Opinião

Opiniao 15691

Pautando a sociedade: indígenas e espaços institucionais  

Evandro Pereira

Os indígenas precisam cada vez mais ocupar espaços institucionais. Na luta pela afirmação dos direitos dos povos originários, esta ocupação em áreas do estado é importante e estratégica. Ao longo de minha trajetória, por meio da educação e do trabalho, busquei estar atento aos rumos do estado, compreendendo que temos uma história de colonização, racismo e preconceitos estruturais.

 Para superar este passado e pensar soluções democráticas para o futuro, não basta criticar o estado ou os caminhos que a sociedade hegemônica adotou em um contexto capitalista, que visa o lucro acima das pessoas. É preciso que tenhamos consciência de classe e aprender a jogar este jogo da democracia representativa.

Assim como outros parentes indígenas que lutam pelos seus espaços e, para contribuir com nossa sociedade em várias áreas, tive a honra de chefiar a divisão administrativa da Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), onde trabalhei de 2013 a 2016.

Fui responsável por todos contratos administrativos e licitatórios do IPHAN. Responsável técnico pelos processos burocráticos, como emissão de diárias no sistema federal. Fui presidente de várias comissões, como a Comissão Permanente de Licitação em alguns municípios. Fui pregoeiro oficial, cuidei do setor de recursos humanos e pela execução orçamentária e financeira do IPHAN.

Trabalhei no Ministério da Pesca e Aquicultura em Roraima (MPA), de 2010 a 2013, como Coordenador de Monitoramento da Pesca e Aquicultura. Presidi as CPLs nos municípios do Amajari e Pacaraima. Fui assessor da CPL em Uiramutã e chefe de seção de arrecadação e financeira no Instituo de Previdência de Roraima. Na Prefeitura municipal de Alto Alegre fui pregoeiro e assistente administrativo da seção de logística do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei Yanomami), de 2020 a 2021. Coordenei o Espaço CONAFER Roraima (Confederação nacional de Agricultores familiares e empreendedores familiares rurais do Brasil – CONAFER). Todas estas experiências referentes a administração pública.

Nós indígenas sempre temos que lutar por estes espaços, executando com ética e competência nosso trabalho. Sabemos que Roraima por muito tempo sofreu (e ainda sofre) em sua estrutura com os apadrinhamentos, filhotismos, mandonismos e indicações políticas. Um ciclo que pode ser rompido com educação política. Para além deste trabalho na vida pública institucional, na condição de indígena, tive atuação na Igreja Católica, em movimentos sociais e populares, onde fiz inúmeras amizades. Estes são espaços importantes para a formação de nosso caráter republicano e nossa convicção da vida coletiva, com o bem comum sendo o centro de nosso trabalho.

*Mestrando em Antropologia Social, Sociólogo, ex-coordenador da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores indígenas de Roraima e membro do Comitê Pró-cultura de Roraima.

