Educação no trânsito – Flamarion Portela*O trânsito faz parte de nossas vidas. Ele está presente no nosso dia a dia, nos nossos deslocamentos para o trabalho, para deixar os filhos na escola, para ir à igreja ou numa simples ida ao supermercado.
E, para que possamos nos deslocar diariamente com segurança, garantindo nossas idas e vindas em paz, é preciso primar pela educação no trânsito.
Com um número cada vez maior de veículos circulando na cidade, é fundamental que os condutores, além de ter conhecimento das regras do Código Brasileiro de Trânsito, tenham a consciência de que é preciso ter educação e respeitar os demais.
Dirigir além do limite de velocidade, dirigir sob o efeito de bebida alcoólica, ultrapassar de forma perigosa, não ligar a luz de direção quando for fazer uma conversão de faixa, não parar na faixa de pedestres, entre outras, são algumas das infrações mais comuns, que denotam uma verdadeira falta de educação no trânsito por parte dos condutores.
O processo de educação para o trânsito deve começar dentro de casa, sobretudo com foco nos jovens que estão próximos da idade de começar a dirigir.
É fundamental que esse processo seja constante e de forma continuada, de modo que os condutores de qualquer idade tenham a consciência de seu papel, respeitando as leis de trânsito, os demais condutores, ciclistas e pedestres.
Em Roraima, o Detran, além das blitzen educativas e repressivas que orientam os condutores, também tem um projeto de educação para o trânsito voltado para jovens de 14 a 17 anos, chamado Cidadão do Futuro, desenvolvido em parceria com a Setrabes.
O programa, que desde sua criação em 2003 já formou 650 jovens, trabalha com valores e princípios de cidadania, tanto no trânsito como no âmbito familiar e cotidiano desses jovens que, por meio de instrutores capacitados, os motiva a mudar conceitos e praticá-los no cotidiano, transformando-os em cidadãos conscientes e preparados para a vida.
O programa também proporciona qualificação na área de educação para o trânsito, por meio de aulas de Teatro, Coral, Libras, Vídeo, Artes Plásticas e Legislação de Trânsito. Além das oficinas, os jovens são atendidos com palestras e atendimentos psicológicos que proporcionam orientação para a formação deles enquanto cidadãos.
O Cidadão do Futuro é apenas uma semente que vem sendo plantada pelo Detran como forma de conscientizar nossos jovens da importância da educação no trânsito.
Cabe a todos nós, condutores do trânsito no dia a dia, respeitarmos a legislação e lutar por um trânsito mais humanizado, com menos acidentes e mortes em nossa cidade e em nosso Estado. *Presidente do Detran-RR e ex-governador de Roraima
VINGANÇA SOCIAL – Ranior Almeida Viana* Neste início de semana você deve ter tido a experiência terrível de ver um vídeo que um menor de idade tem a testa tatuada com a frase: “Sou ladrão e vacilão [sic]”, caso não viu (não tive coragem de ver mais que 5 seg. do vídeo), deve ter ouvido falar deste caso que aconteceu em São Bernardo do Campo – SP. A ausência do Estado em todos os sentidos pode ter contribuído para que o tatuador e seu vizinho tomassem a “atitude punitiva” e se vangloriarem de tal ato, porem, lhes custou muito caro, pois estão presos e responderão pelo crime de tortura.
Essa ausência do Estado não justifica o ato de tortura que a dupla fez, em querer fazer justiça com as próprias mãos. O adolescente que admite ser usuário de drogas em reportagem para Folha de SP (12/06) diz que colocou as mãos na bicicleta, mas não sabia que estava fazendo. Quem é ou conhece um dependente químico, sabe o quanto é complicado de se lidar, porém não será punindo com tatuagens na testa dos ladrões de bicicletas, galinhas e outros que se resolverão essas questões. Na Grécia Antiga é que se faziam sinais com cortes ou fogo nos indivíduos para diferenciar como escravos ou criminosos.
Esse anseio em querer estigmatizar, somado à vontade em alimentar a sociedade do espetáculo, resulta na divulgação da vingança social. O mais cômico é que o homem que filma enquanto o outro realiza a tatuagem já foi preso em flagrante por roubo de uma bolsa, segundo a reportagem da Folha de SP (13/06); na mesma matéria, o dono da bicicleta que não estava em casa (pensão em que ocorreu o fato) repudiou a atitude dos dois, e que o adolescente não iria muito longe com sua bicicleta, pois todos a conheciam.
Por fim, um condenado após cinco anos do cumprimento da pena sem cometer falta alguma voltará a ser primário. A punição ocorre no sentido que o apenado atinja a reabilitação. Como prevê o próprio Código de Processo Penal em seu artigo 748: “A condenação ou condenações anteriores não serão mencionadas na folha de antecedentes do reabilitado, nem em certidão extraída dos livros do juízo, salvo quando requisitadas por juiz criminal”, ou seja, todos têm o direito à segunda chance e não é marcando-o na pele para sempre, feito gado como se já não bastasse terem feito cárcere privado. Que fique claro que não estou defendendo ladrão ou suspeito algum, pois quem tem que tomar atitudes punitivas é o Estado através do cumprimento de suas leis! Fato lastimável esse que faz com que repensemos nossas atitudes de muitas vezes exaltar torturadores. *Licenciado em Sociologia – UERR, Bacharelando em Ciências Sociais – [email protected]
Gente e gestão fazem a diferença – José Ferrari* Empresas são pessoas. Só crescem se as pessoas que nela atuam também se desenvolverem. E precisam de um estímulo que vá além do dinheiro. Em outras palavras, precisam de uma motivação que dê sentido ao trabalho realizado. Não apenas as pessoas, mas também as empresas precisam de uma missão corporativa que ultrapasse o objetivo do lucro.
