Opinião
Opiniao 18 04 2015 880
Orquestra desafinada – Rubens Marchioni* Dia desses, conversei com o senhor Charles Darwin. Falávamos sobre a situação em que vivemos, neste século feito de corrupção e desordem generalizada. Ele não teve dúvidas. Passando levemente as mãos nas barbas, que por certo estão de molho, me garantiu: “Na história da humanidade [e dos animais também] aqueles que aprenderam a colaborar e improvisar foram os que prevaleceram.” Se o cientista estiver certo, não sei muito bem para onde caminha a nossa história. Nessa espaçonave chamada Brasil, ninguém é apenas passageiro. Todos estamos no mesmo barco, somos tripulação. Se alguma coisa não der certo, se formos lançados no desfiladeiro por um bando de pilotos malucos, morreremos todos – não fisicamente, mas teremos de comparecer ao velório do nosso futuro. Presidente da República, ministros, partidos políticos e demais envolvidos nesse grande projeto, não falam a mesma língua, quando se trata de planejar e executar ações para a retomada de crescimento do país e a manutenção da paz. Falta orquestração de esforços. Falta plano de voo. Os pilotos se trancam em cabines, dentro das quais não se pode entrar a não ser por meio de alguma violência. Com isso, privamo-nos da correção da rota confusa em que nos encontramos, estancamos o desenvolvimento e construímos a guerra civil. Meio amordaçada, a população também não se engaja, ao menos de maneira orgânica e produtiva. Por conta disso, ela sofre as consequências desse processo. Primeiro, aquelas causadas pela falta de colaboração entre as pessoas que formam o Poder. Depois, o resultado do seu próprio envolvimento, inexpressivo na maioria das vezes. Ou traduzido em ações pontuais, de protesto sem proposta. A conta não fecha. Que se salve ao menos a caixa preta, pra contar a história dessa crônica de uma tragédia anunciada, como diria Nelson Rodrigues. E! *Publicitário, jornalista e escritor. Sócio da Eureka! Assessoria em Comunicação Escrita. Colunista da revista espanhola Brazilcomz, da canadense BrasilNews e da americana BrasilUsa Orlando. Publicou Criatividade e redação. O que é, como se faz; A conquista. Um desafio para você treinar a criatividade enquanto amplia os conhecimentos e Câncer de mama. Vitória de mãos e mentes, este último sob encomenda. – [email protected] – http://rubensmarchioni.wordpress.com —————————————— Alienação parental – Paulo Akiyama* Tenho diariamente ouvido, assistido, lido, ou seja, tomado conhecimento de inúmeras pessoas externando os seus entendimentos sobre o tema alienação parental. Tenho acompanhado grupos de debates na internet, onde pais, avós, tios, se manifestam sobre o que passam dia a dia e os impedimentos de convivência que lhe são imputados. Muitos se declaram vítimas da alienação parental, mas no meu humilde entendimento, afinal sou advogado e não psicólogo, estas crianças alienadas já estão passando pela fase da síndrome da alienação parental, ou seja, os efeitos, a “doença” já instalada naquelas crianças/adolescentes. O que na verdade é alienação parental? Muitos escrevem a respeito e criam uma enorme confusão e conflitos de entendimento entre definição jurídica e psicológica do que é este mal. Em resumo, sem rodeios, a alienação parental é a prática de atos e atitudes de um genitor de forma a programar o comportamento de uma criança/adolescente, de modo a torna-los “inimigos” do outro genitor. Isto é intencional? Sempre é a primeira pergunta. Como ser humano, não é admissível, em sã consciência, acreditar que uma mãe ou um pai tenha a intenção de prejudicar o bom desenvolvimento psicológico de seus filhos, mas, sem dúvidas, tem a intenção de agredir um ao outro, afinal, aquele casamento, união ou namoro, não deu certo e ninguém gosta de perder. Só que, estas pessoas esquecem que suas atitudes estão levando seus filhos à beira de uma doença psicológica que muitas vezes se torna irreversível. Muitos genitores alienados (que sofrem com as consequências da programação psicológica de seus filhos) buscam ajuda junto ao poder judiciário, propondo ações revisionais de guarda entre outras medidas judiciais, de tal modo, a buscar meios de salvar seus filhos que estão sofrendo a alienação parental. Ocorre que nosso judiciário ainda não está muito permeável a estas demandas, muitas vezes, os juízes, atolados de processos, não dão a celeridade processual que os casos merecem. Em muitas decisões, notamos a negativa pura e simples de pedidos de antecipação de tutela, ou de medidas cautelares, visto que, o judiciário não está aparelhado para detectar de forma imediata, se há ou não indícios da prática da alienação parental. Em caso concreto recente, requerido o estudo psicológico com a finalidade de detectar indícios de alienação parental, foi constatado no laudo do psicólogo forense que havia indícios de estar se instalando a prática da alienação parental. Mesmo