A leve iniciativa de construir um futuroÂ- Tom Zé Albuquerque*
Esteve no Brasil, no início deste mês, um dos mais notáveis pensadores da atualidade, o Filósofo francês Gilles Lipovetsky, doutor honoris causa de universidades do Canadá, Bulgária, Portugal, México, Colômbia e Brasil. É respeitadíssimo como um intelectual que explora principalmente temas sobre consumo, modismo e o individualismo.
Suas obras (é autor de best-sellers como O império do efêmero – A moda e seu destino nas sociedades modernas, A era do vazio – Ensaios sobre o individualismo contemporâneo e O crepúsculo do dever – A ética indolor dos novos tempos democráticos) ecoam inteligentemente perante leitores e estudiosos ávidos em entender a atual sociedade e a buscar alternativas que alterem o cenário atual, sobretudo pela busca do ser humano em levar a vida de forma mais leve, sem as amarras históricas construídas por uma tradição atualmente questionável, e sem os dogmas enraizados pelas religiões.
Como lidar com o prazer pelo consumo sem o peso do remorso e o amargor da consciência? Como promovermos a mudança em nosso meio através da ciência e do formato capitalista de agir, mesmo através da competência, meritocracia e alta performance? Como pode o homem se reinventar com valores atualizados contrariando o âmbito tradicional do coitadismo, do pedintismo, da miséria, fome e guerra? Afinal, como lidar com o mundo da leveza, se tudo está aberto, nada é fixo, tudo está por construir? A hipermodernidade mostra isso, prega o filósofo.
O contramodelo instado no século XIX sonhava com o socialismo, uma revolução da dependência. A competitividade, a competição entre povos, a irreversível e crescente globalização serão as máximas deste século, não afastando a busca da leveza da vida através dum espectro da conquista do bem-estar, pela comunicação, tecnologia e acessibilidade. Por isso que Lipovetsky apregoa que a vida de hoje é clivada, ou seja, uma pessoa que leva uma vida turbulenta durante a semana, de intenso stress, pode mudar esse contexto no final desta mesma semana, num súbito. É, pois, uma justaposição de muitas vidas na mesma vida, ao mesmo tempo, com modelos e ideais distintos.
O insigne Filósofo nos alerta para a desconfiança que paira entre nós, seja no colega de trabalho ao lado, seja num familiar querido, seja no político e na política, fruto da falta de lastro educacional. Para ele (e acredito que também para toda pessoa capaz de discernir sobre o óbvio), a justiça, a equidade, isonomia, probidade, cumplicidade e o poderio econômico de um país dependem necessariamente do investimento que se faz na educação. Ocorre que no nosso país tão relevantes fatores parecem ser realidades temerosas e inatingíveis.
“Precisamos formar pessoas que pensem, que criem, que façam o mundo progredir. E não se faz esse progresso com leveza (…) Mesmo na civilização da leveza, nem tudo pode ser leve o tempo todo”. É o que brilhantemente finca Gilles. O paternalismo, a geração de servos sociais, o acorrentamento mental e outras mazelas que geram a passividade que complace de uma nação deve ser extirpada da sociedade. Não há outra saída.
*Administrador
A nação desgovernada – Celso Tracco*
A parada dos caminhoneiros escancarou a fragilidade do sistema político brasileiro e a total falta de senso e de ações coordenadas das autoridades federais, estaduais e municipais em meio à crise que se instalou com a falta de combustíveis.
Já é mais do que sabido que um dos mais graves problemas do Brasil é o inchaço da máquina pública. Políticos eleitos, assessores, altos funcionários do executivo, legislativo e judiciário, funcionários de empresas estatais, federais, estaduais ou municipais, juízes, promotores, procuradores, têm, além de seus altíssimos salários, privilégios sem fim. A lista é enorme: auxílio para moradia, paletó, viagens, combustíveis, escolas para filhos, planos de saúde, pensões nababescas, aposentadorias integrais etc., etc., etc.
