Pesca em Roraima: por mais proteção e investimentos
A extensão territorial dos rios de Roraima faz de nossa região uma das mais importantes do mundo. As riquezas e potenciais encontrados na biodiversidade amazônica carecem de maiores estudos, políticas de proteção, ordenamento e monitoramento. As pesquisas científicas que tratam das águas, fauna, flora e sociodiversidade amazônica e ribeirinha são importantes para percebermos o quanto o Brasil é privilegiado e, ao mesmo tempo, o tamanho da responsabilidade do estado brasileiro.
Em Roraima, é preciso ampliar esse trabalho científico, notadamente, para que o Brasil compreenda a importância do nosso maior patrimônio natural que é o rio Branco. Para avançar, os governos (estadual e federal) precisam investir em pesquisas e, sobretudo, nas nossas instituições que mantêm trabalhos inovadores, mapeando os potenciais socioeconômicos, ambientais e culturais.
O recente mapeamento de 52 ilhas ao longo do rio Uraricoera até as corredeiras do Bem-Querer, realizado pela Superintendência do Patrimônio da União (SPU), em parceria com a Universidade Federal de Roraima (Instituto de Geociências), proporcionou um olhar técnico e humanizado, que permite a defesa das ilhas georreferenciadas e a produção de mapas, assim como beneficiou os habitantes desses espaços que podem desenvolver suas atividades com segurança.
O Programa Nacional de Cooperação Amazônia (Procad/2018), vinculado ao Ministério da Educação (MEC), sob gestão da UFRR, em parceria com a Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e Universidade Federal do Ceará (UFC), com o título Estratégias de Ordenamento Territorial em Comunidades de Interesse Socioambiental na Amazônia, tem permitido estudar as vilas e comunidades sobre influências de grandes obras de infraestrutura e identificar os conflitos socioterritoriais que se desenrolam nas dimensões, regionais e ambientais nos estados envolvidos, no contexto da Amazônia. Em Roraima, durante os anos de 2018 a 2021, os pesquisadores construíram importante acervo documental e científico em 16 comunidades do Baixo Rio Branco, dados que podem balizar políticas públicas de qualidade para a região.
Por isso, o compromisso do estado brasileiro com seu potencial hídrico deve estar na agenda prioritária ambiental. É preciso lembrar que existem, nesse rincão de tríplice fronteira amazônica, muitas ameaças às populações que dependem dos rios. Uma delas são os altos índices de contaminação por mercúrio provenientes do garimpo ilegal em terras indígenas. Entretanto, a maior ameaça a existência do rio mais importante do estado é a construção de uma usina hidrelétrica na região das corredeiras Bem-Querer, no município de Caracaraí, que vai afetar diretamente o modo de vida das pessoas que dependem da pesca no estado, com o represamento do lago artificial que, definitivamente, acabará com o peixe e inundará as habitações ribeirinhas no rio Branco. Cinco municípios serão afetados com a formação do lago, incluindo a capital, Boa Vista.
O debate sobre essa iminente ameaça (que já está em curso) é central para decidir o futuro das colônias, sindicatos e associações de pescadores. Tal fenômeno apocalíptico, em sua pior versão, pode ser constatado no estado de Rondônia, que foi palco da instalação de duas hidrelétricas: Jirau e Santo Antônio, cujos empreendimentos desapropriaram ribeirinhos e afetaram os territórios de comunidades originárias. No final das contas, a energia produzida pelas usinas não fica no estado de Rondônia e, se não houver resistência, mais um capítulo desta triste novela pode ocorrer em Roraima nos próximos anos.
Com a retomada do Ministério da Pesca no novo governo, renasce a esperança de ver o incremento ao segmento chegar na base que é o trabalhador e trabalhadora da pesca. A atividade turística no alto e baixo rio Branco é por si só um dos grandes potenciais econômicos do estado e precisa estar vinculado a participação democrática dos ribeirinhos. O rio Branco pode ser modelo de ordenamento da pesca artesanal e esportiva, pois essa atividade, assim como o ecoturismo são fontes de geração de empregos e renda. No entanto, a prática do turismo exige maior cuidado e divisão competente de responsabilidades, notadamente, quando a fiscalização e incentivos a participação dos ribeirinhos.
