Opinião

Opiniao 15055

Como criar meninas que conhecem o próprio valor?

*Por Rita Cota

Todo mundo sabe o quanto empoderar é importante, mas e quando precisamos fazer isso com as nossas filhas? Já ouviu aquela frase de que “os pais são responsáveis pelo sucesso e os insucessos de seus filhos?” Pois é, a arte de educar é mais complexa do que se imagina.

O dever dos pais vai além de oferecer segurança e garantir que os direitos de desenvolvimento físico, psicológico, moral e social dos pequenos, garantidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), sejam cumpridos.

Abrir um diálogo franco com as meninas sobre os desafios que encontrarão em suas vidas, compartilhando fatos cotidianos, auxiliarão essas futuras mulheres a refletirem sobre a importância do posicionamento feminino.

Assim como os adultos precisam ser respeitados em suas individualidades, as crianças também necessitam desse acolhimento. É imprescindível que sejam valorizadas por suas competências e estimuladas a construir autonomia e protagonismo.

Por exemplo: se a mãe de Maria adora balé, mas a garotinha gosta de vôlei, então devemos oferecê-la a oportunidade de fazer as suas escolhas, mesmo que contrarie as expectativas da família e as idealizações dos pais. É através desse ato de amor que mostraremos a Maria qual é o seu lugar no mundo.

A leitura é capaz de auxiliar aos pais nessa difícil tarefa. Livros com histórias inspiradoras ajudam as crianças a buscarem exemplos, e através desse entendimento, elas aprendem a transformarem seus sonhos em realidade. Estas referências empoderam devido às histórias de superação de mulheres que enfrentaram seus próprios medos e encontraram seus lugares na história.

Meninas nascem mulheres. É necessário ensinar quais são os desafios frente ao popular epiteto “sexo frágil”, a busca pela garantia dos seus direitos na luta pela igualdade de gênero e seus deveres para que suas vozes sejam ouvidas onde quer que estejam. E esse ensinamento precioso começa desde a primeira infância.

Os pais que optarem por empoderar suas filhas, através de uma criação que respeite suas essências, capacitarão essas meninas para se tornarem mulheres inspiradoras no futuro. Quebrar os paradigmas e deixar que nossas meninas busquem o que as agrada, garantirá uma autoestima estruturada em uma rede de apoio familiar, onde os valores são legítimos e inspiradores.

Rita Cota é escritora e mãe da Chloe, 4 anos, e Desireé, 12

O bolsonarismo mata! Por isso é preciso puni-lo.

Sebastião Pereira do Nascimento*

Atualmente, é inegável que vivemos uma crise de violência em toda sua plenitude, a qual tem envolvido grande parte da sociedade no mundo. No Brasil, é notável que após a eleição de Jair Bolsonaro à presidência do Brasil, o índice de violência aumentou, apesar de os índices oficiais falarem ao contrário, mas as diversas formas de violências estão em alta. Violências por questões ideológicas, étnico-racial, religião, gênero, nacionalidade, orientação sexual, condição econômica, entre outras formas de enfurecimentos. Assim, seja qual for o modo de hostilidade, ela vem cada dia mais deliberada, onde Bolsonaro — doutrinado por uma vida de violência — se ocupa de atiçar uma parte de seus nocivos apoiadores à práticas de ilicitudes violentas.

À luz dessa corrente ideológica, há pessoas que tentam tornar absoluta a vontade de Bolsonaro, ao mesmo tempo em que se tornam intolerantes e discriminatórias por não respeitarem a vontade do outro. Assim, as diversas formas de violência provocada por essa pequena parcela da população brasileira, tem por base a falta de habilidade humana, que é o mesmo entendimento ideológico radicalizado pelo seu mandatário, onde de forma geral, a ideia não é apenas tentar idiotizar as pessoas, mas também tentar convencê-las que são capazes de matar a outra. 

Como eu já falei antes, pode-se dizer que essas anomalias bolsonaristas, se derivam do arquétipo da “casa grande”, introjetadas em todas as estratificações sociais, sendo os grupos humanos estigmatizados como minoria social (pobres, negros, indígenas, homoafetivos, refugiados, etc), os mais violentados por indivíduos que se inflam de bolsonarismo e cometem diversas formas de brutalidade de modo intolerável. Em suma, isso aquece uma doutrina ultraconservadora que tenta se irradiar no melhor estilo neofascista.

Desde então, as alas mais radicais do bolsonarismo saem de casa com maior disposição de ódio, p
romovendo ataques brutais em escolas, como vimos nos últimos dois meses, onde especialistas avaliam que isso pode ser mesmo o reflexo da cultura de violência e da intolerância que se fortaleceu nos últimos anos no Brasil, onde a cada dia se ver mais elogio de si por meio das inquisições virtuais e das armas.

Num contexto piorado, foram quatro anos sob uma política de acesso desordenado e de incentivo ao armamento popular, colocando mais armas em circulação no país. Uma política que também disseminou nas pessoas a ideia de matar o outro para a resolução dos problemas — seja pessoal ou coletivo. Coisa que tristemente temos observados a partir do aumento de assassinatos, que seja: no ambiente doméstico, nas ruas, nas escolas ou entre os povos indígenas e defensores do meio ambiente. Isso tudo remonta uma realidade que também assistimos em outros países, por exemplo, nos Estados Unidos, que mantém uma política popular de acesso a armas.

