REALIDADE MADRASTA – Vera Sábio*Dizem que o passado deve ser um quadro na parede, mas nunca o móvel principal. Porém esta frase é praticamente inutilizada quando percebemoso presente caótico pelo qual enfrentamos e com ele um futuro sem grandes perspectivas.A realidade madrasta se revela quando a governadora divide os salários dos servidores sem perguntar se eles têm como dividir os filhos, os alugueis, reduzirem os medicamentos e fazerem regime forçado.A visão de prioridade dos nossos governantes sejam eles de quaisquer esferas estão bem distante da realidade da população que ganha um montante pouco para tanta conta e no supetão receberem pela metade. O que nos causa uma revolta imensa e o estresse se duplica, nos sentindo no fundo do poço.Quando fazemos um paralelo entre o que fomos neste Estado e como estamos sendo. A dor da saudade penetra fundo com a mesma angustia do futuro que nos espera, pois não dá apenas para ver um copo pelo meio, não estando pessimista ou otimista e sim sendo realista. Já que sabemos que a diferença está em quanto tempo teremos que segurar este copo.Um copo pelo meio no momento não pesa tanto; mas com o passar do tempo os músculos vão sofrendo a reação, multiplicando seu peso; pois o cansaço proveniente do tempo que o seguramos, nos deixa abatidos e desanimados. Não sendo fácil comer o pão que os outros amassam ou nós mesmo amassamos achando que era algo bom.Assim disse Jesus: “o homem por vezes tem tudo, mas não tem onde descansar, vinde a mim e vos aliviarei.”Deus é realmente brasileiro e está conosco em todas as nossas dificuldades, já que somente com ele podemos superar qualquer crise e continuar. Todavia isso não quer dizer acomodar-se; devemos incomodarmos e fazer além do que fizemos.Precisamos lutar mais, esclarecer, convencer, modificar pensamentos, ensinar e aprender a votar. Identificar o joio do trigo e não ter interesses vogais os quais atrasam nossa evolução.Fé na vida, fé no homem, fé no que virá, nós podemos muito, nós podemos mais… Vamos lá pra ver o que virá…A união continua fazendo a força, é só acreditar e se organizar.*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e [email protected](95) 991687731——————————-
OS INIMIGOS DA PEC DO TETO – Percival Puggina*Outra semana decisiva no Congresso Nacional. Há vinte anos abandonei as disputas eleitorais, convencido de que serviria melhor meu país escrevendo e falando do que buscando eleitores. Mesmo assim, esporadicamente, sou acometido de um desejo descabido de estar em Brasília para certas deliberações como o impeachment de Dilma Rousseff ou, agora, a PEC 241. Felizmente é uma vontade que dá e passa, semelhante àquele impulso de acender um cigarro que acomete ex-fumantes como eu em momentos de estresse. A confissão destes pecadilhos por pensamento vêm à conta da Proposta de Emenda à Constituição mencionada acima e que estabelece teto para os gastos públicos, limitando-os ao reajuste da inflação, por um prazo de 20 anos que poderá ser revisto após 10 anos. Se mesmo com leis de responsabilidade fiscal o gasto público cresce desmedidamente acima da inflação e da arrecadação, somente uma providência rígida e incontornável poderá lhe impor freio. São compreensíveis as reações em contrário. Num país onde 30 dias é longo prazo, falar em 20 anos de ajuste soa como maldição ou sortilégio, principalmente entre aqueles que se acostumaram a gastar jogando a conta para as incertezas do futuro.Acontece que o futuro, ele mesmo, pode ser de risonhas expectativas ou de fatalidades. Pode estar em alguma dobra remota do tempo ou na batida do relógio, como acontece agora com o Brasil, após 13 anos de petismo no poder. O futuro deixou de ser um prego onde, simbolicamente, estavam penduradas nossas promissórias e veio atropelar-nos, também simbolicamente, como um trem andando em nossa direção. Três anos de tombo no PIB e 12 milhões de desempregados depois, a economia brasileira é um hospital de campanha armado à beira do trilho onde estacionamos.Quando o Congresso estabelece a Lei de Diretrizes Orçamentárias, ele define, na forma da Constituição, os limites de gastos dos poderes e do MPU. Como bem argumenta o governo, se o Legislativo pode limitar