Além disso temos a corrupção endêmica, que também ocorre em todos os níveis de governo, e sabemos como é difícil no Brasil que a justiça, para os poderosos, seja feita. Com todo esse caldo em ebulição, a Petrobras adota um sistema de preços, que pode até ser correto para que a empresa gere lucro, mas que é absolutamente danoso para a economia do país. O transporte rodoviário responde por 65% do total de cargas no Brasil, já o transporte de passageiros é majoritariamente rodoviário ou aéreo. Mas é o caminhão que abastece os postos de combustíveis e os aeroportos. Ou seja, a greve de uma semana dos caminhoneiros levou o país ao caos.
Caos que só se agrava com a intervenção dos agentes governamentais, pois eles não atacam de frente o problema: a solução seria a redução da carga tributária com a respectiva redução de despesas e de privilégios da máquina pública. O cidadão brasileiro está cansado de carregar um “elefante” em suas costas, esta paquidérmica máquina pública. O governo mostra a cada instante seu despreparo, sua insensatez, seu descaso com os cidadãos de bem, seus eleitores. Os governantes de Brasília vivem em outro mundo, muito longe do Brasil real. Nós precisamos levar o Brasil real para dentro do Congresso e dos Palácios do governo, assim como os franceses fizeram há 230 anos. Talvez assim nossos governantes criem juízo.
*Economista e autor do livro Às Margens do Ipiranga – a esperança em sobreviver numa sociedade desigual.
No carrossel da vida – Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Saudade é um sentimento que quando não cabe no coração escorrega pelos olhos”. (Bob Marley)
E é tolice confundir saudade com sentimentalismo. A gente só sente saudade quando foi feliz. Mas vamos deixá-la um pouco de lado e vamos mandar uma abração a um amigo e lhe pedir desculpas pela minha falta. Peço minhas desculpas ao amigo e grande escritor, SEBASTIÃO PEREIRA DO NASCIMENTO.
Uma das primeiras amizades que construí ao chegar a Roraima. Sebastião, lamento muito não ter podido estar presente ao lançamento do seu livro. E muito obrigado pelo convite que você me trouxe pessoalmente. Fica aqui minhas desculpas e sei que será um motivo para saudades no futuro. Abração.
Nesse fim de semana assisti a um programa televisivo, pela TV Cultura. Um programa extraordinário que me remeteu aos anos noventa. Era uma homenagem à extraordinária cantora, Elza Soares. Uma apresentação fantástica de orquestra e cantoras excepcionais, no Memorial da América Latina, em São Paulo. Senti saudade dos grandes programas que assisti naquele ambiente extraordinário. Senti saudade, sim. Mas não posso deixar de rir sempre que assisto a uma apresentação da cantora Sandra de Sá. Espalhafatosa e competente, mesmo sem os cabelos daquela época.
Não me lembro em que ano assisti a um programa da Sandra de Sá, no Memorial. E acho até que já falei disso por aqui. Foi divertido pra dedéu. Ela terminou de cantar e fazia um calor terrível. Ela veio até a ribalta, mostrou o vestido molhado de suor e falou ao seu estilo:
– Meu Deus… Eu não sei quando é que eles vão permitir que a gente cante sem roupa, para evitar esse incômodo.
O auditório explodiu em risos
, ela riu e se retirou. Adoro me lembrar desses momentos felizes que nos divertem e faz com que os guardemos na memória para a saudade no futuro.
Não sei se você costuma guardar na memória momentos simples que lhe fizeram feliz naquele momento. Faça isso. A felicidade está sempre dentro de nós. O importante e que estejamos sempre de mente aberta para as coisas simples à nossa volta. E muitas vezes a felicidade está aí, do seu lado, enquanto você está perdendo tempo, catando ervas daninhas no quintal. Busque sempre a felicidade dentro de você. Não desperdice seu tempo com coisas e assuntos desagradáveis. Busque sempre, em você, o que você realmente merece. Não se esqueça de que só colhemos o que plantamos. Então cultive o melhor no jardim da sua mente. É nela que está tudo de que você necessita para ser feliz. Tudo vai depender de você e de mais ninguém. Ninguém, além de você mesmo, tem o poder de fazer você se sentir feliz ou infeliz. Pense nisso.
*Articulista [email protected] 99121-1460