Opinião

Opiniao 15460

Árdua missão de frear o garimpo ilegal na TI Yanomami

Sebastião Pereira do Nascimento

Quaisquer das formas de extração de minério, sempre destrói o meio ambiente e arruína o ser humano, seja na forma do garimpo ilegal ou do garimpo ordenado. Claro que o processo de extração de forma ordenada, leva a mitigar possíveis impactos negativos, tanto no que tange às questões ambientais quanto sociais. De outro modo, o garimpo ilegal provoca o que de mais intenso possa ocorrer de impactos negativos decorrentes da mineração. De um lado, vemos os ganhos exorbitantes daqueles que financiam ou apoiam (politicamente) o garimpo ilegal e de outro lado vemos a miséria humana e a destruição ambiental.

Diante dessas armadilhas, em Roraima, podemos até conjeturar que quando um sujeito detentor de qualquer poder político (local ou federal) venha defender o garimpo ilegal nas TIs, na verdade está defendendo seus próprios interesses. Isso tornou-se evidente quando da apreensão de aeronaves, além da presença de pistas clandestinas em terras de políticos e empresários avarentos, as quais dão apoio ao garimpo ilegal — muitos desses casos comprovados a partir de investigações policiais.

Atualmente, órgãos de combate ao garimpo ilegal na TI Yanomami, estimam que antes das operações federais em curso, cerca de 15 mil garimpeiros estavam dentro do território indígena — entidades indigenistas locais falam em 20 mil. Entretanto, não importando quantos invasores estavam (ou ainda estão) operando no garimpo ilegal, o que há na realidade é uma profunda tragédia humana e grandes impactos ambientais provocados por todos envolvidos na extração ilegal de minério dentro da TI.

Com isso, abriu-se uma crise humanitária sem precedentes no território Yanomami (pouco mais de 9 milhões de hectares), com cerca de 30 mil pessoas — descendentes de um grupo indígena que permaneceu relativamente isolado há pelo menos mil anos, antes do presente — vivendo numa área natural que deveria, por lei federal, ser preservada. No entanto, o que assistimos é o povo Yanomami sendo massacrado pelo avanço do garimpo ilegal, que explodiu durante os quatro anos do governo de Jair Bolsonaro, onde só em 2022 cresceu mais de 54% (dados divulgados pela Hutukara Associação Yanomami).

Agora, cabe ao governo de Luís Inácio Lula da Silva, fazer o que é preciso para reverter esse flagrante quadro de extinção dos Yanomami, pois a parte que caberia aos governos anteriores (federal e estadual) nunca foi realizada. Ao contrário, tanto o governo Bolsonaro quanto o governo de Roraima, passaram a afrontar a constituição federal, quebrando regras e normas ambientais e violando o direito dos povos indígenas, além de agirem com preconceito e discriminação, a exemplo do que disse recentemente Antônio Denarium, ao se referir de forma ultrajante aos povos Yanomami, quando diz que “eles têm que se aculturar, não podendo mais ficar no meio da mata, parecendo bicho.

Com essas palavras, o chefe do executivo local, além de ferir os princípios e os direitos constitucionais, assegurados à igualdade e à dignidade humana, fere também a Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), a qual o Brasil é signatário, que trata do respeito às culturas e aos modos de vida dos povos indígenas e reconhece os direitos deles à terra e aos recursos naturais e assegura que participem na tomada de decisões que impactam suas vidas. A Convenção assegura ainda como a pedra angular, que os governos se obriguem a respeitar esses direitos.

Portanto, tanto o governo do Estado quanto uma parcela dos políticos locais (vereadores, deputados (estaduais e federais) e senadores), desrespeitam essas normativas e defendem descaradamente o garimpo ilegal. No ano passado o governo estadual, na calada da noite e em meio à tragédia dos Yanomami, sancionou duas leis em apoio ao garimpo em Roraima, ficando, portanto, o governo e outros políticos locais, juntamente com Jair Bolsonaro, responsáveis pelo desastre ambiental na TI e o quadro inicial de genocídio do povo Yanomami.

Contudo, a retirada dos garimpeiros da TI não está sendo fácil, pois enquanto algumas áreas vêm sendo esvaziadas, outras frentes garimpeiras pipocam em outras partes isoladas do território indígena, sugerindo que vai levar tempo para retirada total dos garimpeiros, e porque não dizer, da necessidade permanente das forças de segurança dentro da reserva, mesmo após essas operações — fazendo um paralelo com retirada dos garimpeiros (cerca de 40 mil pessoas)  no início dos anos 1990, durante o governo Collor, apesar do número atual de garimpeiros ser menor, o quadro é mais agrave, visto que alguns deles se colocam mais violentos e mais resistentes à saída da área, talvez por se acharem “protegidos” pelos de políticos locais.