com esta declaração, a qual teve que ser chamado à atenção de forma contundente em audiência, não houve decisão por parte do magistrado ou do representante do Ministério Público, apenas declarando, mas não registrando, que ele, juiz, não iria tirar a criança da mãe em hipótese alguma e que o representante do Ministério Público assim também entendia. Ora, se o judiciário por meio de seus representantes faz declaração deste porte, o que o jurisdicionado pode esperar? Ao ver seu filho sofrendo alienação parental, em tenra idade, este genitor revolta-se contra o judiciário, enxerga o nosso judiciário como sendo acolhedor daqueles que prejudicam crianças apenas baseando-se em paradigmas extremamente antiquados, quando era declarado que o chefe da família era o provedor de recursos e a matriarca era quem sabia criar filhos. Este representante do judiciário, que negou conhecimento ao laudo psicológico, que se prendeu em apenas um parágrafo para dizer que havia indícios da prática da alienação parental, ou seja, decidiu per si que não importava a alienação parental em detrimento de seu entendimento que quem sabe criar filhos é a mãe. Aquele genitor que entende ser o único que possui a guarda do menor e assim age de forma a negar convivência dos filhos com o outro genitor, na maioria das vezes usando de revanchismo e revolta, não imagina o mal que está praticando aos filhos. Não imagina que o próprio praticante da alienação parental é quem sofrerá para tentar, apenas tentar sem saber se conseguirá salvar seus filhos da Síndrome da Alienação Parental, distúrbio psicológico que somente virá se manifestar após certo período da prática da alienação parental. O Judiciário precisa ser ágil em relação a eventuais indícios da prática da alienação parental. O Jurisdicionado espera decisões que possam evitar o desenvolvimento da síndrome da alienação parental. Para tal, existem remédios jurídicos a serem aplicados, em tutela antecipada ou medidas cautelares, as quais são temporárias e não definitivas. Aplicando-se uma medida acauteladora, de tal forma, permita um estudo psicológico mais profundo das crianças, o judiciário estará agindo em prol da sociedade e do ser humano, evitando assim o desenvolvimento de uma síndrome que todos os psicólogos sabem quão difícil é o tratamento e quão difícil é a readequação deste ser humano, pois se entende que cura não é possível, mas sim a readequação. O dano psicológico foi causado. Os advogados possuem um papel especial nestes casos. Devem encarar processos desta magnitude como sendo processos judiciais que buscam a saúde psicológica de crianças, não se trata de disputa de bens materiais, mas sim do bem maior, filhos. Assim, rogo aos colegas que atuam neste ramo do direito que não veja um processo que trata de alienação parental, como sendo uma batalha judicial, mas sim, um meio de buscar a saúde psicológica de crianças. O momento inicial da alienação parental é crucial para que os pais se ajustem e reconheçam que os atos praticados atingem não um ao outro, mas sim seus filhos. Entendam que buscarem ajuda profissional de psicólogos não é humilhante, mas sim é um meio nobre de demonstrar o amor aos seus filhos. Que os profissionais do direito, ao se depararem com processos que tratem deste assunto, sejam antes de tudo, conciliadores e demonstrem aos seus clientes que não haverá ganhador e sim somente perdedores, pois, pais que prejudicam filhos, são eternos perdedores. O tema alienação parental é tão importante que possui um dia internacional. O próximo dia 25 de Abril é considerado o dia internacional da luta contra a alienação parental. Portanto, genitor que possui guarda ou residência dos seus filhos; pensem muito bem antes de externar opiniões sobre o outro genitor, pensem muito bem antes de inibir seus filhos a conviver com o outro genitor, pensem muito bem ao criar uma situação de impedimento de convivência dos filhos como outro genitor. Não se esqueçam de que, alienar parentalmente é uma constância de atos e atitudes, muitas vezes bobas e sem sentido, mas que plantam sementes de discórdia na memória das crianças, porém, extinguir a síndrome da alienação parental, aí sim saberá o que é dificuldade e sofrimento ao ver seus filhos sofrendo. Genitores alienados, não permitam que se instale a síndrome da alienação parental em seus filhos e assim ficarem inertes. Em um futuro próximo, caso fiquem inertes, participarão do filme da vida e assistirá seus filhos sofrerem muito. Representantes do poder judiciário busquem novos paradigmas, sejam permeáveis aos casos onde se tenham mínimos indícios da prática da alienação parental, cuidem dos jurisdicionados e em especial das crianças que estão sofrendo a prática da alienação, atuem de forma a evitarem o desenvolvimento da síndrome da alienação parental, deem celeridade aos processos que tratam sobre este tema. *Formado em Economia e em Direito 