Filosofia de um par de rodas
João Paulo M Araujo
Professor do curso de filosofia da UERR
O que é ciclismo? Uma resposta mais genérica seria afirmar que é uma atividade caracterizada pelo uso da bicicleta no sentido esportivo ou apenas como meio de locomoção. Muito além dessa definição, a nossa relação com a bicicleta pode encerrar diversos sentidos: uma relação de prazer e felicidade enquanto pedalamos, um momento involuntário ou espontâneo para pensar na vida, uma preocupação com o meio ambiente, um estado de consciência que não tem uma tradução específica, dentre tantas outras coisas. Portanto, pensar o papel que a bicicleta desempenha em nossa vida cotidiana pode ser uma tarefa multidisciplinar dada a miríade de possibilidades (tecnológicas, políticas, estéticas etc.) que a bicicleta tem no mundo atual. Contudo, aqui me limito apenas a uma breve reflexão filosófica sobre a experiência de andar de bicicleta e como esta pode ser útil para a reflexão filosófica. Mas do que se trata isso especificamente? De uma filosofia do ciclismo? Talvez, embora num sentido mais restrito. Dentre tantas filosofias possíveis não é de todo estranho pensar por essa perspectiva. O difícil é definir e delimitar o objeto de reflexão quando pensamos numa filosofia do ciclismo, que aqui prefiro me referir como uma “filosofia de um par de rodas”.
Mas não é qualquer par de rodas que define a reflexão filosófica sobre a bicicleta. Há muitas coisas que possuem um par de rodas como, por exemplo, uma motocicleta, um patinete, uma carroça etc. Cada um desses pares de rodas oferece perspectivas diferentes para a experiência de nossos corpos em movimento. Em contrapartida, podemos afirmar metaforicamente que a bicicleta se releva como uma experiência motora que imita a perfeição do movimento dos corpos celestes. Para os antigos gregos, o movimento circular encerrava a perfeição, o círculo era a forma geométrica perfeita. Aliás, quando nos voltamos para a etimologia da palavra bicicleta, de imediato percebemos sua origem circular. Bicicleta vem do grego “kyklos” que significa círculo, posteriormente a partir da língua latina passou a ser escrito “cyclos”, os ingleses colocaram o prefixo “bi-” de onde surgiu a palavra bicicleta (bicycle). Quando colocamos a bicicleta sob o escrutínio do nosso olhar, podemos vislumbrar minimamente esse ponto. Estamos sobre duas rodas operando um movimento circular com ambas as pernas a partir de uma pedivela que condiciona esse movimento (também de forma circular), traduzindo causalmente nossa energia motora em locomoção no espaço-tempo. De alguma forma, a experiência da bicicleta nos conecta com a experiência do ser. Mas que ser?
Foi Aristóteles quem afirmou que o “ser se diz de várias maneiras”. Quando pensamos em nossa relação com a experiência de pedalar, essa frase se traduz analogicamente no que queremos dizer por “conectar-se com a experiência do ser”. Como afirma o Professor e filósofo Clive Cazeaux (2015) “O ‘ciclismo’ na verdade engloba um número extremamente grande de modos de vida e formas de ser. Isso por si só é filosoficamente interessante, sugerindo que, se andar de bicicleta é uma coisa, talvez seja antes de tudo um conjunto de questões que nos pedem para refletir sobre identidade e os compromissos que assumimos na vida.” Aqui “identidade e compromisso que assumimos na vida” traduz o aspecto ético por detrás da atividade, isto é, como uma forma de vida significa e incorpora o uso da bicicleta.
Aqui cabe a pergunta: é possível filosofar sobre duas rodas, isto é, enquanto pedalamos? O que filosofia tem a ver com movimento? Ora, os discípulos de Aristóteles eram conhecidos por peripatéticos (o nome não soa muito legal), ou seja, sua escola era conhecida como o perípato, uma espécie de alameda situada dentro das mediações do Liceu. Isso, por sua vez, encerra a ideia de que era comum em suas atividades discutir ou refletir sobre questões filosóficas enquanto caminhavam pelo ambiente de aprendizado. Aqui vemos um duplo movimento, pois, não só o pensamento estava em marcha, mas também o corpo. É possível traçar na história da filosofia uma série de pensadores que associavam o hábito de caminhar com o ato de reflexão. Kant costumava diariamente realizar caminhadas ritualisticamente sempre no mesmo horário; Nietzsche também possuía tal hábito que lhe rendeu a alcunha de filósofo errante; Walter Benjamin não muito diferente, aproveitava suas caminhadas para tal, uma amálgama de introspecção e observação da vida ao seu redor, um autêntico flâneur. De modo não tanto voluntário, Emil Cioran também caminhava por longas horas noite adentro devido à sua insônia, foi nessas caminhadas que ele teve muitos dos seus principais insights filosóficos. Todos esses filósofos (há muitos outros) seriam, ainda que de modo indireto, representantes dessa tradição do perípato. Onde quero chegar com isso? Filosofia e movimento são coisas que estão profundamente conectadas como faces de uma mesma moeda. O próprio ato de pensar é pôr em movimento certas ideias. Entretanto, muitas vezes não é apenas o pensamento que está em movimento, mas também o corpo.
