Opinião

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Meio ambiente e sustentabilidade, na mira do consumidor

Marcellus Campêlo

A preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade, antes restrita a pequenos grupos, ganhou amplitude nos últimos anos, alcançando boa parte da população, e não somente como tema de discussão, mas como indicador de consumo.

Está ficando cada mais claro para as pessoas a importância de cuidar do meio ambiente hoje, para garantir qualidade de vida às próximas gerações. É cada vez mais forte, também, o sentimento de que é preciso adotar ações concretas, individualmente e na hora de adquirir um produto, para evitar o desmatamento, as mudanças climáticas e o aumento da poluição, por exemplo.  

Várias pesquisas dão indicações nessa direção. Uma delas, realizada em 2019 pela agência norte-americana Union+Webster, mostra que 87% da população brasileira prefere comprar produtos e serviços de empresas sustentáveis, ou seja, que demonstrem responsabilidade socioambiental. Além disso, 70% dos entrevistados disseram não se importar em pagar um pouco mais por isso. O alto custo dos produtos com essa pegada sempre foi considerado um gargalo a ser enfrentado pelas empresas.

Pesquisa realizada no mesmo ano pela Treta Pak também apontou no mesmo caminho. O estudo indica que 86% dos brasileiros entrevistados se preocupam com as questões ambientais. Estão entre os temas que mais se destacam o acesso à agua, a poluição e o lixo plástico nos oceanos.

A pesquisa atesta que 48% dos consumidores separam os resíduos para a coleta seletiva e 73% procuram comprar produtos sustentáveis pensando na preservação do meio ambiente para as futuras gerações.

A preocupação com o meio ambiente na hora de comprar também aparece em pesquisa da PwC, realizada em 2021, sobre os hábitos de consumo no mundo. No Brasil, 49% dos entrevistados declararam-se preocupados com a questão. A pandemia de Covid-19, conforme refletem sobre o tema, parece ter acelerado a consciência ambiental da população. Isso porque em 2019, em pesquisa também da PwC, apenas 35% disseram escolher produtos sustentáveis para ajudar a proteger o meio ambiente.

De qualquer forma, com variações para um lado ou para o outro, o importante a destacar é que as empresas já perceberam que não podem ignorar o aspecto ambiental e estão preocupadas em acenar para o seu público com medidas que façam sentido.

O apelo dos consumidores tem ressoado nas organizações. Não é por nada que passou a ser peça fundamental nas empresas a adoção de práticas de ESG, relacionadas ao meio ambiente, ao social e à governança. Essas ações começam a pesar na escolha dos produtos, pelo consumidor, e também na captação de investimentos no mercado, trazendo vantagens competitivas a quem as adotam.

Muitas empresas, é claro, no afã de se manterem competitivas, acabam optando por métodos sem a devida sustentabilidade. O caminho mais fácil, todos sabem, nem sempre é o melhor. É preciso entender o tema na sua essência, a sua relação com a atividade que a organização desempenha, para decidir como e de que forma se posicionar.

O conceito de sustentabilidade não é novo. Surgiu durante a Conferência de Estocolmo, em 1972. Trata-se do uso racional dos recursos naturais, sem comprometer o meio ambiente, preservando-o para as gerações futuras. E isso tem a ver com posturas individuais, coletivas, empresariais e governamentais.

Passa, por exemplo, por um processo de educação, formando cidadãos com consciência socioambiental, plantando essa semente nas próximas gerações. Passa, ainda, por ações cotidianas, como o consumo consciente, já citado aqui, a reciclagem e reutilização de embalagens, entre tantas outras iniciativas.

No mundo corporativo, os negócios sustentáveis envolvem o uso de fontes de energia limpas e renováveis, a racionalização de água, a opção por embalagens recicláveis, o descarte correto dos resíduos e a adoção de práticas de inclusão e diversidade.

Agir de forma sustentável é uma questão de atitude e um desafio a ser enfrentado todos os dias, mas a meta final, que é a preservação do planeta, vale todo o esforço. As gerações futuras hão de agradecer as escolhas corretas que fizermos hoje.

Marcellus Campêlo é engenheiro civil, especialista em saneamento básico; exerce, atualmente, o cargo de coordenador executivo da Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE) do Governo do Amazonas.

Por que mentir?

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Nenhum governo consegue evitar o uso da mentira para manter o povo sob seu jugo”. (Montaigne)

Já está na hora de mudarmos o rumo, não da política, mas do modo de vermos a política. Ainda a vemos como engodo, falcatrua, mentiras e coisas assim. E isso vem de longe. O Montaigne falou essa pérola ainda no século XVI. E como podemos ver, nossa educação não progrediu. Continuamos os mesmos, e sem nenhuma indicação de progresso, nem mesmo no futuro.

Não estava programado esse papo para nosso papo de hoje, mas fui provocado. Meus filhos assistiam a uma discussão sobre o problema nas eleições atuais. O que deduzi da discussão dos dois “entendidos” em política, foi que ainda temos muito a aprender sobre política. Ainda continuamos votando nos que sabem mentir mais. Quanto mais falador e espalhafatoso o candidato, mais nos encanta e, consequentemente, merece nosso voto. Vamos sair desse círculo de elefante de circo. Ou nos educamos ou continuaremos marionetes de “políticos”.

Relaxe, reflita com tranquilidade e faça sua parte para melhorar, sobretudo a nossa política que está de mãos dadas com nossa educação, no fundo do poço. Procure ver a política como uma maneira de trabalhar para melhorar o mundo, de acordo com seu desenvolvimento. Porque nada se desenvolverá sem uma política sadia; e nunca haverá uma política sadia sem uma educação à altura do desenvolvimento racional, da humanidade. E você tem todo o poder de que
necessita para fazer o melhor, sem blá-blá-blás fúteis, nem briguinhas comadrescas.

Reflita sobre a responsabilidade que temos como cidadãos e cidadãs, no desenvolvimento do nosso País. Mas, só seremos capazes para fazer o que devemos fazer, quando nos educarmos de verdade. E só então seremos capazes para eleger, no regime realmente democrático. E só conseguiremos isso com o voto facultativo; e o voto facultativo exige conhecimento. E este só o teremos com educação. E só educados entenderemos que o cidadão vota por dever e não por obrigação. E enquanto formos obrigados a votar não seremos cidadãos, nem teremos como escolher politicamente o candidato.

Atualmente, quando temos dois candidatos na eleição não teremos autoridade para a escolha, porque não tivemos autoridade para criar o candidato; mas, somos obrigados a votar, sem o direito à escolha. Nada mais destrutivo à democracia do que o voto obrigatório. Em vez de você decidir, você é obrigado a votar, e fim de papo. E é aí que você escolhe o que lhe parece menos pior. Recado que você deixará para o futuro dos seus filhos e netos. Porque não estamos preparando o futuro deles. Pense nisso.

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