Opinião

Opiniao 15906

Glaucoma não combina com qualidade de vida

* Por Márcia Ferrari

   

Entre as muitas datas de conscientização da Saúde, no dia 26 de maio temos o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma. Doença oftalmológica que gera perda do campo visual e pode levar à cegueira, o glaucoma causa uma lesão no nervo óptico e, atualmente, impacta quase um milhão de pessoas no Brasil e cerca de 64 milhões de pessoas entre 40 e 80 anos em todo o mundo. O glaucoma fica atrás somente da catarata, sendo a segunda maior causa de casos de cegueira. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) alertam que o número total de pacientes com glaucoma pode ultrapassar os 110 milhões até 2040.    

   

Por tudo isso, é importante que nós, profissionais de saúde, atuemos na linha de frente da conscientização a respeito da necessidade de incluir as visitas periódicas ao oftalmologista na lista de cuidados de prevenção de doenças, para pessoas de todas as idades. Infelizmente, o glaucoma ainda não tem cura, e o diagnóstico precoce, bem como o tratamento, são fundamentais para o paciente e para sua qualidade de vida. 

   

Estudos mostram que a doença é mais comum em pessoas da população negra ou que sejam parentes de portadores de glaucoma, idosos, portadores de alta miopia, diabéticos e usuários crônicos de colírios com corticoides. Os sintomas iniciais mais frequentes são os escotomas, aquelas manchas escuras no campo visual periférico: inicialmente, a visão da pessoa fica prejudicada nas laterais, e conforme a doença vai ficando mais crítica, essas manchas também crescem de tamanho, deteriorando ainda mais a visão, e ela passa a enxergar como se estivesse olhando por um binóculo. Outros sintomas também podem surgir: dor nos olhos e na cabeça, maior sensibilidade à luz e olhos avermelhados e lacrimejantes.     

   

O maior problema do glaucoma é que seus sintomas iniciais são praticamente imperceptíveis. Em geral, quando esses sintomas são notados, a doença já está avançada, e o paciente já tem cerca de 50% das células ganglionares atrofiadas. O diagnóstico final é feito por meio de exames como a campimetria e a tomografia de coerência óptica. Definido conforme o caso, o tratamento é relativamente simples e envolve a aplicação de colírios, tendo como objetivo reduzir ou estabilizar a pressão intraocular, melhorando expressivamente a qualidade de vida do paciente. Em casos mais avançados, o especialista responsável pode recomendar a aplicação de laser ou cirurgia.     

   

O mais importante é lembrarmos que, com a visão comprometida, nossa mobilidade e qualidade de vida ficam reduzidas. Assim, o melhor caminho é manter uma rotina de consultas com o oftalmologista, que é o profissional mais indicado para orientar os cuidados de manutenção da saúde dos olhos e as ações de prevenção de doenças. Além disso, vale sempre repetir: não use colírios e nenhum outro tipo de medicamento nos olhos sem prescrição médica. O glaucoma definitivamente não combina com qualidade de vida. 

   

* Márcia Ferrari é médica oftalmologista e professora do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro – Unisa.    

Domínio interior

Quem se conhece bem sabe da sua missão de vida, seus erros do passado e prioridades e, por isso, não se desperdiça. Para Sêneca, filósofo estoico contemporâneo de Cristo, o tempo é um instante e fazer deste momento amizade para sua consciência maior representa sair-se vitorioso da própria vida. A existência deve ter como meta não o descanso, tampouco o descaso.

Mas, o esforço constante contra seus vícios, arestas e imperfeições. Neste sentido, já observava Sêneca: “os perigos mortais estão dentro de mim”. 

Assim, é o domínio interior que retrata a primeira e maior realização do indivíduo. É ser liberto das más inclinações para depois mirar as conquistas e realizações que tragam benefícios e progresso geral.  Quem aprende a se dominar controla legítimo corcel de possibilidades que é o corpo carnal. 

Mais do que um simples aparato, o corpo humano é o aparelho que o espírito utiliza para angariar as experiências necessárias para o seu polimento e avanço rumo à perfeição. Obter melhor, em original produtividade da existência, o alcance das experiências e conhecimentos que fornecem discernimento, compreensão e simpatia do ser para com todos configura a tarefa basilar.

Vencer-se então é a tarefa primária, para depois seguir no mundo como exemplo e inspiração para a transformação dos demais. É ser carta-viva de Cristo, cujas lições e semeaduras baseiam-se na caridade desinteressada, no perdão incondicional e no amor à todas as pessoas e criaturas. Portanto, quem se conhece e faz o bem, expande as luzes da virtude e da felicidade no mundo.

Paulo Hayashi Jr – Doutor em Administração. Professor e pesquisador da Unicamp.

Vamos aprender sempre

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende”. (Leonardo Da Vinci)

A Universidade do asfalto é a maior universidade do mundo, onde aprendemos, todos os dias e a todas as horas. O importante é que saibamos aprender. A todo instante acontecem coisas que nos ensinam, tanto do lado bom quanto do mau. Importante é que saibamos aprender tanto de um lado quanto do outro. Já sabemos que devemos aprender tanto com os acertos como com os erros, nossos e dos outros. A evolução depende do aprendizado. E este está na nossa capacidade de observar. É na observação que decidimos o que nos interessa realmente. E o que não interessa nos indica o que não nos convém.

Ontem aprendi mais uma lição extraordinária, com uma criança de apenas três aninhos de idade. Foi um capítulo que deixou toda minha família encantada. O garotinho chama-se Murilo e é afilhado do meu filho Rômulo. Os da família ainda não conheciamos o Murilo. Ele chegou à tardinha, acompanhado do pai, Gabriel. Quando eles chegaram o Gabriel nos apresentou citando o nome de cada um de nós. O garotinho, Murilo, começou a nos cumprimentar, um a um apertando nossas mãos e falando:

– Olá…

Ele infiltrou-se no meio da família e sentou-se à mesa para o café da tarde. Mas até chegar à mesa ele nos encantou com suas observações incrivelmente adultas. E as expressava de maneira incrível para uma criança de apenas 3 anos de idade. A conversa dele conosco foi encantadora. Mas este foi o momento que mais me encantou: ele abanou o rostinho com a mão e falou bem sério:

– Tá muito quente… muito calor.

O pai o repreendeu delicadamente, mas ele continuou reclamando também delicadamente. A Salete levantou-se e ligou o ventilador. E foi aí que o Murilo nos levou ao riso. Com o ventilador ligado ele fechou os olhinhos e falou:

– Eu adoro esse ventinho!

Todos rimos e o Gabriel recebeu uma chamada pelo celular. Era um amigo que quando soube que o Murilo estava ali, quis falar com ele. O pai apontou o celular para o Murilo. Mas ele não olhou para o celular e continuou olhando para o lado. O pai continuou insistindo para que ele falace com o outro cidadão. Mas o Murilo continuou sério, como se não gostasse do amigo do seu pai. Depois de várias insistências do pai, o Murilo falou sério:

– Não estou com interesse!

Mesmo indelicadamente, não pudemos evitar o riso coletivo. Mas mesmo assim o Murilo não olhou para o celular, nem mudou a fisionomia até que seu pai desligasse o celular. E só depois do celular desligado foi que Murilo voltou ao papo agradável com o pessoal da mesa. Pense nisso.

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