1984, palestrante, autor de artigos, sócio do escritório Akiyama Advogados Associados e atua com ênfase no direito empresarial e direito de família ———————————- De ponto a ponto – Afonso Rodrigues de Oliveira* “Os pontos de cultura são a bolsa-família das identidades, dos valores, dos significados e da imaginação criativa dos que são maioria, mas tinham se tornado minoria silenciosa”. (Emir Sader) No final da década dos oitentas do século passado, os pontos de cultura tiveram um significado importantíssimo para a cultura brasileira. Foram momentos de intensa e imensa atividades culturais. Uma mistura fundida no cadinho da realmente cultura. Os eventos ocorridos em todo o Brasil foram de importância incomensurável para nosso desenvolvimento. Levou às claras o que sufocava na escuridão da ignorância quanto à cultura. Começamos a tirar a grava como símbolo cultural. Misturamos-nos nas alpargatas da simplicidade. Mas, continuamos como um país pouco culto, ainda que não inculto. Houve até restrições mentais dos que deveriam incentivar um dos movimentos mais significantes na mistura cultural. Mas continuamos numa política na qual a cultura não passa de uma atividade secundária. Depois da saída do Ministro Juca Ferreira do Ministério da Cultura, as coisas voltaram ao submundo do que foi o mundo. Os movimentos culturais voltaram às sombras de um passado que deveria ser esquecido. Mas só seria se tivéssemos tido a honra de hastelar a bandeira da cultura. E só com ela poderemos unir-nos como povo civilizado; na civilidade da mistura cultural. E esta está em todos os níveis sociais. Senão não seria cultura; embora os responsáveis por ela não entendam isso. Juca Ferreira voltou à luta. Tomara, e espero, que tenha as oportunidades já tidas de elevar a cultura brasileira ao nível alcançado anteriormente e desprezado pelos nada culturais. “Embarca morena, embarca Molha o pé, mas não molha a meia. Viemos de muito longe Fazer barulho na terra alheia”. Sinto saudade e ausência. Lamento profundamente não ter tido a devida e merecida oportunidade de estar presente ao encontro, ontem, aqui em Boa Vista. Lamento muito, de verdade. Mas não tive como ir. Mas espero que tudo tenha nos dado a esperança de que voltemos às atividades culturais, nas quais tivemos uma oportunidade única, de mostar o quanto ainda necessitamos de nos dar as mãos em novas caminhadas pelos brasis afora. Catarina, Chacon, Silmara, Márcio Sergino e tantos outros com quem tive a honra de participar de grandes encontros culturais, tentando dar minha minúscula colaboração. Minúscula porém mensagem de minha admiração e afeto pelos trabalhos desenvolvidos. Espero que ainda tenhamos a oportunidade de demonstrar, no trablho unido,nosso carinho. Que façamos, cada um, o melhor que pudermos fazer. Pense nisso. *Articulista [email protected] 99121-1460 ———————————– ESPAÇO DO LEITOR RESTAURANTES O servidor público C.M.S. enviou o seguinte comentário: “Não vi nenhuma manifestação em relação à abertura dos restaurantes populares do Governo do Estado e da Prefeitura de Boa Vista, que supriam as famílias de baixa renda com o fornecimento de refeições a preços populares. Lamentável a situação em que se encontra a estrutura do restaurante do governo localizado na Avenida Mário Homem de Melo, que mereceu até comentário do então ministro das Cidades, Patrus Ananias, que classificou os poderes como inoperantes nesta questão”. ENERGIA O morador de Rorainópolis, Luiz Lima, comentou sobre iniciativa da população de Alto Alegre que promoveu o bloqueio da estrada de acesso àquele município, como protesto em relação às péssimas condições no fornecimento de energia. “Em Rorainópolis, vivenciamos os mesmos problemas e por inúmeras vezes já perdi vários equipamentos eletrônicos por conta deste problema. No município, as eletrônicas faturam alto com o conserto de equipamentos, é uma falta de respeito com o consumidor”, protestou. CHUVAS O produtor de hortaliças Marcondes Gonçalves afirmou que, com a chegada das chuvas, é possível que a produção de frutos e hortaliças melhore depois de um dos piores períodos de estiagem desde 1990. “Nós, que produzimos, sentimos como foi difícil este período em que o custo da produção aumentou em mais de 50%, sem contar com o aumento da conta de água que foi inevitável nestes três meses. Agora é contar com a chuva para amenizar este efeito e aproveitar para iniciar um novo plantio”. DROGAS Márcio Guimarães escreveu que tem observado a grande apreensão de droga na Capital e frisou que é necessário fechar o cerco contra a entrada destes entorpecentes nas barreiras localizadas nas duas fronteiras, Venezuela e Guiana. “Apesar do trabalho incansável dos órgãos de segurança no combate à comercialização, por outro lado ficam as barreiras sem nenhuma fiscalização efetiva para impedir a entrada em nossa cidade de todo tipo de droga. É lamentável esta situação”.