“Das muletas fiz asas”
Em um final de tarde de julho de 2003 estava em um táxi na BR 304, próximo à cidade de Assu, RN. Peguei o táxi para alcançar o ônibus que me levaria a Fortaleza. Chovia forte, o motorista do veículo atendeu uma ligação celular, perdeu o controle do carro, batemos de frente com um caminhão, que vinha no sentido contrário.
O condutor para se proteger, jogou o carro para o meu lado, sofri graves consequências. Com o impacto, desfaleci, e ao acordar, todo quebrado, não sabia da gravidade e seus desdobramentos.
Quando recobrei os sentidos, haviam roubado meus pertences. Não sabia onde estava. Naquela noite, 11 de julho de 2003, sem saber, mudaria minha vida para sempre.
Fui removido para um hospital particular de Natal, distante 220 km do local do acidente. Começou aí minha Via Crucis para salvar a vida, recuperar a perna esquerda que foi esmagada no acidente.
Em cinco anos passei por cirurgias, primeiro em Natal, depois São Luís do Maranhão, minha cidade, e finalmente São Paulo. Foram ao todo 43 cirurgias.
Durante cinco anos estive preso a leitos hospitalares, e a cadeira de rodas.
Ao final do tratamento, muitas sessões de fisioterapia aprendi a andar com muletas.
“Ter problemas na vida é inevitável, deixar-se abater por eles é opcional”, é um dos pensamentos que me norteiam. Já que não posso mudar a realidade, tenho que adaptar, sempre da melhor forma possível.
Com a confiança restabelecida e adaptado às muletas, fui visitar meu filho Frederico, que fazia intercâmbio de línguas, em Dublin, Irlanda.
Fui na companhia de outro filho, Rodrigo.
Ao chegar na Europa, meus filhos me fizeram uma surpresa. Tinham organizado uma viagem por oito países do Velho Mundo.
Ao retornar ao Brasil, ao desembarcar em Guarulhos, SP, fiz uma oração agradecendo ao bom e maravilhoso Deus pela descoberta do mundo, agora amparado em muletas. Também pedi ao Senhor Deus que gostaria de conhecer o mundo. Era final de 2009.
Sempre gostei de viajar. Antes do acidente já conhecia quase todo o Brasil, e também os países: Argentina, Paraguai, Uruguai, Portugal, Espanha e EUA.
De 2009 a 2020 visitei 143 países em todos os continentes do mundo. Com a pandemia do coronavírus, estava em Amsterdã. Antes de fechar as fronteiras dos países, viajei de volta ao Brasil.
De março de 2020 a setembro de 2022 fique em casa, em São Luís do Maranhão.
Neste período aproveitei para escrever o livro “Das muletas fiz asas”, que lancei pela editora N’veros. No livro conto, de forma leve, o acidente, adaptação às muletas, superação e resiliência. Está à venda na Amazon.
No livro também narro os perrengues que passei ao andar pelo mundo sem puxar mala, nem falar inglês, ou ter muito dinheiro. Mostro que com planejamento e informações todos somos capazes de realizar sonhos.
Fechei um ciclo como servidor público federal, me aposentei, e 41 anos após me formar em Agronomia, iniciei o curso de Jornalismo. Estou no 4° semestre da faculdade. Escrevo artigos e crônicas para 22 jornais impressos e digitais de diferentes cidades brasileiras, além de três jornais estrangeiros: Diario de El Salvador e El País de Honduras, e no Novo Jornal de Luanda, Angola.
Sou um homem de muitos sonhos, que com as bênçãos de Deus e ajuda de minha família, tenho a felicidade de realizá-los.
Em setembro último, cruzei a soleira de minha casa, embarquei em uma aeronave e conheci sete novos países da América Central, e um país da América do Sul. Assim chego a 151 países visitados. Sou o sul-americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida.
A meta é conhecer todos os 194 países na classificação da ONU. Faltam somente 43.
Escrevo esse artigo da fascinante e surpreendente Boa Vista, capital de Roraima. Roraima é o 27° estado visitado. Assim fecho todos os estados brasileiros.
Amanhã embarco para casa. Agora é descansar um pouco. Depois, reorganizar as finanças, planejar novos roteiros, e na hora certa, cair no mundo novamente, como um giramundo. Porque fiz das muletas asas, para voar para lugares cada vez mais longe.
Tenho metas a cumprir. Como é bom andar por esse mundão de meu DEUS.
Luiz Thadeu Nunes e Silva
Engenheiro Agrônomo, Palestrante, escritor, cronista e viajante. Autor do livro “Das muletas fiz asas”. O sul-americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes da terra.
