Opinião

Opiniao 15 10 2015 1572

Menos diagnóstico e mais proposta – Gilberto Alvarez*Nunca se produziu tantos estudos e estatísticas sobre o desempenho da educação brasileira. Mas, ao contrário dos discursos e das pesquisas elaboradas, as relações entre escolas, educadores e alunos continuam as mesmas: sem um projeto consistente para retirar a educação brasileira do atraso.Os diagnósticos pululam em progressão geométrica, financiadas por instituições públicas e privadas, mas nem mesmo o governo federal, por meio do Ministério da Educação e Cultura (MEC), tem uma proposta clara sobre o modelo de educação que pretende colocar em prática em cada etapa de ensino.A educação vive um dilema que é quase uma escolha de Sofia, decidir de que forma pretende investir os amplos recursos à disposição, onde concentrar mais verba e por que e como gerir e administrar esse dinheiro. O livro trata de um dilema moral, enquanto na educação brasileira o caso envolve problemas de gestão e de falta de um plano nacional para o setor.No livro de William Styron, uma prisioneira polonesa em Auschwitz recebe um “presente” dos nazistas: ela pode escolher, entre o filho e a filha, qual será executado e qual deverá ser poupado. Escolhe salvar o menino, que é mais forte e tem mais chances na vida, mas nunca mais tem notícias dele. Atormentada com a decisão, Sofia acaba se matando anos depois.No caso brasileiro, a meta do PNE (Plano Nacional de Educação) é investir 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação até 2024. Nenhum outro país coloca tanto dinheiro na área. Mas o Brasil tem a educação típica de um país que tem metade da renda per capita brasileira. Está 25 anos atrás do Chile e tem apenas metade dos jovens cursando o ensino médio na idade certa. São problemas graves.Então, se pedirem 10% do PIB para mexer na educação, acredito que a sociedade brasileira está de acordo. No entanto ela exige mais. Ela pretende que recursos sejam oferecidos com instrumentos vigorosos de controle e sob a condição de garantir que a situação mudará, com um plano sério, bem explicado e com metas anuais a serem atingidas.Como afirmei no início do texto, temos que sair da etapa do mero diagnóstico e partir para a ação. A falta de proposta é o cerne da questão. É preciso estudar modelos que deram certos em outros países e até em escolas brasileiras. Ter nossa opinião para o Ensino Fundamental, para o Ensino Médio e para o Ensino Superior.Hoje a pauta é sempre reativa, ninguém tem sido propositivo em educação. O que chama a atenção é a falta de criatividade de educadores e especialistas para apresentar propostas concretas no universo dos estudos de educação.

*Diretor do Cursinho da Poli e presidente da fundação PoliSabe———————————————–

Carta de um órfão – Fernando Piccinini* Reza a lenda, que fui colocado em uma caixa de sapatos quando tinha três meses de idade. E essa caixa,  deixada na porta de uma agência de propaganda. Fui adotado por todos. Meu berço tinha os desenhos mais coloridos e malucos, me ninavam com jingles dos cobertores Parahyba, da Varig-Varig-Varig e a pergunta que não calava era: “o que você vai ser quando crescer?”. E eu balbuciava enquanto tomava a minha Cerejinha: “salsicha, ué!” .Com sete anos atravessava a Praça da República, o Largo do Arouche, cortava a Duque de Caxias, subia dois lances de escada e colocava um estéreo de chumbo de 20 kg no guichê de entrega de materiais da Folha. O funcionário do plantão já sabia quem era e gritava lá para dentro: “o anãozinho da Rino chegou, capricha na colocação”.Acelerando o relógio, chegamos em 1974 e eu escrevo o meu primeiro roteiro para a Bic. Surpresa! O Diretor de Criação da época levou a sério e, mais grave, levou ao cliente, que aprovou a ideia na hora com o seguinte comentário: “excelente, é a cara do nosso público jovem”.         Dia da apresentação do filme pronto, eu disfarçado de operador do projetor (na verdade eu era o operador do projetor) e o filme é aprovado sob aplausos, brindes e abraços (eram tempos em que os clientes não escondiam as emoções).Assim, ganhei minha primeira máquina de escrever. Uma Smith Corona elétrica que já tinha acolhido os textos de Gianfrancesco Guarnieri, Juca de Oliveira e tantos célebres que passaram pela agência.Corro o calendário em décadas e aqui estou em agosto de 2015 provocado a pensar o que já fiz na vida ao ler, com a lente embaçada, o texto hipnótico do Marcello Serpa contando a todos nós que, “é hora de voltar”. Não consigo acreditar. É vírus! Boato! Pegadinha! Por que o melhor diretor de arte do planeta, um dos melhores profissionais de comunicação que os meus 40 anos de trabalho já viram, resolveu parar? Ele se coloca com a sinceridade dos que não temem e, mais uma vez, só me resta aplaudir. E fazer um pedido: “Marcello, que tal após um mais que merecido descanso, você se dedicar ao que mais precisamos: seja o Mestre de muitos. Multiplique seu pensar, sua Arte, o como fazer com respeito, ética, brilho. O mundo da propaganda, o Brasil da propaganda, dos negócios, da política precisam da sua liderança.