por lei as despesas da União com seus poderes e instituições, maior legitimidade terá mediante dispositivo constitucional, como estabelece a PEC 241. *Membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org. ———————————Pó de giz – Tom Zé Albuquerque*As comemorações em homenagem ao dia do Professor pipocaram nas redes sociais, desde as mais sérias assim como aquelas que cercadas de humor. Vídeos emocionantes, imagens dramáticas também deram o tom em alusão àquele que, para muitos, é um profissional de relevância na sociedade. Para o país do futebol, da novela, do carnaval e da bunda é esta profissão tão excelsa assim?É comum comparar o tratamento que é dado ao educador nos países desenvolvidos com a forma como se lida com o Professor no Brasil. Geralmente a diferença é abissal, vez que profissional da educação valorizado é consequente de um projeto educacional decente, justo e sólido voltado para médio e longo prazos, algo utópico para o nosso país. A educação no Brasil é tratada há algumas décadas com desdém, com desleixo e de forma irresponsável pelo poder público; com efeito, o Professor, coitado, é relegado à categoria de profissional dispensável, sem importância e de utilidade comezinha.Definitivamente o problema da precariedade da educação brasileira não é a falta de dinheiro, porque recursos têm de sobra; falta, então, planejamento, organização e gerenciamento educacional, sobretudo porque a área não é usualmente conduzida por profissional com conhecimento específico, mas por um ou outro que melhor convier àqueles que se apropriam dessa seara como capitania do poder. Aliás, muito se comenta sobre possível estagnação de investimento em educação; ora, mas com a monta pecuniária destinada ano a ano à educação e continuamos atolados nesse caos educacional, pois, não fará diferença se for mais ou menos recursos destinados.A remuneração de um professor no Brasil chega a ser ridícula, em qualquer grau. Não à toa cada vez menos pessoas se interessam pela área da educação, ao que se leva a acreditar que reside aí uma profissão em declínio. Alie-se a isto, nas escolas públicas, a falta de estrutura, material precário ou inexistente; falta capacitação e não há recursos para atividades de extensão ou pesquisa. Nas Universidades Públicas, até mesmo pequenos reparos patrimoniais estão comprometidos. Recepcionam-se alunos em vestibulares no formato de pizza, num sistema de cotas desumano, causando uma segregação humana só vista no Brasil no século XIX, enquanto fortunas de dinheiro público são destinadas para enriquecer o sistema educacional privado nos programas governamentais demagógicos e eivados de corrupção. O notório e saudoso educador Rubem Alves, certo dia proferiu: “Umberto Eco sugeriu que se criasse uma Faculdade de Irrelevâncias Alternativas. Acho que os professores universitários não o levaram a sério, pensaram que se tratava de uma piada, pois estão por demais enrolados em suas Irrelevâncias Oficiais para acreditar que algo possa existir fora delas”. Há também, nesse campo, os dantescos e nocivos egos inflados, o que contraria a singeleza do ensinar.De qualquer sorte, os professores se impetuam em continuar a lida, mesmo que o Brasil insista em degradá-los. Ensinar é uma dádiva, um incomensurável prazer de provocar perene e infinitamente a transformação social, como defendia ainda Rubem Alves: “Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra”. *Administrador e professor———————————-Viva apenas o hoje – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Para realizar grandes coisas, precisamos viver como se nunca tivéssemos de morrer”. (Ernest Renan)Você já sabe que não há como viver o ontem nem o amanhã. Que, inteligentemente, tanto quanto racionalmente, só vivemos o hoje e o agora. E é agora que você está iniciando seu dia, sua semana, seu mês, e por aí afora. Há coisas simples na vida que se prestássemos mais atenção a elas, elas não fariam mais feliz. Raramente prestamos atenção ao fato de que a única certeza que o ser humano tem da vida é a morte. Começamos a encarar essa verdade quando começamos a amadurecer. E se é assim, por que ficar preocupado com o futuro? E não se preocupar com o futuro não