Opinião

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SINCERIDADE E FIDELIDADE: VIRTUDES EM “CRISE”? José João Neves Barbosa Vicente*

Grande parte daqueles que estudam, pesquisam e buscam entender o sentido e o significado da “sinceridade” e “fidelidade” nas relações entre seres humanos, não tem dúvida de que se trata de grandes virtudes cultivadas e defendidas de uma forma ou de outra ao longo da história da nossa existência. No entanto, atualmente, apesar de ainda serem consideradas grandes virtudes por um grande número de pessoas, não é difícil escutar vozes que afirmam que elas estão em “crise” ou em processo de desaparecimento ou fragmentação. É algo raro encontrar pessoas dispostas a preservar e conservar a “fé jurada”, isto é, a ser fiel e a nunca romper aquilo que foi fixada ou estabelecido; em relação à sinceridade, também não & eacute; diferente, poucos são aqueles que não alteram ou buscam alterar a conduta ou as palavras e que estão sempre dispostos, não apenas a viver na autenticidade, mas também a condenar e a rejeitar todo tipo de disfarce ou máscara. A cada dia, as pessoas parecem menos dispostas a manter aquilo que foi estabelecido e, muito menos ainda, a permanecerem autênticas. Fidelidade e sinceridade parecem para muitos como algo ultrapassado ou sem sentido para o mundo atual. Elas existem e muitos ainda cultivam essas virtudes de forma autêntica, mas também é preciso destacar que existem aqueles que falam da fidelidade e sinceridade, mas mudam de opiniões rapidamente com o tempo ou simplesmente por causa de uma influência externa. Portanto, em mundo onde tudo parece ser efêmero e as coisas parecem perder suas raízes e identidades, ser fiel e sincero soam como algo fora de moda ou de outro planeta. Em nome da efemeridade e daquilo que está em moda, as pessoas parecem dispostas a reduzir os espaços da fidelidade e da sinceridade em um mundo sem identidade.  A fidelidade e a sinceridade parecem empecilhos para aqueles que desejam uma vida sem compromissos e sem responsabilidades e não é raro encontrar aqueles que esnobam dessas virtudes humanas. Atualmente, parece que quanto menos definitivo é uma coisa, mais ela é desejada e preferida; da mesma forma, parece também que quanto menos autêntica uma pessoa é, mais credibilidade ela consegue diante dos outros. É por isso que a fidelidade e a sinceridade parecem perder espaço nas relações entre os seres humanos no mundo atual.                           *Professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)

Neste Natal, dê livros de presente

*Por R. Colini

Acontece muito nessa época do ano, mas também naquelas ocasiões especiais em que procuramos nos tornar presentes na memória de quem gostamos, como os aniversários. A verdade é que todos queremos nos eternizar. Imaginar que alguém vai se lembrar da gente o resto da vida faz parte do nosso desejo do eterno e nos reconforta, talvez mais ainda do que os que foram presenteados.

Daí enfrentamos o dilema e a dúvida: o que devo escolher, qual é o presente que fará alguém querido se lembrar de mim a vida inteira?  Um desses presentes acho que está na memória de muita gente: a primeira bicicleta. Lembro dos meus pais carregando o segredo na madrugada da véspera e deixando a bike no meio da sala. Eu escondido espiando e esperando amanhecer para pedalar nas ruas de terra da infância…

Não é qualquer presente que embeleza as paredes de nossa memória dessa forma. Mas quero lembrar que há um tipo de presente que é o mais altruísta do mundo: o livro. Quando você dá um livro, pode até ser que a pessoa não lembre que você o deu, mas o livro irá ganhar vida própria na alma de quem o ler.

É o presente mais individualizado que existe, que vive nas memórias afetivas, imaginação e deslumbramento. É de cada um e somente de cada um.  Sobra menos espaço para você, amigo. Haverá um pouco menos de recordações sobre aquele que deu o presente.

Acontece que o livro fala por si, narra sozinho e cria mundos onde o presenteado irá viver e sentir. Por isso, é um presente altruísta que beneficia mais o presenteado do que o presenteador.

É o único presente que aumenta de valor quanto mais velho. Ele marca existências, ajuda a definir quem somos. Como disse o estudioso, Antônio Cândido: o livro é o sonhar acordado das civilizações.

Não deixarei de dar presentes tradicionais, como as bicicletas. Afinal, quero exercer meu direito de ser egoísta e tentar (ah, como é difícil) oferecer presentes inesquecíveis. Não estou sugerindo que você deixe de fazer isso.

Porém, temos nos livros a oportunidade de contribuir com a transformação na vida dos outros sem a expectativa de que eles se lembrem. Isso é altruísmo. E aí, vamos exercitar o desprendimento do ego e presentear quem amamos com livros?

R. Colini é autor de ‘Entre as chamas, sob a água’ e ‘Curva do Rio’

Sonho meu, sonho meu

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Nenhuma vida é mais trágica do que a do indivíduo que acalenta um sonho, uma ambição, sempre desejando e esperando, mas nunca dando uma chance para que aconteça”. (Richard De Vos)

A maioria de nós é assim. Passa o tempo todo sonhando ganhar na loteria e nem mesmo joga. Ainda bem, porque se ganhasse não saberia o que fazer com a fortuna, e acabaria no poço do desprazer. Mas vamos em frente. Deixemos os pessimistas de lado e vamos cuidar de nossas vidas, para que sejamos felizes. Mas não deixemos de sonhar. O importante é que saibamos viver os sonhos na realidade. E o mais importante é que saibamos distinguir o que é riqueza e o que é felicidade.

O Márcio Moreira Alves já disse: “Quem não tem sonhos vive preso ao presente”. E ficar preso ao presente é um desastre na evolução humana. A cada minuto de nossas vidas devemos estar nos preparando para o futuro. E o futuro é amanhã. Já sabemos que amanhã o hoje já será ontem. Então vamos ser racionais. Busquemos o que queremos, em nos mesmos. O que exige aprimoramento na caminhada da vida. E essa caminhada não para, nem mesmo quando estamos dormindo. Sonhar é viver nas nuvens.

Temos uma mulher maravilhosa e extraordinária, entre nós, autora do livro maravilhoso: “Um tom para a poesia”: é a   Roberta Cruz. No livro ela diz:

“Enquanto vivo nas nuvens

Mamãe me chama para almoçar

E na conversa fiada

Vou ao dicionário depois

Descobrir o significado de

Responsabilidade”.

As conversas à mesa do almoço podem muito bem, nos levar ao dicionário. Mas isso só acontece com quem está conectado com o futuro. Nos meus tempos de criança, que não foram poucos, e minha mãe me chamava para almoçar, sempre me tirava de um sonho. E meus sonhos sempre foram leves livres e soltos. O que é muito importante para quem deseja ser feliz no futuro. Porque é aí que aprendemos que a felicidade está dentro de nós. O problema da maioria das pessoas é que elas não se tocam para o verídico. E a verdade é que somos todos capazes de ser feliz. É só acreditar nisso e ir em frente.

Viva seu dia, hoje, como se estivesse numa academia espiritual. Onde você deve ser calmo ou calma, tranquilo, e não perder tempo com o inútil. Afinal somos o que pensamos. Mas não nos esqueçamos de que nem sempre somos o que pensamos que somos. Então vamos pensar melhor no que pensamos sobre nós mesmos. Não nos esqueçamos de que a troca na felicidade é um dos maiores brindes que recebemos como recompensa pelo que demos. Então vamos dar o melhor de nós para que recebamos de volta o melhor que merecemos. Não devemos esquecer que somos todos iguais nas diferenças. Pense nisso.

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