Subjugamento dos humanos sobre outras espécies animais
Sebastião Pereira do Nascimento*
O especismo se utiliza de argumentos controversos para validar o subjugamento e a exploração de uma espécie animal sobre outra. Esses argumentos são construídos a partir do ponto de vista de que uma espécie, no caso aqui a espécie humana, acha que tem todo o direito de explorar, maltratar e matar quaisquer outras espécies de animais por considerá-las inferiores.
O termo especismo — similar ao racismo, sexismo, heterossexismo e outros tipos de preconceito — foi criado pelo psicólogo inglês Richard Ryder, em 1970, com o intuito de exprimir a desapreço que existe com relação aos animais não humanos baseado em diferentes aspectos que vão desde o direito de propriedade ou posse ao maltrato, exploração e abate dos animais.
Mesmo sabendo que é animal humano ligado a todos os outros animais através da evolução, o sujeito especista acredita que a vida de um ser humano, pelo simples fato de pertencer à espécie humana, tem mais importância e mais peso do que a vida de qualquer outro animal.
Para o filósofo Peter Singer, no decorrer de muito tempo da civilização ocidental era inquestionável a existência de um enorme abismo entre os seres humanos e os outros animais. Para esse filósofo, a principal base para esta presunção humana começou a ser destruída a partir das descobertas de Charles Darwin sobre a origem das espécies, e mais recentemente com a progressiva ruptura da história universal sobre a criação divina.
No decorrer desse percurso houve muito quem tivesse dificuldade em aceitar que as diferenças entre os humanos e os restantes dos outros animais fossem diferenças de grau, e não de categoria. Na atualidade, os mais céticos da evolução ainda procuraram formas de traçar uma linha divisória entre o Homo sapiens e as outras espécies animais.
Contudo, essa fronteira de pensamento sempre foi de curta duração, até mesmo por permitir argumentações frágeis ou alegações destituídas de sentido. Exemplo disso, é a questionável pretensão de dizer que só os seres humanos têm a inteligência, ou que só os seres humanos se comunicam entre si. Questões que já não nos parecem tão convincentes como eram em outros tempos passados.
Não obstante, outros pensadores defendem a existência de uma diferença ainda mais profunda, quando questionam que os animais não pensam nem raciocinam, ou que não possuem nenhum conceito de si próprios, visto que vivem momento a momento e não percebem que fazem parte de categorias distintas. Por outro lado, não deixa de ser um absurdo atribuir a uma espécie não humana a capacidade de autorreflexão, sabendo que esses animais não “possuem” tantas disposições lógicas capazes de construir alguma ideia conceitual, capacidade essa restrita à espécie humana, que embora não seja o desejável, pouco se manifesta em nossa sociedade.
Diante dessas argumentações, ainda que algumas dessas tentativas de traçar fronteiras entre os seres humanos e os outros animais correspondessem a qualquer verdade, os humanos, como apregoa o filósofo Albert Schweitzer, não teriam, ainda assim, qualquer peso moral para celebrar essas convicções, uma vez que mal conseguem reconhecer até mesmo sua própria insignificância. Portanto, não há como justificar nossa opressão, quase que total, de todas as outras espécies.
Sobre os aspectos da comunicação entre as espécies, pode-se observar que muitos animais usam de fato uma comunicação, que simplesmente é diferente da comunicação humana. Não há dúvida de que a quase totalidade dos animais não humanos possuem diferentes meios de se comunicarem uns com outros, quer sejam através de sonorização (rugidos, assobios, zumbidos, uivos, latidos, cantos, etc), movimentos ou até mesmo a dança realizada por algumas espécies animais.
Além disso, observa-se ainda que vários grupos animais apresentam formas de vida semelhantes aos seres humanos como, por exemplo, a união de grupos, cuidar dos familiares, dividir os alimentos, defendê-los e adverti-los de perigos, além da prática do altruísmo que incita a preocupação de um indivíduo com o outro.
Considerando esses atributos como se fossem uma questão moral, é fácil perceber o quanto os animais, que não sejam os humanos, exercem fielmente os seus princípios morais. Pois, eles em equilíbrio social, vivem e respeitam seus limites, sabem como se comportar e até sabem aonde podem ir, apesar de não formarem convergências conceituais, eles obedecem a lei da natureza. Por isso, devemos rejeitar a ideia de colocar a vida da nossa espécie acima da vida de outros animais.