Minha intuição é que o ato de pedalar pode desencadear efeitos semelhantes aos efeitos nos filósofos do perípato, fazendo da própria atividade do ciclismo, isto é, enquanto um ato intencionado ou espontâneo de reflexão filosófica, um modo contemporâneo de perípato. Portanto, pedalar pode contribuir enormemente para o funcionamento e manutenção da mente filosófica, permitindo que as ideias fluam e saltem ante nossos olhos. Em minha experiência, muitos insights que tive, ocorreram enquanto pedalava, como se o ato de pedalar impulsionasse minha criatividade, uma verdadeira fábrica de ideias. Essa noção é corroborada pelo que temos de mais atual nas neurociências onde já é constatado que a prática de exercícios físicos desempenha um papel fundamental em nossa cognição ajudando na concentração, no raciocínio e até mesmo na memória.
Quando se trata da relação entre filosofia e bicicleta duas possibilidades se afiguram. A primeira é como o ciclismo pode ser uma ferramenta útil no auxílio da prática filosófica, impulsionando ideias durante as pedaladas. A questão aqui consiste em saber se o ciclismo oferece condições ideais para um pensamento filosófico profundo. A segunda já diz respeito a possibilidade de uma filosofia do ciclismo, tentando pensar os diversos aspectos filosóficos que esse tipo de atividade encerra. Como já foi mencionado, é notório que o ciclismo traz implicações para a nossa forma de vida, implicações morais, políticas, estéticas, tecnológicas etc. Nesse sentido, ao menos a título
de curiosidade, podemos levantar duas questões: É possível combinar ciclismo e filosofia de uma forma intelectualmente ampla para pensar questões filosóficas como um todo? E o que dizer de uma filosofia do ciclismo? A tentativa de respondê-las ficará para um próximo momento, embora não tenho dúvidas de que uma resposta positiva para ambas questões seja viável devido a gama de possibilidades reflexivas acerca da relação entre filosofia e bicicleta ou, se preferirmos: filosofia de um par de rodas.
Não há vida sem amor
Afonso Rodrigues de Oliveira
“Amas a vida? Então não desperdices o tempo, pois é de tempo que a vida e feita”. (Benjamin Franklin)
A vida é um processo em construção. E não podemos construir com qualidade, sem amor. E viver sem amor não é viver, é passar pela vida sem viver. E a população da Terra seria bem mais evoluída se pelo menos a maioria entendesse o valor do amor para a evolução. Simples pra dedéu. Vamos amar. Não podemos evoluir sem amor. Mas precisamos evoluir racionalmente para entender realmente o que é amor. Não podemos nem devemos continuar confundindo amor com desejos ou impulsos. São coisas distintas que podem prejudicar na mistura.
Precisamos nos informar mais na construção da racionalidade. E esta não pode existir sem o conhecimento de si mesmo. Para sermos racionais temos que conhecer a nós mesmo, no que somos. E somos todos da mesma origem, vindos do mesmo Universo Racional, para onde teremos que voltar. E só voltaremos quando preparados para o retorno. Então vamos nos preparar. Mas só conseguiremos quando nos amarmos e nos respeitamos. E o respeito não permite que nada nem ninguém dirija nossas vidas, a não ser nós mesmos, em cada um de nós. Cada um por si, mas com respeito aos outros.
É na caminhada à racionalidade que aprendemos a respeitar o próximo. E é no respeito que instruímos com a de “O bom exemple sempre foi e sempre será a melhor didática”. E o único caminho para a racionalidade é o respeito a si mesmo. E quando nos respeitamos sabemos que caminho tomar, na caminhada da evolução racional. E quando nos conhecemos e nos respeitamos com amor, não necessitamos de orientações que dirigem em vez de orientar. Não desperdice seu tempo, porque ele será sempre precioso. Até mesmo quando erramos não devemos nos curvar aos sentimentos a não ser de aprendizado. Porque só os inteligentes aprendem com os erros, tanto deles quanto com os dos outros. Faça isso, você também. Nunca se deixe abater pelos maus acontecimentos. Eles fazem parte do aprimoramento racional.
Valorize-se sempre, no que você realmente é. E só quando nos respeitamos é que sabemos realmente quem somos. Nunca inveje o sucesso de alguém. Apenas admire-o e se saiba capaz de se igualar. Mantenha sua mente sempre concentrada no melhor, sabendo-se capaz de ir em frente, na caminhada para o bem. Mantenha sua mente sempre sadia. Nunca a desperdice com pensamentos negativos. Quando você pensa, está conversando com o seu subconsciente. E este cara é a força maior que o ser humano tem para alcançar todos os seus desejos, sejam bons ou maus. A escolha é de cada um. Pense sempre no bem. Pense nisso.
99121-1460