Opinião

Opiniao 15916

O Deus da dor e a dor de Deus

Walber Aguiar*

Deus meu, Deus meu, porque me abandonaste,

se sabias que eu não era Deus, se sabias que eu era fraco

Drummond

Eram três horas da madrugada. Uma notícia ruim cortou o ar, de uma ponta a outra da cidade, do estado, do país. Um acidente com sete vítimas fatais, um avião que caiu com toda a tripulação, um sequestro relâmpago que ameaçava arrancar a sanidade mental dos pais daquela adolescente. De repente tudo acontecera, naquela fatídica madrugada, naquele dia ainda não amanhecido, mas que já nos açoitava absolutamente com dantescas notícias. E Deus, onde estava, que não percebeu tais eventos trágicos?

Ora, sob a escora da teodiceia, o olhar do mal, a perspectiva da dor pode ser colocada na conta do divino, afinal, todos os males podem ser atribuídos a ele, nesse viés do descompromisso e da indiferença, da inocência humana, do rasgo entre a culpa de Deus e a total justificativa daqueles que, segundo um dos tentáculos da teodiceia, não pediram para nascer nem ser representados por um casal que feriu de morte o pacto da criação, atrelando-se às amarras da desobediência, ao vínculo da dialética do mal, proposta pela velha serpente.

O Deus da dor, por assim dizer, pode até usar da fragilidade humana, para fortalecer o cansado, o caído, o esmagado pelas tiranias históricas, os apagados, que jazem nas regiões da sombra da morte. Se tomamos a Deus como o grande cão de caça do universo, cujo papel é vigiar e punir, então fazemos dele o diabo, na perspectiva de um Deus sádico, maltratador, iníquo, perverso e sem graça. O Deus da dor, em última análise , também teria que passar pelo mal para ser bom, como pensam alguns adeptos da corrente filosófica da teodiceia, que afirma que o homem tem que passar pelas trevas pra conhecer a luz, que precisa experimentar a dor para contemplar o prazer, que tem que provar a culpa para aferir verdadeiramente o perdão.

O Deus da dor, na verdade, é o Deus que deita o doído no divã da sua graça, na tentativa de arrancar espinhos de sua alma ferida e esbagaçada. O Deus da dor é o Deus da mão balsâmica, que toca as chagas do leproso, para assim poder dizer: quero, fica limpo. O Deus da dor valoriza o humano das regiões de Gadara, o gadareno, aquele que portava seis mil psiquismos demoníacos, fazendo dele um agente de cura e graça para os seus.

Nessa perspectiva, o Deus da dor, por assim dizer, vitimado pela infeliz teodicéia, nos faz lembrar da dor de Deus, pois o mesmo converte-se historicamente no homem de dores e que sabe o que é padecer. Olhado por todos como alguém sem aparência nem formosura, foi rejeitado e o mais desprezado entre os homens.  A dor de Deus chegou ao ponto do esvaziamento, onde ele, mesmo sendo Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus, antes a si mesmo se humilhou, assumindo a forma de homem, fazendo o papel de servo e tendo na cruz morte vicária e substitutiva.

Assim, a dor de Deus nos remete à desgraçada dor que nós mesmos sentimos, enquanto habitantes desse vale de lágrimas, dessa depressão escura que temos que atravessar, enquanto esperamos a misericórdia e o livramento daquele que sentiu a nossa dor e morreu a nossa morte. O Deus da dor vira a dor de Deus, quando entendemos que ele nos deita nos colchões da graça e nos afofa o travesseiro, ao passarmos pela dor, pelo trágico e pela estranheza de um universo frio, mudo e assustador.

Eram três horas da madrugada. Levantei, percebi a dor do mundo, abri a janela e fiz um poema para o Deus que nos deita, não raramente, em seu divã…

*Advogado, poeta, historiador, professor de filosofia e membro da Academia Roraimense de Letras

 [email protected] tel. 99144-9150

ENFIZEMA 

 

“Um coração alegre é um bom remédio, mas um espírito abatido seca os ossos” (Provérbios 17:22). 

                                                                             

O enfisema pulmonar é uma doença respiratória e ocorre porque os pulmões perdem a elasticidade devido à exposição a poluentes como, por exemplo, tabaco. Essa doença não tem cura e provoca a destruição dos alvéolos, os quais são pequenos sacos existentes dentro dos pulmões e não tem cura. 

Os alvéolos são responsáveis pela troca gasosa, a qual se processa em nosso organismo toda vez que inspiramos Oxigênio/O2 e expiramos o gás Carbônico/CO2. Eles possuem o formato de pequenos sacos com paredes muito finas onde o gás oxigênio do ar inspirado difunde-se para os capilares sanguíneos e penetra nas hemácias e lá se combina com a hemoglobina. Já o gás carbônico/CO2 é liberado para o ar. Este processo recebe o nome de hematose.  

