A independência do Brasil, a partir do Rio… – Tom Zé Albuquerque*
Há tempos assistimos o avanço da trágica situação no Estado do Rio de Janeiro. A dura realidade atual foi sendo desenhada aos poucos, mas se agigantando na última década, promovendo a babel carioca.
Neste momento, a antiga capital do Brasil está sob intervenção federal, a partir de duma atitude enérgica do governo central na tentativa de pelo menos se dirimir o caos que se fincou naquele Estado. O modelo político adotado nos últimos anos no Brasil, pelo descaso desmedido, corrupção nos píncaros e desleixo com o futuro da população através de um populismo asqueroso, refletiu diretamente no Rio de Janeiro em face do enraizado vínculo entre a União e o Estado, uma afinidade política com o formato anárquico.
A Anomia brasileira reflete um efeito devastador para qual, desde a década passada, uma facção política no poder se deteve em distorcer, inverter e metralhar (sem trocadilhos) os valores ora constituídos, especialmente de amor à Pátria, respeito sem segregações e cumprimento às normas formais. O exemplo disso é o trato que foi dado aos transgressores da sociedade, onde traficante passou a ser chamado de usuário; bandido nominado de suspeito; e, pasmem, policial classificado como fascista. Enquanto isso, a população de bem do Rio de Janeiro sobrevive em crescente pânico.
Por que será que há pessoas que condenam a intervenção federal? O que leva alguém a ser contrário à luta do Estado contra o Estado paralelo, dominado pelo crime, extorsão, assassinato, tráfico?… observa-se que alguns destes apoiadores do banditismo defendem solidariamente a preservação do vício; outros por ideologia, sob o pueril argumento que “para problema social não se usa força”, nada obstante a situação do Rio de Janeiro ter contornos de guerra civil, distante, pois, de um simples problema. Em ambos os casos, paira ora o desconhecimento ora a cretinice sobre a real função de uma intervenção no país.
O ato de intervir num estado tem amparo na Constituição Federal, tendo como objetivo por termo a grave comprometimento da ordem pública no estado carioca (sobretudo pela incrível declaração, por parte do governador, sobre a perda de controle da segurança); e será regulamentado após submissão ao legislativo federal, hoje. O interventor poderia ter sido um civil, mas como a logística tem feição formatada pelo Exército Brasileiro, por coerência a nomeação se volta a um militar. A intervenção se restringe à segurança pública, cujos demais poderes são preservados.
Estratégias de segurança serão definidas, e como transitar com armamento de fogo (principalmente em punho) é, para os civis de bem, proibido no país, exceto nos casos específicos, crê-se que os AR-15, K-44, AK-47, PKP, SV-98, pecheneg, pistolas, granadas e tantos outros aparatos bélicos que dão alicerce à bandidagem para a tomada do Estado do Rio de Janeiro sejam confiscados.
Os bandidos de hoje eram crianças há 10 ou 15 anos atrás. Nada foi feito para organizar o país. Caso não haja políticas públicas que direcionem as crianças nos dias atuais, já sabemos a agonia e em que circunstâncias estaremos no futuro próximo? O Rio de Janeiro é o retrato fiel do restante do Brasil, só que em proporção avantajada.
*Administrador
Carnaval não é só folia. É, também, voz crítica/ardente – Raimundo Siqueira*
A indignação do povo brasileiro desfilou na apoteose do samba no Rio de Janeiro. Enganou-se profundamente quem imaginou que o carnaval seria uma válvula de escape para esquecer a crise política e moral. Muito pelo contrário, os compositores não deram trégua e expuseram, de forma contundente, nossos problemas sociais, como corrupção, desigualdade e intolerâncias religiosa, racial e de gênero.
