Opinião
Opiniao 16 02 2015 633
Passar pela vida é não viver – Afonso Rodrigues de Oliveira* “Por que alguém não vive? Porque não se concentra no que está fazendo. Por essas pessoas a vida simplesmente passa”. Frequentemente ouvimos as pessoas falarem que é uma furada pensar que está levando a vida. É assim que pensamos quando estamos matando o tempo. Porque, na verdade, é ele que está nos matando. Por isso não vamos perder tempo nos preocupando com ele. O importante é que vivamos a vida dentro do tempo em que ela está. Porque é nele que estamos. Mas chega de filosofar sem a filosofia. Ela não é minha praia. Vamos pôr os pés no chão e caminhar enquanto o tempo passa e nos leva. Você deve estar nadando na euforia carnavalesca. Eu estou. Ontem passei o dia todo consertando uma escultura de um amigo. E como não sou restaurador, o trabalho ficou deixando muito a desejar. E foi aí que me lembrei de que só vivemos realmente quando fazemos bem feito, tudo que fazemos. Há momentos na vida em que tudo o que queremos é que ele não passe. Cada segundo nos parece a eternidade que desconhecemos. Há outros em que um segundo nos parece uma eternidade que não conseguimos viver. Não fosse assim e a vida não seria digna de ser vivida. Então não se aborreça com o que lhe aconteceu ontem à noite. Todos os acontecimentos que vivemos fazem parte da nossa vida. Vivemos uma eterna evolução. E só evoluímos quando vivemos cada momento da vida como ele deve ser vivido. Vá em frente. Nada é mais importante na vida do que a felicidade. E só somos felizes quando sabemos, realmente, cultuar a felicidade. Ainda temos muito que fazer para aprendemos a aproveitar, racionalmente, cada momento da nossa vida. Mas é muito simples, mesmo quando muito difícil. Se prestarmos mais atenção à vida que vivemos, descobriremos que ainda estamos vivendo uma fase primitiva do nosso desenvolvimento. Ainda usamos gasolina para nos locomovermos. Ainda enfrentamos, no nosso dia-a-dia, problemas que foram vividos pelos homens das cavernas. Nunca prestou atenção a isso? Nos dias de descanso depois do cansaço do carnaval, reflita sobre isso. Não se deixe levar pela ilusão da tecnologia. Ela já existiu muito antes de nós. Por que você acha que os cientistas atuais estão sempre descobrindo? E só descobrimos o que já existe. Todos os cientistas de todas as épocas só descobriram. Vamos nos preparar para o próximo dilúvio. Mas até ele acontecer, vamos brincar muitos carnavais. Vamos nos divertir o quanto pudermos. E sempre podemos quando acreditamos que podemos. Divirta-se muito, mas cuidado com você mesmo. Faça o melhor que puder fazer nas brincadeiras. Pense nisso. *Articulista [email protected] 99121-1460 ——————————— As cifras carnavalescas – Tom Zé Albuquerque* Era um tempo de alegria, de inocência. Pessoas dançando, brincando, se fantasiando. Nas ruas, as passeatas se enganchavam a alguns veículos metidos. Nos clubes, grupos de pessoas davam voltas no salão, quando ainda se paquerava, quando ainda havia um cerimonial de aproximação entre pessoas. Era o carnaval, diferentemente do comércio festivo de hoje, que movimenta milhões de reais colocando à margem o real sentido da comemoração. A festa mais popular do Brasil, e grande pilar cultural, não é produto genuinamente brasileiro, ao contrário do que muito se prega. Remonta à antiguidade, especialmente a era romana. Havia desde aquela época o claro interesse de a Igreja atrelar a festa à quaresma, porquanto o próprio nome “carnaval” é oriundo do latim, significando “retirar a carne”, com referência ao jejum tradicional e obrigatório aos fiéis. Na Itália, no período renascentista, o carnaval era curtido nos teatros improvisados; em algumas cidades, já se via os sinais da tradicional festa, com canções próprias a serem utilizadas nos desfiles em carros decorados. No Brasil, ainda na era colonial e por influências portuguesa e francesa, os escravos foram os responsáveis pelas primeiras manifestações carnavalescas, bem antes do surgimento das festas de salão, os afoxés, frevos, maracatus, sambas