Opinião

Opiniao 15821

A destruição do Museu Integrado de Roraima

Sebastião Pereira do Nascimento*

Criado em 1984 e inaugurado em 13 de fevereiro de 1985, o Museu Integrado de Roraima (MIRR) tem como princípio pesquisar, identificar, cadastrar, preservar, conservar e expor os elementos de estudos relacionados ao patrimônio natural e cultural do estado de Roraima.  Como estrutura física, o MIRR fazia parte do conjunto arquitetônico projetado para compor o Parque Anauá, hoje completamente descaracterizado e muito mal cuidado. Portanto, se para o Parque Anauá sobra a falta de manutenção, para o prédio do MIRR sobrou a sua demolição. Uma demolição que custa muito caro ao povo roraimense. Isso porque somos o único Estado brasileiro que não tem um museu; tudo pelo fato de que em Roraima nunca se pensou em educação, cultura e ciência como algo prioritário.

Para aquelas pessoas que de forma direta ou indiretamente se envolveram na história do MIRR (como único órgão de pesquisa do Estado), sobrou a indignação ao ver um importante patrimônio arquitetônico construído com recursos públicos, sendo jogado numa latrina reservada ao governo do Estado. Para mim, que durante dez anos (1993-2002), com outros servidores, investimos tantos esforços no sentido de estudar, compreender e mostrar — a través do MIRR —, os diversos valores culturais e científicos que compõem o passado e o presente da nossa história, esse atentado não é só uma indignação, é uma tragédia.

Durante esses dez anos, foi possível ver um cenário frutífero para a ciência regional, quando instituições de referências nacionais permutavam experiências científicas e acadêmicas que, além de fortalecer os acervos museológicos do MIRR, nas diferentes áreas do conhecimento: arqueologia, etnologia, história, geologia, botânica, zoologia, artes, etc., resultavam também em informações técnico-científicas capazes de subsidiar tomadas de decisões no âmbito do governo estadual, além das exposições temáticas e as atividades culturais e educativas apresentadas à comunidade estudantil, bem como à sociedade em geral.

No que concerne às coleções científicas, como um relicário do patrimônio cientifico de uma determinada região, é importante considerar o papel das coleções de referências para a compreensão da composição faunística e florística de uma determinada área, além de contribuir com conservação da biodiversidade e permitir ao pesquisador das ciências naturais formular e executar com segurança atividades de cunho científico, voltadas ao seu campo de interesse, assim como de interesse da sociedade como toda.

É importante frisar ainda, no entanto, que essas informações são apenas passíveis de posteriores verificações se, em suas publicações, os pesquisadores, estudantes, etc. indicarem a deposição dos espécimes-testemunho (amostras que servem de base para um determinado estudo) numa coleção institucional formalmente reconhecida. Portanto, o papel dos museus e de instituições científicas regionais é imprescindível, pois, sem os mesmos, seria praticamente impossível manter por longo prazo uma atividade desta natureza.

Uma coleção científica bem organizada, permite a verificação correta de um nome científico de qualquer organismo, no qual a pesquisa esteja baseada, dando ao pesquisador do presente e do futuro a oportunidade de confirmar ou corrigir a identificação dessa material. Por exemplo, uma boa coleção zoológica é aquela que tem um amplo arsenal de informações referentes aos lotes de materiais depositados — contudo, manter um acervo referencial deste tipo não é tarefa fácil, mas é de extremo valor e necessidade, pois é parte integrante da base do conhecimento cientifico de qualquer região.

Além das coleções científicas, existem também as coleções didático-pedagógicas que são ferramentas de extrema importância voltadas, principalmente, aos professores e estudantes do ensino fundamental e médio. Essas coleções permitem que os estudantes tenham o contato direto com o material zoológico ou botânico, com intuito de ampliar informações sobre a taxonomia e a diversidade biológica de sua região.

Sobre as coleções científicas em Roraima, infelizmente no momento não há uma referência satisfatória, apesar de no passado não muito longe, já ter havido iniciativas de uma boa coleção científica regional, onde o MIRR sempre foi o protagonista dessas iniciativas, que só deu resultados positivos em virtude de um corpo técnico bem qualificado e o apoio de instituições sérias como o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA) e o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG).

Assim, uma primeira iniciativa veio a partir de 1985, com empenho do Dr. Celso Morato de Carvalho (pesquisador do INPA) que na época demonstrou interesses em desenvolver pesquisas relacionadas à fauna local, ao mesmo tempo, em que consolidava o Núcleo de Pesquisa do INPA em Roraima. Com isto houve um suporte científico inicial à coleção zoológica do Museu Integrado de Roraima, mas que infelizmente não foi dado continuidade por desinteresse dos setores públicos envolvidos, Secretaria de Educação e Cultura, através do Departamento de Cultura, ao qual o MIRR era ligado.

A segunda iniciativa, em 1986, ainda com o apoio do INPA, através do Dr. Celso Morato de Carvalho, que firmou parceria com o então Centro de Ciências de Roraima (CECIR), para auxiliar na formação de uma nova coleção zoológica que, embora tivesse um perfil mais didático, a coleção possuía o padrão técnico-científico equivalente à coleção iniciada no Museu Integrado de Roraima. Na prática, isto significava uma continuidade daquela coleção que, apesar do esforço do INPA, também não foi expoente por falta de interesse da Secretaria de Educação e Cultura, na época, do então Território Federal de Roraima.

