Opinião

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Lula e Alckmin: a aliança da contemporaneidade inclusiva

Celso Luiz Prudente

Éder Rodrigues dos Santos

A chapa presidencial composta pelo ex-presidente Lula e o e ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, é politicamente pedagógica e estratégica nesse estágio pré-eleitoral de 2022, pois sinaliza para ensinamento da amplitude holística da moderação, agregando forças sociais importantes para superar a crise política, econômica e sanitária em que o nosso país e o mundo se encontram. Estamos vivendo ou sobrevivendo em um país à deriva, sem um projeto de nação que mobilize os setores organizados do capital e do trabalho e os movimentos sociais para um diálogo civilizatório, que permita o atendimento dos desafios socioeconômicos que estamos enfrentando. Percebe-se que a experiência dá à Lula e Alckmin o discernimento dessa apostasia política que requer para sua superação a união e o esforço para construção de políticas públicas solidárias em proveito do desenvolvimento do país para a redução da miserabilidade, ampliando definitivamente a malha de consumo do povo brasileiro.

Testemunhamos diariamente a estagnação econômica, inflação, alta dos preços da cesta básica e dos combustíveis, aumento virulento do desemprego, das taxas de informalidade e subemprego, crescimento da violência urbana e crimes no campo, o desmatamento desenfreado na Amazônia e no cerrado, contradições que dificultam ainda mais o combate à crise sanitária mundial do Covid-19 e suas variantes.  O patológico anacronismo excludente tem permitido a ascensão de uma possível versão brasileira do “ovo da serpente”, abrindo espaço para a incompreensão do racismo, da homofobia e da xenofobia. Por isso, é importante que os setores diversos dos mais avisados da sociedade, enquanto minorias, unam-se na defesa da ampliação e manutenção do estado democrático de direito.

Neste contexto, o apoio crescente de diversas camadas da sociedade, refletido na adesão de diversos partidos, denota que a união entre Lula e Alckmin é fenômeno especial na história da institucionalidade brasileira, que demonstra profundo espírito solidário e acolhimento de ambos os lados. Substituindo dialeticamente a acidez de estomacalidade por um posicionamento político de amabilidade holística de alteridade. Uma aliança do compromisso para mudar o cenário caótico da crescente banalização dos violentos vícios dos preconceitos discriminatórios e da marginalização social da pobreza ao invés de superá-la com compromisso em favor da equidade ética para a justiça social. 

Diante desse quadro de exclusão, urge a necessidade de lideranças experientes com espirito público que entendem o diálogo como pincel do coração na pintura política do bem comum. Tratando-a na polissemia da contemporaneidade inclusiva, que acomoda ‘ao nosso quase cego ver’ a origem de nordestinidade sindical operária do Lula e a gênese de ruralidade telúrica do espontâneo sacerdócio médico do Alckmin, duas originalidades que indicam aproximação com as minorias vulneráveis, concorrendo ainda mais para um diálogo participativo para construção de um projeto político civilizatório, com a participação de todas forças organizadas e pessoas que acreditam no crescimento com respeito à biointegração. Em favor da consciência da paz e da justiça que são estruturantes na contemporaneidade inclusiva.   

Duas dimensões marcam essa aliança promissora. A primeira projeta-se na união de duas fortes lideranças no contexto brasileiro, pois o capital político de ambos, associados ao cenário atual de incertezas, permite-nos perceber – pelas pesquisas – que Lula tem uma amplitude social e política que o aponta para concorrência vitoriosa, juntamente com o Alckmin, que tem expressivo  reconhecimento de responsabilidade de gestão e popularidade paulista, indicando mais governabilidade, que se vê na amplitude dialógica com os mais diferentes atores econômicos . Essas condições favoráveis à eleição refletem a confiança que o eleitorado brasileiro tem nos dois nomes, seja pelo pragmatismo dos programas desenvolvidos ao longo dos seus governos, seja pela experiência adquirida na vida pública. A aliança Lula e Alckmin revela ainda outra perspectiva, a reoxigenação cidadã de motivacionalidade, necessária a este momento crítico em que o povo brasileiro está à beira de perder a esperança.

Tanto o primeiro, quanto o segundo, abriram mão de um pensamento unilateral, por uma causa maior de multiplicidade brasileira. Assim, os dois assumem a postura de estadistas, posicionamento necessário nesta hora de sucessivas crises de representação que atravessamos. Lula e Alckmin, neste processo político eleitoral que se aproxima, escolheram inequivocamente deixar o egoísmo de suas “paróquias” para pensar “Roma” – ou melhor – pensar o Brasil. Deixam de lado suas ideológicas nuances sectárias ou apegos político-territoriais para pensarem uma política nacional. Quem ganha é o Brasil, que é o maior país da América do Sul e um dos maiores do mundo, não apenas em termos territoriais, mas em riquezas naturais, cultura e biodiversidade.