e marchinhas na sociedade num todo. Mas o carnaval mudou. E muito. É difícil considerarmos hoje essa festa como popular, visto que os camarotes vips se abarrotam de atrizes globais e jogadores bobões à cata de holofotes. O carnaval virou um negócio, envolvendo empresas das mais diversas que se acotovelam em expor sua marca, pagando muito caro aos canais televisivos. Quanto maior exposição, mais valorizado são o passe e o cachê do artista. Não há regras para aparecer na mídia, e a bundalização fica cada vez mais em alta nessa fase carnavalesca. Ah, e o dinheiro público também faz sua parte no financiamento, sob o argumento de “divulgar sua região e cultura”, mesmo que a região padeça de recursos para serviços essenciais. As pessoas que residem próximas às festas carnavalescas ficam encarceradas; as ruas se imundam de urina e fezes, e o poder público raramente dota de estrutura condizente com uma festa desse porte e a população se desdobra para vivenciar incólume esse momento cultural. Há até quem relate com inexplicável furor sobre a modernização do carnaval, como é o caso do professor Waldenyr Caldas, docente da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e pesquisador de áreas como música e manifestações de massa, ao afirmar que a nostalgia e o saudosismo não mais cabem nesse cenário: “O carnaval hoje é um produto da indústria cultural, como o futebol, a telenovela, o shopping center. Não somos nós que queremos isso. É o processo transformacional da sociedade que gera esse tipo de coisa”, diz o professor. Pode-se ser contra desumanidades e injustiças do capitalismo, mas é nele que navega a indústria cultural, e é em torno do capital e da compra e da venda – seja de produtos, ideias, imagens etc. – que giram as coisas. Estranho um posicionamento desse, ainda mais partindo de um professor de arte. De qualquer forma ou jeito, prefiro ser nostálgico e imaginar os tempos que realmente as famílias participavam do carnaval; tempos de matinês para as crianças; momentos dos cordões de rua, as fantasias, o humor desmedido. Hoje, boa parte da sociedade mais se preocupa em se recolher no período carnavalesco para curtir o largo feriado. Lamentável. *Administrador ——————————- Consumo e queda – Rubens Marchioni* A nossa cultura é essencialmente consumista. Em geral, compramos o que não precisamos, com a justificativa de que sem aquele item a nossa felicidade se torna inviável. Para isso, usamos o dinheiro que não temos, comprometendo a segurança financeira do presente e do futuro. O objetivo final é impressionar pessoas que não conhecemos. Não por acaso, o slogan usado por um antigo fabricante de vestuário advertia que “O mundo trata melhor quem se veste bem.” Por fim, estamos certos de que responder a esse impulso é uma decisão que nos coloca mais próximos de sermos o que não somos necessariamente. Ora, o ter e o ser não compartilham o mesmo DNA. A conta não fecha. A comunicação mercadológica sabe muito bem fazer o jogo da conquista. Aciona os nossos medos e vulnerabilidades – solidão, crítica etc. – para torná-los poderosos e fatais. Para isso, apoia-se nos recursos das ciências humanas, muito bem calculados. Antes de ter habilidade no uso de técnicas de criação, os melhores publicitários dominam áreas do conhecimento como Psicologia, Antropologia e Sociologia, apenas para citar alguns exemplos. Tudo feito sob medida, para nós fica apenas a parte mais fácil: cair na armadilha. E depois, salve-se quem puder. *Jornalista, escritor e publicitário ———————————— Camuflando a realidade – Vera Sábio* “Dizem que o nosso país não vai mal porque o povo ainda fazcarnaval”. (P. Zezinho) Tudo é um monte de mentira, tudo é enrolação;estão faltando com a verdade, e enganando a população. Às vezes ficamos naquele dia em que não nos importamos muito coma situação dos outros, com os problemas alheios, com a derrota deninguém…Pois é natural que isto aconteça um dia, dois dias e até algunsdias. O que não é normal é vivermos sempre apáticos ao que ocorreconstantemente em nossa volta. Por