GRITE Paulo Nicholas*
Estádio Castelão em Fortaleza. Copa do mundo. O Brasil está prestes a enfrentar a Costa Rica. Torcedores de ambos os lados gritam sem parar. Os times entram no estádio e emoções dali afloram. Uns riem outros choram, a maioria canta e ainda há aqueles que esculhambam. Mas todos gritam!
A partida começa e após algum tempo é Goooooool do Brasil!!! Poucas sensações são tão extravasantes quanto gritar GOL num estádio lotado, mesmo para quem não gosta e não entende de futebol, como eu, é uma experiência inesquecível. Gritamos para incentivar, para falar mal do juiz ou mesmo daquela falta que nem existiu. Xingamos os jogadores adversários, soltamos quantidades cavalares de palavrões por minuto. Gritamos! E saímos leves, mesmo se o resultado não for o desejado.
Somos uma panela de pressão. Um caldeirão de emoções efervescentes com válvulas que podem – e deveriam – ser abertas para aliviar a tensão que o dia a dia da vida moderna impiedosamente nos impõe.
Atente que nosso organismo atua como um condutor de emoções. Boas ou ruins, os gostos e as sensações experimentadas ao longo dos dias são impossíveis de ficarem hermeticamente fechadas dentro de si. Não somos meros “receptores”, mas sim transferidores de energias e emoções. Se recebemos amor, entregamos amor. Se passamos o dia em situações estressantes, invariavelmente transferimos isso para alguém…
…Ou… transformamos isso em outra coisa, tal qual um catalisador.
Por isso eu grito. Sim, falo de modo literal: Eu dou um grito! Grito quando estou feliz e quando estou triste. Dou gritos de raiva e de frustração, grito “gooool”, grito de euforia, para expor uma emoção, grito de rir, grito com a boca, grito com o corpo, grito com o coração! Só não grito com alguém (mentira, às vezes grito sim. E quase sempre peço desculpas depois. Quase…).
O fato é que gritar, mesmo que metaforicamente, deixa a pessoa leve, afrouxa aqueles cordões que teimam em nos apertar o peito e dá uma verdadeira, ainda que efêmera, sensação de alívio.
Qualquer dia desses, quando estiver sozinho no carro, num estádio de futebol, numa praia ou num campo deserto, ou mesmo em algum lugar calmo, experimente gritar. Faz bem, é sério!
*Advogado e escritor @pnicholas
O CRIME VIOLENTO LETAL INTENCIONAL EM RORAIMA
Francisco Xavier M. Castro*
Ainda ecoam as efusivas comemorações da animadora redução, em números absolutos, das mortes violentas registradas em 2019, em comparação com as de 2018. No cenário federal, a diminuição apresentou o índice de 22%, enquanto que, em Roraima, alcançaram-se empolgantes 42%.
Na realidade local, esse resultado é atribuído à combinação interinstitucional encampada nas esferas federal, estadual e municipal, mediante uma atuação multidisciplinar que contempla desde o acolhimento de refugiados, até a reorganização estrutural do sistema prisional, passando por ações integradas de organismos policiais em caráter preventivo e repressivo.
Sem desmerecer o esforço das instituições envolvidas na redução em tela, preocupa-nos a manutenção de um índice que continua posicionando Roraima no rol dos estados mais violentos da nação. Trata-se da taxa de crimes violentos letais intencionais (homicídios dolosos, feminicídio, latrocínio e lesão corporal seguido de morte) por 100 mil habitantes, um parâmetro nacional, cuja redução figura como o primeiro objetivo estratégico do vigente Plano Nacional de Segurança Pública.
A mesma fonte que divulgou a comemorada redução expõe a taxa que coloca Roraima na 5ª posição do ranking nacional: 34,51 mortes violentas por 100 mil habitantes. Sim, nos livramos da lastimável primeira colocação alcançada em 2018, mas ainda tingimos as estatísticas criminais de vermelho, paradoxalmente, em um estado detentor da menor população do país e que conta com uma excelente cobertura de policiamento ostensivo. Exemplo disso é a proporção de 258 policiais militares por 100 mil habitantes (a população estimada do estado, em 2019, foi de 605.761 habitantes, conforme o IBGE, enquanto que o efetivo da PMRR é de 1.563 policiais), situação mais confortável, por exemplo, que a do estado de São Paulo, onde essa proporção cai para 185 policiais militares por 100 mil habitantes. Ocorre que a taxa paulista de mortes violentas é a menor do país, com invejáveis 7,05 por 100 mil habitantes, o que nos faz questionar por que o estado com a maior população (45 milhões de habitantes!), e com uma proporção de policiais militares por habitantes, menor que a de Roraima, consegue se preservar, há anos, como modelo de estado seguro?
Precisamos continuar nos indagando sobre quais fatores, isolados ou conjugados, continuam a determinar a manutenção dessa alta taxa de mortes violentas. Já que, por aqui, a proporção numérica de policiais militares por habitantes seria, em tese, satisfatória (sem contabilizar os efetivos existentes de outras instituições de segurança que também realizam o patrulhamento ostensivo), poderíamos supor que o entrave residiria no baixo índice de elucidação criminal decorrente das deficiências estruturais, e de pessoal, que há anos acometem a Polícia Civil? Ou estaria equivocada a distribuição do policiamento ostensivo que, ao invés de promover a real inibição do crime, ocasionaria a migração dos criminosos para espaços urbanos menos policiados?