Os sintomas, dessa doença, surgem quando os alvéolos são destruídos e devido ao fato, causa a sensação constante de falta de ar, chiado no peito, tosse persistente, dor, cansaço extremo, dedos das mãos e pés azulados, secreção catarral, falta de ar e a pessoa fica se tornando cada vez mais vulnerável à infecção pulmonar. 

No início a falta de ar surge somente quando o paciente faz muito esforço, porém à medida que a doença piora, a falta de ar pode surgir até durante o repouso. É comum surgir ao longo do tempo cansaço ao subir escadas ou fazer uma caminhada, incapacidade para fazer atividades diárias, como tomar banho, caminhar pela casa, falta de apetite, perda de peso, depressão, dificuldade para dormir e diminuição da libido.  

O enfisema costuma surgir mais em fumantes e/ou expostas a muita fumaça como, por exemplo, em minas de carvão, pois essa fumaça é muito prejudicial ao tecido pulmonar e é por isso que quem trabalha exposto a fumaças tem que usar equipamentos de prevenção individual/EPI e quanto a empresa ela  precisa instalar equipamentos de proteção coletiva. Devido a todos esses problemas, o qual ocorre devido o enfisema, aos primeiros sinais o paciente deve procurar um médico pneumologista para se tratar com urgência. 

 

Marlene de Andrade 

Médica formada pela UFF 

Título em Medicina do Trabalho/ANANT 

Perita em Tráfego/ABRAMET 

Perita em Perícias Médicas/Fundação UNIMED 

Especialização em Educação em Saúde Pública/UNAERP 

Técnica de Segurança do Trabalho/SENAI-IEL 

CRM-RR 339 RQE 341 

 

 

A gente sempre quebra a cara

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Já gritei e pulei de tanta felicidade, já vivi de amor e fiz juras eternas, “quebrei a cara” muitas vezes”. (Charlies Chaplin)

Quem de nós já não fez uma besteira pelo menos uma vez na vida? Todos nós erramos. E se não fosse assim não aprenderíamos. O erro sempre vem fantasiado de acerto. Afinal somos todos tolos dentro do nosso nível de evolução. Estou apostando que você já fez alguma coisa que fez você pensar e dizer: nossa, que besteira que eu fiz. Mas por maior que seja a tolice que você chamou de besteira, sorria. Afinal de contas você percebeu o erro, e se percebeu não o repetirá no futuro. O que indica que você aprendeu com o erro. Vamos sempre em frente. Quem anda para trás é caranguejo.

Não sei se você já percebeu, mas na medida em que vamos envelhecendo nossa cara vai mudando. E, com certeza, na medida em que ela vai mudando vai ficando mais difícil de entendermos que ela só muda porque foi quebrada. E continuamos quebrando a coitadinha, e botamos a culpa pela mudança, sempre no tempo. Que é quando mais uma vez quebramos a cara. O tempo não tem nada a ver com as rugas que vêm do quebra-quebra. E não vá cair na esparrela de querer mudar as coisas. Porque se você mudar seu vizinho não mudará só porque você mudou.

Debulhando esse papo sem graça, lembrei-me do caso que ouvi alguém contar. Foi o caso do caipira que matou um homem com um tiro de espingarda. O matuto foi preso em flagrante. E na delegacia, feita a ocorrência, ele falou para o delegado:

– Dotô… num foi eu qui matô o cara, dotô!

O delegado não lhe deu a mínima atenção. Terminado o processo, o caipira tornou a falar:

– Mais dotô, eu já falei pro sinhô, num foi eu qui matou o cara, dotô.

Já irritado o delegado falou categórico:

– Tudo bem! Você foi preso em flagrante e quer pôr a culpa no policial que o prendeu. Pensa que eu sou tolo, é isso? Então, se não foi você, quem foi que matou o cidadão?

E sem pestanejar, o matuto falou:

– Num foi eu qui matou o ome, dotô: foi a bala!

Simples pra dedéu. O erro pode vir do pensamento nivelado com o desenvolvimento mental. Pode até ser que muitos criminosos que são apresentados pela mídia, no nosso dia a dia, estejam pensando como o caipira que acha que quem matou a vítima foi a bala e não ele. Vamos avançar um pouco mais na nossa evolução racional. Sabemos que ainda iremos ir e vir por séculos e séculos. Mas isso não quer dizer que devemos continuar sendo o que pensamos que somos, sem ser. Vamos levar a vida na brincadeira, mas com responsabilidade. E inicie isso no seu lar, educado e orientando seu filho, mas não o dirigindo. Pense nisso.

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