Narcotráfico e a politica
Marlene de Andrade
“Quem cava um buraco e o aprofunda cairá nessa armadilha que fez. Sua maldade se voltará contra ele; sua violência cairá sobre a sua própria cabeça. (Salmo 7: 15 e 16)
O envolvimento de alguns políticos com o tráfico de drogas é tão certo como dois mais dois são quatro. Em 1991 Jabes Rabelo político de Cacoal em Rondônia, teve seu mandato cassado porque seu irmão Abidiel foi preso no estado de São Paulo com mais de 400 quilos de cocaína. E tem mais, ele tinha em mãos uma falsa carteira de assessor parlamentar, cuja assinatura era desse seu próprio irmão, o ex-deputado federal, o qual foi também acusado de envolvimento com tráfico de drogas.
E o que mais causa repugnância é saber que o narcotráfico, provavelmente, suborna políticos, em troca de apoio político. Como eles agem? Através de corrupção. Por esse ângulo, temos que entender que o narcotráfico tem a ver com inúmeros países, os quais estão vinculados, infelizmente, ao tráfico de drogas e o pior de tudo isso é que os líderes apesar de muitas vezes serem funcionários do governo, ainda assim, possuem também amparo de inúmeros políticos e isso ocorre pelo desejo leviano dessas pessoas se enriquecerem custe o que custar. E temos que ficar atentos pois, há grande indício de que o Fórum de São Paulo tem envolvimento nesse tipo de crime.
No andar dessa carruagem, parece que há sinais de que no Brasil há pessoas desse segmento infiltradas dentro do nosso sistema político brasileiro. E por que devemos pensar dessa maneira? Quem se mete nesse tipo de comércio é psicopata, sendo assim, não sente arrependimento pelo mal que pratica, mas muito pelo contrário tem prazer de se dar bem, custe o que custar, pois a maldade traz à pessoa, com esse transtorno mental, grande satisfação e por isso eles vão sempre em frente nessa meta.
Esses tipos de pessoas também se sentem muito felizes quando quebram as leis e desrespeitam os costumes de uma sociedade, sendo assim, mesmo tendo ocorrido à prisão de vários traficantes no Brasil, esse esquema corrupto existe e nunca vai acabar e tanto isso é verdade que em 2014 a UNIFESP declarou que o mercado de drogas ilícitas movimentava, àquela altura, cerca de 900 bilhões de dólares ao ano. Será que esse mercado ilícito vem diminuindo? Provavelmente que não, mas em todo caso fica aí esta pergunta no ar.
Médica formada pela UFF
Especialista em Medicina do Trabalho/ANANT
Perita em Tráfego/ ABRAMET
Perita em Perícias Médicas/Fundação UNIMED
Especialização em Educação em Saúde Pública/UNAERP
Técnica de Segurança do Trabalho/SENAI-IEL
CRM-RR 339 RQE 341
O amor é uma lâmpada acesa
Afonso Rodrigues de Oliveira
“Acende a luz do amor com a tua vida”. (Tagore)
Todos nós, e cada um de nós, temos o poder de acender a luz do amor. Só que precisamos ser parcimoniosos. O amor faz parte da racionalidade. Quando amamos somos felizes. A simplicidade é um instrumento valioso para construção do amor. Quem de nós não se lembra de momentos felizes de sua infância, juventude e por aí. Não sei se é por conta da idade que estou me sentindo saudosista. Adoraria reviver alguns momentos de meus tempos passados. Não sei se você vai acreditar, mas já tenho mais de seis mil matérias aqui nos arquivos da FOLHA. E por isso nem sempre me lembro se já falei de certo assunto. Mas não faz mal, vamos falar.
No final de 2018, dona Salete e eu fizemos uma visita a Natal, no RN. Uma cidade da qual temos muitas lembranças gostosas e saudáveis. Na companhia de minha Prima, Neide Maria Rodrigues, poetisa e escritora famosa, autora do seu último livro, “Reflexo de um Amor Contido”, demos um role pela cidade. E foi aí que senti saudade daqueles tempos. Senti a presença de bons tempos, parado e olhando para o Teatro Carlos Gomes, onde vivi momentos inesquecíveis na minha adolescência. Comentei que o Teatro estava maltratado. Mas, a Neide me falou que ele iria entrar em reformas dentro de poucos dias.