A alma do brasileiro entre feriados e datas históricas
José Victor Dornelles Mattioni1
Como diria o polêmico Nelson Rodrigues: “O brasileiro tem alma de feriado”. A frase desse célebre romancista é o título de uma das crônicas publicadas em 1975, no jornal O Globo, destacando como o brasileiro é apaixonado por um feriado, para “irritação dos idiotas da objetividade”.
Sejamos sinceros, nós reverenciamos essas datas a ponto de clamarmos para que elas ocorram numa terça-feira, ou numa quinta-feira, a fim de sonharmos que a segunda, ou a sexta-feira, seja “enforcada”, numa referência a uma data importante do mês de abril, que nós a adoramos, porque é feriado.
Somos tão maravilhados pelas datas históricas a ponto de pesquisar, não a sua importância para a sociedade, mas os pacotes de viagem, quando planejamos ir ao interior, organizar festas, dentre outras motivações. Vivemos nessas expectativas, com exceção dos professores, pois eles necessitam do feriado para colocar trabalhos e terapias em ordem.
Com relação a nossa sede por feriados e à memorização de datas históricas, que alimentam a alma, você já se fez a seguinte pergunta: Por que almejamos a chegada dos dias 21/04 (olha a forca!), 07/09 e 15/11, mas não nos preocupamos com o que se comemora nos dias 22/04, 06/09 e 19/11? As 6 datas marcam comemorações nacionais, mas apenas as 3 primeiras são lembradas. O motivo da lembrança é simples: porque são feriados.
Além disso, tão melancólico quanto à volta ao batente, como diria o eterno jornalista, é a frustração com os feriados em que as datas cairão nos finais de semana.
Aproveitando o momento de reflexão sobre os feriados, em que dia da semana será 07/09/2023, o dia em que nós iremos ao desfile cívico?
Bons feriados a todos!
Cidadãos ou subordinados
Afonso Rodrigues de Oliveira
“Todo legislador sábio deve tudo subordinar à preocupação de assegurar a felicidade e a tranquilidade dos cidadãos”. (Aristóteles)
Claro que legislar não é competência de incompetentes. O que responsabiliza o cidadão que elege, por exemplo, um legislador. A primeira coisa a ser considerada na escolha é verificar a capacidade do candidato para legislar. Coisa que ainda não nos ensinaram nem ensinam, para que possamos ser realmente cidadãos. Vamos tomar cuidado com a nossa responsabilidade nas eleições. Mas não vamos ficar esperneando nem tentando justificar nossa incompetência. Vamos, isso sim, educarmo-nos para que possamos acompanhar o ritmo de crescimento do Brasil. Chega de briguinhas comadrescas.
Baltazar Gracian também disse; “Só as pessoas inteligentes procuram para auxiliá-las pessoas mais inteligentes do que elas, deleitando-se em transformar em servidores os que, por natureza, seriam seus superiores”. E o outro lado da medalha é que auxiliares superiores podem, muito bem, vir a serem seus futuros superiores. O que não os descredenciaria. A tempestade continua, a canoa continua à deriva e, pelo que me, parece, continuamos nos afogando, politicamente, sem percebermos, por mera e franca ignorância política.
E como já sabemos que erros e acertos fazem parte da vida, vamos nos acalmar e deixar o barco se equilibrar, mas com nossa ajuda. E também sabemos que não devemos fiar perdendo tempo à toa. Vamos cuidar do tempo que ainda temos para o reinício da caminhada. Vamos aproveitar o tempo que ainda temos para início das novas administrações, e nos prepararmos para nosso aprimoramento. Afinal, erros e acertos fazem parte da vida. É com eles que aprendemos a viver, mas devemos aprender que temos que aprender.
Vamos, com calma e segurança, batalhar pela nossa liberdade como cidadãos. Porque ainda não temos os escudos apropriados para nos defendermos do inimigo chamado de desconhecimento. Vamos nos educar politicamente para podermos vencer com sensatez e segurança. E isso só conseguiremos quando formos realmente cidadãos. Que será quando votarmos por dever e não por obrigação. Mas teremos primeiro que nos prepararmos para merecer a liberdade. Quando os partidos políticos entenderem que estamos votando com um voto facultativo, saberão nos apresentar candidatos competentes e merecedores do nosso voto. Simples pra dedéu.
Vamos assumir nossa responsabilidade em elegermos nossos legisladores. E só mereceremos esse respeito quando tomarmos consciência da nossa responsabilidade. Enquanto isso não estaremos fazendo mais do que espetáculos fúteis. Pense nisso.
99121-1460