Vale ressaltar que pescadores e pescadoras artesanais tiveram prejuízos com a falta de políticas de estado nos últimos anos. Nesse sentido, é preciso estimular no Brasil a participação popular no debate público sobre a importância do segmento pesqueiro a partir de suas demandas. A sustentabilidade deve ser o vetor de políticas públicas, proporcionando ao segmento da pesca, a melhoria da oferta de alimentos saudável e renda às comunidades, contribuindo com a segurança alimentar onde eles vivem e da população dos demais municípios.
O ministro da Pesca, André de Paula, assinalou durante a cerimônia de posse ocorrida em Brasília (DF) que o novo governo tem compromisso com a agenda da pesca artesanal, pois, nas palavras dele, a atividade “sempre ocupou papel importante no Brasil, sendo protagonista na garantia da segurança alimentar, da sustentabilidade socioambiental e da constituição de um modo de vida rico, plural e secular em muitas comunidades”. O ministro destacou ainda que a pesca artesanal é mãe e filha dos povos tradicionais e indígenas, uma vez que as comunidades pesqueiras são, em larga medida, as guardiãs da natureza em diversos município do país. Palavras de esperança e alento em tempos difíceis para os profissionais da pesca.
Evandro Pereira é sociólogo, ex-coordenador da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores indígenas de Roraima e membro do Comitê Pró-cultura de Roraima.
Éder Santos é
jornalista, sociólogo, doutorando em Geografia pela UNIR, membro do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Modos de Vidas e Culturas Amazônicas (UNIR), da Mostra Internacional do Cinema Negro (SP) e do Comitê Pró-Cultura Roraima.
O que você precisa saber sobre a psoríase
* Por Dimitri Luz
No verão, com tantos corpos mais expostos em razão do clima quente nos lembrando sobre a os cuidados com a saúde da pele, é um bom momento para abordar a importância da conscientização a respeito da psoríase.
Trata-se de uma doença que atualmente atinge 2,5% da população mundial – dessas pessoas, cerca de 10% desenvolvem artrite psoriática cujos primeiros sinais são inchaço, rigidez e dor nas articulações assim que a pessoa acorda, cerca de 10 anos após o início dos sintomas cutâneos. Em geral, a psoríase se destaca muito na pele, acabando por causar afastamento social dos portadores em razão do seu aspecto marcante. O que muita gente não sabe, porém, é que ela não é contagiosa – ou seja, esse isolamento dos portadores da doença não tem outra razão de ser que não o puro preconceito.
Como professor do curso de Medicina da Unisa, tive a oportunidade de, juntamente com os alunos do 7º semestre, reunir uma documentação completa sobre o tema. A seguir, algumas informações sobre a psoríase, que são parte dessa documentação e constituem um conhecimento de grande importância para a população.
A psoríase é uma doença crônica do sistema imune. Ela aparece com vermelhidão, espessamento e descamação da pele, e causa coceira. Isto faz com que a nova pele nasça muito rapidamente (levando apenas dias, em vez de semanas), então ela permanece sempre delicada e frágil, facilitando o surgimento de feridas. A psoríase pode ser hereditária e se desenvolver em qualquer lugar do corpo. Assim, caso a pessoa com eventuais sintomas tenha alguém na família com psoríase, é importante informar ao médico.
Há diversos tipos de psoríase. A psoríase em placas apresenta manchas elevadas de pele cobertas por escamas prateadas, comumente encontradas em cotovelos, joelhos e parte inferior das costas; a psoríase em couro cabeludo é parecida com a anterior, mas localizada no couro cabeludo, o que pode fazer com que ela seja confundida com caspa; a psoríase gutata ou em gotas causa pequenas manchas redondas e vermelhas que podem aparecer de repente, sempre após uma infecção (como a de garganta); a psoríase pustulosa apresenta pequenas bolhas de pus na palma das mãos ou na planta dos pés, que podem ser dolorosas; já a psoríase eritrodérmica, menos comum, é um tipo severo da doença que causa vermelhidão intensa e espalhada, além de descamação da pele. Em todos os casos, alguns fatores externos podem piorar o quadro, como estresse, infecções de garganta, clima frio, pele seca, traumas emocionais recentes, uso de lítio ou medicamentos para o coração.
Ainda sem cura conhecida, a psoríase geralmente se manifesta em ciclos, alguns mais gerenciáveis, outros mais complicados. Mesmo quando as placas somem, elas podem retornar, então é importante continuar o tratamento para manter a doença sob controle. Normalmente, esse tratamento varia de acordo com a gravidade, mas pode ir desde a aplicação regular de cremes tópicos (corticóides) e uso de medicações via oral (metotrexato e acitretina) até a aplicação de agentes biológicos em casos mais graves.
