Opinião

Opinião 27/06/2023

A (difícil) arte de ficar sozinho.

Passar tempo sozinho, com sigo mesmo, pode causar medo em muita gente, o que é compreensível. Somos seres sociáveis, gostamos de estar cercado de gente. A pandemia do coronavírus provou isso. Por causa do isolamento imposto pelas medidas sanitárias, aumentou muito o número de pessoas depressivas. Ao mesmo tempo, a diferença entre momentos de solitude e solidão é muitas vezes incompreendida.

Um estudo acadêmico mostrou que solitude – o tempo que passamos sozinhos, sem interagir com outras pessoas faz bem para a saúde mental. Uma pesquisa publicada há mais de dez anos e, até aquele momento, as descobertas relacionadas ao tempo que os jovens passavam sozinhos sugeriam que eles frequentemente se sentiam para baixo. Novas pesquisas apontam resultados diferentes. Ficar só, por alguns momentos, é benéfico para a saúde mental.

Nas redes sociais, na televisão ou nas músicas que ouvimos, normalmente imaginamos a felicidade como euforia, entusiasmo e animação. A partir dessa perspectiva, a solitude é muitas vezes confundida com a solidão.

Pesquisadores definem a solidão como um sentimento de angústia que sentimos quando não temos, ou não somos capazes de obter, os tipos de conexões ou relacionamentos sociais que desejamos. A solitude é diferente.

Embora as definições de solitude das pessoas possam variar, o que é interessante é que, para muitos, ser solitário não significa necessariamente que não há mais ninguém por perto.

Em vez disso, muita gente pode sentir – e de fato sente – solidão em espaços públicos, seja sentada em um café movimentado tomando uma xícara de chá ou lendo um livro em um parque. Ou ao lado do cônjuge, em um relacionamento longevo. Quantas pessoas que conhecemos estão só, mesmo dividindo a cama? Pesquisas recentes mostram o número crescentes de casais que se separam após 40, 50 anos de convivência, pois se sentem só morando sob o mesmo teto.

Hoje, sabe-se que reservar um tempo para si mesmo pode ter um impacto positivo no seu humor diário.

Todos nós já tivemos dias em que há problemas no trabalho, quando as coisas não saem como o esperado ou quando assumimos muita responsabilidade e nos sentimos sobrecarregados.

Estudos mostram que reservar um tempo para si mesmo, um momento de solitude, pode te ajudar a lidar com essas situações.

Estudos publicados na revista The Lancet, no Reino Unido, mostraram uma série de experimentos, alguns muito simples como sentar em silêncio consigo mesmos. Em alguns estudos, as mochilas e dispositivos dos estudantes foram retirados que ficassem sentados apenas com seus pensamentos; em outras ocasiões, os alunos ficaram na sala com livros ou celulares.

Depois de apenas 15 minutos sozinhos, descobri-se que quaisquer emoções fortes que os participantes pudessem estar sentindo, como ansiedade ou euforia, diminuíram. Conclusão: que a solitude tem a capacidade de reduzir os níveis de excitação das pessoas, o que significa que pode ser útil em situações em que nos sentimos frustrados, agitados ou com raiva.

Muita gente poderia presumir que apenas os introvertidos apreciariam a solitude. Embora seja verdade que os introvertidos podem preferir ficar sozinhos, eles não são as únicas pessoas que podem colher os benefícios da solitude.

Pesquisa realizada com mais de 18 mil adultos em todo o mundo, mais da metade votou na solitude como uma das principais atividades que pratica para descansar. Portanto, se você é extrovertido, não deixe que isso te impeça de reservar um tempo para a solitude para desacelerar.

A parte desafiadora de passar um tempo sozinho é que, às vezes, pode ser chato e solitário.

Muita gente acha que ficar a sós com seus pensamentos pode ser difícil e prefere ter algo para fazer. De fato, se forçar a sentar e não fazer nada pode fazer com que você ache o tempo sozinho menos agradável. Então você pode preferir fazer algum tipo de atividade durante seu momento de solitude.

