Opinião

Opiniao 15718

Filosofia do afeto

Walber Aguiar*

O amor é como um baio, galopando em desafio, abre fendas, cobre vales, revolta as águas dos rios, quem quiser seguir seu rastro se perderá no caminho, na pureza de um limão ou na solidão de um espinho… Djavan

Era Inverno. Insetos e fecundações, de desejos reprimidos e comunhão de afetos, de aventuras conjugais e ilusões necessárias. Ali, entre a sobriedade da dor e a loucura do sentimento, brotou da lama das chuvas, a intensa vontade de partilhar, de criar vínculos, de entender a felicidade do ponto de vista do jugo, da parceria, do homem enquanto ser gregário.

Condenado a ter esperança, surgia agora uma alternativa. Isso porque, confrontado com a ótica divina da conjugalidade, ao homem restava apenas a felicidade a dois, a tentativa de fundir as vontades, o desejo de caminhar e olhar na mesma direção.

Ora, sob a dimensão e a realidade da queda, o que era sólido tornou-se esboroável, o que se afigurava como eterno, relativizou-se diante da dúvida, das angústias e da complexidade conjugal. Nesse tempo de hermeticidade do sentimento, não há mais a inocência em relação ao mal; advindo daí o ciúme, a inveja, a cobiça, as relações por interesse.

Assim, nesse tempo das flores vermelhas da paixão e das flores amarelas do medo, da busca desesperada pelo complemento afetivo, há uma necessidade premente de se ver e se perceber como uma espécie de náufrago do afeto, onde seguir sozinho é uma possibilidade.

A partir daí nos deparamos com as paixões de Vinicius de Morais e seu essencial existencialismo do “mas que seja infinito enquanto dure”. Por outro lado, Mário Quintana optou pela solidão, pela ruminância das horas silenciosas, à semelhança de Carlos Drummond de Andrade. Dizia ele que as mulheres são seres complicados.

O que fazer com o casamento, a união estável, a proposta divina, a família como ideia de Deus? O “pra sempre” foi relativizado na poeira dos dias apressados, da desconfiança, da incompatibilidade de gênios, do cansaço relacional, quase sempre desgastado pela sufocante poeira do cotidiano sem aventura.

Era inverno. Tempo de solidão, de imaginação fertilizada pelo desejo de amar e ser amado; ou de, simplesmente, amar a si mesmo, incondicionalmente, lançando um novo olhar sobre a felicidade desacompanhada.

Estaríamos preparados para essa inquietante filosofia do afeto?

*Advogado, poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras

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Riqueza não traz felicidade

Marlene de Andrade

“Mas tu, Senhor, és Deus compassivo e misericordioso, muito paciente, rico em amor e em fidelidade.” (Salmos 86:15)

Ser rico é ruim? Não, mas então por que Salomão questionou suas riquezas? Nesse viés, ele afirmou: “Tudo é vaidade. Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol? Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece. Nasce o sol, e o sol se põe, e apressa-se e volta ao seu lugar de onde nasceu. O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos. Todos os rios vão para o mar e, contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os rios vão, para ali tornam eles a correr. Todas as coisas são trabalhosas; o homem não o pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir.” (Eclesiastes 1:2-8). Como podemos perceber, apesar de Salomão ter sido um rei tão rico, passou a achar tudo muito enfadonho.

O que fez Salomão pensar assim, se esse rei foi tão próspero? Muito simples: ele colocou, em sua vida, Deus em último lugar e por isso acabou entendendo que nada mais havia feito do que dar socos ao vento. Deus é a maior prioridade de nossas vidas e isso é tão verdade que a Bíblia nos afirma o seguinte: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua Justiça e todas as coisas vos serão acrescentadas.” Mateus 6. 33.  

Crer que estaremos com Deus após a nossa morte traz muita paz aos nossos corações, porém precisamos seguir o seguinte conselho bíblico: “Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições…” João 16:33. Como se pode perceber mesmo sendo rico, o ser humano tem aflições, contudo devemos caminhar sempre para frente sem retroceder, crendo que se Deus é por nós quem será contra?

Evidentemente, que ninguém quer sofrer, todavia fazer o que para que essa vida terrena seja repleta de alegrias e satisfações? Temos que aceitar tudo que nos acontece dia pós-dia, visto que aflições existirão sempre em nossas vidas. É óbvio, que ninguém quer sofrer decepções, doenças e, entre outras, perdas de entes queridos, mas fazer o que diante das adversidades, a não ser caminhar para frente sem retroceder, confiando que no Paraíso Celeste seremos felizes eternamente?

As pessoas que não creem em Deus acham ridículo crer que exista vida após a morte, mas como é bom acreditarmos que não morreremos depois de nossa partida desta terra.  

Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANANT

Perita em Perícias Médicas/Fundação UNIMED

Técnica de Segurança do Trabalho/SENAI-IEL

Perita em Tráfego/ ABRAMET

CRM-RR 339 RQE 341

Controle a ambição

Afonso Rodrigues de Oliveira

“A ambição do homem e tão grande que para satisfazer a sua vontade presente, ele não pensa no mal que dentro em breve daí pode resultar”. (Henry Ford)

Não há intenção de mexer na política. Vamos ser mais racionais. Cada um está na sua. Os exemplos de maus comportamentos estão vazando em todos os níveis da sociedade, mundo a fora. Mas, há um exemplo notável, vindo do Gaston Bouthoul, que cita a política: “Reconhece-se um país subdesenvolvido pelo fato de nele ser a política a maior fonte de riqueza”. Quantos ambiciosos conhecemos, que tentam entrar na política com o objetivo de enriquecer nas tramoias. Então vamos ser mais cautelosos e fugir do engodo dos ambiciosos descarados.

A ambição do ser humano é realmente preocupante, a ponto de ele não medir o risco que corre, nos resultados futuros, quando a ambição foi além do moral. Não são só os políticos desonestos que vão para a cadeia por conta da desonestidade. O fato é que já estamos habituados a alardear os desmandos na política, deixando para traz a imoralidade dos não políticos que vão para as cadeias, por conta da desonestidade. Mas vamos deixar o lamaçal por conta dos garis sociais, que eles sabem o que fazem para a limpeza. Só que o chão é longo e a limpeza caminha a passos de tartarugas.

Mas, vamos fazer nossa parte? Vamos parar de ficar esperneando por conta dos desmandos. Vamos nos educar para podermos ser cidadãos de fato e de direito. E nunca conseguiremos isso sem uma educação de qualidade. E a qualidade deve, e precisa, ser de nível superior. E a universidade mais competente para o nosso aprimoramento é a pouco conhecida universidade do asfalto. Que é onde aprendemos mais com as nossas observações do que com o que nos ensinam. E a transmissão do ensino só é suficiente quando vem através dos exemplos. Que é o que os pais devemos levar em consideração, para podermos educar nossos filhos. Não nos esqueçamos de que nunca iremos educar dando maus exemplos a nossos filhos. Porque é o que lhes damos que eles transferem para os filhos deles.

Não nos esqueçamos de que “A educação é como a plaina: aperfeiçoa a obra, mas não melhora a madeira”. O que nos obriga a nos educarmos para podermos educar nossos filhos. Recentemente falei de um operário que conheci, que nos deu um exemplo notável da educação recebida do seu pai, um roceiro quase analfabeto, lá do sertão remoto, do Ceará. Cuide da educação no lar, para preparar seu filho para o mundo em que ele irá viver. Porque é ele que vai viver o mundo dele, e não você. Vamos mudar o mundo em que vivemos para prepará-lo para o futuro. Pense nisso.

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