Quando iremos amadurecer – Gláucia Guimarães*Está cada vez mais difícil encontrarmos pessoas maduras, que agem de forma consciente, aceitando aquilo que não podem mudar, respeitando o outro e lutando pelo que se quer de maneira limpa, não fugindo à ética que deve pautar comportamentos e atitudes em sociedade. A maioria de nós parece estacionar lá na adolescência, mantendo uma postura egoísta e mantendo a ideia de que o mundo foi feito para nos servir e de que as pessoas são obrigadas a nos agradar. A reflexão sobre o que estamos fazendo das nossas vidas, sobre a necessidade de mudarmos para escapar da rede de problemas que nos envolve, será a única forma de diminuirmos a carga negativa que nos rodeia.
Aceite o que não dá para ser mudado, entendendo que não conseguirá obter tudo, não ganhará sempre, nem estará com a razão toda vez. Compreenda que jamais será capaz de agradar a todo mundo, que não será querido de forma unânime, que haverá quem deixará de amá-lo. Aprenda a esperar a sua vez de falar, de se expor, de aparecer, de agir. Não atropele as vidas alheias para que a sua sempre fique em destaque. Não fale dos outros pelas costas, não alimente fofocas baseadas em suposições não comprovadas, não acredite no que ouviu comentarem sem ter visto. Afastar-se da maldade nos mantém em segurança, longe de problemas, impedindo-nos de magoar sem razão, de maldizer sem fundamento, de perder o que é vital em nossas vidas. Tentar alcançar a paz sem enxergar nada nem ninguém à frente, somente servirá para nos desviarmos de toda felicidade plena que Deus, o autor da vida nos reserva.É preciso maturidade para aceitar o que não pode ser mudado e continuar firme na luta pela realização de sonhos, sem ferir, sem machucar, sem diminuir ninguém nesse percurso.
*Empresária ——————————————
Realidade virtual na educação superior – Roberto Paes* Até bem pouco tempo, realidade virtual (RV) era aposta para um futuro ainda distante, parte de um ciclo longo de desenvolvimento de conteúdos e tecnologias capazes de promoverem aplicações que simulem ambientes reais – ou modelados à sua semelhança. Obviamente, em um contexto de ebulição tecnológica e antecipação de demandas resultantes dela, o ciclo longo não só se transformou em curto como, em alguns aspectos, deixou de ser ciclo e passou a ser linha de produção.
Vale uma ressalva: diversas outras “realidades” transitam dentro do amplo conceito, como realidade aumentada e misturada. O que permite delimitar o tema deste texto é, no entanto, o nível de engajamento e de sensação de presencialidade que tal tecnologia proporciona. Nesse sentido, estamos falando de aplicações multimídia imersivas, com auxílio de um dispositivo (uma espécie de “óculos”), que replicam um ambiente no qual é simulada a presença física do usuário, como se ele estivera efetivamente inserido naquele cenário.
Se pensarmos nas possibilidades educacionais, estamos diante de uma nova fronteira no que se refere à aplicação de conhecimentos teóricos, isso para ficarmos restritos a esse único aspecto. Afinal, qual seria a possibilidade de um aluno de Engenharia ou de Física realizar uma visita guiada por um reator nuclear de verdade? Se nessa visita ele pudesse interagir com controles, manipular objetos, simular operações, buscar falhas ou perigos na estrutura? Ou de um aluno de biologia estar imerso dentro de um bioma, movimentando-se por ele, observando, recebendo informações quando diante de uma espécie, coletando dados, controlando variáveis climáticas?
É verdade que é possível termos simuladores sofisticados para computadores. Entretanto, a compreensão é fortemente impulsionada pela tridimensionalidade que a imersão possibilita e a experiência é multifacetada, tanto em termos de linguagem quanto de interação. Tudo isso ao alcance de um dispositivo e um aplicativo instalado no smartphone.
Alguns segmentos, em especial de games, vêm buscando produzir conteúdos, ao mesmo passo em que grandes indústrias investem em produção de dispositivos. Não foi à toa que o Facebook adquiriu em 2014 a empresa Oculus VR (criadora de games e, em especial, do dispositivo Oculus Rift), um negócio de dois bilhões de dólares. Alguns jogos usando realidade virtual imersiva são tão realísticos que é normal o usuário gritar, ficar ofegante, suar, cair no chão… Aliás, aplicar gamificação na perspectiva educacional torna ainda mais relevante o conceito.Todos nós educadores temos ciência de que a simples adoção de tecnologia não garante qualquer resultado acadêmico – além da motivação para usar a própria tecnologia. Entretanto, quando combinada com metodologia pertinente, podemos falar em saltos qualitativos, adicionando a eles fortes pitadas de mobilidade, conveniência, inovação e, principalmente, resultados surpreendentes em termos de aprendizagem.
*Diretor de suporte ao ensino da Estácio—————————————–O óbvio ao quadrado – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Gosto de ver um homem orgulhar-se de seu país, mas gosto também de vê-lo viver de tal maneira que seu país se orgulhe igualmente dele”. (Abraham Lincoln)Já falei, aqui, do meu irmão que me disse certa vez, que quando quer se atualizar fica, pelo menos, sessenta dias sem ler jornais nem ver televisão. Analisei bem a fala dele e aprendi pra dedéu, depois que adotei sua filosofia. Tempos atrás, assisti a um jornalista e escritor brasileiro, entrevistando o Caetano Veloso. O jornalista lhe perguntou sobre as diferenças entre os movimentos estudantis atuais, comparando-os com os de 1968 que foram, realmente, uma grande revolução. A resposta do Caetano Veloso foi simplesmente genial:
– “…mas para ser igual tem que ser totalmente diferente”.
Certa vez li, no jornal Folha de São Paulo, uma matéria falando de um movimento para que a justiça eleitoral barre candidatos processados. Cá pra nós, isso não seria o óbvio? Mas pelo que lemos ali, a justiça acha que o candidato só seria barrado se já condenado. Isso me lembrou os portugueses da Vila Maria, da década de cinquenta: “É o óbvio ululante”. Nem precisaria a justiça entrar nessa. É muito bom que estejamos atentos para tais distorções que não sei por que ainda nos engasgam.
Vamos lá, gente. Vamos fazer valer nossa cidadania para que possamos ser cidadãos. Para que nos orgulhemos deste País e para que ele possa se orgulhar de nós e nos respeitar. Mas façamos bem deferente do que fizeram, e fizeram bem, os revoltosos de1968. Os tempos são outros e não precisamos mais pintar as caras nem pedalar nus pela Avenida Paulista. Hoje isso virou pantomima. Vamos agir com maturidade e cidadania. Mesmo que a justiça faça prevalecer o absurdo, faça você a justiça, não votando no cara. Nós não entendemos, porque não olhamos pelo telescópio da justiça. Ela alcança horizontes que não conseguimos alcançar.
Se não vemos não sabemos, e por isso não temos condições de questionar. Mas temos condições, direitos e deveres de cumprir o nosso dever de cidadãos, na clareza da justiça. Se não votarmos nos malfeitores não há como eles nos envergonharem. Sem nosso voto eles não irão para onde só devem ir os honestos. E essa é uma tarefa nossa. Não podemos querer nem exigir que a justiça, ou quem quer que seja, faça por nós o que nós mesmos devemos fazer. Devemos e podemos. Ninguém pode nos impedir de rejeitar os desonestos, combatendo-os com a arma mais poderosa que temos enquanto cidadãos: nosso voto. Quando sabemos usá-lo não precisamos fazer careta para a justiça. Pense nisso.
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