Opinião
OPINIAO 17 03 2015 743
O homem que apagou a luz* – Walber Aguiar*
…é melhor acender uma vela que maldizer a escuridão…
Confúcio
Era domingo. Um dia de luz, alegria e celebração. De repente, do nada, a escuridão, a tristeza, o medo, a dor, as flores descoloridas. No Mecejana, Franceli fora subitamente privado da visão. Próximo dali, o pequeno Felipe estranhou aquela situação inusitada. Até ali os dois enxergavam. Daquele momento em diante o eletricista do infinito permitiu, por algum motivo, que a luz fosse cortada.
Franceli Alves gritou pela mãe; Felipe chamou por Tana Halu e mandou que ele prendesse o homem que apagou a luz. O artista plástico, condoído com aquela situação, entendeu ser possível juntar os fios da bondade humana, a fim de que o pequeno Felipe fosse operado justamente por aquele que o privara da visão. Pois, por assim dizer, os médicos, com o dom de curar, abririam os olhos do menino e derramariam ali o clarão radiante da vida, o estoante brilho da glória de Deus.
Ora, a teodicéia é uma tentativa de culpar o Eterno por todos os males que existem no mundo. Um argumento ateístico que busca atirar a areia do sofrimento nos olhos do Criador. Dessa forma, há vários tipos de teodicéia. A mais recorrente é aquela que diz que temos que conhecer o mal para valorizarmos o bem. Em última análise, até Deus teria que passar por esse processo. Assim, muitos afirmam que não são culpados pela desobediência do primeiro homem e da primeira mulher, nem pediram pra nascer.
Teodicéias a parte, se a doença entrou por meio de um homem, a cura veio por intermédio de outro. Assim, o Jesus que deu vista aos cegos, continua abrindo os olhos dos vitimados pela escuridão. Há cegos que enxergam mais que os que veem; pois possuem uma ampla e profunda compreensão da vida e da verdade.
Em se entendendo o portador da cura, conseguiremos compreender porque o ser humano ainda tem jeito, ainda é capaz de estender a mão, de se dar e se gastar em prol do outro, numa fabulosa visão de alteridade. Mesmo estando diante da maldade do homem, do amor em extinção, ainda conseguimos captar sinais de graça e de esperança para hoje. Ainda vemos uma pequena lanterna na mão dos que insistem em fazer o bem. Ainda percebemos uma pequena luz bruxuleante ao redor daqueles que se lançam na direção de Deus e do outro. Daí o esforço hercúleo de Tana Halu e de tantos outros que resolveram abraçar o menino Felipe em sua confusa escuridão. Assim, conseguimos recuperar a vista, ainda que parcialmente, do poeta cego da Mecejana, o músico Franceli Alves.
Era domingo. Dia de fazer o bem. Não de cultuar os templos sem vida, mas de pisar no chão da existência junto com o simples e terno carpinteiro de Nazaré.
Se dermos as mãos, formando, no entender de Drummond, um imenso muro de margaridas, a luz pode voltar. Aí, com o coração cheio de alegria, glorificaremos ao “homem” que apagou a luz…
*Advogado, poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras. [email protected]
Espiritual ou carnal? – Marlene de Andrade*
O avivamento da Igreja tem a ver com confissão de pecados, arrependimento, vontade enorme de pregar a Palavra de Deus, estudo constante da Bíblia e entre outras coisas, cumprir o mandamento de Jesus: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.” (Marcos 16: 15).
“Falar em línguas estranhas”, dançar e gritar nos cultos não são sinal de avivamento, pois essa prática não traz convicção e nem arrependimento dos pecados. Jesus e os apóstolos não tinham esse costume. De que adianta falar em línguas estranhas, durante o culto, se ninguém estiver entendendo?
A Bíblia afirma que a Palavra de Deus é viva e eficaz, portanto somente ela produz convicção do pecado e não as “profetadas” que são liberadas por pessoas dentro do culto que nem têm, muitas vezes no dia a dia, intimidade com Deus.
Paulo orienta que se for falar em “línguas estranhas” durante o culto, então que falem somente três pessoas, uma de cada vez e nesse caso, há que ter um intérprete no meio do povo. Infelizmente, as denominações pentecostais e neo-pentecostais não cumprem essa orientação de Paulo.
O batismo com Espírito Santo ocorre no momento em que a pessoa é convertida a Jesus, através de Sua Graça Redentora. E depois se falar em línguas é o sinal de que Deus está batizando alguém com o Espírito Santo, como fica então, o caso dos deficientes auditivos que não falam? Nesse caso, o surdo, não seria batizado pelo Espírito Santo? Claro que no momento de sua conversão, o Espírito Santo o batizará.
A pregação da Palavra de Deus tem que ser chancelada na Sã Doutrina e no idioma local. A Bíblia não declara que alguém deve falar em línguas para ser batizado pelo Espírito Santo. Blá, blá, blá,blá não edifica ninguém. É verdade que todos os apóstolos falaram em línguas, no Pentecostes, mas não em línguas estranhas e sim, por milagre, em línguas estrangeiras, existentes ali no Oriente. Tanto isso é verdade, que as pessoas que ali se encontravam entendiam o que os apóstolos falavam, cada um no seu próprio idioma. Esse milagre ainda pode ocorrer hoje, é claro que pode, e isso se chama dom de línguas estrangeiras.
