Opinião

Opiniao 15707

Elocubrações de uma noite insone

É madrugada, os ponteiros do relógio na parede teimam em caminhar em círculos. O tempo não para. Sono escasso, pensamentos em profusão.

Quando  nasci, na metade do século XX, ganhei um bilhete único chamado “vida”. Sem garantias, sem direito à troca, sem negociação.

Quando cheguei por aqui eu nada entendi. Não me foi dada ideia de quanto tempo irá durar essa viagem, e muito menos se teria que fazê-la sozinho ou se alguém iria sentar-se ao meu lado. Tudo que tenho é o meu corpo e os meus sonhos, assim como todas as outras pessoas que ganharam o mesmo bilhete. Apesar disso, há um segredo que quase ninguém nos conta; somos pessoas únicas, e isso significa que embora o destino final de todos seja o mesmo, o caminho que escolhemos para chegar até aqui é somente nosso. Por isso, jamais me esqueço de dar o meu melhor, de olhar pra vida com os olhos da esperança, e de sair fora de lugares e de pessoas que não se acomodam à imensidão que sou; pois, no fim, serei apenas eu e os meus sonhos que luto para realiza-los. Procuro fazer valer essa viagem. Por mim, pra mim. Sempre. Aprendi, muito cedo, a olhar o lado belo da vida. Eduquei meus olhos para isso. O feio e o belo convivem lado-a-lado. O belo me atrai.

A vida é uma viagem que não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em lembranças, em sensações, em novas emoções. Quando alguém, certa vez, sentou ao meu lado e me disse:

“Não há mais o que ver”, eu saiba que não era bem assim. O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que já se viu. Vê na primavera o que se vira no verão, vê de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a relva verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repeti-los, e também traçar caminhos novos. Há sempre novos caminhos a serem percorridos. É preciso recomeçar a viagem. Sempre.

Para aqueles que estão dispostos a aprender, a vida ensina. Mas só aprende aquele que quer.

A vida e o tempo são os dois maiores professores. A vida nos ensina fazer bom uso do tempo, enquanto o tempo nos ensina o real valor da vida. Lembrando sempre que “a vida não é breve. Ela é suficiente. Nós que perdemos tempo com coisas inúteis”, ensinou Sêneca, há muitos anos atrás.

Desperdiçar tempo é esbanjar o patrimônio divino. “Quem mata o tempo, não é assassino, mas suicida”, escreveu Millôr Fernandes.

Feliz quem não exige da Vida mais do que ela espontaneamente lhe dá, guiando-se pelo instinto das borboletas, que buscam o sol quando há sol.

É importante sabermos respeitar nosso tempo…… às vezes precisamos ficar quietos por um tempo, nos fazendo companhia, nos dando colo, alento, nos ouvindo, nos protegendo……E, depois tudo se renova, renasce. A vida é rasgar-se e cerzir-se continuamente.

É fundamental saber respeitar os momentos. Os silêncios. As vontades. O não acontecer das coisas. Apenas respeitar, não brigar, não obrigar, não forçar. Viver é saber se equilibrar entre aspirações, frustrações e ressentimentos. Saborear todos os momentos. Viver é saber guardar sons, cheiros, imagens, criar memórias afetivas, que nutrem o caminhar.

Para não ser o escravo ou mártir do Tempo, embriague-se; embriague-se sem parar! De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser”. Charles Baudelaire.

Embriagar-me de vida é o que me apaixona. Como bem descreveu Schopenhauer, “A vida é uma constante oscilação entre a ânsia de ter e o tédio de possuir.”

De todas as lições que a vida tem me ensinado, as principais são essas: há decisões que tenho que tomar, há mudanças que precisam acontecer, tudo muda constantemente…..há medos que preciso enfrentar……há solidões que preciso suportar…….há lágrimas que preciso derramar…..há recomeços que precisam florecer….em mim. Porque mesmo quando penso que não sou capaz de suportar algo, o tempo me mostrou, pelas porradas que levei, que sou mais forte do que penso e mais corajoso que imagino. A vida tem me ensinado que é premente criar bons momentos, porque os ruins aparecem sozinhos.

Por isso, a vida não me cansa, ainda tenho muito que aprender. Sou, e serei sempre, um eterno aprendiz.

O sono chegou, melhor não desperdiça-lo.

Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista e viajante. Autor do livro “Das muletas fiz asas”, o latino americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes.

Vencendo circunstâncias

Afonso Rodrigues de Oliveira

“O papel do homem é vencer as circunstâncias. Cada homem é novo poder na natureza. Tem nas mãos as chaves do mundo”. (Ralph Waldo Emerson”.  

Nunca estaremos prontos para sermos realmente racionais, enquanto não formos capazes para vencer. Na racionalidade não há erros, mas, circunstâncias. Vamos com calma que já é racional. O importante é que não nos deixemos vencer pelos problemas, nas circunstâncias. Somos todos capazes de fazer sempre o melhor no que fazemos. E a maior obra que cada um de nós esculpe, é a sua própria vida. Quando estivermos preparados para viver, viveremos com racionalidade. E tudo é simples pra dedéu. É só nos valorizarmos, e ir em frente na caminhada da vida.

Nada pode ser superior a você se você não se considerar inferior. “O reino de Deus está dentro de nós”. E o maior problema é não sermos capazes para acreditar nisso. Se o reino de Deus está em nós, nós seremos capazes de viver com racionalidade. E não há como viver com o poder que Deus pôs dentro de cada um de nós, se não acreditarmos nisso. Mas nunca seremos capazes enquanto ficarmos esperando que os outros nos orientem no que somos. Não espere fazer milagres pela vida. Isso pode se tornar tolice. Não fazemos o milagre, mas podemos fazê-lo naturalmente.

Viva a felicidade que está em você mesmo ou mesma. O importante é que você se sinta em você, e viva sua própria vida. Porque uma das características do ser humano, é viver para os outros, e não para si próprio. Estamos nos preocupando mais com os outros, como se eles fossem nossos orientadores, do que conosco mesmo. É assim que procuramos nos vestir, e nos maquiar. É a moda que diz como devemos nos apesentar como pessoas civilizadas. Vamos ser mais o que somos do que o que dizem para sermos. E o respeito ao próximo é tudo de que necessitamos para contribuirmos para a evolução racional. E tudo depende de cada um de nós.

Vamos repetir o que sempre falamos sobre o ser humano: “A educação é como a plaina: aperfeiçoa a obra, mas não melhora a madeira”. E só quando entendermos isso incluiremos na educação, a evolução racional, na orientação racionalizada, do então ser humano. Tudo está em nossas mentes. É nela que está todo o poder de que necessitamos para vencer. Vencer na luta corporal é uma barbaridade, e não racionalidade. E como somos todos de origem racional, vamos nos racionalizar para voltarmos ao nosso mundo de origem. Somos todos da mesma origem. Viemos todos do mesmo universo racional. E é para lá que devemos voltar. Tarefa para cada um de nós, dentro da racionalidade, que está em nossas mentes. Pense nisso.

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