Opinião

Opiniao 17 09 2016 2993

Perdas Financeiras – Flavio Melo Ribeiro*

Durante vinte anos, um empresário acumulou riquezas, mas não desfrutou tanto quanto seus filhos. Estes sim eram ricos: viajaram, hospedaram-se em bons hotéis e pagaram camarote para os amigos nas baladas.

Bem como sua esposa também soube usufruirda riqueza e diferenciou dos anos de privações no início do casamento. Por muitos anos o empresário viveu diferente da sua família, por mais que acumulava, vivia compoucos recursos. Só usufruiu o que construiu porque sua esposa organizava as férias, as festas e os finais de semana quando estava em casa. Seu foco sempre foi o trabalho. E por que viveu assim? Para fugir da pobreza e não para se tornar rico. Assim o fez, seguindo o que escutou na infância:“caso não estudasse ficaria com subemprego”.

Diante dos outros se apresentava mais como o que possui bens do que pela sua pessoa. Ficava inseguro diante de pessoas com mais posses, sentia-se diminuído diante da maior parte dos amigos. Mesmo escutando que ele era uma excelente pessoa e percebendo que as pessoas gostavam dele, não conseguia acreditar e utilizava a riqueza como escudo social. Até que veio uma crise financeira, não conseguiu segurar os negócios e faliu. Foi um golpe tão duro que sua personalidade ruiu e consequentementeperdeu o equilíbrio emocional. A esposa entendeu a situação e procurou consolar o marido, mas ele como empresário sentiu-se fracassado e pessoalmente não se via encarando os amigos sem seu escudo social.

Não aceitou sua nova realidade, a única forma que se via era alicerçado no dinheiro e para salvar sua personalidade quis interromper o seu processo de pobreza e viu no suicídio uma forma de salvar-se. Uma forma equivocada, pois além de não resolver seus problemas, só virá mais à tona o motivo que o levou a cometer esse ato. Mas no desespero essa atitude aparece como alternativa. E infelizmente essa escolha ainda é bastante comum.

Nesse tipo de problema o processo de psicoterapia vai trabalhar a ressignificação do passado, compreendendo como foi sua educação e valores morais que trouxe para tomar as decisões em sua vida e mostrar a importância de construir o seu “Ser” mais do que o “Ter”. A riqueza precisa ser uma consequência da construção saudável do seu Ser e não uma fuga e um escuto contra a pobreza. Dessa forma a psicoterapia possibilitará o paciente tomar um outro ponto de vista sobre sua vida e voltar a construí-la.

*Psicólogo CRP12/00449/ [email protected] (*)————————————–

Como ir bem no Enem: além de saber, saber resolver – Ronaldo Mota*

Este ano o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM completa 18 anos. A maioridade não lhe confere perenidade de forma, ao contrário, há ventos de novas mudanças, as quais são compreensíveis, dado que o exame sofreu alterações essenciais. Nasceu com a finalidade de medir a qualidade do ensino médio, no entanto, a partir do final da década passada, se transformou quase que exclusivamente em teste nacional de admissão ao ensino superior.

O resultado é que hoje o exame abrange anualmente um público de quase oito milhões de candidatos, com interesses concentrados nas mais de 250 mil vagas das universidades públicas e de milhões de outras oportunidades de ingresso no ensino privado. O ingresso na faculdade não é a finalidade única do ensino médio, porém, na ausência de uma base nacional comum curricular, o conteúdo do ENEM findou por se tornar a referência quase única do que é, ou deveria ser, ensinado naquele nível.

O ENEM, progressivamente, adotou uma cobrança cada vez maior de profundidade no domínio de matérias como matemática, física, química, biologia, língua estrangeira, história, geografia e redação. Mesmo assim, o nível de aprendizado em matemática no ensino médio na última avaliação do Sistema de Avaliação da Educação Básica – SAEB atestou retrocesso naquilo que já ia mal. A ênfase do ENEM tem sido mensurar domínio de conteúdo, capacidade de memória e habilidade de responder questões no tempo previsto, funcionando como atestado formal em itens supostos essenciais a ingressantes em cursos superiores.

