Opinião

Opiniao 15313

Aeroportos pelo mundo.

Estou no aeroporto de Miami, aguardando o voo de retorno ao Brasil. Em andanças pelo mundo pisei nos maiores aeroportos do mundo. Sou fascinado por aeroportos. Quando garoto, em minha São Luís natal, ia com meu pai assistir pousos e decolagens, nos finais de semana, no minúsculo aeroporto Marechal Hugo da Cunha Machado. Cunha Machado foi um contraparente de minha família paterna. Naquela época, aos olhos de menino, aquele aeroporto era enorme. Me fascinava ver as pessoas entrarem na fila, encaminharem pelo pátio, -não existia finger, subirem em uma escada de ferro, desaparecerem após o fechamento da pequena porta. Na minha ingenuidade, ficava a imaginar para onde iriam aquela pessoas? Que parte do Brasil ou do mundo elas desceriam. Eram tempos de olhar curioso. De observar o frenesi dos viajantes. Voltava para casa com meus sonhos e esperança de um dia voar.

Só fui viajar de avião pela primeira vez, já adulto, estudante de Agronomia, quando comprei a primeira passagem aérea, e finalmente pude ver uma aeronave por dentro. O voo foi para Fortaleza, pela extinta Varig, no final da década de 70. Uma época que não existe mais. Nos voos embarcavam jornais locais, além dos jornais do sudeste do país: OGlobo, Folha e Estadão, Correio Brasiliense, Jornal do Brasil e Gazeta Mercantil. Os dois últimos já extintos.

Nas aeronaves tinha a área dos fumantes e dos não fumantes. Algo inimaginável para os dias atuais. Evoluímos neste quesito. A qualidade e a quantidade da comida servida a bordo era infinitamente superior ao que servem hoje. Com cardápio impresso, ofereciam comida quente, duas ou três opções de pratos, em pratos de louça e talheres de inox. Além de bebidas alcoólicas, água, suco e café. Tudo mudou, até os caramelos da da Latam acabaram. Hoje, mal servem água, um petisco menor que um dedal. As poltronas diminuíram de tamanho para caber mais passageiros. Viajamos entalados.

Aeroportos pelo mundo são verdadeiras cidades, com logística que as fazem funcionar 24 h; sempre aprimorando o item segurança.

Após o atentado terrorista de 11/09 nos EUA, a segurança nos aeroportos se multiplicou, afetando aeroportos no mundo todo.

Com a pandemia do coronavírus mais restrições em aeroportos e aeronaves. O uso de máscara facial, incômoda e necessária, passou a fazer parte da indumentária. Fazer voo longos, acima de cinco horas é um sufoco. Preço pago por quem sai de sua zona de conforto, que precisa ou simplesmente quer conhecer o mundo.

O uso de máscaras nos aeroportos americanos não é obrigatória. A grande maioria das pessoas circula sem o adereço.

Cheguei cedo ao MIA aeroport , no início da tarde, vindo de Orlando. Sol a pino. Agora o sol já se recolheu dando lugar à noite. Ainda tenho algumas horas até o embarque. E, como sempre faço, observo as pessoas no meu entorno.

Quem são essas pessoas, de onde veem, para onde vão? Vejo: famílias com crianças pequenas. Uma jovem bonita e seu cão na coleira. Um senhor de muita idade, caminhando com dificuldade. Muitos homens com suas mochilas. Alguns com laptops, conectados com o mundo, desconectados do seu entorno.

Um pensamento sempre me assola nestas horas. Quantas destas pessoas estão bem? Quantas estão vivendo seus Infernos particulares?

Mesmo tendo voado por todos os continentes da terra, ainda tenho ansiedade em voar. Chego muitas horas antes do embarque. Faço check in, e tão logo seja liberado, peço cadeira de rodas e me encaminho para o portão de embarque.

