Opinião

Opiniao 13 02 2015 623

Como evitar a repetição desnecessária de palavras? – Antonio de Souza Matos* Como abordei em artigo anterior, a repetição de palavras não constitui um erro se o propósito é tornar o texto mais claro ou mais expressivo. Porém, a repetição desnecessária deve ser evitada, pois configura, aí, sim, pobreza de vocabulário. Mas como fazê-lo? É simples. Basta que usemos os diversos mecanismos de coesão textual (ligação ou associação entre as palavras de um texto), que estão à nossa disposição no léxico (conjunto de palavras de uma língua). De acordo com M.A. Halliday e Rugaia Hasan (Cohesion in English, Londres: Longman, 1976), citados pelo professor, linguista e mestre em Letras João Batista Vaz, em seu artigo “Quando um texto se torna texto”, publicado na revista Língua (julho de 2014, pp. 38-40), há cinco mecanismos de coesão: por referência, substituição, elipse, conjunção e pelo léxico. A coesão por referência se dá pelo emprego de pronomes para retomar unidades linguísticas. Por exemplo, “Joana gosta de doces. Ela quer comer chocolate. Este, porém, provoca alergias nela”. Percebe-se que o pronome “ela” retoma a palavra “Joana”; o pronome “este”, “chocolate”; e “nela” (combinação de em + ela), a palavra “Joana”. A coesão por substituição ocorre quando se empregam palavras ou expressões por meio das quais se retomam termos ou enunciados. “O carro invadiu o pátio da escola no momento do recreio, mas todas as crianças tinham ido brincar no parque. Graças a isso, não houve feridos”. Nesse exemplo, observa-se que o pronome demonstrativo “isso” substitui a informação da oração anterior, qual seja, de que todas as crianças da escola tinham ido brincar no parque. A coesão por elipse consiste na omissão de uma ou mais palavras ou termos sem prejuízo da clareza. “Luísa assiste à TV. Praticamente ao mesmo tempo, faz a lição de casa e conversa ao celular.” No exemplo dado, nota-se claramente que os verbos fazer e conversar, a exemplo do primeiro período, têm como sujeito o termo “Luísa”, embora este não apareça repetido. A coesão por conjunção se caracteriza pelo emprego de conectores, que estabelecem vários tipos de relações de sentido. “Como estava com conjuntivite, não fui ao trabalho, apesar de ser segunda-feira.” Vê-se, nesse exemplo, que a conjunção “como” indica causa, e a locução prepositiva “apesar de” expressa adversidade ou oposição. Já a coesão lexical ocorre mediante o uso de sinônimo, pronome, hipônimo (termo que tem significado mais específico em relação a outro com sentido mais abrangente) ou heterônimo (termo com significado mais geral em relação a outro, de sentido específico). Assim, analisemos este exemplo: “Ronaldo foi o maior centroavante do mundo. O fenômeno levou o Brasil a grandes conquistas. Contra Alemanha, no final da Copa do Mundo, o camisa nove mostrou seu talento de goleador”. Para retomar o termo “Ronaldo” e evitar a repetição, optou-se por usar os termos “fenômeno” e “camisa nove”. Ingedore G. Villaça Koch (A Coesão Textual, São Paulo: Contexto) resume esses mecanismos a duas modalidades: coesão referencial e coesão sequencial. A primeira diz respeito ao emprego de um termo para retomar outro (que vem antes – anáfora – ou depois – catáfora). A segunda se refere a procedimentos linguísticos que ligam a ideia ou o conceito já dito ao que será apresentado – trata-se do emprego das conjunções e de outros conectivos que estabelecem relações de sentido entre as partes do texto. Irandé Antunes (Lutar com palavras: coesão e coerência, 2005), citada por mim no artigo evocado no início deste, amplia o assunto mostrando a existência de três tipos de relações textuais (reiteração, associação e conexão), cada um com os respectivos procedimentos e recursos. Apesar de nos valermos desses elementos coesivos para evitar a repetição desnecessária de palavras, convém salientar, como esclarece João Batista Vaz, que a construção de sentido “envolve fatores lógico-semânticos e cognitivos, já que a capacidade de um texto ser interpretado depende do conhecimento partilhado entre os interlocutores” [escritor e leitor]. Isabel Solé (Estratégias de Leitura, 1998), ratificando essa afirmação de Vaz, afirma que a interpretação depende não só dos elementos linguísticos que estão na superfície do texto, mas também dos conhecimentos prévios do leitor. Daí porque existem textos que usam o mínimo de palavras, mas apresentam sentido, tais como “Circuito Fechado”, de Ricardo Ramos. Dito isso, espero que os leitores tenham compreendido bem o assunto e assumam, doravante, uma postura de equilíbrio na hora de redigir um texto, evitando a repetição desnecessária, por meio do emprego inteligente dos mecanismos de coesão, mas não deixando de