelo Barão de Mauá.

A indústria paulista e os estaleiros cariocas foram a maravilhosa Faculdade do Asfalto, para minha formação. Mas o Onassis me trouxe hoje, aos estaleiros. Porque o que mais me admirou na minha convivência com a indústria naval, foi sua especialidade. Tenho muita história pra contar sobre a tecnologia na indústria naval. Mas vamos deixar isso pra lá, e vamos contar o que me acontece sempre que leio alguma coisa do Aristóteles Onassis.

Sempre que falamos de estaleiros, as pessoas geralmente imaginam uma indústria sem grande qualificação. Quando na verdade é exatamente o contrário. A tecnologia na indústria naval é tão avançada que não se supera. O Controle de Qualidade no Brasil é respeitado internacionalmente. Quando nos especializamos como Inspetores de Qualidade, ficamos habilitados para trabalhar, tanto no CQ, quanto no almoxarifado ou no Departamento de Compras. No entanto, o controle na qualidade dos navios fabricados no Brasil, tem que ser feito pelo controle de qualidade do armador, não importa o país.

A visão que tínhamos, e ainda temos, sobre o Onassis, é a mesma, por ele ter sido um armador. Ninguém imagina a importância que ele teve como industriário de altíssimo nível e intelectual. Continuamos valorizando as pessoas, muitas vezes, pelo volume do alvoroço na divulgação.

Procure não viver emoções pequenas e inúteis. Viva cada momento de sua vida, observando as coisas mais simples, ao seu redor. Ainda há quem sorria quando eu digo que devemos observar as florezinhas silvestres nas calçadas. Elas transmitem uma alegria quase imperceptível, e que por isso mesmo nos fazem feliz. Viva intensamente vivendo os momentos felizes nos seus sentimentos. E estes vêm nos seus pensamentos. E por isso mesmo, estes devem ser sempre positivos. Pense nisso.

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