Filosofia da religião
João Paulo M. Araujo
Professor do curso de filosofia da UERR
A filosofia da religião é um capítulo da filosofia que se preocupa com o fenômeno religioso, isto é, com a esfera espiritual do ser humano, contemplando questões que são pontos de interlocução da metafísica, da antropologia, da ética, da política, etc. Mesmo para aqueles que não são religiosos, a religião é um assunto fascinante, ela invoca o reino do transcendente. Nesse contexto em particular, pensar o transcendente é pensar nas oposições já clássicas entre o mundo material e o mundo espiritual, entre corpo e alma, entre uma vida finita e uma existência metafísica infinita, etc. A aposta da religião é oferecer um entendimento de uma dimensão da existência que nenhuma ciência ou filosofia (ao menos em tese) é capaz de oferecer. Esta visão é condicionada pela crença em um ser supremo, que via de regra, criou o universo e tudo o mais. Portanto, o tema acerca da existência de Deus é um dos mais caros para a visão de mundo religiosa. Além do mais, isso fica muito bem delineado quando entram em pauta as discussões metafísicas sobre a nossa finitude, em outras palavras, sobre a morte e o nosso destino quando nossa vida terrena chega ao fim. Isso faz do tema da morte uma parte importante das visões religiosas de mundo, significando, por seu turno, que qualquer que seja a religião, além do tema da existência de Deus, esta não pode se esquivar de discussões em torno do tema da morte.
De um ponto de vista histórico, as visões de mundo religiosas têm sido bastante influentes na medida em que durante muito tempo, e até mesmo nos dias atuais, o panorama religioso foi responsável por moldar perspectivas morais, jurídicas e políticas das diversas formas de organização social. Por outro lado, a religião sempre foi alvo de críticas. Grosso modos poderíamos caracterizar dois tipos comuns de crítica à religião. A primeira seria um tipo de crítica aos mecanismos internos de funcionamento da religião como, por exemplo, aquelas discussões que residem no âmbito de uma teologia; nesse caso, algumas crenças, doutrinas e ensinamentos de determinadas religiões são discutidas. Basta pensarmos nos concílios realizados pelos primeiros padres apologéticos nas origens do cristianismo como instituição. O segundo tipo de crítica seria de ordem mais externa. Seriam críticas onde se discutiria se a visão de mundo religiosa é razoável, uma vez que (em parte) ela não buscaria na razão o abrigo para justificar os caminhos da fé.
Quando se trata de filosofia da religião, ao pensarmos sobre a visão de mundo religiosa, podemos seguir a sugestão de Brendan Sweetman (2013) nos perguntando antes se nossa visão de mundo é razoável. A ideia por detrás dessa questão é que somos seres de crenças, e embora muitas de nossas crenças não tenham conexão com qualquer aspecto religioso, isso não significa que elas são bem justificadas do pondo de vista da razão. Dentre tantas crenças que possuímos, pouquíssimas são bem justificadas, muitas delas sequer refletimos a respeito. Na história da filosofia, sobretudo, a filosofia na idade média, o debate que dominou esse período foi a da relação entre fé e razão. Alguns filósofos como Santo Agostinho acreditavam que a razão não pode ser um parâmetro para a fé; em sua máxima expressão Agostinho afirmava que era preciso crer para compreender. Por outro lado, filósofos como São Tomás de Aquino, acreditavam que a razão (em particular, a filosofia) era um instrumento útil a serviço da fé. O ponto é que para além de qualquer caricatura sobre o fenômeno religioso não é de todo verdade que a religião é irracional. Há bastante racionalidade na religião. Algumas questões particulares podem até carecer de sentido quando analisamos seus meandros descritivos, mas disto não resulta que todo o resto se configura em termos de uma visão de mundo completamente irracional. A própria atividade filosófica em suas origens é geralmente caracterizada como uma postura mais intelectiva acerca do cosmos, mas se analisarmos nas entrelinhas, filósofos como Tales de Mileto afirmava que a natureza estava cheia de deuses. Os pitagóricos também eram famosos por endossar uma visão de mundo não só filosófica mais também religiosa acerca das coisas. Platão sempre recorria a algum mito para explicar um ponto filosófico mais delicado.
