Opinião

Opiniao 17 12 2019 9483

Roraima pede socorro Marlene de Andrade*

 “Pois não menosprezou e nem repudiou o sofrimento do aflito; não escondeu dele o rosto, mas ouviu o seu grito de socorro.” (Salmos 22:24)   Não temos que culpar Bolsonaro e o nosso governador pela desgraça que assola o nosso estado, pois os únicos culpados são os corruptos de nossa nação. O SUS está falido devido unicamente aos desmandos e a roubalheira que se institucionalizou em nosso país.

Para piorar essa situação, em Roraima, a imigração desordenada de venezuelanos é preocupante, visto que os hospitais de nosso estado estão abarrotados de imigrantes adoecidos, trazendo inclusive doenças que já estavam erradicadas no Brasil. Evidentemente, que temos que ajudar nossos semelhantes fronteiriços, vítimas do des-governo ocasionado pela esquerda, mas pagar a conta deles, aí, já é demais.

Algo tem que ser feito e uma delas é o governo venezuelano reembolsar o que o nosso país está gastando com os imigrantes venezuelanos. Por que temos que pagar essa conta e não o governo daquela nação?

Pegando esse gancho, faço o seguinte questionamento: por que inúmeras venezuelanas estão parindo de forma tão exacerbada? Qual é a razão de estarem engravidando tanto em Roraima? Será isso uma estratégia? Fica essa pergunta no ar, pois a maternidade não aguenta mais tantos atendimentos. Se os números de partos de mulheres venezuelanas continuarem aumentando em Roraima, do jeito que vem aumentando, maternidade vai ter que fechar. Ei, DIU existe!

Se tudo isso não fosse o bastante, os trabalhadores da saúde estão adoecendo visto que além das condições de trabalho ser precária, falta tudo nos hospitais e postos de saúde, devido o arrombamento dos cofres públicos, mas tem algo que não falta: estresse devido à sobrecarga de serviço dentro das unidades de saúde.

Outro problemão que Roraima enfrenta é a invasão de prédios públicos e sabe-se lá quem está invadindo esses prédios. Será que é um movimento de esquerda? A Bíblia afirma que tudo tem que ser feito com ordem e decência, mas do jeito que a imigração venezuelana está se apossando desta nossa terra tem se tornado uma desordem total.

Uma boa solução para esse problema é fazer o que Calvino fez com os moradores de rua, em Genebra. Quem quiser saber o que ele fez enquanto foi prefeito daquela cidade, há quase 500 anos, é só pesquisar no “Dr. Google” o que ele ali realizou, pois seu trabalho foi surpreendentemente maravilhoso em prol dos que viviam largados à própria sorte. Hoje, a Suíça é o quê? País de referência internacional, graças a sua organização governamental. Vamos, pois acreditar num Brasil de 1º mundo, pois isso é possível.   *Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT

Trilhas d’água

“A esperança é o pão da fome”. (Perebinha, o filósofo)

Nunca o vi como um gênio. Sempre o percebi como um portador de esperança e imensa força de vontade. Aliás, sua genialidade decorreu e decorre do esforço, da luta diária, do suor do rosto, da perseverança contada em gotas e tomada de grande resignação.

José Barbosa de Souza Júnior, o “Barbosinha”, o Júnior, nascido a 31 de outubro de 1959, também foi confuso como qualquer adolescente. No entanto, cedo perseguiu sua trajetória. Começou pela ciência de Pitágoras de Samos, para quem o universo se resumia a números. Apaixonou-se pela exatidão exacerbada dos algarismos, perdeu-se entre as lacunas e os labirintos da contabilidade, tendo na escola Gonçalves Dias o ponto de partida.

Do lavrado, mergulhou de cabeça na trilha d’água, de Alcides Werq, vendo na Capital manauense o presente e o futuro, a grandeza, a humildade e o denodo de ser, digamos, alguém na vida. Sim, à semelhança do José, de Drummond, saiu de sua cidade menina, Boa Vista, e desembarcou na cidade de Manaus, com seu encontro das águas, sua Zona Franca, seu porto fluvial, edifícios e ruas estreitas. Tantas vezes caminhou pela rua Epaminondas, almoçou no canto dos intelectuais, na casa do estudante, na praça da saudade e na saudade da praça. 