Alguns exemplos recentes de empresas que estão comemorando décadas de existência mostram isso. No estado do Rio de Janeiro, a primeira colocada no exame do Enem é uma escola de Petrópolis, chamada Ipiranga, com 50 anos completados ano passado. Na direção, duas irmãs, Lúcia e Sônia Abi Daud, que fundaram o colégio e permanecem até hoje. Nas entrevistas com elas, revela-se a obsessão pela qualidade no ensino. Observa-se um sentimento real de realizar uma grande obra em cada criança matriculada. O lucro é consequência desse trabalho, não é o motivo principal pelo qual a empresa existe.
No segmento de alimentação, a Casa da Empada completa 30 anos em 2017. Quando foi inaugurada, seu fundador, Antero Gonçalves ia para o sinal de trânsito oferecer um cartão que dava direito a uma empada grátis em sua loja. Mais do que ação de marketing, havia um objetivo verdadeiro em oferecer aos clientes um produto de qualidade, cuja receita fora desenvolvida por sua esposa, dona Alzira Gonçalves. Até hoje essa história é contada nos treinamentos da empresa. Serve para motivar os atendentes das franquias a também trabalharem arduamente para atender as pessoas da melhor forma possível. Como se estivessem recebendo-as em sua casa. Não é à toa que o slogan da empresa é: sinta-se em casa! (assim mesmo, com a exclamação tão comum em mensagens publicitárias).
Esses dois exemplos mostram que gente e gestão são fundamentais para o sucesso de uma empresa. Os dois fatores juntos, um dependendo do outro. Não há gestão sem gente. E as pessoas ficam perdidas quando não há gestão. Mas não apenas técnicas de administração, controle, procedimentos e métodos. É preciso que se tenha um objetivo maior, que irá mobilizar a organização como um todo. Uma espécie de missão, que irá mexer com as pessoas e conduzi-las nas funções do dia a dia.
E essa missão deve ser passada pelos diretores. Mas não apenas com frases bonitas que a gente vê penduradas nos quadros pelas paredes da organização. E sim nos exemplos e nas histórias que vão construindo a vida de uma empresa. Reparem nas lembranças das empresas e você verá um valor maior que sempre esteve lá, como uma espécie de alicerce que a conduz.
Histórias como essas é que fazem a diferença na sobrevivência de uma empresa no mercado. Elas permanecem vivas na memória de cada pessoa que passou por essas organizações. E auxiliam os funcionários em suas condutas de negócio, fazendo com que a empresa se fortaleça através dos valores que compartilha. Quem não as tem, dificilmente sobreviverá no mercado, mesmo que ganhe muito dinheiro. Sem um objetivo maior de realmente servir seus clientes, as empresas darão lucros, mas não conquistarão as pessoas. E sem gente, não haverá história para contar. *Professor universitário nas áreas de administração e de marketing
No arraial do Élio – Afonso Rodrigues de Oliveira*“É melhor calar e deixar que as pessoas pensem que você é um idiota, do que falar e acabar com a dúvida.” (Abraham Lincoln)Sentei-me aqui, cansado pra dedéu, depois de uma caminhada à toa, de ida e volta ao SUS. Mesmo porque eu teria que ter ido ao SAS. A atendente ficou me olhando como se quisesse perguntar se eu sou analfabeto. O que estava escrito ali era SAS e não SUS. Ri, ela riu e voltei pra casa. Sentei-me e tentei falar de outras coisas, mas li o Lincoln e mudei de idéia. Mesmo porque já tive um fim de semana tremendamente tumultuado.
Era sábado e o dia começava a se despedir. Preparei-me para limpar a sujeira do jambeiro, mas a dona Salete retrucou:
– Não senhor! Hoje é aniversário do seu Élio, e ele nos mandou convite. Vai ser às oito horas.
Cocei a cabeça e fui me barbear. E foi aí que começou o alvoroço. Com quem vamos, quem vai nos levar? Sei lá. Depende de quem estiver aqui, na hora. Finalmente apareceu a carona. Foi legal pra dedéu. É o segundo aniversário do Élio, que participo e com muito prazer. Era gente, muita gente. E comecei a me preocupar porque não conhecia a maioria dos presentes. Ou mais claramente: das pessoas presentes. Porque os presentes levados para o Élio não me interessavam.
Diverti-me sadiamente. Divirto-me com o chapéu de couro do Élio. Ele não o tira nem na missa. Fico encantado com a soltura e a alegria que ele transmite na sua simplicidade. Encontrei-me com muitas pessoas a quem fazia tempo que eu não as via. E isso me chamou mais atenção para o ostracismo em que estou vivendo, na minha “prisão domiciliar”. E sinto-me feliz por não usar tornozeleira e sim dedozeleira que, não sei por que, ainda chamamos de aliança. Mas o importante é que me diverti com os que se divertiam. O forró mandou o tempo todo. Sanfona, zabumba e triângulo.
Parabéns, Élio. Continue esse cara divertido e amigo que você é. Continue agrupando amigos que você merece por ser esse cara, amigo de chapéu de couro. Foi um fim de semana prazeroso que me tirou do marasmo doentio do tempo chuvoso e preguiçoso. O Élio completou setenta e duas voltas em volta do Sol. Continue com esse comportamento exemplar, na companhia de sua esposa, dona Maria. Fiquei feliz em vê-los e me diverti, amenizando um fim de semana agitado.
O Og Mandino nos diz que: “Ninguém pode viver sua vida por você. Ninguém pode conseguir o sucesso por você. É sua vez”. Vamos fazer de nossas vidas o momento de viver. E viver é estar de bem consigo mesmo. Porque é assim que transmitimos o bem viver. Uma transmissão que vale muito, não nos custa nada, e nos faz feliz. Pense nisso. *[email protected]