Inteligência Artificial: Servidão ou Liberdade?
André Naves (*)
A Humanidade tem experimentado um acelerado progresso tecnológico decorrente da acumulação de saberes, tradicionais e inovadores que, somados, evoluem para novas e disruptivas opções para o desenvolvimento da vida humana. Essas alternativas inovadoras, contudo, ainda não são universais, isto é, ainda são exclusivas de minorias; enquanto a maioria da população padece de severos desafios e grandes incertezas quanto ao futuro ainda persistem.
É nesse contexto que têm evoluído em popularidade e eficiência os aparatos de Inteligência Artificial: ao mesmo tempo em que podem determinar vastíssimos contingentes de desemprego e pobreza, podem liberar e emancipar as individualidades humanas para cargos e trabalhos criativos, em que a razão é temperada pela emoção, e a sensibilidade se materializa em diversas inovações econômicas e sociais.
Para que a onda tecnológica seja concretizada em emancipação humana, a Educação Inclusiva deve ser implementada. Uma educação que seja acessível a todas as pessoas que, de alguma maneira, enfrentam barreiras e obstáculos. Deficiências presentes no ambiente e nas estruturas sociais – mas jamais nas pessoas -, são, majoritariamente, os preconceitos de raça, condição social, origem, gênero, opção sexual, religiosidade e diversidade funcional.
A interação nos ambientes educacionais dessa ampla pluralidade de indivíduos transforma os pretensos limites em capacidades, e, ao mesmo tempo, estimula as habilidades emocionais e interpessoais de todos. Ou seja, a Inclusão é uma ferramenta poderosa no desenvolvimento das capacidades criativas e sensíveis de todos os seres humanos.
Com a Inclusão Social, as ferramentas de inteligência artificial, que poderiam sacrificar enormes contingentes humanos que estão nas masmorras da miséria, transformam-se em instrumentos de emancipação humana, libertando a todos nós para os voos da criatividade, inovação e prosperidade!
*André Naves é Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; Mestre em Economia Política.
Abilinho e Ray Hammerstrom
Afonso Rodrigues de Oliveira
“O homem crê porque tem medo de não crer”. (Joacy Camargo)
Foi em 2007, mais ou menos. Meu amigo, Carlos Alberto Rodrigues Coelho, escritor e escultor, roraimense, estava comigo. Entramos na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, para assistir a uma exposição de esculturas, de um escultor italiano. Logo na entrada, deparamo-nos com uma escultura exatamente igual a uma escultura minha que estava na casa de minha filha, ali no Rio. A única diferença entre minha escultura e a do italiano, era o tamanho. A escultura dele era bem maior do que a minha. Mas a diferença era só essa e as datas. Eu esculpi a minha em 1980 e ele, a dele, em 1984. Se ele estivesse ali, provavelmente teríamos ido à minha casa e teríamos dado muita risada. Ele na Itália, eu no Rio de Janeiro, não nos conhecíamos. Ele nunca vira minha escultura que nunca fora exposta. Conheço vários casos iguais a este, acontecidos com amigos, e desconhecidos meus. E isso pode acontecer com você. Talvez até já tenha acontecido e você tentou esconder ou ignorar. Mas não ignora, quem conhece o poder do subconsciente.
Porque não cremos em nós mesmos e no nosso poder, preferimos crer no que nos dizem para crer. Quando oramos não oramos, pedimos. E quem pede é porque não tem confiança em si mesmo. Faz muito tempo que falei do caso acontecido com o Abilinho. Ele era porteiro da empresa em que trabalhávamos, em São Paulo, na década dos sessentas. Eu trabalhava no Controle de Qualidade da empresa, e naquela semana tivemos dias de azáfamas, com um problema na produção de refrigeradores. Os engenheiros das empresas fornecedoras ficaram a semana toda lutando para solucionar o problema. O Abilinho assistia à correria e de repente tocou no braço do gerente industrial, pediu desculpas e deu uma sugestão das mais banais que se pode imaginar. O gerente olhou-o com desdém e não deu atenção. Mas o engenheiro que estava com o gerente, ouviu e acatou a sug
estão. Foi o tiro na mosca. O Abilinho ganhou o prêmio de um mês de férias, com a esposa, em Águas de Lindóia.
Ontem dei uma olhada num livro velho, de minha prateleira e li, nada surpreso, sobre um caso acontecido nos Estados Unidos, sei lá quando, em que o cidadão comum, Ray Hammerstrom, ganhara um prêmio de quinze mil dólares, com uma ideia parecidíssima com a do Abílio. Isso é mais comum do que você imagina. Por isso preste mais atenção às coisas com as quais você usa seu pensamento. Com certeza, Abílio e Ray não ficaram ali pensando no problema, mas numa solução simples. Porque elas são simples. Os engenheiros e gerentes é que estavam complicando. Pense nisso.
99121-1460