Já passei alguns perrengues em aeroportos. Em Colombo, capital do Sri Lanka, a jovem do raio X cismou com minhas muletas. Passo-as três vezes no scanner, não satisfeita, levou-as para uma inspeção mais detalhada. Quase perco o voo para Índia. Em Atlanta, EUA, o maior aeroporto do mundo, passei pelo raio X, e o chefe do serviço do aeroporto estava com um trainee em seu primeiro dia de trabalho. Servi de cobaia para o jovem aprendiz, em uma inspeção mais rigorosa.

Como de costume, nos aeroportos americanos tenho que tirar os sapatos e passá-los no raio X. Embora seja um desconforto, não me incomoda, são regras.

O tempo passou, vejo o pessoal da companhia aérea avisando que o embarque irá começar, “favor formar filas”, diz o rapaz do balcão.

O condutor da cadeira de rodas me empurra até o blocão, apresento o bilhete e o passaporte. Tudo resolvido, sou conduzido até a aeronave.  Passo pelo raio X, pela imigração. Agora é me acomodar na poltrona, afivelar o cinto, esperar todos se acomodarem; a aeronave taxiar pela pista, receber autorização da torre de controle, levantar voo, e mais uma vez acontecer a magia de voar. Mesmo não sendo ícaro, estou nos ares, encantado com a arte de voar. Logo mais desembarco do outro lado do mundo.

Luiz Thadeu Nunes e Silva

Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista, escrevinhador e viajante. O latino americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes. Autor do livro “Das muletas fiz asas”.

Então comece a viver

Afonso Rodrigues de Oliveira

“A vida começa hoje para a pessoa que fica conhecendo a si mesma”. (Norman Vincent peale)

Tudo muda para nós no dia em que nos vemos no nosso espelho interior, que é quando nos vemos em nós mesmos. E é nesse momento que a vida realmente começa. E por isso devemos viver cada momento de nossas vidas, todos os dias. Se tudo que acontece na vida faz parte da vida, não temos porque nos preocuparmos com acontecimentos desagradáveis. O importante é saber encará-los e enfrentar o dissabor. Chega de tristeza. As lágrimas só devem escorregar e correr, na saudade. E quem sente saudade é porque foi feliz. Ninguém, por mais pessimista que seja, pode sentir saudade de acontecimentos ou coisas desagradáveis do passado.

A vereda está aberta. Vamos caminhar em direção ao futuro que começa amanhã. E o mais racional para viver o amanhã é não levar os aborrecimentos de hoje. E fim de papo. É simples pra dedéu. Quando somos felizes a saudade bate à nossa
porta a todo instante. Ainda há pouco estive mexendo no meu arquivo de discos, não velhos, mas antigos, e me deparei com dois discos com dedicatórias simples, mas emocionantes. Um disco do Arthur Mesquita, de 1986, e outro do Neuber Uchôa. Senti-me feliz o suficiente para viver o dia de hoje como ele deve ser vivido. Lembrei-me dos tempos em que assistíamos a apresentações dos artistas locais com o amor de quem está fazendo tudo para a grandeza do futuro artístico de Roraima. E Arthur Mesquita, Neuber Uchôa, Zeca Preto, e tantos outros, foram grandes apresentadores do que seria o nosso futuro que é hoje e será daqui para a frente.

Arthur Mesquita nos deixou recentemente, deixando-nos saudade. Mas na saudade nada morre. As lembranças sempre virão, brotadas do pensamento sadio. O que me leva, neste instante, a mandar um abração a todos os artistas em todas as atividades, os que inda não conheço, e os que convivemos momentos felizes na simplicidade da felicidade. Espero um dia ainda me encontrar com todos os que convivemos e vivemos momentos felizes na batalha para o desenvolvimento cultural não só do nosso Estado, mas do Brasil. Porque todos os que contribuem na cultura estão contribuindo para o desenvolvimento. O que nos faz orgulhosos de ter vivido bons momentos em nossas atividades neste ambiente.

Para todos os que contribuem no desenvolvimento da arte em Roraima, meu abraço caloroso e saudoso, pelas distâncias. Vamos viver o dia, hoje, como um ensaio para a apresentação amanhã, no palco da vida. Vamos ser felizes porque merecemos. E porque merecemos não vamos desprezar, já que somos todos capazes. Pense nisso.

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