repetir quando o contexto assim o demandar. *Professor e revisor. E-mail:[email protected] —————————————— A peia da burrocracia – Afonso Rodrigues de Oliveira* “A miopia intelectual é a mais constante geradora do egoísmo”. (Rui Barbosa) O que acontece lá pelos mundos afora, não interessa aqui no nosso papo. Vamos nos ater ao problema nacional brasileiro. Há um zilhão de razões que levam à burocracia que é um dos maiores desastres no desenvolvimento do País. Acho até que a burocracia, pela sua força descomunal, deveria se chamar BURROCRACIA. Ficaria bem mais adequado, pelo que ela realmente é. Você se lembra de que o Brasil já tentou criar um ministério da burocracia? Não deu certo. Nem poderia dar. Já viu alguma coisa dar certo com relação à burocracia? O primeiro e único ministro da burocracia era muito bom em violão. Tocava bem pra dedéu. Você já perdeu seu tempo, e até seu dia, com problemas que poderiam ser resolvidos imediatamente, mas você tem que, perambular, esperar e se irritar com a implacável burocracia? Estou com um problema realmente desgastante. Estou na iminência de viajar e ficar um bom tempo em Sampa. E preciso de uma conta bancária para receber meu salário lá. E olha que o salário não é tão pequeno assim. É desse tamanhão. Mas terei que ter uma conta bancária para recebê-lo. E, cara, já quase gatei a sola dos tênis, de agência a agência, e ninguém quer abrir uma conta pra mim. Já cansado, ontem, fui ao Banco do Brasil. O atendente foi muito delicado comigo, mas não consegui abrir a conta porque a documentação não estava condizente com a burocracia. Meu comprovante de residência era uma conta de luz. Mas está no nome do meu filho, embora o endereço seja o meu; o Banco só aceitaria uma conta, minha ou de minha esposa, mas eu teria que levar uma certidão de casamento, e a identidade de minha esposa; um comprovante de renda, que felizmente estava comigo, mas não valeu nada. Tentei convencer o funcionário de que sou casado há cinquenta e sete anos e que não tenho a mínima noção de por onde anda minha certidão de casamento. Mas minha tentativa não valeu. Saí correndo para outro Banco. O tempo corria mais do que eu. Peguei uma senha. Fui chamado, mas o setor não era aquele. Tive que pegar outra senha. Estava aguardando a chamada quando meu celular chamou. E ele é verdadeiro ditador. Um pouco menos, é claro, do que a pessoa que me ligou: – Onde você está? – Tô aqui no Banco. Vou já ser atendido. – Lamento muito, mas não passo esperar. A acupuntura terminou e preciso ir pra casa. Venha me pegar. Saí da fila e saí correndo para atendê-la. Mas daqui a pouco estarei na fila novamente e espero que o novo Banco facilite para eu receber meu grande salário lá em São Paulo. Pense nisso. *Articulista [email protected]     99121-1460 ——————————— ESPAÇO DO LEITOR SUPERMERCADOS 1 A leitora Antônia Lima observou que, além da maioria dos supermercados não possuir leitor de código de barras, falta coerência nos preços colocados nas prateleiras. “Tive, por duas vezes, uma experiência de ver um preço colocado em um produto, mas quando fui passar no caixa, era outro. É um desrespeito ao consumidor. Aliás, há tempos que os donos de supermercados só pensam em lucrar e ignoram os direitos conquistados em lei que beneficiam a população”. SUPERMERCADOS 2 Mirian Pinho acrescentou: “Para o cumprimento da lei de defesa do consumidor ter eficácia, falta os órgãos ligados a esta questão serem mais operativos e promoverem fiscalizações. Ficar esperando a demanda da população em reclamar seus direitos para tomar uma iniciativa só no momento de serem provocados fica difícil. O ideal é estar em campo, observando possíveis irregularidades e atuar com eficácia”. CORREIOS Os internautas continuam reclamando sobre o atraso nas correspondências entregues após a data de vencimento. “Desde o início deste ano, os Correios estão atrasando a entrega de correspondências, como boletos bancários e cartas registradas. Já ocorreram casos do boleto chegar com 10 dias de atraso, dificultando o contato com a financeira para o envio da segunda via. Já fiz a reclamação, mas nada foi feito, pois novamente está chegando a data de vencimento. Pelo visto, vai atrasar novamente”, relatou um aposentado. MUCAJAÍ Moradores do Município de Mucajaí relataram a dificuldade em acessar os serviços do Departamento Estadual de Trânsito. “Estamos desde o fim do ano passado sem os serviços do Detran. Com isso, não podemos retirar os boletos de pagamento do IPVA e ter acesso a outros serviços. Quando vamos até o local de atendimento em Mucajaí, a informação repassada é a de que o sistema está apresentando falhas, mas que estão sendo corrigidas. Até agora, estamos sem poder acessar os serviços”, relatou um morador.