significa relaxar na vida. Ao contrário, devemos fazer o melhor no que fazemos a todo instante. Porque, na verdade, estamos vivendo aquele instante. E tudo que fazemos nele nos garante o futuro. Deu pra sacar? Então viva intensamente, cada momento de sua vida. Não sei se você é religioso, mas isso não importa. O que interessa é que não devemos ignorar a racionalidade. E a racionalidade indica que somos todos donos de nós mesmos. E que vivemos num processo evolutivo, enquanto seres humanos. E isso implica equilíbrio social. Porque quando não agimos com racionalidade, não vivemos socialmente. E somos todos, parte da sociedade em que vivemos. E por isso não devem tirar nosso direito de pensar. Porque somos o que pensamos. E se não tenho direito sobre meus pensamentos, não sou racional. Vamos viver nossas vidas dentro da racionalidade, fazendo tudo que devemos fazer como deve ser feito. Nada complicado.Inicie sua semana com amor e entusiasmo. Nada de ficar remoendo maus acontecimentos passados; nem preocupado com o que possa acontecer no futuro. Viva cada momento hoje como se fosse o último, mas sem neura. Mantenha seus pensamentos sempre no grau positivo. E não se esqueça de que são seus pensamentos que transmitem ao seu subconsciente o que você realmente quer. Logo, pense sempre positivo. Pense e aja como se estivesse trabalhando para a racionalidade. Não permita que ninguém dirija seus pensamentos. Eles são o timão, e você o timoneiro. Tudo que você obtiver na vida será fruto da semente que você plantou com seus pensamentos. Ame-se para ser feliz. Quando estiver se deixando dominar pelos maus pensamentos, pare, reflita, olhe-se no seu espelho interior e veja-se como você realmente é. Não se esquecendo de que você é o que você pensa. Nada nem ninguém têm poder sobre você. Nada. E o segredo está em você acreditar nisso. Porque se não acreditar não acreditará em você mesmo. Pense nisso.*[email protected]———————————-
A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE TÉCNICO – Izabel Sadalla Grispino* O técnico sempre foi visto pela sociedade como uma função menor, menos conceituada e, por isso, desprezada pelas classes sociais mais altas. A frequência ao ensino técnico parecia aos jovens um jogo de cartas marcadas, no qual eles aprendiam, desde cedo, a cultivar um certo ceticismo acerca das perspectivas que esse ensino lhes oferecia. Viam nele um futuro menos promissor.A extinta Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei de n° 5.692/71 promoveu um ressurgimento dos cursos técnicos, que, na realidade, não produziram o efeito esperado. Houve um desvirtuamento da função: as escolas técnicas federais, de equipamento priorizado e de professores com melhores salários que os da rede pública, passaram a ministrar um ensino de qualidade bem superior às das demais escolas públicas e, por isso, serviram de trampolim para a universidade. Na realidade, elas não estavam formando técnicos; a maioria dos alunos as procurava buscando a formação acadêmica de alto nível. Após receberem o diploma de técnico, iam disputar as vagas nas melhores universidades públicas e sempre com sucesso. Um estudo mostrou que entre as 10 escolas secundárias de São Paulo, que melhor preparavam seus alunos para o vestibular, estava a Escola Técnica Federal Paulista.A procura pela parte acadêmica das escolas técnicas as distanciou do mercado de trabalho. O acesso a elas passou a ser através de “vestibulinhos”, nos quais saíam vencedores os alunos provenientes das boas escolas particulares. E, “o dinheiro público investido no que deveria ser um programa de formação de técnicos, dos quais o País desesperadamente necessitava, acabou ajudando a preparar novos profissionais liberais em áreas já saturadas (…). As escolas técnicas federais tornaram-se excelentes escolas acadêmicas, foram capturadas pela classe média-alta e se elitizaram. Deixaram de cumprir sua função original, que era a de preparar mão-de-obra intermediária de bom nível e passaram a formar candidatos para o vestibular a um custo de US$ 4,5 mil por aluno”, diz Cláudio de Moura Castro, considerado o mentor do projeto do MEC para a reforma do ensino médio.* Supervisora de ensino aposentada.