Opinião

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O Fantasma da Energia Elétrica

Márcio Accioly

O governo do presidente Lula quer voltar a comprar energia da Venezuela, a fim de abastecer Roraima. Quando FHC foi presidente (1995/2003), o Brasil assinou contrato com a Venezuela, passando a receber energia da Usina Hidrelétrica de Guri. À época, o governador de Roraima era Neudo Campos e o presidente da Venezuela chamava-se Rafael Caldera (1994/99).

Vencidas as dificuldades de instalação de postes de transmissão desde o município de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, o sistema de abastecimento de energia funcionou a contento em certo período. Depois, principalmente após a eleição de Hugo Chávez (1999/2013), o sistema socialista implantado começou a dar chabu e as dificuldades se precipitaram em escala crescente.

Com a fuga subsequente de engenheiros e técnicos qualificados daquele país, pessoas que não conseguiram se acomodar no novo sistema político, o controle dos poços petrolíferos e das hidrelétricas da Venezuela passou a ser exercido por funcionários incapazes de substituírem os antigos com o mesmo nível de competência técnica exigida. Com a morte de Hugo Chávez e a ascensão de Nicolás Maduro (2013- ), sindicalista que iniciou a vida profissional dirigindo ônibus urbano na Venezuela, o cenário se agravou.

Os apagões elétricos começaram a ser frequentes na própria Venezuela, repicando no território brasileiro de Roraima. Em muitos dias, a energia elétrica registrava corte de quase dez horas, prejudicando o estado. Somando-se a tais dificuldades, o Brasil elegeu presidente radicalmente antissistema socialista, Jair Bolsonaro (2019-22), agravando relações já consideradas precárias com a Venezuela. O novo presidente manteve inúmeros contatos com a bancada parlamentar roraimense, tentando encontrar saída para o problema.

Depois de o fornecimento de energia da hidrelétrica de Guri ter sido finalmente interrompido em sua totalidade (ano de 2019), iniciou-se uma série de  estudos e planos para a construção do Linhão de Tucuruí, com a finalidade de integrar Roraima ao SIN – Sistema Interligado Nacional, já que o estado é o único que, em todo o território nacional, encontra-se isolado.

O senador Mecias de Jesus (Republicanos/RR) empreendeu várias ações para integrar o estado que representa ao restante do país. Durante a privatização da Eletrobrás, apresentou emenda que foi aprovada, obrigando a União a construir o Linhão de Tucuruí. O representante roraimense assumiu inconteste liderança, atuando com muita determinação, para fazer com que Roraima passasse a fazer parte do SIN e afastasse de uma vez por todas o drama da falta de energia.

As termelétricas, além de altamente dispendiosas são impraticáveis. Sem contar que existe a possibilidade de construção de uma hidrelétrica, no próprio estado de Roraima, habilitada a abastecer grande parte da Região Norte. Falta tão somente vontade política. Quem acompanha o empenho de Mecias de Jesus no Senado, buscando solucionar de vez, sabe de seu esforço e dedicação ao problema.

Voltar a comprar energia elétrica da Venezuela não irá resolver a questão. O velho dilema será repetido, com os habituais e frequentes cortes e insuficiência de prestação de serviço técnico, devido à condição de instabilidade política que a Venezuela vem sofrendo há tempo. O país não consegue, sequer, produzir energia suficiente para o seu próprio consumo. Todos os dias ocorrem longos apagões elétricos em vários de seus estados. A quantidade de energia elétrica que a Venezuela produz, hoje, é a mesma que produzia no distante ano de 1999.

Esse dinheiro só irá servir para alimentar um regime que há anos agoniza e não apresenta vislumbre de saída. A corrupção irá imperar, na troca de favores espúrios e desculpas amarelas. O que se tem a fazer, em vez de se investirem milhões de dólares numa causa visivelmente perdida, é construir o Linhão de Tucuruí.

Levante-se e vá em frente

Afonso Rodrigues de Oliveira

“A vida é para quem topa qualquer parada; não para quem para em qualquer topada”. (Bob Marley)

Somos todos caminhantes pelas estradas da vida. E não sabemos por quê. Mas sabemos que não devemos parar, mesmo que a topada tenha sido monstruosa. Quanto maior o inimigo, mais preparados para a luta devemos estar. Então vamos nos preparar. Então vamos fazer de nossas vidas um palco para a apresentação, e não um campo para a batalha. Somos todos atores no palco da vida. E por isso a vida é uma peça de teatro que sempre nos enriquece. E o enriquecimento vem com a sabedoria. O importante é que saibamos viver a vida que temos. A simplicidade é mais importante do que a força.

Mantenha sua mente sempre focada no amor e no bem. E o bem está em saber viver. Procure sempre em você o que você deseja. Você precisa conhecer a Tatá. Chatinha pra dedéu. Mas o mais importante é o que observo, quando ela olha pra mim. Ela sempre me olha, como diria o nordestino, com o rabo do olho. Sempre me olha de soslaio, como se estivesse tentando descobrir algo que não a preocupa. Sempre que ela faz algo fora do normal, sai de mansinho e fica me olhando, como se esperasse uma bronca. Já o Mandela é diferente. Ele sempre me olha com olhos de inimigo.

Às vezes tento me corrigir no meu comportamento com eles. E acabo cedendo. Sento-me ali à mesa na varanda e fico sorrindo, falsamente, tentando agradá-los. Mas eles são mais espertos do que eu sou inteligente. E é aí que fico meditando sobre as diferenças entre nós, seres humanos, e os considerados animais irracionais. E sempre volto aos pensamentos positivos, quanto aos comportamentos humanos e “não humanos”. Você nem imagina o quanto me diverti com aquele pássaro preto no Lago do Dinossauro, na Ilha Comprida. Eu ia da padaria, com o pão para o café da tarde. Passando pelo Logo, vi o pássaro preto bicando o capim e brinquei com ele, xingando-o porque ele não estava nadando. Ele virou-se, abriu as asas, avançou contra mim, bicou e rasgou a sacola do pão, correu e caiu na água.

Já lhe falei do cachorro que fez um show para mim, tomando banho, e mergulhando sob as ondas, na Ponta da Praia, no Boralá, também na Ilha Comprida. Coisa aparentemente sem importância, mas que faz a gente se sentir feliz. Que é o que fazem a Tatá e o Mandela, com suas cachorradas. Não devemos deixar de prestar mais atenção ao comportamento dos animais, cada um na sua posição e condição de animais. Porque, tenho certeza, eles sabem que nós, seres humanos, também somos animais. Só que considerados racionais, enquanto eles continuam como irracionais. Pense nisso.

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