A escola campeã do Rio neste ano, a Beija-Flor, levou à avenida o samba-enredo “Monstro É Aquele Que Não Sabe Amar (Os Filhos Abandonados da Pátria Que Os Pariu)”, uma crítica à monstruosa corrupção que assola o país e as consequências desse câncer social. O carro alegórico, simbolizando o prédio da Petrobrás que se transforma, aos poucos, numa favela, é o retrato do que o desvio de verbas públicas pode causar: a pobreza estampada na falta de acesso à educação, segurança e saúde de qualidade, principal alicerce de uma sociedade.
A agremiação traçou um paralelo entre o Dr. Frankenstein, criador do monstro, e o Brasil monstruoso da corrupção, responsável por todas as mazelas sociais, dando voz, dessa maneira, a milhões de brasileiros que gritam de dor e pedem socorro. “Oh pátria amada, por onde andarás? Seus filhos já não aguentam mais!”, é um dos versos do samba-enredo, que mais parece um hino de resistência.
A vice-campeã deste ano foi a escola Paraíso do Tuiuti, com o samba-enredo “Meu Deus, Meu Deus, Está Extinta a Escravidão?”, que abordou temas entre os quais estava a reforma trabalhista aprovada pelo Congresso Nacional em 2017. Nos versos e nas alegorias fica evidente a crítica às medidas adotadas pelo presidente Michel Temer, no sentido de reeditar uma escravidão, quando se relaciona reforma trabalhista com a perda dos direitos trabalhistas na atualidade.
Além desse tema, a escola expõe ainda um carro alegórico com a presença de um vampiro presidente, cercado de dinheiro, demonstrando também os seus atos ilícitos de corrupção flagrante. A ideia é mostrar um povo refém da corrupção, que ainda convive com políticos cheios de mordomias, responsáveis por tirar os direitos dos menos favorecidos, mas incapazes de mexer nos seus privilégios.
Já a 5ª colocada no carnaval carioca, Estação Primeira de Mangueira, cantou na Marquês de Sapucaí o samba-enredo “Com Dinheiro Ou Sem Dinheiro, Eu Brinco”, criticando o corte de verbas promovido pelo atual prefeito da cidade maravilhosa, o bispo licenciado Marcelo Crivella. Em um dos trechos, o compositor ressalta: “Eu sou Mangueira meu senhor, não me leve a mal / Pecado é não brincar o carnaval!”.
Como se vê, carnaval não é apenas momento para extravasar alegria, mas, também, de denúncia, de crítica social através da arte.
Finalizo esta análise com os versos do saudoso Jamelão: “Samba / O teu ritmo que te torna ainda mais ardente /Quando vem da alma de nossa gente”.
*Jornalista e bacharel em Direito
Fraternidade e superação da violência – Ranior Almeida*
Este título é o tema da Campanha da Fraternidade 2018, tendo como lema: “Em Cristo somos todos irmãos (Mt 23,8)”.
Na última quarta-feira (de cinzas) houve a abertura oficial da Campanha nas comunidades católicas de todo o Brasil. Anualmente a Campanha reflete sobre algum tema como, por exemplo, o do ano passado foi: “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” e o lema “Cultivar e guardar a criação (Gn 2.15).”
A Campanha da Fraternidade sempre começa na quarta-feira de cinzas e acontece durante o ano todo! Algumas pessoas acham que ela termina depois da Páscoa, mas não, ela dura até o fim do ano, junto com o Ano Litúrgico, onde são desenvolvidas diversas atividades pastorais. É trabalhada, debatida e refletida com a comunidade, dentre eles: Cartazes, desenhos, músicas, texto-base, textos voltados para cada pastoral.
O tema deste ano foi aprovado numa reunião do Conselho Episcopal Pastoral (CONSEP) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), aconteceu em setembro de 2017. Na ocasião o Bispo Dom Leonardo ressaltou que: “a violência está presente em vários segmentos da sociedade. Seja na rua, dentro de casa, pela condição social, pelo gênero, nos meios de comunicação e até na intolerância das palavras. Toda violência exclui, toda violência mata”.