Geralmente as motivações maiores para endossar a visão segundo a qual a religião é irracional vem quando comparamos religião com ciência. De saída já temos um problema que diz respeito ao método e objeto de ambas formas de saber. A questão da verdade também é outro nó górdio nas discussões. A ciência constrói seu saber usando um critério de verdade mais objetivo que atende a objetos verificáveis no mundo natural. A religião não pode adotar tal critério de maneira absoluta, uma vez que seu principal objeto (Deus) não é algo que pode ser verificado empiricamente. Portanto, o estatuto da verdade no âmbito da religião não é algo que demanda uma postura de correspondência entre uma afirmação e um objeto que encontramos no mundo sensível. Na religião, via de regra, a verdade assume um caráter revelador em que a pessoa religiosa se entrega e confia sem precisar de provas ou critérios racionais de observação. Para usar um conceito wittgensteiniano, no que concerne a cizânia entre religião e ciência, são jogos de linguagem completamente distintos, seus significados não se correlacionam e, portanto, apontam para caminhos diferentes.
Apesar de ter mencionado no início do texto de que na visão de mundo religiosa o tema da existência de Deus e da morte são temas seminais, na filosofia da religião além destes temas, muitos outros são discutidos. Isso faz da filosofia da religião um terreno extremamente plural em termos filosóficos. Todavia, de maneira breve e meramente superficial, é possível aqui apresentar algumas de suas principais questões. A primeira lida com aquilo que a tradição filosófica chamou de provas da existência de Deus. Ao longo da história da filosofia é possível encontrar argumentos famosos como o argumento ontológico de Santo Anselmo, o argumento cosmológico de Tomás de Aquino, o argumento do desígnio de William Paley, dentre outros. Outra questão diz respeito ao problema do mal, em outras palavras, como é possível compatibilizar a existência de Deus com o mal no mundo. Também tem a questão em torno da natureza de Deus e seus atributos, do pluralismo religioso e da experiência religiosa como temas seminais em filosofia da religião. Poderíamos aqui elencar muitas outras questões em torno das preocupações filosóficas sobre a religião, mas seria necessário muito mais espaço para isso. Se ficou curioso sobre esses temas, saiba que na UERR possuímos uma especialização em filosofia da religião onde essas e muitas outras questões são aprofundadas pelos professores que ministram diversas disciplinas ao longo de um ano.
O futuro da assessoria de imprensa passa pelo digital
Vera Lucia Rodrigues*
As transformações tecnológicas em âmbito mundial não se restringem somente a negócios, indústria, comé
rcio, saúde, agro, enfim, áreas específicas.
Elas também dinamizam e produzem constantes mudanças no trabalho jornalístico e na assessoria de imprensa.
E quem não acompanhar essas mudanças e entender a importância dos meios digitais, não conseguirá realizar o trabalho necessário relacionado ao cuidado da imagem dos clientes.
Se fizermos uma análise mais aprofundada da assessoria de imprensa, das atividades que ela abarca, e de seu desenvolvimento no campo digital, chegaremos a algumas ponderações importantes, que podem fazer diferença significativa na conquista de resultados.
Em relação, por exemplo, ao monitoramento de notícias, a famosa clipagem, que tem sido a base da assessoria de imprensa desde a época da comunicação tradicional. No momento atual, por conta dos meios digitais, este trabalho se tornou essencial para o sucesso das empresas.
Mas não se pode esquecer que as ações precisam ser individualizadas, personalizadas para cada cliente. Assim, há uma maior garantia da construção de uma reputação sólida para o assessorado.
Também é preciso estar ciente que o monitoramento de notícias não se reduz somente ao acompanhamento das pautas que emplacaram ou não na imprensa. Essa é uma visão limitadora. Por meio dele, é possível fazer uma série de avaliações: identificar fraquezas, monitorar nichos de mercado, acompanhar a concorrência, prevenir e ajudar a gerenciar crises, analisar sentimentos e detectar tendências.
Em relação aos releases, instrumento essencial da assessoria de imprensa para divulgar produtos, serviços e a imagem institucional dos clientes, é importante ter consciência que as redações mudaram, estão mais enxutas. Assim, para obter sucesso na divulgação, é necessário considerar aspectos, como: a estruturação do release como um texto jornalístico, completo no fornecimento de dados e informações e de fácil assimilação, inclusive permitindo uso na íntegra pelo jornalista; a inserção de técnicas de SEO; e a segmentação do mailing jornalístico.
Outro ponto fundamental, que norteia o trabalho da assessoria e é um caminho sem volta, é a gestão de redes sociais. Esse é um serviço que muitos assessores ainda sentem receio em oferecer ao cliente. Porém, ele se ampara um aspecto crucial, a produção de conteúdo próprio. Além disso, aprofunda a interação direta com os consumidores, humaniza a marca e propicia melhor visibilidade para o assessorado.
Muitos assessores de imprensa confundem gestão e monitoramento de redes sociais. No entanto, reconhecer as diferenças entre ambos os conceitos faz diferença para quem trabalha com assessoria de imprensa. Se gestão de redes sociais está relacionada à produção de conteúdo, o monitoramento destes canais engloba a mensuração de resultados, que podem ser obtidos por meio de gráficos, métricas, números, relatórios e planilhas.
