De onde veio o nome da Serra do Tepequém? A origem de um topônimo
Prof. Dr. André Augusto da Fonseca
A maioria dos topônimos (nomes de rios, serras e comunidades) de Roraima tem origem nos idiomas das milenares famílias Caribe e Aruaque. Não obstante, alguns nomes de ilhas e afluentes do rio Branco de etimologia Tupi foram legados pelos navegadores do período colonial e imperial que falavam a Língua Geral Amazônica ou Nheengatu, uma língua organizada pelos missionários a partir do vocabulário Tupi.
Há uma difundida versão sobre a etimologia do Tepequém, segundo a qual o significado do nome da famosa serra seria formado pelos vocábulos Tupi “TUPÃ-QUÉM”, pretensamente significando “deus do fogo”. O Tepequém seria um antigo vulcão que estava destruindo uma comunidade indígena não identificada e o pajé teria dito que virgens teriam de ser imoladas ao “vulcão”. Feito o sacrifício, o vulcão passou a lançar diamantes em vez de lava e a vida voltou ao normal. Essa seria uma “lenda indígena” (sem identificar nenhuma etnia), segundo essa versão. Isso levanta vários problemas.
Em primeiro lugar, a narrativa não parece ser de origem indígena, mas sim uma criação enraizada em uma concepção de “índio genérico”: como se houvesse apenas uma língua indígena e um povo “indígena” reduzido a poucos traços folclóricos, omitindo-se a grande riqueza, complexidade e diversidade das centenas de culturas ameríndias.
Não faz sentido atribuir a origem do topônimo à língua Tupi, pois nunca viveram povos Tupi na região norte de Roraima. O nome da serra, ainda, está registrado em documentação anterior ao período em que poderiam ter circulado pessoas falantes de Nheengatu ou Língua Geral nas suas proximidades. O nome do Tepequém seria, mais provavelmente, originário de algum idioma da família Caribe (como as línguas Macuxi, Taurepang, Ye’Kuana, Sapará etc.) ou Aruaque (como a língua Wapishana), como veremos a seguir.
Além disso, na formação dos nomes das serras, a palavra tepui (na língua Pemon) ou tepö (na língua Macuxi) vem depois do nome próprio que particulariza cada uma delas: Aywantepui, Ulidishán-tepö (Serra da Moça), Kapoi-tepö (Serra da Lua).
Em segundo lugar, a formação geológica do Tepequém não é, de forma alguma, a de um vulcão, mas a de um depósito arenítico de milhões de anos, semelhante ao Monte Roraima[ As rochas vulcânicas nessas serras são ainda mais antigas que os paredões areníticos (sedimentares) que as caracterizam, pois encontram-se abaixo delas.](BARBOSA, 1992; LUZARDO, 2006), resultado do acúmulo de areia no fundo de um mar muito antigo que se soergueu. Os povos indígenas das Guianas não conheceram vulcões, que existem nas Antilhas e nos Andes, mas não nas terras baixas da América do Sul.
Outra versão que não parece ter aderência à documentação existente é a de que a etimologia de Tepequém seria “Tepui King”, o rei dos tepuis. Tepuis, nas línguas da família Caribe são as montanhas em forma de mesa, típicas da formação Roraima, muito comuns no Parque Nacional Canaima, na Venezuela (Gran Sabana). Ademais, não seria plausível que uma palavra da língua inglesa fosse usada pelos povos ameríndios da região para nomear uma serra tão importante – a milhares de quilômetros da colônia inglesa mais próxima (a Guiana Britânica ainda não existia, pois só seria estabelecida no século XIX). Embora Theodor Koch-Grünberg transcreva o nome da serra como Töpeking (KOCH-GRÜNBERG, 2006, p. 164-208), não há correlação com a palavra inglesa “king”, pois o nome da serra era conhecido muito tempo antes da visita desse importante etnógrafo, e transcrito de outras formas. O etnógrafo anota, porém, que para os Taurepang e Arekuna o monte era a morada de uma tribo kanaimé (p. 164).
Nos mapas dos séculos XVIII e XIX, no período colonial e imperial, a serra não é nomeada. Contudo, é mencionada em relatos de viagem com o nome de “Tipoquem” (ALMEIDA, 1841) ou “Tipiquy” (FERREIRA, 1994). No relato e no mapa que produziu na década de 1840, Robert Schomburgk transcreve o nome que ouviu de seus guias ameríndios como “Toupaeeng Tibuh” (RIVIÈRE, 2006). “Tibuh” é o sufixo comum às línguas Caribe que indica rocha ou montanha, como tepö ou tepui. Note-se que nada disso se assemelha à versão fantasiosa de “Tupã-Queem”, que aparenta ser uma criação muito recente, sem relação com as culturas ameríndias.