Ao mesmo tempo, não podemos deixar de considerar que as organizações criminosas, atraídas pela condição geográfica vantajosa e pela mão de obra proveniente do crescimento populacional, fincaram profundas raízes na região, tornando a redução das mortes violentas uma incumbência mais desafiadora e com resultados menos visíveis em curto prazo. Tudo isso, somado ao precário guarnecimento da fronteira seca, pode fazer com que consideremos que a redução dos índices de criminalidade violenta, até aqui apresentados, esteja num ritmo condizente com as circunstâncias delicadas da fronteira Brasil-Venezuela.
Ainda no campo dos prováveis fatores determinantes para a alta taxa de mortes violentas, é interessante aproveitar a oportunidade para refutar uma afirmação espúria que há tempos vem sendo propagada por formadores de opinião e que diz respeito a uma falsa assertiva de que o número de policiais considerado ideal pela Organização das Nações Unidas seria de 1 policial para cada 250 habitantes. Os emissores, no entanto, não se dão conta, ou não procuraram constatar a veracidade da fonte, para saber que essa recomendação nunca foi emitida pela ONU. Conforme a divulgação de diversas pesquisas (e aqui destacamos a pesquisa disponível no endereço), e após consulta realizada ao próprio Centro de Informação das Nações Unidas, foi informado pelo próprio centro que o parâmetro mencionado jamais foi emitido por parte da ONU.
Portanto, como subsídio para a adequada distribuição do efetivo policial, com vistas a uma potencial redução da taxa de mortes violentas, é temeroso às instituições lançarem mão de uma propor
cionalidade fria que não leve em conta fatores pragmáticos e exequíveis à realidade local. A dinâmica do modus operandi dos criminosos, a evolução dos tipos criminais e a constatação da cultura de enfrentamento às ações policiais das localidades analisadas precisam compor o portfólio permanente do planejamento estratégico de segurança.
*Tenente-Coronel da PMRR. Especialista em Gestão Estratégica de Segurança Pública.
Esculpindo a vida
Afonso Rodrigues de Oliveira*
“A arte da vida consiste em fazer da vida uma obra de arte.” (Gandhi)
Não estou derramando sentimentalismo. É que o tempo chuvoso, aqui, na Ilha Comprida, está me levando a pensamentos viajantes. E todos vão parar no lado esquerdo, entram e se alojam no velho e vivido coração. Mas o portão é sigiloso e só permite entrada a quem a merece. E por isso aproveitei a semana para enviar abraços a amigos alojados no coração. E meu abraço, hoje, vai para um cara que conheci em Boa Vista, em 1984. No nosso primeiro encontro cravou-se uma amizade fortalecida na minha admiração pela sua competência como um líder que iniciava a construção do seu, hoje conhecido, império comercial. Um abraço do tamanho do mundo para meu amigo VITOR PERIN.
Já falei, aqui, sobre nosso primeiro encontro. Encantei-me com seu gesto e comportamento de verdadeiro líder. E eu que sempre fui apaixonado pela arte de liderar, não pude evitar que o Perin se alojasse no meu coração, como um amigo de verdade, por quem tenho um profundo respeito e uma admiração incomensurável. Orgulho-me por ter um grupo de amigos que nunca me decepcionaram e sempre me trouxeram alegria quando me lembro deles. E você, Perin, faz parte deste grupo que jamais se afastará do meu coração. Um abraço tipo quebra-costelas, pra você.
Construa sempre seu mundo escudado na honestidade, na sinceridade e, sobretudo, no amor. Afinal só colhemos do que semeamos. E só semeamos a semente que temos. Mantenha seu jardim espiritual e racional no nível mais elevado da racionalidade para que possa ser respeitado, recebendo o respeito como retorno do que dedicou. E o respeito é o alicerce da construção da felicidade. Mantenha seus amigos dentro e alojados no seu coração, como fruto do que você plantou.
Mantenha-se sempre no degrau superior da vida. E o degrau da felicidade está na simplicidade. E esta é uma das maiores e mais valiosas qualidades na postura do meu amigo Perin. Procure estar sempre do lado dos que merecem sua atenção. E por isso você deve estar sempre preparado para a construção de boas amizades. A felicidade está ao seu alcance. Cabe a você merecê-la. E só a merecerá quando souber usá-la como instrumento para a construção do seu futuro. Porque sem felicidade não há futuro. Ame sempre. É no amor que encontramos o que precisamos para nossa felicidade. E o amor exige respeito, sinceridade e dedicação. Faça isso e você será feliz, independentemente dos trancos que possam querer bloquear. Sua felicidade está no que você é. Então seja um construtor de amizade, para ser feliz com ela. E ela está à sua disposição. Pense nisso.
*Articulista [email protected] 99121-1460