Opinião

Opiniao 19 06 2019 8411

A CASA DE VIDRO –  Wender de Souza Ciricio

A televisão brasileira tem uma mania, um hábito e um costume de falar da vida alheia. Existem programas que gastam horas mostrando e falando da vida de famosos. Seguem um artista mesmo quando o dito cujo entra numa farmácia para comprar dipirona. Essa compra, mesmo que tão banal, ganha contornos dramáticos e enigmáticos. Uma dipirona nas mãos de um famoso vira alvo de especulação e comentário de horas e horas num programa de fofoca. Para esses especuladores da vida alheia a dipirona comprada pelo astro pode, num comentário sem nexo, ser para aliviar a dor causada por um divórcio que irá acontecer, mesmo que o artista ainda não tenha se casado.

Famosos moram em casas de vidro. Casa desse tipo deixa a vida exposta, escancarada e transponível. Mas não são apenas famosos que moram em casas de vidro. Muitas pessoas vivem em casas de vidro. Uma grande maioria perdeu a privacidade. Não caminham sem serem torpedeados por comentários maldosos e felinos.

Muitas casas de vidro estão trincando porque têm recebido muitas pedradas. São pedras atiradas por pessoas viciadas em querer ver outros se afundando na vida. Na casa de vidro seus moradores recebem críticas injustas, são observados em cada passo que dão e acabam sendo diminuídos pelas línguas perversas e torpes. 

Os atiradores de pedra são tóxicos, covardes e impiedosos. Não poupam em nada a vida alheia. Atropelam o caráter do outro sem tirar o cisco que está em seus próprios olhos. Focam na vida do outro e por trás dessa vida camuflam a si mesmos, imaginando ser o que não são. Ficam de olhos nas casas de vidro para encontrar elementos e recursos para ofender, denegrir, se agigantar e alimentar seus egos inflados e soberbos. É cômodo e parece heroico apontar o dedo em direção do outro. Saibam os que moram na casa de vidro, que muitos outros querem destruir essas casas usando a língua e maldade cravada em seus corações. Na terra dos corrompidos esse procedimento malévolo irá sempre acontecer, infelizmente.

Para você que mora na casa de vidro e que perdeu sua privacidade, que teve sua dignidade arranhada injustamente e que não pode se defender de comentários avassaladores e perversos, descanse. Não tente adiantar as coisas, pois o tempo de encarregará de tratar caso por caso. Tentar encaixar o amanhã no dia de hoje aumentará a angústia e o estresse causado. Não se renda à ansiedade. E se sua auto estima está em baixa, lembre que seu acusador não tem méritos e virtudes para receber o trunfo de ver você triste e derrotado, pois afinal ele é um traste e a derrota está não em você, mas no caráter deformado de seu acusador. Não dê ao covarde e melindroso o gostinho de te ver derrotado para ele dizer: “está vendo, eu não disse”. E mais, Deus o gigante e inigualável Deus te ama, isso é suficiente, Ele cuida e no tempo certo seu coração será aquecido, até mesmo sem que o acusador sofra penalidades. Levante a cabeça e não deixe as pedradas destruirem sua casa de vidro.

*Psicopedagogo, historiador e teólogo [email protected]

“UM MERO ABORRECIMENTO” – Dolane Patrícia

O Direito do Consumidor é teoricamente fascinante. É defendido por Delegacias do Consumidor em todo País e já foi defendido pelo Poder Judiciário durante muito tempo. No entanto, mudanças de entendimento aconteceram nos Tribunais de Justiça do Brasil.

É impressionante porque as mudanças sempre ocorrem de forma a beneficiar as grandes empresas. No Brasil, sempre é o consumidor, ou o trabalhador quem arca com o prejuízo final, também foi assim com a reforma trabalhista, previdenciária…

Não foi diferente a análise do dano moral pleiteado por inúmeros consumidores lesados por empresas de telefonia, bancos, tvs por assinatura e etc. O que já foi motivo de indenização por danos morais, hoje não passa de mero aborrecimento!

Houve um tempo em que ficar meses sem telefone por falha comprovada na prestação de serviço, era caso de danos morais, hoje pode cobrar indevidamente, cancelar seu telefone que tudo não passa de “coisas banais”.

Empresas milionárias realizam contrato com o consumidor, lado mais fraco, hipossuficiente, mas não cumprem os mesmos. Deixam de prestar um serviço adequado, lesam o consumidor, cobram por uma internet que não existe… Mas o entendimento que prevalece hoje é que tudo não passa de questões corriqueiras do dia a dia, para o delírio das empresas!

Para que irão tentar melhorar seus serviços? Se eles continuarem prestando um serviço ruim, não terão mais que indenizar! 

O dano moral perdeu o caráter punitivo na maioria dos tribunais de todo Brasil, foi uma notícia colossal para as grandes empresas que se beneficiam com cobranças indevidas e pouco investimento na melhoria da prestação de serviço.

Tribunais de vários Estados afirmam que os consumidores estão buscando enriquecimento ilícito, quando na verdade quem está enriquecendo ilicitamente são os bancos e as grandes empresas que prestam serviço insatisfatórios à população, além de realizarem cobranças indevidas.

Assim, se oferecem uma internet “banda larga” e o consumidor paga por isso, mas a empresa nunca vai instalar, é considerado um fato corriqueiro, mas, se o consumidor pede dano moral, está se enriquecendo ilicitamente, mesmo se a indenização for de apenas mil ou dois mil reais! Mas, a empresa precisa ter lucro, então que continuem cobrando indevidamente os seus consumidores e prestando um serviço medíocre.