Infelizmente, nenhum desses viajantes, naturalistas e etnógrafos coloniais e imperiais aventou uma explicação da etimologia de Tepequém. Somente no século XX é que encontramos algumas pistas. Duas das fontes mais confiáveis – pelo tempo em que conviveram com povos Caribe e Aruaque de Roraima e Venezuela e pela profundidade de seus conhecimentos sobre a região – são o Frei César de Armellada, experiente missionário na região da Gran Sabana, e o general brasileiro Armando Levy Cardoso, que atuou na comissão demarcadora das fronteiras do Brasil com a Venezuela e a então Guiana Inglesa. O primeiro apontou que na língua da família Caribe ken é o ângulo na união de dois rios, sufixo usado em muitos topônimos: Rue-ken, Kaiwara-Ken, Won-ken (ARMELLADA; GUTIERREZ SALAZAR, 2007). O segundo afirmou, apoiado em Braz de Aguiar, que Tepequém teria origem no Macuxi tepê ou tepö (“serra”) e quê (“que se sobressai”) (CARDOSO, 1961).
Até o momento, essa parece ser a hipótese mais aceitável.
Prof. Dr. André Augusto da Fonseca[ Roraimense, Doutor em História Social pela UFRJ, Mestre em Educação pela UFRGS, Licenciado em História pela UFF, Professor de História da A
mazônia e de Roraima na UERR.]
Referências
ARMELLADA, FR. C. DE; GUTIERREZ SALAZAR, FR. M. Diccionario Pemón. Caracas: Universidad Católica Andrés Bello, 2007.
BARBOSA, R. I. Um tepui no ritmo da destruição em Roraima. Ciência Hoje, v. 14, n. 81, jun. 1992.
CARDOSO, A. L. Toponímia brasílica. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1961.
FERREIRA, A. R. Diário do Rio Branco. Em: FARAGE, N. (Ed.). . Relatos da Fronteira Amazônica no século XVIII. São Paulo: NHII USP. FAPESP, 1994.
KOCH-GRÜNBERG, T. Do Roraima ao Orenoco. São Paulo: Unesp, 2006.
LUZARDO, R. O metamorfismo na Serra do Tepequém (estado de Roraima). Dissertação de Mestrado—Manaus: Programa de Pós-Graduação em Geociências da UFAM, 2006.
RIVIÈRE, P. The Guiana Travels of Robert Schomburgk, 1835-1844: Explorations on Behalf of the Royal Geographical Society, 1835-1839. Londres: Ashgate Publishing. Hakluyt Society, 2006.
Minha fortuna
Afonso Rodrigues de Oliveira
“A riqueza não é necessariamente uma maldição, nem a pobreza uma bênção”. (R. D. Hitchcock
Através dos séculos, e sobretudo nos últimos, vivemos vendo os ricos como “os foras-das-leis”, quando na verdade deveríamos aprender o que é ser rico. Não estou procurando discussões, mas nas religiões sempre nos orientamos sob o assunto da pobreza. Grandes vultos da história da humanidade. Sempre foram apresentados como pobres lutadores. Mas tudo bem, não estamos aqui para discutir pensamentos, mas para conversar.
Se você quer realmente a riqueza, pense como rico. Você nunca vai ser rico pensando como pobre. E por isso precisa saber o que é ser rico. Temos um montão de ex-governadores presos por “enriquecerem” através da desonestidade. Quando na verdade, eles não enriqueceram, apenas acumularam fortunas através da corrupção. Fuja desse lamaçal mental e caminhe pelas veredas da honestidade. E tais veredas estão na racionalidade. E comece sendo racional, não confundindo racionalidade com religião.
Mantenha seus sonhos como uma caminhada pelos caminhos do racional. Veja o que você realmente quer, e vá em frente à procura do que quer. E comece por não confundir sonho com ilusão. Estude profundamente sobre o que você realmente quer. E sua maior e mais eficaz escola é a Universidade do Asfalto. Nela estão todas as faculdades de que você necessita para aprender sobre o que você quer para ser uma pessoa rica. E você pode ser rico ou rica, sentindo-se feliz no que você é. E se ainda não chegou ao patamar que você deseja chegar, vá em frente, sabendo que seu poder para alcançar o que você quer, está na sua mente. E é na sua mente que você vai conseguir o que quer, independentemente do nível moral, no resultado.
Cuide de sua mente. Não desperdice seu precioso tempo com coisas negativas, fora da racionalidade. Estamos sobre esta Terra apenas num estágio de formação. E cada um de nós é o único responsável pelo seu destino. “Ninguém, além de você mesmo, tem o poder de fazer você se sentir feliz ou infeliz, se você não estiver a fim”. Sinta-se superior com o poder de ser o que você realente quer ser. Você pode ser uma pessoa rica sem o excesso de poder econômico que costumamos analisar e aceitar como riqueza.
Seja uma pessoa madura e honesta, e saiba viver, dentro dos limites de suas posses, e você será feliz. E quem é feliz é rico. E se aumentar suas posses, use-as em favor da felicidade do próximo. E temos muitos exemplos de pessoas que multiplicaram suas posses melhorando vidas de pessoas simples, sem a fantasia política. Viva a vida vivendo seus melhores momentos. Pense nisso.
991219-1460