Peter Singer, quando fala das considerações morais relativas ao princípio da igualdade, define que qualquer animal sendo tratado fora do domínio de sua natureza, sofre quando colocado em situações hostis
ao bem-estar apenas do ser humano. Sendo que essa subordinação de interesse e domínio do outro, significa a expressão pura de especismo, que resumidamente é quando o ser humano atribui, direta ou indiretamente, uma conduta de exploração econômica e/ou moral em relação aos outros animais, o que suprime a condição básica que assegura a igualdade de todos os seres dotados de senciências.
O mesmo filósofo alega ainda que a sociedade humana naturalizou de tal modo o costume de usar os outros animais em vários meios de vida, que a ruptura desse costume implica numa quebra de paradigma ou mesmo numa revolução por parte do ser humano, sobretudo por conta dos seus aspectos econômicos e morais ou ainda pelo fato dos humanos se declararem francamente favoráveis a muitas práticas de violências, que anulam os interesses mais elevados dos outros animais em detrimento dos interesses menos relevantes dos humanos. Isso faz com que o animal não humano fique fora da nossa esfera de consideração moral e impede que seja estendido a ele o direito básico de não ser tratado como “coisa”, onde o animal fica sujeito a uma série de situações de violência física e mental ao ser confinado, explorado ou morto apenas para satisfação dos humanos.
*Filósofo, escritor e consultor ambiental.
Você é o timoneiro
Afonso Rodrigues de Oliveira
“O homem que consegue controlar totalmente a sua mente está capacitado a tomar posse de qualquer coisa que ele venha desejar”. (Andrew Carnegie)
Cuidado no controle de sua mente. Quando a controlamos no caminho errado podemos estar naufragando. E como somos participantes de uma humanidade, devemos agir como seres humanos, timoneiros do barco da evolução. Vamos viver nossas vidas para que possamos voltar com missões mais elevadas, no futuro. Mas converse sobre isso com o Andrew Carnegie.
Ontem à tarde, sentados à mesa depois do café, batemos um papo importantíssimo sobre nosso tempo de criança. E você nem imagina a dificuldade que tenho em me lembrar de coisas de minha infância. Aí não tenho como não me tornar repetitivo. Mas, sempre que isso se repete paro, e sem refletir inicio uma caminhada pelos pensamentos. Aí vejo quanto trabalho dei para minha querida mãe. É que eu era o único filho que lhe dava trabalho quando tentava fugir, quando ela ia à missa. É que eu era o único filho que ela levava com ela, para a igreja. É que ela pensava que eu era comunista, porque eu não rezava com ela.
E essa preocupação de minha mãe me divertiu quando atingi a adolescência. Só aí comecei a entender o motivo que a preocupava. Era minha indiferença nas discussões caseiras, sobre a política. E como nunca fui, à época, dedicado à política do Getúlio Vargas, minha mãe me via na vereda inversa. E ela não entendia meu entrosamento nos movimentos políticos. Não entendia que eu não tinha nenhuma inclinação para qualquer partido político. Ela sempre advertia meu pai: cuidado que esse menino é comunista. E como meu pai entendi do negócio, apenas balançava a cabeça e engolia o sorriso.
Meu pai e eu tínhamos a mesma característica em relação à política. Sempre convivemos com políticos de todos os partidos, mas sem nos influenciarmos. E por uma questão de respeito, nunca fomos abordados nem questionados. E continuo nessa linha, que tem me mantido orgulhoso por não estar amarrado, mas apenas ligado na condição de brasileiro carente de uma política democrática. Mas deixemos a política de lado, e vamos para o social.
Mas não temos mais espaço suficiente para um papo prolongado sobre minha ligação com a imprensa e a arte, na mesma época da política. De minha ligação com o “Teatro Carlos Gomes”, em Natal, por exemplo. Três anos atrás estive em Natal e fiquei um tempão parado diante do “Teatro Carlos Gomes”, relembrando momentos felizes que vivi ali. Faça isso. Viva cada momento de sua vida para que ele lhe traga felicidade no futuro mesmo que seja apenas em pensamentos. Pense nisso.
99121-1460