100 dias do Governo Lula para Roraima
Well Leal – Sociólogo, Presidente do PSOL Roraima
Não há dúvidas que Roraima foi destaque nacional e internacional no ponta pé inicial do terceiro Governo Lula. A primeira grande ação do Governo foi a visita ao estado para tratar a situação catastrófica do povo Yanomami, algo que se tornou tão comum
para os donos do garimpo de Roraima, mas horrorizou o Brasil e o mundo. A pergunta sempre repetida por todos era: “Como uma nação deixa isso ocorrer com um povo milenar?”. Lula iniciou seu mandato dando um nítido recado simbólico: os indígenas não
são sub-humanos ou um problema para a nação brasileira, muito menos para Roraima.
E que apertada vitória do Lula não irá impedir que o Governo Federal atue em defesa da  proteção dos indígenas e da defesa da Amazônia. O Governo Lula está cumprindo algo simples, e que se deixou de ser habitual nesse país, cuidar dos brasileiros independente de etnia, raça, classe social, gênero e obviamente posição política. O presidente não é líder apenas da esquerda, é líder de uma nação, de todo país, ainda que a extrema direita não aceite até hoje sua contínua derrota, assim funciona uma República na democracia. Afinal, os políticos do Estado já estão buscando a esfera Federal para resolver variados problemas no Estado, que se quer foram tratados pelo governo anterior de extrema-direita (que dizia que Roraima seria a “menina dos seus olhos”); um grande exemplo disso são nossas estradas, a situação da internet, os absurdos de desvios e corrupção nos DSEIs e o sucateamento das Autarquias Federais no Estado. Sem dúvida outro grande impacto dos 100 dias do Governo Lula foram as re
organizações do IBAMA,
Funai e dos DSEIs, que deixaram de ser loteamento para grupos políticos para se tornarem locais técnicos com a real presença do movimento indígena.
O maior desafio do Governo Lula não será aumentar sua participação no eleitorado de Roraima, ainda que após sua eleição muitos opositores se tornaram “Lulistas desde criança” para tentar ocupar cargos federais ou impedirem retaliações políticas por absurdos cometidos durante os últimos 4 anos. O maior desafio de Lula para o Estado é ajudar a população de Roraima a compreender que não existe uma Roraima “do futuro”, para ser considerada desenvolvida nos moldes mais clichês possíveis, e que os indígenas não são o entrave para um falso progresso que dizem ser necessário. É dificil aceitar esses fatos, mas é maduro e necessário compreender que no sistema em que vivemos, não há espaço para ser “Super Desenvolvido”, afinal o sistema beneficia poucos, e para isso precisa de muitos marginalizados, portanto “não desenvolvidos”. O pretenso progresso de Roraima não se dará destruindo as florestas e o lavrado, retirando as terras indígenas, tirando ouro aqui e acolá ou excluindo ainda mais indígenas, pobres e migrantes. O futuro para Roraima é ancestral, porque o futuro são os modos de vida dos povos milenares que conseguem manter a vida e consequentemente a existência da humanidade. O futuro não se vende e não se compra em um marco, ou reunião de banqueiros. O futuro de Roraima é adequar as tecnologias contemporâneas com a ancestralidade, e entender que nosso progresso é construir uma sociedade que inclua os excluídos e valorize o que somos. Nosso modelo para o futuro não é Manaus, São Paulo e nem tampouco Nova Iorque, nosso modelo é ancestral e indígena, e isso não é retrocesso, é a consolidação de um modo de vida milenar que não acaba com nosso planeta. Afinal, se destruirmos a natureza pensando apenas no lucro para poucos, não teremos mais vida na terra e não existe outro planeta para viver, não existe um planeta B. Só temos esse planeta, que é nossa casa e nossa moradia.

Nos mundos atuais

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Em nosso mundo moderno simplesmente não alcançaremos sucesso ou felicidade se não levarmos em consideração as outras pessoas”. (Les Giblin)

O mundo sempre foi assim. Não estaria como está se tivéssemos sido diferentes no passado. Afinal somos seres humanos e não damos a mínima importância ao que somos. Somos todos de origem racional. E a maior dificuldade para entendermos isso é que no modo de falar somos confundidos com religiosos. Corta essa. Quando aprendemos a agir e reagir dentro da racionalidade estamos caminhando nas veredas da racionalidade. Simples pra dedéu. Estamos mais focados na ciência que nos classifica como humanos.

Todo o poder de que necessitamos para ser feliz está dentro de nós. “O reino de Deus está dentro de nós”. Você só encontrará essa pérola em uma bíblia antiquíssima. Por que, eu não sei. Mas vamos mudar os nossos pensamentos sobre o que realmente somos. Não fomos feitos de barro nem nascemos com togas nem fardas diversas. Tudo que somos ou temos, é fruto dos nossos pensamentos. E estes veem da nossa mente que deve ser e estar preparada para o nosso progresso. E você nunca irá progredir, ficando preso ou presa, a pensamentos negativos.

Os pensamentos positivos só levam você para um futuro positivo se você tiver mente positiva. Ao contrário, os pensamentos negativos crescem numa velocidade incompreensível. Quanto mais você pensa no negativo, mais você desce pela ribanceira do negativismo. E este sempre leva você para o fundo do poço. As barbáries a que estamos assistindo hoje, são as mesmas dos tempos bem passados. A diferença está no ambiente polido pela racionalidade, mas desdenhado pelos irracionais. Porque é o que são os que não conseguem dominar seus pensamentos.

Alguém já disse que o ser humano é o único animal que primeiro precisa destruir para poder construir. Então vamos sair do círculo do ser humano e entrar no do racional. E enquanto não entendermos isso, continuaremos desrespeitando o próximo, como se ele fosse um adversário, em vez de próximo. O Emerson mandou esse recado genial: “Você é tão pobre ou tão rico quanto o seu vizinho, senão não seria vizinho dele”. E todo ser humano ainda que não seja racional é seu vizinho. E todo vizinho é uma família disponível, independentemente das diferenças.

Vamos parar com as guerras. E elas não estão só nos campos de batalha, mas no dia a dia, onde quer que estejamos. “Não vá bom Deus, julgar que a guerra que estou falando é onde estão se encontrando tanques, fuzis e canhões. Refiro-me à grande luta em que a humanidade, em busca da felicidade, combate pior que leões”. Pense nisso.

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