Todo esse quadro de resistência, cuidadosamente programado por um conjunto de pessoas desprezíveis (políticos, empresários, compradores de ouro e cassiterita financiadores do garimpo e garimpeiros), que não vislumbram a capacidade de compreender o real significado da vida, nem são incapazes de celebrar o despertar da consciência humana. Por conta dessas falhas, estamos perdendo a oportunidade de aprendermos com os Yanomami como cuidar da floresta. Estamos perdendo (em Roraima) uma de suas maiores riquezas, que não se trata nem do ouro nem da cassiterita, mas da cultura indígena Yanomami, uma das mais antigas e genuínas cultura humana do norte da Amazônia. Mais tarde, isso há de pesar sobre os ombros daqueles que praticam e apoiam a mineração ilegal.

E a esses algozes, antecipo que deixe os Yanomami livres em sua terra. Não tentem aculturá-los e trazê-los para a cidade, pois, aí sim, eles perderão a dignidade, igualmente os necessitados e indigentes das ruas de Boa Vista, cuja banda pobre da sociedade e seus políticos (ávidos por dinheiros) tiraram-lhes a dignidade. Na verdade, aculturar os Yanomami vai além de tirar-lhes a dignidade, é uma sentença de morte. Visto que a motivação desse povo da floresta não corresponde à motivação da sociedade urbana, que vive correndo contra o tempo, humilhada e explorada por um sistema capitalista pujante. O povo da floresta é o oposto disso, ele desfruta a vida de uma maneira diferente. O que orienta suas atividades são as leis da natureza e não as forças monetárias. Para os Yanomami, ser feliz é fazer as coisas ao seu modo. Assim, submeter esse povo às mazelas da sociedade envolvente, resultaria numa mudança de vida drástica como vem acontecendo com esse povo originário.

Portanto, é preciso repetir que os Yanomami estão sendo dizimados pelos políticos e mineradores inescrupulosos que, sem nenhum trauma de consciência, estão tirando-lhes o que é de mais sagrado para eles: a liberdade e a floresta. Diante dessa escalada, alguns políticos locais falam de proteger a dignidade dos garimpeiros, sem, no entanto, se preocuparem com a dignidade dos povos Yanomami, sobretudo, quanto à violência brutal praticada pelos garimpeiros contra as mulheres e as crianças indígenas.

Portanto, é bom frisar que esses garimpeiros, assim como seus “apadrinhados” políticos, a partir de quando invade uma área indígena, sabendo que é protegida por lei, e passa externar imoderadamente seu lado violento — onde a arma de fogo o principal meio de levar a cabo seus apetites —, sabe-se que esses sujeitos já não são passivos de serem chamados de pessoas dignas.

Aqui, é bom frisar ainda que o homem em busca do ouro, por via de regra, não se sujeita a nenhum limite: nem moral, nem ético, nem digno. Portanto, reprisando a jornalista e escritora Eliane Brum, considero que só pessoas muito estúpidas e sem escrúpulos destroem o meio ambiente e o povo que nele existe. Infelizmente, na região norte do Brasil — em cujo território está 60% da maior floresta tropical do mundo —, concentra-se atualmente uma parcela de políticos dos mais corruptos aos mais energúmenos, os quais, associados aos mais destrutivos vilões do meio ambiente (mineração, madeireira e agronegócio), insistem de forma contumaz colocar a sua própria espécie em risco.

* Filósofo, Zoólogo e Consultor Ambiental.

Flores do Himalaia

 Katmandu, capital do Nepal, Ásia. A capital está situada em um vale cercado pelas monumentais montanhas do Himalaia. Foi a partir dessa interessante cidade de belíssimos templos, que comecei a minha escalada rumo ao topo do Monte Everest (8849m.), encravado na cordilheira do Himalaia, a mais alta cadeia montanhosa do mundo, abrangendo a China, o Butão, a Índia, o Nepal e o Paquistão, no continente asiático. Tinha por objetivo celebrar a liberdade como o maior patrimônio de todos os povos, no topo da montanha mais alta da Terra e reafirmar que somos todos seres, capazes de mudanças significativas, por sociedades libertárias, igualitárias e fraternais. Assim já idealizavam os franceses com o lema Liberté, Égualité e Fraternité entre, 1789 e 1799, bem como também contemplar aquela imensidão de rara beleza da fauna e da flora que iluminam o mundo, no qual cada espécie tem o seu próprio brilho, como as flores do Himalaia!