Estou me sentindo órfão. De novo.

*Fernando Piccinini é vice-presidente de criação da Rino Co————————————————

Estamos todos pairando – Afonso Rodrigues de Oliveira*“A águia voa sozinha, os corvos voam em bando, o tolo tem necessidade de companhia, e o sábio necessita de solidão”. (Friedrich Rückert)Você não vai dar uma de eremita pra viver na solidão. Porque tudo de que você necessita está dentro de você mesmo. Mantenha-se na solidão afastando-se de tudo que não lhe interessa e que por isso não lhe traz evoluão. E você nunca evoluirá enquanto ficar preso ao círculo do elefante. Valorize-se no que você é e não no que dizem ou querem que você seja. Simples pra dedéu. Quando nos educam conduzindo-nos, não estão nos educando e sim mantendo-nos no círculo do elefante de circo. É quando você cresce fisicamente, mas permanece imaturo, sem competência para tomar e seguir seu próprio rumo. A solidão pode estar apenas na sua maneira livre de pensar. Porque, admitindo ou não, dependendo de sua formação espiritual, o reino de Deus está dentro de você. Você é que não tem competência para usá-lo. O sapo da Alice, enquanto ela caminhava perdida no paraíso, já falou que quem sabe para onde vai, qualquer encruzilhada serve.

Finalmente estamos voltando à nossa vida normal, que não anda nada normal. Terminaram os feriadões injustificáveis que só nos trazem prejuízos. Procure viver seu dia de hoje da melhor maneira que puder vivê-lo. Mas você só conseguirá isso se se conhecer no que você é. Sua superioridade e sua inferioridade estão dentro de você. Cabe a você escolher o que realmente lhe interessa. Não se esqueça de que ninguem, além de você mesmo, tem o poder de fazer você se tentir feliz, ou infeliz, se você não estiver a fim. E isso, de per sí, já indica que o poder que você tem dentro de você, mas acredita que tem, não é capaz de fazer você feliz. Você está sempre esperando que os outros façam por você o que você mesmo pode e deveria fazer.

Os que acreditavam que a felicidade dependia do dinheiro roubado dos cofres públicos estão vestindo uma saia terrivelmente justa. Tolos que pensavam que eram espertos quando são meros idiotas encortinados pela empáfia. Deu pra sacar? A felicidade está na simplicidade que não deve ser confundida com pobreza. Procure mudar a cada momento de sua vida. É assim que crescemos na nossa evolução racional. Confúcio disse: “Somente os extremamente sábios e os extremamente estúpidos é que não mudam”. Procure interpretá-lo e procure mudar, mesmo que você se julgue um sábio. Procure viver cada momento de sua vida como ela deve ser vivida, e não como os outros dizem para você viver. Seu valor está no valor que você se dá. Tudo de que você necessita está em você mesmo. Pense nisso.

*[email protected]    99121-1460———————————————ESPAÇO DO LEITOR AULA Pais de alunos da Escola Estadual Clóvis Nova da Costa, em Caroebe, enviaram o seguinte relato: “Já estamos há mais de uma semana sem que nossos filhos tenham aula. O motivo seria a falta de pagamento do transporte escolar, que é responsável pelo deslocamento dos alunos das vicinais até a escola. Infelizmente, não entendemos como isso pode acontecer se existem recursos assegurados para o pagamento do transporte, por meio da transferência de recursos para este fim”.MADEIRA O leitor Jose Maria Costa denunciou que, no Município de Caracaraí, está acontecendo com frequência a retirada de madeira ilegal, sem que haja fiscalização. “As madeireiras fazem a retirada das toras à noite. O Ibama, que seria o órgão para fiscalizar, não realiza nenhuma ação repressora. Esta situação acontece nas localidades de Cojubim, como na região do Água Boa. Eles estão acabando com a nossa floresta”, protestou.OBRAO leitor José Carlos comentou que os moradores do bairro Buritis fizeram diversas reclamações sobre a obra inacabada na Rua Felipe Xaud, que está há mais de seis meses esperando ser concluída. “A Prefeitura quebrou o asfalto pra fazer uma galeria e não concluiu, por esta razão estamos sofrendo com a poeira”, disse.RESPOSTAEm resposta ao tópico “ÁGUA”, na edição de ontem, em que moradores da comunidade indígena Malacacheta, no Cantá, reclamavam de duas bombas d’água queimadas, a superintendência da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) informou que não recebeu qualquer comunicado sobre o caso e que desde dezembro de 2012 não trabalha mais com saúde indígena. “A responsabilidade de manter os sistemas de abastecimentos de água executados pela Funasa em Roraima passou a ser da Secretária Especial de Saúde Indígena (Sesai), através dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas do Leste e Yanomami”, frisou.