Embora sejam personalizados para cada caso e tenham o objetivo de controlar os sintomas, nenhum tratamento é efetivo para todos os portadores, cabendo ao dermatologista a análise do que deve ser feito. O que ajuda todos os portadores é evitar coçar, sempre prevenir o ressecamento da pele com banhos curtos e mornos, além do uso constante de hidratante – de preferência, sem fragrância – e manter as unhas curtas e limpas.
A psoríase pode ser tratada pelo SUS e, em caso de sintomas suspeitos, é fundamental agendar uma consulta com um dermatologista, seja da rede pública ou da rede particular. O objetivo de qualquer tratamento disponível é o controle da doença. Também é importante salientar que a psoríase pode apresentar um aspecto desagradável na pele, causando afastamento social do portador. Contudo, como afirmei antes, a doença não é contagiosa e é essencial que a sociedade esteja ciente disso, pois muitos portadores, vítimas de preconceito, acabam por não procurar atendimento médico adequado e desenvolvem quadros mais graves. A artrite psoriática, por exemplo, é potencialmente incapacitante se não tratada da forma certa.
Assim, se você ou um familiar possui algum dos sintomas mencionados antes, é importante buscar atendimento médico e, em caso de confirmação, já dar início ao controle e tratamento da doença.
* Dimitri Luz é dermatologista e professor do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro – Unisa.
Estabeleça a ligação
Afonso Rodrigues de Oliveira
“Quando sua vida é uma expressão de sua felicidade interna, você se sente ligado ao poder criativo do universo. Tendo estabelecido essa ligação, você
sente que é capaz de conquistar tudo que deseja”. (Deepak Chopra)
O elo de ligação entre nós e o universo racional está dentro de nós. A dificuldade está em acreditarmos nisso e nos sentirmos felizes. A procura pela felicidade está sempre na ilusão do céu que nos parece azul e que na verdade, não é céu nem é azul. O padre Antônio Vieira já disse isso. E mesmo assim continuamos esperando que nos ensinem como irmos para o céu que não existe. Vamos ser mais capazes na caminhada que não é mais do que uma caminhada, e cuidarmos de nós mesmos, para sermos o que realmente somos e não estamos nem aí para isso.
Prometa não confundir isso com religião, filosofia ou coisa assim. Mas está na hora de procurarmos o conhecimento sobre nossa origem neste planeta Terra. A verdade é que não nascemos aqui, nem fomos feitos de barro. Somos iguais porque somos todos da mesma origem. Viemos todos do mesmo Universo e chegamos aqui há mais de vinte e uma eternidades. Chegamos a um planeta ainda em formação e iniciamos nossa formação aqui, no acompanhamento do planeta. A verdade é que o planeta e nós, ainda não conseguimos chegar ao ponto da racionalidade.
Ainda vivemos sob fantasias que nos mantêm presos a ideias que não nos levam a lugar nenhum. Estamos começando a acreditar que vivemos um eterno ir e vir. Porque até algum tempo atrás, não acreditávamos. Ficávamos o tempo todo tentando aprender a como ir para o céu. Quando na verdade o céu está dentro de cada um de nós. Quando somos felizes vivemos no nosso céu. E ser feliz é estar de bem com conosco mesmo. Somos todos timoneiros do nosso destino. O problema é que não acreditamos nisso e queremos dirigir nossas vidas pelo que os outros dizem que devemos fazer. O que nos tira do grupo do, somos todos iguais. E para sermos iguais temos que respeitar as diferenças.
Cada um de nós está no seu grau de evolução racional. O que nos indica que devemos respeitar a evolução racional do próximo. Não tente fazer o outro ser igual a você. As diferenças sempre existirão até que atinjamos a racionalidade que nos levará de retorno ao nosso mundo de origem. E só conseguiremos isso com muito amor. Mas não confundamos amor com derramamento de sentimentos. E este derramamento é que nos leva às barbáries que continuamos vivendo, quando já deveriam ser eliminadas. Mas vamos nos preparar, porque a Terra está caminhando para o próximo dilúvio. E não estamos preparados, nem nos preparando. Pense nisso.
99121-1460