Ali conheceu Pellizzetti, estudante de farmácia, Sandoval, o grande economista, Henrique, um amigo sempre presente e Ederval, que mais profundamente se lançou nas águas caudalosas do ideológico. Um dia, depois de tanto caminhar, ora vazio, ora tomado por uma espécie de plenitude, encontrou um grande tesouro, Idiney Lira (in memorian) gente boa de Deus, uma figura singularíssima que mexeu com suas estruturas afetivas e lhe abençoou com filhos e filhas.

O menino de dona Iolanda (in memorian), aprendeu com a mãe, professora, que a educação é uma espécie de revolução, algo que subverte todo e qualquer sistema excludente e opressor. Por isso caminhou também na trilha jurídica, na mesma ciência que o notável Rui Barbosa e o brilhante advogado Sobral Pinto. 

Do lavrado à imponente capital do Amazonas, ele seguiu. Por esse mergulho existencial e profissional, por essa incontrolável vontade de ser e de servir de exemplo a tantos na vida, é que José Barbosa se tornou um grande homem, uma figura insubstituível… 

*Advogado, Poeta, historiador, professor de filosofia, membro do Conselho Estadual de Cultura e membro da Academia Roraimense de Letras. [email protected]

A JANELA DA NOITE Hudson Romério*

(De onde eu vejo o mundo e me escondo de tudo. De toda palavra gritada, de toda lágrima vertida, de todo amor sofrido)

Não é só do trabalho escravo das crianças dos mundos pobres e das agruras dos miseráveis que minha janela se escandaliza…

Há o silêncio dos pratos vazios daqueles que até a esperança a fome devorou. 

(Pausa) 

Através dela (quimera janela!), vejo meninas que brincam de bonecas em suas humildes casas; e à noite, se vestem de mulheres… se pintam como atrizes de um teatro sem fantasia.

(Um escândalo!) 

Numa noite, vi da minha janela, um lume que incendiou abril!

A fatídica noite não foi contada entre os dias – a morte é o fim para todos!

Na bucólica cidade o corpo ardeu numa fogueira banal… tudo se consumiu!

(Uma pira psicodélica sem sentido!)

E assim, inflamam-se todos os preconceitos, todos os conceitos… todos pré-concebidos-pós-conceitos de nossas (in)diferenças!

No bojo da noite, minha janela (uma zarolha!)… que tateando no escuro chegar ao amanhecer… onde o dia anterior se repete no amanhã, no amanhã… no amanhã…

Da janela (já quase cego do vão absoluto da noite)… ignoro o silêncio, o silêncio, o silêncio…

(Minhas amargas madrugadas!)

É com pesar que observo o peso da história sobre nós, sobre todos que sabem que a noite é só um refúgio, só um interstício para a próxima dia – é fútil a estética humana. Então fecho a janela na noite fria e volto para cama… pratico o gozo solitário que sei que me arremessará no precipício desse nada. 

(Longas amargas madrugadas!)

Deitado na cama, observo a janela, vejo como as horas se arrastam como uma via crúcis! (Minha via sacra noturna)

Nada mais resta dessa paisagem: só folhas secas, ruas tristes, olhares perdidos… todas as vidas arrastadas pela ganância humana. 

Nada mais resta aos olhos! Nada mais resta à vida! A não ser a errante amante que sonho em meus braços todas as noites.

(Amarras das amargas madrugadas!)

A janela é minha tv ao inverso! Vejo tudo de dentro do écran! No sofá, sentada, esta ela: cínica como uma carpideira, a noite… silêncio…

(… amargas madrugadas!)

A sua onisciência traz de volta todas as dores, sua cética presença me olha, mas não vê minha dor, não sabe dos meus sonhos, não conhece o segredo daquela que amei. 

A janela é como um deus (onipresente!). Observa com piedade as pobres criaturas que criou. É paradoxal: é o caminho e ao mesmo tempo a fuga.