           Discorrer sobre a liberdade é entrar em sintonia com as obras do compositor alemão Ludwig Van Beethoven (1770-1827). Ele foi entusiasta da liberdade impressa na sua celebrada obra. Paul Bekker (1882-1937), influente crítico musical alemão do século 20, foi categórico sobre as composições de Beethoven. Disse ele: “O resumo de sua obra é a liberdade” – e completou: “A liberdade política, a liberdade artística do indivíduo, sua liberdade de escolha, de credo e a liberdade individual em todos os aspectos da vida”. É a síntese perfeita que retrata a liberdade que precisa ser abraçada por todos os povos. Precisamos da liberdade sinalizada no horizonte, nos proporcionando pensar, examinar, resolver e escolher a nossa próxima travessia.

          O mundo é um grande espetáculo que arrasta em sua esteira centenas de milhões de seres humanos, em distintos períodos, ao longo da história, em que cada ser busca construir sonhos. É preciso que cada geração pavimente caminhos promissores por um mundo melhor. Viajamos por todas as áreas do conhecimento pesquisando e realizando obras grandiosas: de pontes sobre os oceanos, da Engenharia Aeroespacial, ao ambicioso Projeto Genoma Humano, que foi mapear, identificar e sequenciar todos os genes do DNA humano, que reuniu mais cinco mil cientistas de várias partes do mundo, por exemplo. Toda realização só é possível pela cooperação e a liberdade, sim, a liberdade é o rumo, a baliza a construção e o maior patrimônio da humanidade!

          Precisamos da liberdade em todos os horizontes, para isso, é preciso que todos nós sejamos sentinelas contra qualquer tipo de tirania que possa de alguma forma, tolhi os nossos sonhos. Precisamos, sim, da igualdade de direitos para todos. Os povos precisam caminhar com os seus direitos assegurados, independentemente de gêneros, credos e níveis sociais. Assim são os retratos das nações que alcançam a excelência da prosperidade para todos, todos os dias!

         Que as flores do Himalaia com suas mais de 1700 espécies catalogadas, como a Orquídea do Nepal e a Flor do Vento do Himalaia, continuem inspirando a humanidade assegurando a liberdade, para todos, sempre!

          Luz!  

           Brasilmar do Nascimento Araújo * Jornalista e Poeta

           [email protected]    

Educar educando

Afonso Rodrigues de Oliveira

“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”. (Nelson

Mandela)

Não há como mudar o mundo, sem o aprimoramento da educação. E só entenderemos isso quando formos educados. E nunca seremos se não nos educarem. Sabemos que a educação no Brasil está no fundo do poço. E a queda vem de longa data. Mas não fazemos nada para mudar. Ainda não temos controle, na administração pública, suficiente para tirar o País do lamaçal da ignorância. Já sabemos que educar não é só construir escolas, imagina fechando-as.

Gente… vamos acordar e fazer o melhor que pudermos fazer para mudar o rumo. Vamos pensar mais e discutir mais, o nosso problema na educação. Só quando formos um povo realmente educado saberemos eleger políticos educados. Porque ainda estamos na de que política é saber falar. Quando na verdade, política é saber fazer política. E não se faz política com
espertezas, mas com educação e preparo para a política.

Até quando iremos eleger candidatos porque eles nos prometem o pão de cada dia, sustentado na já famosa bolsa-família? Há maneira muito mais eficaz e eficiente, de se resolver o problema da fome. Porque politicamente falando, a fome não é só a falta do pão na mesa. Fale isso com seu candidato, e se ele tiver uma resposta condizente, vote nele. Caso contrário, não desperdice seu voto, porque você estará elegendo alguém incompetente para uma função que exige competência. Vamos nos educar politicamente para podermos nos orgulhar do País maravilhoso que temos.

Eu ainda era jovem, e isso faz tempo pra dedéu, quando li esse texto. Decorei-o e não sei quem é o autor: “Brasil, esse colosso imenso. Gigante de coração de ouro e músculos de aço. Que apoia os pés nas regiões Antárticas. E que aquece a cabeleira flamejante, na fogueira dos Trópicos. Colosso que se estendesse um pouco mais os braços iria buscar as neves dos Andes para com elas brincar nas praias do Atlântico”.

É esse o Brasil que temos e não sabemos vivê-lo. E por isso não sabemos mantê-lo como o País que nos honra, até mesmo quando o desonramos. E continuaremos desonrando-o enquanto não nos educarmos para que o mereçamos.

Vamos melhorar mais nossas escolas para que não sejamos tentados a destruí-las nem as fechar. Vamos fazer, nossa parte dando mais atenção ao nosso dever de cidadãos, para que possamos ser realmente cidadãos. Vamos dar menos atenção ao blá-blá-bla dos que pensam que são os donos da cocada preta. Porque eles são. Só que nós e o Brasil não somos cocadas. Logo eles não devem se sentirem nossos donos. Vamos nos valorizar, valorizando nossa Educação. Pense nisso.

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