Se o falar em línguas é sinal de que a pessoa foi batizada pelo Espírito Santo, por que esse “fenômeno de falar em línguas estranhas” começou tanto tempo depois da morte e ressurreição de Jesus, ou seja, na Califórnia, em 1906?
Paulo disse: “…antes quero falar na igreja cinco palavras na minha própria inteligência, para que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em língua desconhecida. Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia, e adultos no entendimento.”(1 Coríntios 14:18-20).
*Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT
https://www.facebook.com/marlene.de.andrade47
Estar no poder – Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Nenhum governo pode ser firme por muito tempo sem uma oposição temível”. (Benjamin Disraele)
E uma oposição temível no significa uma oposição bagunceira. E o que vimos ontem, nas marchas foi oposição. E mesmo afastado dos acontecimentos, aqui em Roraima, devemos ter muita vivência para viver cada momento como mera oposição e não como exigência. Que estamos necessitando de correção no nosso mundo político, estamos. E não iremos conseguir corrigir os defeitos causados pelos nossos defeitos, sem uma oposição politicamente madura. Estamos no mês de março. E foi em março de mil novecentos e sessenta e quatro que fizemos a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”. Lembra-se disso? O resultado foi positivo, mas nem tão edificante. Mudamos, mas não melhoramos. Pagamos um preço altíssimo de vinte e um anos de ditadura e muita desordem mascarada de poder.
Décadas depois da experiência, nem sempre experiente, da época da ditadura, estamos vivendo momentos bem idênticos àqueles. Naquela época, como hoje, não demos nem damos importância aos chamados do Rui Barbosa, na sua indubitável experiência: “Lucram com a desordem, os governos desacreditados”. Vamos tomar cuidado para não nos deixar levar pela ilusão de estarmos lucrando, como sociedade. É muito delicado. Os governos desacreditados sempre lucram com as desordens. Vamos ter muito cuidado para manter em ordem nossos protestos. Já vimos que vários idiotas foram detidos, nas marchas, por estarem conduzindo instrumentos para a desordem. Pena que esses cabeças-de-camarão sejam apenas detidos.
Mas vamos amenizar nosso arrufo. Já andam me criticando porque estou citando muito o Rui Barbosa. Mas ele foi um gênio no mar da política e do direito. Logo, é bom que demos atenção às advertências que ele nos passou através de suas palavras sábias. Ele disse: “Toda autoridade é competente para reconhecer seus erros e repará-los”. Esperamos que nossos políticos, nem todos competentes, tenham aprendido e aprendam a reparar sues próprios erros na política. Mas pelo que estamos vendo, no que sabemos e não sabemos que sabemos, ainda não aprendemos a votar. E enquanto não aprendermos, vamos indo para as ruas reclamar o que não fomos capazes de nos garantir através do nosso poder político através do voto.
Não se esqueça de que nunca seremos um povo realmente democrático enquanto formos obrigados a votar. Não se consegue a liberdade através de leis nem de obrigações. Só quando formos capazes de votar por dever e não por obrigação, não precisaremos ir para as ruas gritar pelos nossos direitos. Pense nisso.
*Articulista
99121-1460
ESPAÇO DO LEITOR
MANIFESTAÇÕES
Sobre as manifestações de domingo, o internauta Abelando Santos enviou o seguinte comentário: “Temos que ser otimistas em relação aos protestos que, desta vez, foram pacíficos em todas as regiões do país, demonstrando um exemplo de civilidade do povo brasileiro que, ao contrário dos que foram organizados em épocas passadas, o foco principal era o descontentamento com a política imposta pelo governo. Mas sempre surge a dúvida nos protestos: estamos protestando para quem tomar providências? Será que serão tomadas? Ou simplesmente ficará somente o registro de um ato popular?”.
CAMBISTAS
A leitora Aline Martins encaminhou o seguinte e-mail: “Não é de hoje que os cambistas oriundos de Manaus vendem livremente ingressos falsificados de shows que são realizados na Capital. Fica um alerta para que a população esteja atenta e só compre ingressos nos postos autorizados. Foi um trabalho ágil que conseguiu impedir que ambos continuassem dando o golpe em outras pessoas. Nos próximos eventos que acontecerem fica o alerta para que seja intensificado este aviso à população pelos organizadores”.
RESPOSTA 1
A Secretaria Estadual de Educação e Desportos (Seed) informou que está finalizando a análise curricular dos candidatos ao processo seletivo que contratará, até o dia 31 de dezembro, 444 professores temporários que suprirão a necessidade das escolas do interior. Em relação à alimentação escolar, afirmou que o processo para a aquisição está na fase final de recursos e devem ser respeitados os prazos determinados em lei. Dos 30 itens que compõem o processo da alimentação escolar, apenas dois tiveram a interposição de recursos e estão sendo analisados.
RESPOSTA 2
A Seed estima que na próxima semana o fornecimento da merenda escolar para todas as escolas começará a ser normalizado. Frisou que está solucionando os entraves para o início do ano letivo em algumas unidades do interior, uma vez que os problemas foram originados na gestão passada e a atual está empenhada em resolver questões pontuais e garantir um ensino de qualidade aos 74 mil alunos da rede pública estadual.