(A trilha que se afasta e se aproxima de Deus)

Tudo me perturba… Por que não durmo? Eu sei que é noite… a insônia me mantém alerta a todos os movimentos, a todos os gemidos, a todas as lamúrias e gritos.

A noite é o rio secular que navego da janela – mas sempre são os mesmos fatos, as mesmas promessas, os mesmos amores de antes e de sempre, os mesmos amores…

Do meu leito perturbador, vejo pessoas sendo levadas como um rebanho a lugar nenhum – a noite passa, e eu, assistindo todos elas nessa lenta marcha… todos sorrindo em direção ao matadouro. 

Até o pássaro negro calou-se indignado com sua indiferença. 

(Ela sorri para o tempo, sabe que todo o tempo do mundo é pouco para os amantes). 

De nada adiantou a reincidência do dia, pois é das suas entranhas que ela nasce. 

A janela é infecunda… o gozo a fez calar! Essa desventura foi pouco para uma noite de tantos dias. 

Da janele até quando? Não sei… a dúvida me aniquila.

Quem sabe antes que se fechar…

Que a noite termine,

Que o sono vença a solidão.

*Escritor e Cronista +55(95)99138.1484 [email protected]

Vale a pena, sim

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Qualquer coisa na vida vale a pena, se a alma não é pequena.” (Fernando Pessoa)

Se seu dia está lhe parecendo nebuloso, cuide-se. Mas não vá ficar perdendo tempo pensando no que poderá lhe acontecer de mau. Tudo que puder lhe acontecer deve ser considerado treinamento. Esteja, preparado ou preparada, para o que vier. Porque nada será superior a você, se você não se considerar inferior. E comece por não considerar essa verdade como filosofia de botequim. Quando nos aborrecemos perdemos uma boa dose do viver. Então, por que se aborrecer?

Não sei como está o seu dia, mas o meu está lindão. Lá no Espaço Cultural soa uma musiquinha agradável; na Praça um clima de paz e alegria. Nem o barulho dos carros passando me incomoda. O que importa mesmo é que o dia me seja o dia que devo viver. A dona Salete saiu com o Alexandre e nosso bisneto Felipe, para um passeio pela praia. Preferi ficar batendo esse papo com você. Foi mau gosto? Depende de como você se considera. Estou na minha. Caso eles se atrasem para o almoço e a fome chegar, irei ao encontro deles. Garanto que eles vão pagar um picolé pra mim. Mas enquanto eles não chegam para o almoço vou me divertindo à minha maneira, conversando com você. 

Faça isso, sempre que estiver a fim de estar afim com a vida. Viva os momentos simples do seu dia em cada dia. Não importa quais sejam os acontecimentos desagradáveis. Você é que vai vivê-los. A escolha para a sua felicidade está em você, assim como a força para usá-la. É você quem vai, porque pode, escolher o que lhe convém para sua felicidade. Não perca um minuto sequer do seu dia aborrecendo-se com o que não deve lhe aborrecer. Simples pra dedéu. A escolha é sua e só sua. 

É pena que eu não possa lhe enviar o som que está vindo lá do Espaço Cultural Plínio Marcos. Daqui a pouco irei até lá ver o que está acontecendo. Que evento ocorre. Mas estamos num domingo ensolarado e lindão para uma Ilha com uma praia com extensão de setenta e quatro quilômetros, em linha reta. Vou já encerrar esse papo para ir me encontrar com o pessoal, na praia. Mas devo lembrar: você está lendo esse papo numa terça-feira e eu estou falando num domingo lindão. Mas chega de blá-blá-blá. Vamos cuidar dos afazeres para que no final do dia possamos fazer um balanço do que foi feito e do que ficou para o dia seguinte. Porque para o bem-sucedido é como para o político: o máximo que ele faz é apenas parte do que deve ser feito. 

Orgulhe-se do melhor que você faz hoje, mas não se esqueça de fazer melhor amanhã. Porque é assim que chegamos mais próximo do horizonte que miramos ontem. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460