Nos livros de memórias do ex-presidente e sociólogo, Fernando Henrique Cardoso, ao tratar do governo de transição, ele registra que Lula já demonstrava apreço político quando disse que “somente o Alckmin poderia salvar o [sentido do] PSDB”, não por acaso, está no imaginário popular que, “as coisas que dão certo, já estavam escritas nas estrelas”. A aliança permite-nos contemplar a preocupação com a coletividade, longe da pressa do individualismo oportunista do “salve-se quem puder”. Em qualquer situação, essa aliança já é vitoriosa, quando vista na perspectiva pedagógica da construção de um projeto de nação, requerendo postura solidária de união pelas garantias da manutenção de relações civilizatórias, do respeito à diversidade pela modalidade inclusiva, que se encontra em risco diante do patológico atraso da exclusão, uma vez que setores que se escondiam por trás da cortina do pseudo racionalismo eurocêntrico ocupam o palco com o figurino da xenofobia racial à brasileira, em dança fascista sob marcha do neofascismo.

Essa aliança permite novos rumos ao Brasil. Por isso, estadistas, que são lideranças conscientes de seu papel enquanto pessoa pública, tendo a política como vocação, no sentido weberiano, com sua vida dedicada ao estado, para servir ao bem comum, são tão excessivamente necessários atualmente. O estadista não deve ser o político profissional que apenas administra o caos, mas é o personagem da vida pública que antecipa o fato político, que faz o gerenciamento da crise, evitando transtornos e desconfortos para a nação, acima de qualquer outro interesse particular. Essa aliança, da visionaria união das forças de Lula e Alckmin, responde a urgência do aumento da faixa de consumo com empregabilidade, em defesa do espírito democrático e o respeito à diversidade, em proveito da cultura de paz. O Brasil voltará a ter esperança, a ter vida, enfim, a respirar,
superando essa apostasia da sacra democracia, com ascensão do macabro nazifascismo, no ritual do anacronismo excludente.

Ainda não somos

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Apesar das imensas esperanças que a humanidade depositou na civilização moderna, tal civilização deixou de desenvolver homens com suficiente inteligência e audácia para guiá-la ao longo da perigosa estrada em que está avançando aos tropeços”. (Alex Carrel)

Ainda não conseguimos nos desenvolver no ritmo da racionalidade. E tudo indica que estamos caminhando para o retrocesso. Continuamos enganados por nós mesmos. Ainda não entendemos que somos donos do nosso destino. Continuamos marionetes do desconhecimento. Fica difícil pra dedéu, passar uma mensagem positiva para alguém, sem o risco de estar falando bobagem. Porque a mensagem positiva vem do pensamento positivo. E você não pode assegurar que está sendo positivo quando está transmitindo uma mensagem que não vem de você. Deu pra sacar?

Estamos vivendo o terceiro milênio da vigésima-primeira eternidade, sobre a Terra. E não sabemos como se mede uma eternidade. E não sabemos porque ainda não nos desenvolvemos para nos conhecermos. E é aí que naufragamos no aparente desenvolvimento do desconhecimento, nadando na fantasia que perdura, eternidades a fora. Ainda não somos o que já deveríamos ser. E quando seremos, não sabemos. Porque se soubéssemos já seríamos. Simples pra dedéu. Pelo que vemos nos papos e comunicações, o ser humano está mais convencido do ir-e-vir. Mas o conhecimento não está levando-o ao conhecimento. Porque ainda não percebemos que não adianta ficar na gangorra. O que nos interessa é seguir em frente, para o retorno. E o retorno é para o nosso mundo de origem. De onde viemos e para onde teremos que voltar. E quando nos orientarmos saberemos que lá, de onde viemos, não há unidade de tempo. O tempo que passarmos por aqui não é nada por lá.

Vamos nos cuidar. Vamos nos respeitar como seres humanos e viver humanamente. E viver humanamente é saber respeitar o próximo. E para saber respeitar o outro é preciso se respeitar, a si mesmo. E você nunca irá se respeitar, se não respeitar seu vizinho. Pense um pouco sobre o recado do Emerson: “Você é tão rico ou tão pobre quanto o seu vizinho, senão não seria vizinho dele”. Pense, e vamos viver a vida como ela deve ser vivida. A Terra gira, o tempo passa, e nós ficamos os mesmos. O tempo vai levando nossa embalagem que chamamos de corpo, enquanto nós voltamos em outro corpo, para viver a mesmice.

Vamos sair da mesmice para evoluir enquanto vivermos nesse mundo desvairado, alimentado pelo desconhecimento da racionalidade. Vamos viver o mudo que temos dentro de nós, no nosso consciente. Vamos aprender a viver o poder que temos em nossa mente. Pense nisso.

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