vermos todos os produtos subindo exageradamente, a saúde emtotal descaso, as escolas sem condições de ensino, os presos escapando eamedrontando os cidadãos de bem, nossas riquezas naturais sendoroubadas e desviadas sem punição adequadas, etc. São nesses momentos, nos quais estamos vivendo agora, queo espírito de solidariedade humana,sobressai o egoísmo e individualismo de cada um; ondeacontece os melhores resultados de união, comunhão entre todos. O “gigante” acorda, a vaca não deve estar com tuberculosesem que ninguém ouça suas tossidas; valemos mais, somos mais eprecisamos que vejam nosso poder em uma manifestação pacífica para quenossos direitos sejam respeitados. As palavras de um político, seja ele quem for, devem ser honradas; poisquem não for cidadão digno, honrado e sério, não merece nosso voto. A democracia existe para mostrar que a união faz a força, e quemmentiu, trapaceou e desonrou nossa nação, deverá ser punido da mesmaforma que aquele que infringir as leis, sendo preso por isto. Não é o carnaval, as danças, as bebedeiras e qualquer outra folia,que alegra de momento o cidadão, porém no dia seguinte, quando a vidacontinua, nos deixa um gosto amargo da ressaca. O que demonstraboa gestão, as grandes realizações e o uso devido do dinheiro público. Todavia, a manifestação pacífica tem o poder de tirar acamuflagem, perante a realidade caótica pela qual passamos. Esta união nas ruas, onde mostramos nossa indignação, onde nãoficamos calados diante de tanta corrupção e injustiças, é onde exercemos opapel de patriotas responsáveis pelos nossos atos e capazes de voltaratrás, quando formos iludidos por promessas não cumpridas. Isto sim é uma festa com gosto de vitória no dia seguinte, comvárias lembranças, porém com muito mais expectativas em um futuromelhor. Pelo qual estamos dispostos a lutar para que ele aconteça. *Psicóloga, servidora pública, esposa, mãe e cega CRP: 20/04509 99168-7731 [email protected] —————————————- ESPAÇO DO LEITOR BANHEIROS 1 Um morador da avenida Ene Garcez, que pediu para não ser identificado, denunciou a falta de banheiros químicos no Carnaval este ano. “O número de banheiros, tanto os dos restaurantes quanto os químicos, é insuficiente para suprir a necessidade dos brincantes do carnaval. Eu vi apenas três banheiros químicos embaixo das escadas, próximos ao palco Velia Coutinho”, relatou. BANHEIROS 2 O morador disse, também, que os foliões estão urinando na frente das casas e dos prédios públicos nas proximidades, como na rua da delegacia e próximo ao Tribunal de Contas do Estado. “Em outros estados, estão aplicando multas a quem faz esse tipo de coisa. Por isso, cobro que as autoridades tomem alguma providência”, comentou. HIDRELÉTRICAS 1 Sobre o potencial para a construção de quatro hidrelétricas em Roraima, o internauta Rodrigo Colares da Costa comentou: “A hidrelétrica do Rio Cotingo é a única ambiental e economicamente viável para o Estado. A usina no Cotingo teria baixo impacto ambiental por se situar em região serrana; potencial superior à de Tucuruí. O entrave é que está em uma área demarcada. Todas as outras indicadas no mapa vão aumentar a poluição atmosférica em Boa Vista”. HIDRELÉTRICAS 2 Ainda sobre as hidrelétricas, o internauta Carlos Calheiros acredita que a construção de um parque energético é a saída para o desenvolvimento que Roraima tanto espera. “A hidrelétrica, por ser renovável, é a melhor forma de gerar energia elétrica, tendo em vista que temos um grande potencial hídrico, diferenciado dos outros estados. E os excedentes serão negociados com as outras unidades federativas quando da participação no Sistema Interligado Nacional (SIN)”, disse. HIDRELÉTRICAS 3 “(…) Proponho a formação de um grande grupo formado por técnicos, professores, pesquisadores, ribeirinhos e representantes dos poderes públicos para formar o Comitê de Energia Hidrelétrica, discutindo e apontando as propostas para sua viabilidade. Dessa forma, teremos o envolvimento de todos aqueles que desejam que Roraima saia do apagão energético”, comentou.