Opinião

Opiniao 14 01 2015 501

Uma paisagem de encher os olhos – Antonio de Souza Matos* Num fim de tarde, quando caminhava na direção da copa para tomar um cafezinho, a Terezinha, uma colega de trabalho, a cuidadora oficial da cadelinha Shakira da Reitoria do Instituto Federal de Educação de Roraima (IFRR), me convidou para observar algo que lhe chamava à atenção. Estava eufórica:  – Veja que paisagem linda! Dá para fazer uma crônica, não dá?! Aproximei-me do local onde ela estava e lancei o olhar na direção sinalizada. Por sobre as árvores nativas que circundam e ornamentam a parte externa do prédio, ao longe, vislumbrei o velho rio com suas águas serenas, refletindo os últimos raios do sol, emoldurado pela mata ciliar, pelas praias, pela Serra Grande, pela Ponte dos Macuxis e pelas nuvens semialvas. De fato, era um cenário deslumbrante – uma apoteose da natureza, que me encheu os olhos e a alma. Não me arrependo de haver atendido ao chamado para contemplar tão grandioso espetáculo da natureza, pois os benefícios que recebi são impagáveis. Tem gente que gasta, para entreter-se, muito dinheiro com jogos eletrônicos, celulares e outras parafernálias, menosprezando aquilo que Deus colocou à nossa disposição gratuitamente: uma riqueza infinita de bens naturais, que nos proporcionam benefícios mais eficazes e mais duradouros.  De um modo geral, deixamos de apreciar as belezas naturais que estão à nossa volta por conta das preocupações com os afazeres e lidas diárias, as quais nos tornam míopes, impedindo-nos de enxergar as maravilhas da Criação de Deus, que se descortinam a todo o instante e nos convidam a desfrutar momentos ímpares de prazer estético. No período do Natal, eu e minha família viajamos ao Contão, comunidade indígena de Paracaima, onde nasceu minha mulher e onde morei por doze anos. Passamos ali três dias. A aldeia fica numa região de lavrado, cercada por serras, à margem direita do rio Cotingo, o qual nasce no Monte Monte Roraima e deságua no Surumu. Em dois fins de tarde, saí para fazer caminhada pelo campo, a fim de contemplar as lindas paisagens agrestes e exercitar o corpo. À medida que caminhava, ia divisando o conjunto de serras de matizes esverdeados e azuis; o céu, as nuvens com suas múltiplas formas, os caimbés, os mirixis, as sucubeiras e os buritis, entre outras árvores nativas que enfeitam o lavrado. De vez em quando, inspirava forte para sorver uma quantidade maior de ar puro, enquanto ouvia, ao derredor, o canto de várias espécies de pássaros, que se alegravam com a chegada da escuridão e se despediam de mais um dia. À noite, na maloca, o céu parece mais estrelado. Dá para ver nitidamente o Cruzeiro do Sul e tantas outras constelações espargidas na Via Látea. Em Boa Vista, a intensa luminosidade parece que nos furta essa visão. Apenas a lua, de vez em quando, mostra a sua cara, enchendo o céu com seu fulgor e imponência. Mas voltemos àquele fim de tarde no IFRR. Eu teria perdido uma grande bênção se a Terezinha não tivesse chamado a minha atenção para contemplar o rio Branco na hora do ocaso. E, com certeza, privaria o leitor desta descrição. *Professor e revisor de textos. E-mail:[email protected] ————————————— É dando que se recebe – Vera Sábio* A falta de aproximação entre as pessoas está cada vez mais deixando a solidão mostrar-se presente e constante.  Enquanto os meios virtuais surgem a todo instante, a afetividade está cada vez mais distante. A tecnologia substitui as relações, e é frequente perceber na mesma mesa, no mesmo grupo de pessoas, o silêncio permanente enquanto os dedos teclam no celular, sem parar. E agora a novidade é tirar foto de si mesmo, o que dificulta a proximidade uns dos outros, nem que seja para pedir uma ajudinha.  A desconfiança é tanta que preferimos usar o famoso “selfie”, assim, tirarmos nossa própria foto, sem auxilio de ninguém. Como falta de um “braço” amigo, alongamos a distância através do “pau de selfie”, nos autofotografando. Da mesma forma que a “massagem corporal”, algo muito agradável e gostoso de receber, em uma troca de energia e contato das mãos do profissional, está sendo substituída por cadeiras eletrônicas onde a própria pessoa regula seu tempo e a pressão, para fazer movimentos programados e repetitivos pelo corpo, em plena solidão. Desta forma, o ser humano conquista as tecnologias e perde a aproximação dos outros, sentindo-se cada vez mais sozinhos, mesmo em locais superlotados de pessoas que como você gostariam de um contato humano. Seja você o primeiro a refletir e desfazer esta triste solidão. Dê um sorriso, um cumprimento agradável, faça amizades, aproxime-se uns dos outros, entendendo que é dando que se recebe, pois: -Quanto mais distribuir afetos, conquistará amigos. – Quanto mais soltar seu sorriso, encherá o coração de alegria. – Quanto mais regar as amizades, terá boas companhias. – Quanto mais fortalecer os laços, permanecerá unido. – Quanto mais se doar aos outros, receberá em dobro. – Quanto mais conhecer pessoas, descobrirá a si mesmo. Seja mais próximo e viva mais feliz. *Psicóloga, palestrante, massoterapeuta, esposa, mãe e cega  CRP: 20/04509 [email protected] Cel.: 991687731 ————————————– Nos degraus da vida – Afonso Rodrigues de Oliveira* “Quem está satisfeito consigo mesmo não sobe nunca um único degrau cima do nível atual”. (Vernon Howard) Quando nos acomodamos com o que temos ou com o que somos, não há como ir além. Nossa maior tarefa no cotidiano é não tornar a vida num cotidiano. Chacrinha já nos dizia isso: “O homem é como a bicicleta:se parar cai”. Por que parar? O maior prazer na vida é o prazer de viver. E só sentimos prazer quando alcançamos nossos objetivos. E uma vez alcançado o sonhado, o maior sonho é o novo sonho. Porque este deve ser maior do que o anterior. É assim que chegamos lá, sem chegar lá. A corrida ao horizonte. E todos nós temos um parceiro nessa corrida, que é o maior e mais competente determinador. Procure conhecê-lo. Fale constantemente com ele. Ele está aí, no seu interior. Esperando por você e você não está nem aí. Ele é o seu subconsciente. Por que será que não damos importância ao poder que temos em nós mesmos? Ainda preferimos acreditar que santo de casa não faz milagre. Comece a considerar a importância do seu subconsciente. Aprenda a falar com ele. É simples pra dedéu. É só você acreditar nele, saber como falar com ele e aprender como falar. Ele é cego, surdo mudo e não tem inteligência. Apenas faz o que você quer que ele faça pra você. Obediente, ele não está nem aí para o não. Pra ele não importa o que você não quer. O que interessa pra ele é o que você quer. Então, cuidado. Nunca diga pra ele o que você não quer. Porque o que ele entende é o foco do que você pensa. Há estudos que dizem que mais de noventa por cento das pessoas assaltadas na rua são exatamente as que saem de casa se benzendo para não serem assaltadas. Deu pra sacar? É isso aí. Nunca diga o que você não quer, mas o que você quer. E o mais importante é que você não precisa usar a voz. Use sempre seu pensamento para falar com seu subconsciente. Ele não ouve. Lê e entende seus pensamentos, e não sua voz. E falar com os pensamentos é tarefa difícil para quem não é treinado. Então treine. Mantenha seus pensamentos naquilo que você realmente quer. E nunca peça nada para seu subconsciente, apenas lhe diga o que você quer. Você não está pedindo nada; está determinando o que quer. Pedir é o ato mais vexatório para o ser humano. Quando você diz para seu subconsciente o que você quer, não está pedindo e sim determinando. É assim que alcançamos o degrau superior. E cada degrau é o superior e não o último. O ultimo fica para os fracos. E com certeza, você não está nesse rol. Se estivesse, não estaríamos batendo esse papo aparentemente vazio, mas muito profundo. Pense nisso. *Articulista [email protected]     99121-1460 ———————————— ESPAÇO DO LEITOR FPE O leitor Carlos Calheiro fez a seguinte observação: “Como demonstra o quadro de repasses do Tesouro Nacional, através do FPE e FPM, o Estado e a Capital receberam mais de R$ 1,4 bi em 2014. Logo, fica claro que o grande problema de todas as mazelas, que levaram à falência a saúde, a educação, a segurança e a infraestrutura, não foi a falta do dinheiro público, mas, sim, a deflagração de uma ‘gestão’ incompetente do grupo PSDB/PMDB/PSB. Portanto, essa nova gestão não pode deixar de auditar as contas da gestão passada, apontando todos os responsáveis pelo colapso financeiro que Roraima vivenciou neste período”. FPE 2 O internauta Alcides Alcântara afirmou que a população deveria estar mais atenta à questão, conferindo os valores que são destinados a Roraima, já que é de conhecimento público, uma vez que diz respeito aos investimentos que deveriam ser aplicados na melhoria da prestação de serviços públicos à população. Segundo ele, aconteceu o inverso, uma vez que a fragilidade dos serviços é notória em todas as esferas e que culminou no verdadeiro caos que está sendo exposto pela atual gestão. “Se nós acompanharmos os valores que são repassados ao Estado e cobrarmos a eficiência dos serviços públicos, a realidade seria outra”, comentou. CALCÁRIO A notícia publicada na edição de ontem, sobre a irregularidade na distribuição de sementes e calcário, identificada pelos técnicos da Secretaria de Agricultura, provocou revolta em alguns leitores que opinaram sobre a questão dizendo que por diversas vezes os agricultores, quando buscavam algum incentivo, sempre eram informados de que a secretaria não estava concedendo nenhum auxílio para o plantio dos agricultores familiares. Eles relataram que a ajuda seria por “conveniência” do titular da pasta, que escolhia quem seria beneficiado com os insumos, deixando de fora quem realmente tinha direito ao benefício. SAÚDE A matéria “Acidentado realiza campanha para comprar material cirúrgico em falta” rendeu inúmeros comentários. Leitores opinaram sobre a situação em que se encontra o Hospital Geral de Roraima, classificando a situação como “absurda”, em razão da inoperância das gestões anteriores, que, por desleixo, deixaram o hospital que atende a todas as demandas do Estado chegar a esta situação, em que a própria população tem sido, em muitos casos, a responsável pela manutenção de materiais básicos, pois, caso contrário, a unidade de saúde já teria fechado as portas.