O drama adicional é que tais elementos estão muito associados à formação típica esperada no século passado, quando um conjunto razoavelmente delimitado de conteúdos, técnicas e procedimentos caracterizava um profissional de ensino superior preparado para atender as demandas da época. Isso mudou, está mudando e mudará ainda muito mais. Caminhamos rapidamente para um novo cenário onde mais relevante do que o que foi aprendido é o desenvolvimento da capacidade de aprender a aprender, com o consequente aumento da consciência do educando sobre como ele aprende.

O mundo contemporâneo apresenta novidades e desafios resultantes do ingresso acelerado em uma sociedade onde a informação está cada vez mais totalmente disponibilizada e instantaneamente acessível. Assim, simplesmente separar os candidatos entre os que sabem e os que não sabem determinados conteúdos torna-se menos relevante do que, simultaneamente, selecionar e induzir talentos aptos a saberem resolver problemas. Saber resolver tem a ver com saber, mas vai além, significando fazer uso das informações para apresentar soluções a desafios.

A capacidade de interpretar e analisar textos, o uso da lógica e do raciocínio crítico e o desenvolvimento de um conjunto de atributos que transcendem o domínio simples de conteúdos ajudarão o candidato a ir bem no ENEM. A resposta a uma questão depende não só de memória e do domínio de conteúdos, mas inclui também capacidade de foco e outras atitudes. Ou seja, estamos medindo, ainda que indiretamente, o nível de amadurecimento da consciência adquirida pelo educando acerca dos mecanismos segundo os quais ele aprende, o quanto ele conhece a si mesmo e faz uso disso. Neste sentido, felizmente, aprendizagem inclui também a habilidade de aprender a aprender em um contexto de educação permanente.

Mesmo que o ENEM, como ele é hoje, vise a, principalmente, selecionar e distinguir entre os que sabem e os que não sabem, há espaços a serem explorados por aqueles que, mais do que saber, se preocupem em saber resolver. Irão bem no ENEM aqueles capazes de explorar as atitudes maduras perante os desafios, o que será fundamental durante o exame e, especialmente, depois dele.

*Reitor da Universidade Estácio de Sá—————————————–

Ruas e casas barulhentas, riscos à audição – Isabela Carvalho*

As pessoas parecem estar a cada dia mais habituadas ao barulho das metrópoles e nem percebem o quanto isso pode afetar a saúde de seus ouvidos. Resultado: a perda auditiva está chegando mais cedo e já afeta indivíduos adultos e mesmo jovens, principalmente aqueles que não desgrudam do fone de ouvido para ouvir música e falar ao celular.

Em certos bairros – onde o nível máximo de ruído permitido é de 55 decibéis no  período diurno e de 50 decibéis à noite –, medições mostram alarmantes 90 decibéis. Nessa intensidade, após quatro horas diárias de exposição ao ruído, podemos ter nossa acuidade auditiva afetada. Quem mora em grandes cidades percebe o quanto incomoda o barulho do trânsito, das buzinas, das sirenes e das britadeiras. Para se ter uma ideia, uma conversa normal entre duas pessoas varia de 45 a 55 decibéis. Já o barulho de uma de uma britadeira chega a 100 decibéis.

O pior é que, dentro de casa, o som alto, muitas vezes, é prática corriqueira, que também pode afetar a capacidade de ouvir, ao longo do tempo. O nível de barulho em nossas casas tem grande impacto. Em muitas residências, o volume da TV, do aparelho de som, do rádio ligado na cozinha são altíssimos, sem falar do barulho proveniente do liquidificador, do aspirador de pó, do secador de cabelos. Quando se utiliza uma furadeira, o ruído atinge 81 decibéis. E o pior é que, se forem ligados ao mesmo tempo, o barulho se torna insuportável.  É importante informar que o nível de ruído do aspirador de pó varia de 70 a 85 decibéis; do liquidificador, de 85 a 93 decibéis e, no caso do secador de cabelo, o ruído pode chegar a 90 decibéis.

