Opinião

Opiniao 15321

Lamentos desnecessários

Nas correrias do dia a dia, nas movimentações turbulentas de entregas ao trabalho, cobrança da família e requisitos do cotidiano, não raro as lamentações e lamúrias se expressam como caminho natural. Todavia, mais do que a ajuda benéfica e sustentável, o embaçamento da casa mental e das ideias tal como neblina que dificulta o motorista a percorrer a estrada justa. Não se pode desperdiçar toda a viagem por causa de desajustes, cabendo ao condutor realizar as medidas adequadas para colocar o veículo na rota certa. É essencial o foco e a previdência com vistas ao crescimento interior e a superação das dificuldades.

De maneira similar, em nosso veículo mental, o dirigente atencioso faz passar, de tempos em tempos, na análise crítica da consciência se não está desperdiçando períodos com reclamações desnecessárias. Não se ajunta lixo mental, pois a lei da afinidade é impositiva. Atraímos como ímãs aquilo que pensamos repetidamente e expressamos em nosso mundo exterior a organização ou desorganização interna.

Mais do que a busca por queixumes, a necessidade da luz superior para compreender com propriedade e alcance os  fatos e eventos. Assim, revestidos da verdade maior de Deus, há as ações e atitudes corretas frente às dificuldades e desafios da existência. 

Por meio da superação de maneira reta e exemplar, construímos os legados que nos inspiram na jornada e ainda servimos como exemplo e inspiração para os demais.  Em outras palavras, seguimos os passos do mestre Jesus.

Paulo Hayashi Jr. – Doutor em Administração pela UFRGS. Professor e pesquisador da Unicamp.

A semana embaralhada

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Eu não procuro saber as respostas, procuro compreender as perguntas”. (Confúcio)

Adoro as sextas-feiras. Só ainda não descobri porquê. Sempre fico procurando entender por que o primeiro dia da semana é uma segunda. O último é o dia de festa, como se estivéssemos comemorando. Aí lembrei-me do garoto que entrou na oficina do seu pai que era um carpinteiro. Começou a falar, com o pai, sobre a confusão da semana que ele chamou de embaralhada. O pai só ouvia e levava numa boa, provavelmente porque não entendia bem as perguntas do filho. Até que se cansou, e perguntou para o filho, o porquê de tantas perguntas confusas. O garoto foi enfático e dominou.

– Ora, pai, o pessoal não diz que o senhor é o sabe-tudo da família? Aí eu pensei que o senhor tirasse minhas dúvidas sobre esse emaranhado dos dias. Mas vamos lá. Eu sei que o senhor sabe. Por que é que o primeiro dia é uma segunda, e o último é um feriado? Quando, na verdade, tudo para no sábado. E o domingo é só pra festas e carnaval.

– Você agora me lembrou dos tempos que eu era menino, assim como você. Tínhamos um vizinho que em todos os finais de semana, no sábado, ele fazia uma festinha em casa. E tinha um cara que tocava viola e sempre cantava uma música com essa letra: “Segunda-feira eu vou pra feira. Terça-feira eu chego lá. Quarta-feira eu faço a feira. Quinta-feira eu saio de lá. Sexta-feira eu chego em casa. No sábado estou enfadado. Domingo é dia santo e eu não posso trabalhar”.

– Que cara mais esperto, em pai? O domingo é só para dormir e se divertir. Ele e sua viola. Mas não é isso que me interessa, pai. O que eu quero saber é o porquê dessa bagunça na ordem dos dias da semana.

– Sei não, filho. Mas o que eu sei é que o engodo vem desde quando Cristo nasceu. E olha que faz tempo pra dedéu. Dizem que quando Cristo nasceu procuraram mudar o calendário do mundo. E aí descobriram que havia algumas horinhas a mais, logo tiveram que misturar as coisas e botarem mais um dia, a cada quatro anos. E o dia caiu no mês de fevereiro. Aí o angu ficou válido e os espertos começaram a bagunçar a semana. Uma história, meio fajuta, mas não podemos fazer nada.

– Tá me enrolando, pai. Fazendo as contas, verifiquei que a gente pensa que o último dia da semana é o domingo, mas o cadeado mesmo está no sábado. Domingo é o primeiro dia da semana, pai. Quando deveríamos fazer as festas no sábado e não no domingo. Não é não? Mas vamos deixar pra lá, e vamos trabalhar hoje e brincar amanhã.

– É isso aí, filho, relaxa. Afinal de contas as coisas só mudarão depois do próximo dilúvio. E vai demorar muito. Pense nisso.

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