Como é acertável por parte das Comunidades Católicas em refletir este tema (CF 2018) num país em que os índices de violência só aumentam cada minuto que passa. É possível encontrar vários elementos que ilustram os vários tipos de violência vividos pelo povo.
Vejamos a realidade local, a tríplice fronteira entre Brasil, Guiana e Venezuela que era pra estar na mídia, a boa relação diplomática ou por alguma atividade que propicie o bem-estar e a paz, como já foi até tema de festa junina: “Arraial das três Nações”, mas não. Aparece negativamente como acontecido há duas semanas em que um guianense ateou fogo numa família de venezuelanos em território brasileiro. Como é que pode isso?
Portanto, que possamos pensar nos nossos atos a respeito de qualquer tipo de intolerância, em que a tendência é se perpetuar principalmente com essa nova configuração que está em movimento em Roraima (crise venezuelana). Que deixemos de lado a visão separatista: “ah se fossemos nós? E o mau tratamento que eles já deram para os brasileiros no país deles”, é justamente aí que temos que mostrar que somos uma pátria acolhedora que sabe dar um tratamento digno ao coirmão.
*Licenciado em Sociologia – UERR, Bacharel em Ciências Sociais – [email protected]
Lidere como líder – Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Estar no poder é como ser uma dama. Se você precisar dizer às pessoas quem é, você não é”. (Margareth Thatcher).
Até recentemente, as empresas costumavam nomear seus líderes. Um líder geralmente era escolhido pela sua capacidade de mandar, dar ordens, gritar, e por aí afora. Quanto mais forte ele fosse, melhor. Com o desenvolvimento atual e a exigência cada vez maior de lideranças, aprendemos que liderar não é mandar, é ter capacidade de capacitar pessoas; de formar líderes. De descobrir as capacidades sempre ocultas porque não observadas. Eisenhower já nos disse: “Motivação é a arte de levar pessoas a fazerem o que você quer que elas façam por vontade delas.” Um dos maiores responsáveis pelo desemprego, na atualidade é a falta de capacitação. Ainda vivemos o equívoco de que uma vez no emprego, acabou problema. Na medida em que vamos subindo na escada do sucesso, vamo-nos acomodando e perdendo a capacidade de progredir. Chega um momento em que já não satisfazemos mais no que fazemos. E é aí que a empresa sente a necessidade de nos substituir por alguém mais atualizado.
Capacite-se. Atualize-se para poder acompanhar os passos do desenvolvimento. Só com a atualização você poderá se tornar um líder. Aprenda a ser você mesmo. Aprenda a viver com as outras pessoas numa convivência sadia, simpática, produtiva. Nunca se deixe embriagar pelo orgulho vazio e inócuo. Se tiver que se orgulhar, orgulhe-se de sua capacidade de entender o quanto você é importante. E mais do que se saber importante, é saber dar importância às pessoas que compõem seu grupo de trabalho. É entre elas que você vai se sobressair, se souber se valorizar. E quem se valoriza, valoriza os que são o espelho no qual ele vai se mirar.
Um líder jamais exige a subordinação de alguém. Ele nunca sente a necessidade de dizer para alguém do seu grupo, que o líder ali é ele. No dia em que ele sentir essa necessidade, sua condição de líder estará indo para o brejo. Não julgue sua importância pelo cargo que você ocupa, e sim por você ter merecido ocupá-lo. Dê o bom exemplo para que os que convivem com você sintam a necessidade de crescer com você. Ajude-os a subir os degraus da escada. Respeite-os para que eles vejam em você um líder e não um chefe. Como líder, eles o respeitarão muito mais. E o respeito é muito mais valioso do que a obediência. Faça com que eles façam o que você quer que eles façam porque eles querem fazer. É assim que se dirige com liderança.
Não é seu cargo, ou seu posto, que vai fazer de você uma pessoa importante. É sua importância que lhe dá o posto ou o cargo. Pense nisso.
*[email protected] 99121-1460