Opinião

Opiniao 12846

Somos cegos mas antes de tudo somos pais

Vera Sábio e Waldecir R. De Andrade

Espero que muitos leiam até o fim e compartilhem pois nós cegos infelizmente ainda vivemos a realidade que vou descrever, o que muito me chocou e que realmente precisa ser mudado e isso depende de cada um , tenhamos mais empatia e respeito por quem é diferente de nós. Saímos para um espetáculo, eu cega, meu marido cego e minha filha, uma criança amável e simpática demais com todos em sua volta.

Por mais que tentamos explicar, minha filha acredita que todos são amigos e chama a atenção de todos que se aproximarem dela. Até ai acredito que quem estiver lendo e for adulto, compreende que ela é uma criança, motivos para que não tome decisão sozinha e em tudo precise consultar os pais ou adulto que lhe acompanhe. Afinal é assim que gostariam que fizessem os filhos de vocês.

Digo isso porque, minha filha estava sentada em uma cadeira entre a cadeira do seu pai e de mim, sua mãe e não sei como aconteceu mas de repente vi que ela tinha no colo um grande pacote de pipoca e um refrigerante de lata pela metade. Como a pipoca e bebi o refrigerante pensando que meu marido tivesse comprado e meu marido fez o mesmo.

Quando saímos, perguntei ao meu marido quanto tinha sido aquele pacotão de pipoca e neste momento veio a surpresa. Ele pensou que eu fosse quem tivesse comprado, da mesma forma que eu pensei que fosse ele. Muita indignação com esta pessoa sem noção de respeito e valorização a nós como pais, pois teria esta pessoa, que ter perguntado a nós se podia dar a pipoca e o refrigerante. Pior ainda nesta época de pandemia, um refrigerante que já tinha sido bebido um pouco.

Meu Deus, será que esta pessoa pensou que fossemos irresponsáveis? Doidos? Sem dinheiro acho que não, afinal o espetáculo foi pago e caro. Sei lá o que pensar de um ser humano destes que não sabe que antes de sermos cegos, somos pais e merecemos ser consultados, caso nossa filha pudesse receber, nos agradeceríamos, ou não, devolveríamos. Mas como tenho raiva deste tipo de pessoa que decide o que é bom para nós, simplesmente porque somos cegos.

Deus tende misericórdia de pessoas assim, incapazes de falar conosco e resolvem como bem queiram como tem que agir. Que pena que não sei quem é esta pessoa. Pois estou tentando e querendo castigar minha filha, caso pegue algo que lhe oferecerem sem nos consultar, e principalmente para que ela não peça nada a estranho. Mas será que esta pessoa é capaz de entender que minha filha é uma criança e como criança ela tem que ser respeitada.

Sem palavras, diante de tamanha indignação. Vera Sábio e Waldecir R. De Andrade

Depende da ação

Somos todos, sim

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Todos os que vivem nesta Terra e nesse universo fazem parte do poder da Mente Cósmica Universal”. (Samuel Dodson)

A racionalidade sempre esteve presente no desenvolvimento da humanidade. O problema é que no decorrer das eternidades não progredimos suficientemente. Ainda continuamos acreditando que fomos feitos de um punhado de barro. E nesse barco furado pelo desconhecimento ainda não amadurecemos para ser o que somos. Continuamos esperando que os outros nos digam quem, e o que somos. O tempo vai passando, e nos levando, e nos trazendo de volta, sem que nem mesmo percebamos o que estão fazendo conosco.

Séculos passados, o Ovídio já nos disse: “As moléstias da mente prejudicam os poderes do corpo”. Que é o que acontece com a maioria dos seres humanos. Estamos propensos a nos deixar levar pelas moléstias da mente. Caímos facilmente na desgraça dos maus pensamentos. Sempre duvidamos dos bons pensamentos. É muito comum alguém, de repente, ter um bom pensamento e logo ficar se perguntando: será? Mas quando o mau pensamento chega, a tristeza chega com ele. E é ela que leva você para o fundo do poço da desgraça. Porque esta chega facilmente, trazida pelo negativismo.

Tudo bem. Vamos deixar este assunto para os especialistas. Com certeza, você vai acreditar mais neles. E muitas vezes é aí que a jiripoca pia. Você vai acreditar mais no que lhe dizem, ou em você mesmo? E novamente você vai continuar navegando em piroga furada. Você se lembra da que lhe contei, daquele cara que atravessava o rio, numa canoa? Ele era um cara esclarecido. E começou a fazer perguntas ao canoeiro, que era considerado um sem conhecimentos. E o culto começou a perguntar se o canoeiro sabia escrever, se sabia ler, se isso ou aquilo. E o cara não sabia de nada.

Já estavam na metade do rio, onde a água era mais profunda. De repente o canoeiro olhou para a metade da piroga e percebeu que havia um furo, por onde estava entrando água no barquinho. Aí, o barqueiro sorriu suavemente e perguntou para o sabidão:

– “O sinhô sabe nadá”?

Sem se tocar, o cidadão respondeu calmamente:

– Não, isso eu não tive tempo pra aprender.

O barqueiro sorriu e respondeu:

– Pois eu sei!

 Porque é isso aí. Às vezes, ser um intelectual não faz de você o dono da cocada-preta. Todo o poder está na sua mente. É só você se cuidar dentro da racionalidade e considerar que somos todos iguais. As diferenças estão no outro barril. Não se esqueça de que a faculdade não diz que você é um advogado, ela lhe dá um diploma, dizendo que você fez um curso de direito. O profissionalismo você vai adquirir no dia a dia, no batalho. Pense nisso.

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