Continuamos com nossa caminhada, e foi aí que a saudade bateu fortemente. Foi quando olhei por cima do muro alto, e vi aquela velha mangueira, onde já vivi bons momentos. Era a mangueira de um dos maiores escritores do Brasil, o famoso Câmara Cascudo. Um dos intelectuais brasileiros, com o qual tive o prazer de viver momentos de prosas, debaixo daquela mangueira. Mais de sete décadas já se passaram e ela ainda está lá, forte e saudável.
Contemplei com saudade, a antiga residência do Câmara Cascudo. A residência é hoje, o “Instituto Câmara Cascudo”. Fiquei ali um tempão contemplando e me lembrando dos quadros desenhados a grafite, nas paredes do escritório do Câmara Cascudo. Do quanto eu admirei e contemplei aqueles quadros que devem ainda estar lá. Se não estivéssemos ali, num domingo, eu teria pedido licença para rever aquelas obras maravilhosas que me encantaram quando eu era um adolescente.
Viva cada momento do seu dia com muito amor. Quando amamos de verdade o amor fica guardado no peito, para que o vivamos no futuro. E é assim que somos felizes no presente, relembrando o bom do passado. O Laudo Natel já disse: “Saudade é a presença da ausência”. Quando amamos a felicidade permanece em nós, e nos apresenta a ausência. O importante é que a vivamos com o mesmo vigor do passado. Pense nisso.
99121-1460
Caricaturas de Deus
Walber Aguiar*
Que o poeta nos encaminhe e nos proteja (Drummond)
Era um dia como outro qualquer. Talvez nem fosse. Dia de entender por quem os sinos dobram. De tentar compreender por que um só Deus ao mesmo tempo é três. De dançar, conforme textos de Manuel Bandeira, com o Deus que está tanto na poesia quantos nos chinelos, tanto nas coisas loucas quanto nas disparatadas.
Assim, não dá pra encarar o divino no quadro estereotipado dos “artistas” do legalismo, dos “mestres” da religião farisaica, dos escritores da letra morta. Não dá pra conceber aquele Deus de queixo comprido, com cara de São Benedito, pois o rosto do Sagrado sempre tem que comportar o brilho das cores, a leveza do infinito, a efetividade da palavra poética.
Ora, ao elegermos um projeto de espiritualidade integral, ou holística, carregamos na bagagem cotidiana o louvor, o lazer, o trato com o dinheiro, a coisa pública, a indignação, a palavra profética contra os governantes corruptos e tudo aquilo que consiga comportar a vida.
Sem dúvida, a arte aparece como elementos redutivos do ser em conflito conseguem mesmo e com a complexidade existencial que o circunda.
Com isso, o Deus poeta se manifesta. Quando Paulo diz que somos feitura dele, quer dizer que somos poesia de Deus, verso do sagrado, estilização do autor de todas as palavras.
A arte de mexer com as letras e dar significado a tudo passa pela angústia de Drummond, quando o mesmo diz: Meu Deus / por que me abandonaste/se sabias que eu não era Deus/ se sabias que eu era fraco…
Também pela poética romântica de Vinicius de Moraes, pelo toque estilizado de Allinge Mafra Mcnight.
Deus se revela na face de Ferreira Gullar, com seu canto de protesto, sua rebeldia, seu desejo de entender a dualidade do universo no poema traduzir-se.
Também figura o divino na arte de Thiago de Mello, o poeta de Barreirinha, quando este traduz para vários idiomas sua declaração universal dos direitos do homem, onde menciona… Que a verdade será servida antes da sobremesa…
Ora, se Deus se reveste de simplicidade e calça as sandálias do pescador, isso pode ser revestido de poesia. No entanto, não dá pra ficar contando estrelinhas e rimando o universo sem a gravidade da palavra profética. Deus consegue vaticinar com gravidade, ainda que carregue consigo um carrinho de mão cheio de flores que enfeitam e dão cheiro à podridão pela qual somos abrigados a passar.
Uma das letras mais fascinantes de Renato Russo diz: venha/ meu coração está com pressa/ e vem chegando a primavera/ nosso futuro recomeça/ venha que o que vem é perfeição… Faz lembrar Salomão, quando diz que “a esperança que se adia faz adoecer o coração”. Embora as cabeças roxas da religião distorçam as palavras e hipertrofiem a graça do Deus poeta, este vai continuar redimindo através do belo e da sensibilidade das manifestações artísticas. Por isso, temos que captar cada detalhe que Deus deixa cair no caminho em forma de graça e ludicidade. O que passar disso pertence aos caretas, que não gostam de poesia nem tiram Deus pra dançar…
*Poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de letras