A terceira iniciativa de se reorganizar uma coleção zoológica volta-se inteiramente ao MIRR, a partir de 1993 — com minha pequena contribuição —, quando este órgão iniciou uma revalorização das atividades de pesquisas zoológicas través de seu Núcleo de Ciências Naturais. Este, por sua vez, deu ênfase à reestruturação das coleções de répteis e anfíbios. Entretanto, os trabalhos tiveram que iniciar praticamente do nada, já que do material depositado anteriormente quase tudo estava comprometido devido à ausência de manutenção adequada.

Contudo, o Museu Integrado de Roraima, até no final da década de 90, embora com muita dificuldade, e alguns esforços pessoais, vinha mantendo um compromisso de estudar, coletar e resguardar parte desse patrimônio científico regional, através das coleções zoológicas de referências, onde se destacavam principalmente as coleções de anfíbios e répteis provenientes de todas as regiões do estado de Roraima.

A coleção zoológica do MIRR era essencialmente uma coleção roraimense. Dos quase 6.000 (seis mil) exemplares tombados, 90% eram procedentes do estado de Roraima e o restante (10%) procedentes dos estados do Amazonas, Pará, Rondônia e países vizinhos como Venezuela e Guiana, o que reforça o caráter regional desta coleção. É enfático dizer que todo esse acervo catalogado tinha procedências confiáveis (espécimes de procedência duvidosa eram inseridos em uma coleção didática, para exposições e estudos comparativos com alunos da rede de ensino fundamental e médio e acadêmicos).

Tecnicamente todo material depositado era tombado, organizado e conservado no mesmo padrão aplicado aos grandes museus como Museu Goeldi e Museu de Zoologia da USP. Assim, era possível dividir o material pelas duas macropaisagens fitofisionômicas de Roraima: lavrado e floresta. Os grupos melhores representados eram provenientes do lavrado. Do acervo da coleção, a maioria era conservada em via úmida (álcool 70%), além de diversas peças (peles, carapaças e crânios de grandes répteis) preservadas a seco. Antes deste processo de conservação, todo o material era passado pelo método tradicional de fixação à base de formaldeído 10%. A grande maioria da coleção (55,8%) estava composta pelo grupo dos répteis, sendo: 22,7% de serpentes, 26,1% de lagartos, 5,2% de quelônios, 0,8% de crocodilianos. Os anfíbios constituem 44,2% de todo o material tombado. É importante salientar ainda que uma parte do acervo zoológico do MIRR, era constituído também de outros grupos de vertebrados (peixes, aves e mamíferos), bem como de diferentes grupos de invertebrados artrópodes: insetos, aracnídeos, crustáceos, etc.  

Atualmente, além da demolição do prédio do MIRR, em função de inúmeros fatores como a falta de pessoal qualificado, espaço físico adequado e, sobretudo, a ausência de uma política C&T, a maioria desse valioso material científico foi deteriorado e com forte possibilidade de se perder por completo, precisando urgentemente de uma intervenção, no sentido de retomar de forma responsável o resguardo desse patrimônio científico, assim como urge que o Estado restabeleça plenamente o Museu Integrado de Roraima (MIRR).

*Filósofo, zoólogo e escritor.

A importância do bom relacionamento

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Se você deseja um sucesso na vida, não importam os objetivos que tenha ou a profissão que escolha, você precisa aprender a desenvolver relacionamentos positivos com as pessoas”. (John C. Maxwell)

Os relacionamentos são importantes para o sucesso. Tudo depende de como você considera o sucesso. Como temos despreparados comprando carros de luxo, considerando isso como sucesso. Quando, na verdade, ele não considera de onde veio o dinheiro para a compra do carro. É quando a felicidade bate para entrar e sai sem bater. Não perca seu tempo pensando nisso, apenas dirigindo seus pensamentos para o horizonte do futuro. E este depende do seu desenvolvimento humano e racional.

Procure viver o dia, hoje, como um aprendizado para viver o dia, amanhã. O que é muito importante. Desenvolva o seu relacionamento com as outras pessoas. E o bom relacionamento está no respeito ao outro. Porque só quando respeitamos somos respeitados. E não há respeito sem amor. O importante é aprendermos a amar. E devemos nos atentar para a fala do Emerson: “Você é tão pobre ou tão rico quanto o seu vizinho, senão não seria vizinho dele”. O que devemos levar em consideração na convivência com as pessoas. Não há por que ignorar alguém só porque ele não está no seu nível social. O importante é que sejamos atentos para não confundir o respeito com familiaridade. Porque somos diferentes devemos ficar cada um na sua, mas com respeito.

O desmantelo no comportamento do ser humano na sociedade está preocupante. Está nos dando a noção de que estamos voltando aos velhos tempos dos reinados. Nas relações humanas aprendemos que nunca devemos deixar de elogiar algo em alguém, mesmo quando não nos conhecemos. Mas como estamos nadando em lamaçal, na nossa educação, está perigoso você elogiar algo em quem não conheça você. Vivi esse momento ainda há poucos dias. No caixa de um supermercado, a atendente tinha os olhos mais bonitos que já vi. Pensei em elogiá-la pelos olhos dela. Mas percebi que enquanto eu olhei para seus olhos, ela prendeu o sorriso. Aí fiquei na minha.

São problemas aparentemente insignificantes, mas que devemos lhes dar atenção. E é nessa atenção que aprendemos a caminhar, desviando rotas que nos levam ao campo minado. Vamos caminhar pelas veredas da racionalidade. E o timão está na educação. E só quando sabemos usar o timão é que somos timoneiros e sabemos dirigir o barco no rumo que desejamos e queremos. Busquemos o sucesso dentro de nós, buscando a felicidade no dia a dia, com respeito pelas outras pessoas, independentemente de nossas posições sociais. Pense nisso.

[email protected]

99121-1460    

** Os textos publicados nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião da FolhaBV