Esses casos de hostilidade se somam a violência dos atos antidemocráticos liderados por pequenos grupos bolsonaristas idólatras, que tentam repassar a ideia de uma manifestação ordeira e pacífica, mas que usam meios de protestos violentos que vão desde sabotagens, agressões e tentativas de restringir à liberdade aos crimes de terrorismo, levando as autoridades realizar algumas prisões e trabalhos investigativos, sendo possíveis os responsáveis serem punidos na justiça com base na Lei Antiterrorismo, legislação que os próprios políticos bolsonaristas  por ironia do destino  tentaram endurecer no intuito de punir manifestantes e/ou adversários tidos de esquerda.

Logo mais, um trabalho de investigação mais rígido deve ser iniciado a partir de janeiro do próximo ano, com suporte institucional dado pelo governo de Luís Inácio Lula da Silva, podendo chegar até mesmo à Jair Bolsonaro, o qual terá que responder pela avalanche de crimes que vêm cometendo como: ofensa à moralidade administrativa, atos de corrupção, omissões deliberadas durante a pandemia, atitudes antidemocráticas, além de diversas ilicitudes eleitorais que praticou na tentativa frustrada de se manter no poder. Tais delinquências poderão torná-lo inelegível nos próximos pleitos, obrigando a direita fisiológica a apostar em candidatos mais civilizados.

Antes de tudo isso, Bolsonaro terá encontro marcado com duas ações penais que já tramitavam no STF antes de sua posse e foram suspensas graças à imunidade prevista na Constituição. O futuro ex-presidente é réu por injúria, atentado à honra e incitação ao estupro. Portanto, ao fim do seu mandato, esses e outros processos serão remetidos à primeira instância. Para se ter uma ideia, nunca na história do Brasil um presidente teve tanto pedido de impeachment e denúncias de imoralidades como Bolsonaro. Só de impeachment foram enviados 153 documentos ao presidente da Câmara dos Deputados.

Por causa de tantos erros, adeptos do presidente já discutiram diferentes manobras para evitar que ele seja punido nos próximos anos. O mau-caráter do Temer chegou até propor uma “anistia do passado”, a pretexto de pacificar o país. Outra proposta, articulada por aliados do governo no Congresso, prevê o cargo de senador vitalício onde o presidente manteria o foro privilegiado mesmo depois de deixar o cargo. Desta forma, Bolsonaro permaneceria blindado de juízes de primeira instância, com a imunidade de um senador. Todavia, é bom saber que o perdão aos crimes da ditadura militar, por exemplo, foi o que permitiu que pessoas de má índole — como Bolsonaro chegassem a governar o Brasil. Assim, um perdão aos crimes deste governo imoral só serviria como incentivo à reincidência.

Ademais, Jair Bolsonaro não fez absolutamente nada de bom pelo país e, além do mais, em quatro anos não aprendeu a extensão do cargo que ocupou. Portanto, é necessário investigar e prender os engenheiros do caos que, travestidos de patriotas, têm na alma um sentimento nacionalismo avesso ao patrimônio nacional, que, assim como no tempo da ditadura militar, simplesmente detestam o povo e a cultura brasileira. O que revela um ressentimento genuíno, visceral e patológico. Algo que transborda para a violência moral e física, onde o lema é anular ou mesmo matar seus contraditórios. É preciso puni-lo!

* Filósofo.

Filhos na criação

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Vossos filhos não são vossos filhos. São filhos e filhas da ânsia da vida por si mesma. Vêm através de vós, mas não de vós. Embora vivam convosco, não vos pertencem”. (Gibran Khalil Gibran)

Cuide do seu filho preparando-o para o mundo dele, no futuro. Porque enquanto criança ele está vivendo o mundo dos seus pais. Uma troca importantíssima. Mesmo porque a criança não tem por que se preocupar, mas os pais têm, sim. No início do livro “Universidade do Sucesso” há um capítulo que nos deixa bem claro o pensamento do Gibran. Embora não haja ligação no assunto, há um esclarecimento fantástico. Mas deixemos isso pra lá e prestemos mais atenção à nossa responsabilidade na criação dos filhos.

Nada de preocupações. A coisa é tão simples que não lhe damos a atenção necessária. Estou sempre observando o comportamento das crianças atuais, até mesmo as quase recém-nascidas. Parece que elas já estão vindo preparadas para o futuro. O que indica que devemos prestar mais atenção ao comportamento das crianças, hoje. E o que mais tem me preocupado é o fato de muitos pais não estarem atentos ao desenvolvimento da criança. Nem mesmo nos lembramos de que alguns anos atrás, houve um movimento para a criação, nas escolas, de salas especiais para crianças consideradas especiais. Uma tolice que, felizmente, foi levada em consideração e pararam com balela. A verdade é que ainda não estávamos preparados para as mudanças no desenvolvimento racional.

Não sei se o Ministério da Educação está se atentando para isso. Se não estiver, cuide-se.   

A Emília Ferreiro tem um livro publicado, se não me falha a memória, em 2004. O título do livro é: “Reflexões Sobre Alfabetização”. O livro é fantástico, e todo educador deveria lê-lo. Não são regras nem normas, mas esclarecimentos sobre a forma de iniciar a educação já na alfabetização. Eu acho que ainda não acordamos para a importância das mudanças na nossa forma de educar, tanto na escola quanto no lar. Recentemente li por aqui, que os filhos aprendem com o que você faz, e não com o que você diz. O que me leva a refletir sobre a frase que o amigo Moisés Hause, (assim mesmo, com A) sempre usava: “O bom exemplo sempre foi e sempre será a melhor didática”. Sejamos sempre um bom exemplo para a formação dos nossos filhos. Verdade que não pode nem deve ser negligenciada. Afinal, somos todos responsáveis pelo desenvolvimento da humanidade. E não o conseguiremos sem a educação. O que me parece que não está sendo levado em consideração. E o importante é que cada um de nós faça sua parte, como ela deve ser feita, mas sempre o melhor possível. Pense nisso.

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