Ao mensurar os canais sociais de um cliente, consegue-se entender como está o trabalho da assessoria, analisar como os consumidores enxergam a marca, bem como transformar todas as publicações em dados analíticos.
Mais um ponto relevante é o trabalho com influenciadores digitais. É inegável que os influencers são pessoas importantes para a visibilidade das marcas e para a conquista de laços de confiança mais sólidos com o público de interesse do assessorado. Contudo, essa relação precisa ser feita com um olhar bem estratégico, para o tiro não sair pela culatra e gerar prejuízos de imagem em vez de engajamento.
No tocante a gestão de crise, quem trabalha com comunicação tem a dimensão da vulnerabilidade das empresas nos meios digitais e o quanto isso pode torná-las sensíveis a crises de imagem, principalmente por conta do compartilhamento instantâneo de notícias.
O melhor plano de ação é monitorar, detectar e agir prontamente, dentro de um planejamento embasado na transparência.
Por fim, a assessoria de imprensa antenada com o que há de mais moderno sabe da importância do investimento em produção de conteúdo próprio para seu cliente.
A produção de conteúdo para redes sociais é uma alternativa para garantir a visibilidade do cliente, sem depender da imprensa. Um blog com conteúdo de qualidade ajuda a conquistar autoridade no meio de atuação da marca. Ou seja, seu cliente acaba se tornando uma fonte de referência para os consumidores e conquistando cada vez mais espaço.
Não é só atentar para todos esses aspectos que norteiam a nova formatação das assessorias de imprensa. Tem que se ter consciência de que estas assessorias precisam se adaptar, e urgentemente, a uma nova realidade em que os processos caminham a passos largos para uma automação total de suas funções.
*Vera Lucia Rodrigues é jornalista, mestre em comunicação social e fundadora da Vervi Assessoria de Comunicação, que há 39 anos desenvolve projetos na área de assessoria de imprensa
No fim da linha
Afonso Rodrigues de Oliveira
“A política tornou-se uma simples especialidade parlamentar. Não é mais a arte de governar um Estado, mas a de ser eleito deputado ou ministro”. (A. Capus)
Ainda não sabemos se isso é certo ou errado. O que também não sabemos é que ainda não evoluímos para entender nem viver as mudanças. Ainda não sabemos que as mudanças, fazem parte da evolução humana. Estamos, nesta campanha eleitoral, no fim da linha. Estamos iniciando uma das semanas mais longas e cansativas. Mas vamos ser sensatos e procurar viver a semana como uma preparação para nossa demonstração de civilidade. Mas sabemos que ainda iremos cometer muitos erros que devem ser considerados exercícios para a cidadania. O importante é que estejamos preparados. O que indica que ainda temos muito para nos prepararmos.
Vamos viver esta semana sem arrufos fantasiosos que não nos levam onde queremos chegar e não chegaremos enquanto não conhecermos o caminho. As mudanças na política vêm acontecendo há séculos. O erro está em não nos prepararmos para as mudanças. Não vamos penetrar no assunto, para não cometermos erros. Mas sugiro aos senhores eleitores que se preparem para a política, e não as politicagens que sempre nos dominam, envolvendo-nos em desequilíbrio social. Qual o seu critério para a escolha do seu candidato? Pense nela e veja se ela é realmente o que, não você, mas a sociedade precisa para melhorar no futuro. Parece complicado, mas é simples pra dedéu. É só você se preparar politicamente, reconhecendo e respeitando o seu dever, e poder, com o voto.
Todos nós somos responsáveis pelos políticos e governantes que temos. E só quando acordarmos para a responsabilidade que temos estaremos prontos para a cidadania. O que ainda não temos porque não conquistamos. Sinta-se para poder reconhecer-se como um cidadão ou cidadã responsável. Mas para isso precisamos ser realmente preparados para a política. Porque, muito embora nunca nos ensinaram nem vão ensinar aos nossos descendentes, somos todos meros aprendizes na política.
Ainda somos, no Brasil, um país subdesenvolvido politicamente. O Gaston Bouthoul já disse: “Reconhece-se um país subdesenvolvido pelo fato de nele ser a política a maior fonte de riqueza”. E ainda continuamos no rol dos subdesenvolvidos. Pelo menos politicamente. Mas nunca se esqueça de que a responsabilidade para as mudanças na política está em cada um de nós. E nunca iremos resolver esse problema sério, com bate-bocas e briguinhas comadrescas. Prepare-se durante a semana, para a responsabilidade no seu voto. Cuidado que já ouvi candidato, na fala, androginando Roraima. Pense nisso.
99121-1460