Por tudo isso, atenção! A exposição contínua a ruídos superiores a 50 decibéis pode causar perda progressiva da audição. Os primeiros sintomas são em geral dificuldade de ouvir conversar, TV, toque do celular, dentre outros. Infelizmente é comum que a pessoa só procure tratamento quando o caso já está mais grave. Qualquer dano à audição vai se somando ao longo do tempo e os efeitos podem não ser logo sentidos. A exposição frequente ao barulho pode levar, com o tempo, à perda permanente e irreversível da audição.

Se já há suspeitas de problemas para ouvir, o melhor é procurar um otorrinolaringologista, que vai diagnosticar a causa da perda auditiva. Muitas vezes o uso do aparelho auditivo é o tratamento indicado. Cabe então ao fonoaudiólogo a escolha do melhor aparelho, para cada caso específico, e as orientações ao paciente. Atualmente existem diversos modelos de soluções auditivas atrativas, discretas, modelos intraauriculares e retro auriculares com tecnologia ultra moderna e, adequados a diferentes graus de perda auditivas. O uso diário da prótese auditiva é essencial para que o indivíduo resgate os sons da vida, a autoestima e a alegria de viver.

*Fonoaudióloga da Telex Soluções Auditivas, especialista em audiologia—————————————–

Não podemos nem devemos – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Não se pode criar a prosperidade, desencorajando a poupança; fortalecer o fraco, enfraquecendo o forte; ajudar o assalariado, destruindo o patrão; favorecer a fraternidade humana, encorajando a luta de classe”. (Abraham Lincoln)

Não se pode negar que Lincoln foi um batalhador, com uma história notável, na política. Todos nós queiramos ou não, somos políticos. Só ainda não conseguimos medir o grau de nossa importância dentro da política.

Ainda vemos a política como um meio de enriquecimento ilícito, porém fácil e aceitável pelos que não se sabem políticos; que somos nós, humildes e desinformados eleitores. Só quando formos suficientemente educados politicamente, saberemos desempenhar nosso papel, com a importância que ele tem para o nosso desenvolvimento. O que significa que o poder do nosso crescimento está em nós mesmos. No valor que nos damos. É quando entendermos que o político no poder é nosso representante, e não nosso superior. Sua superioridade está na importância que ele deve dar ao cargo que ocupa, com dignidade, e respeito ao cidadão que o elegeu. E só.

Mas não podemos esperar que o político nos respeite enquanto não nos respeitarmos. E não nos respeitamos quando nos deixamos levar pela demagogia explícita de candidatos que nem mesmo sabem respeitar nossa igualdade nas diferenças. Por que ir para as ruas gritar contra o mau político que você mesmo elegeu, porque ele comprou seu voto? Nesse caso é você que não está se respeitando. Quem não se respeita não merece respeito. Quem vende o voto não está se respeitando. E você pode estar vendendo seu voto sem receber dinheiro por ele. Sabia disso?

Quando o candidato o procurar lhe prometendo algo em troca do seu voto, expulse-o. Porque se você aceitar a oferta você estará se igualando a ele. E no futuro não terá direito nenhum de ir para as ruas protestar contra a desonestidade do político que você elegeu em troca de favores. Simples pra dedéu. Valorize-se dando valor ao seu voto. É com ele que você vai melhorar ou piorar a situação do seu Município, do seu Estado ou do seu País. E melhorar ou piorar é escolha sua; logo, você tem o poder que nem imagina ter, mas tem que acreditar nisso. Porque se não acreditar não vai se valorizar e continuará sendo um João-das-couves, marionete de desonestos que usam a política como um meio fácil para a bandidagem. Temos bons políticos no Brasil. Mas eles não saem por aí comprando votos, e por isso não são eleitos. O que significa que nós é que devemos ser bons eleitores para merecermos o voto facultativo. E sem ele não seremos cidadãos. Pense nisso.

*[email protected]