No teste foi dado aos participantes a opção de não fazer nada ou passar o tempo separando centenas de lápis em caixas.

Após serem solicitados a ficar sozinhos por dez minutos, a maioria dos participantes optou por separar os lápis.

No entanto, a escolha de fazer a tarefa chata decorre do desejo de se manter ocupado quando outras pessoas não estão por perto para ocupar nosso espaço mental.

Portanto, se você se pegar checando o celular toda vez que tiver alguns momentos de solitude, isso é bastante comum. Muita gente navega no celular para lidar com o estresse e o tédio.

Algumas pessoas também preferem passar o tempo sozinhas fazendo tarefas diárias, como ir ao supermercado, arrumar objetos ou fazer uma caminhada. É um tempo solitário válido.

Provoco voce, caro leitor, amiga leitora: se você chegar em casa e não ter ninguém para dividir o espaço, é solitude ou solidão?

Fico com o ensinamento de Jô Soares: “Eu me basto…a pior solidão, é a solidão acompanhada”.

Luiz Thadeu Nunes e Silva, Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista e viajante: o latino americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes da terra. E-mail: [email protected]

Conduzindo a vida

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Nenhuma vida é tão difícil que não possa se tornar mais fácil pelo modo como for conduzida”. (Ellen Glasgow)

O que é muito claro, e tão claro que encontramos dificuldade em entender. Conduzir a vida é tarefa difícil. Não fosse assim e não estaríamos num processo contínuo de evolução. E é aí que ficamos tontos. A vida pode se tornar mais fácil quando sabemos vivê-la. E para saber viver precisamos estar a par do nosso grau de evolução racional. O que é fácil. Comecemos nos convencendo de que somos todos diferentes. Nenhum de nós é igual a alguém, nem a ninguém. Mas devemos prestar mais atenção a conhecimentos que nos deixam tontos quando não os entendemos. Por exemplo: “Somos todos iguais nas diferenças”.

Comece a pensar nisso, prestando mais atenção a coisas e momentos diferentes entre você e as outras pessoas. E o mais importante é que notadas as diferenças, devemos respeitá-las. O que nos torna iguais na escala superior. Bob Marley já disse: “Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos haverá guerra”. Não seria mais inteligente prestar mais atenção ao olhar da pessoa do que à cor da pele dela? Seu valor, com certeza, não está na cor de sua pele, mas no que você é. E você mostra o que você é, no que você faz. E você nunca fará o melhor aborrecendo-se com a idiotice do idiota que está se incomodando com a cor de sua pele. Porque assim você estará se igualando a ele. Logo você está dando uma de idiota.

Somos todos humano, independentemente do sexo, da cor da pele, ou do formato do cabelo, seja o que for. O importante é que estamos, todos num processo de evolução. Vamos valorizar mais o que realmente somos, para podermos ser o que desejamos e queremos ser. Sempre haverá momentos de nossas vidas que não conseguimos esquecer. E se não podemos, nem temos porque tentar. O que é uma forma de viver a vida aprimorando o atual, com lembranças do passado. Não vamos desperdiçar os momentos de nossas vidas com coisas e pensamentos que não valham a pena. Nunca se aborreça com a inferioridade dos inferiores. Eles estão na deles e você na sua. Você é o que seu vizinho é. Então por que ficar se vizinhando aos tolos?

Somos todos da mesma origem. Mas vivemos fora da origem, num processo de evolução para a recuperação da racionalidade perdida no rolar do desenvolvimento de um mundo onde vivemos tentando voltar. Somos o que somos porque ainda não aprendemos a ser o que devemos ser. “Devemos ser o que não somos, mas sem deixar de ser o que somos”. (Victor Hugo). Porque é entendendo esse pensamento, que procuramos melhorar, sendo nós mesmos. Pense nisso.

[email protected]

99121-1460

** Os textos publicados nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião da FolhaBV