A ideia parece ser desestimular o cidadão brasileiro a entrar na justiça, com decisões absurdas em que só se enxerga o lado das empresas e desprezam completamente o direito do consumidor brasileiro.

Em casos assim, a justiça tem entendido que a empresa nem está tendo que devolver em dobro, em muitos casos, o que se “apropriou indevidamente”. Dano moral? Está cada vez mais escasso, um dia já serviu pra amenizar seu abalo por passar mais de um ano tentando resolver o problema sem sucesso, vendo seu dinheiro sendo incorporado aos lucros das empresa, quando em algumas vezes, nem mesmo do dano material é determinada a devolução e o dano moral é apenas um mero aborrecimento.      

A indenização deve, primeiramente, levar em conta a conduta ilícita praticada pelo Réu e a dor física e moral da vítima, a repercussão do fato vexatório e danoso, a condição financeira das partes envolvidas, considerando o caráter punitivo do dano moral.

Nós, os consumidores brasileiros, podemos apenas vislumbrar o número bilionário de ações ilícitas das empresas que prestam serviços à população, cometidas dia após dia, mês após mês, ano após ano, em um círculo odioso e de completo desprezo e descaso para com o consumidor brasileiro.

Desses milhares de atos ilícitos cometidos diariamente e reiteradamente pelas empresas em face dos consumidores, esses cada vez mais atônitos e impotentes, optou-se por considerar tudo: Um mero aborrecimento!

O “abalo psicológico injusto e desproporcional” caiu por terra!

A indenização pelo dano moral tinha a função dupla de compensar o ofendido pelo constrangimento que passou e de punir o ofensor, para que não repetissem as atitudes ilícitas de descaso com aquele que é considerado hipossuficiente.

Não se trata de uma crítica ao Poder Judiciário Brasileiro, trata-se de uma análise da atual situação do consumidor brasileiro e da relação dano moral x mero aborrecimento. Até porque, é necessário respeitar o princípio do livre convencimento do juiz. 

Mas é necessário também respeitar o princípio da dignidade da pessoa humana.

Vejamos a seguinte situação:

Tal fato é realidade em razão do desestimulo que esse julgamento causa no brasileiro, já que tudo é um mero aborrecimento!< /p>

Com o praticamente fim do dano moral e a comemoração em massa das grandes empresas que prestam um serviço de má qualidade ao consumidor, só resta ao brasileiro esperar…

Esperar que os Tribunais de todo país, que atuam às vezes como uma espécie de advogados de defesa das grandes empresas, entendam que suportar a má qualidade na prestação de serviço e as falhas cometidas pelas empresas das quais somos reféns, não é questão apenas de “um mero aborrecimento”!

*Advogada, Juíza Arbitral, Mestre em Desenvolvimento Regional da Amazônia, pós graduada em Direito Processual Civil. Personalidade da Amazônia e Personalidade Brasileira. Twitter: @DolanePatricia_ #dolanepatricia. Acesse: dolanepatricia.com.br. whats (95)99111-3740

No palco da vida – Afonso Rodrigues de Oliveira

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaio. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.” (Charles Chaplin)

Não estamos apenas assistindo à peça, mas desempenhando o papel. E o que devemos é fazer com que a vida seja realmente uma peça de teatro. E ninguém melhor do que o Charles Chaplin para nos dar esse exemplo. E não precisamos imitar o Chaplin. O importante é que aprendamos com o exemplo que ele nos deixou, e façamos o que devemos fazer, da melhor maneira que pudermos fazer. O Bob Marley também nos mandou esse recado: “Para que levar a vida tão a sério, se a vida é uma alucinante aventura, da qual jamais sairemos vivos.” Dois pensamentos análogos, mesmo na diferença que parece terem. Pra que ficar carrancudo quando deveria sorrir e até rir? Então vamos rir para tornar a vida um palco de divertimentos.

Falo sério. Não perca seu tempo com aborrecimentos. Eles roubam a sua felicidade. Por que aborrecer-se, se você pode rir dos desacertos? E não tome isso como irresponsabilidade. Longe disso. O importante é que levemos a vida como ela deve ser levada. Porque o tempo nos leva e ela fica. Porque vivemos no ir e vir devemos viver o estar. Porque quando voltarmos, voltaremos com outros rumos, e orientações. É nas vindas que vivemos o que não soubemos viver antes de ir. Deu pra sacar?

Então vá refletindo sobre isso. E não leve na brincadeira, mesmo sabendo que não devemos levar a sério o que é uma brincadeira. Mas não devemos levar na brincadeira o que deve ser levado a sério.

Dentro da racionalidade não podemos viver irracionalmente. Mesmo quando somos levados a comparar os comportamentos dos outros com os nosso. Está repetitivo, mas devemos levar em consideração que somos todos iguais nas diferenças. Respeitar as diferenças já é uma demonstração de racionalidade. Você nunca vai ver uma pessoa equilibrada no racional, preocupada com o que não está na racionalidade. E ser racional não é ser religioso ou coisa assim. É ser equilibrado na sua atuação no palco da vida. É saber viver dentro dos princípios básicos do equilíbrio, no desenvolvimento humano. E como seres humanos somos todos aprendizes do Racional.

Refletir sobre a vida não significa tentar seguir caminhos indicados pelos que nem mesmo sabem qual caminho devem tomar. Seja seu próprio timoneiro. Não permita que ninguém dirija sua vida a não ser você mesmo, ou mesma. Mas esteja sempre no palco da vida, vivendo-a com racionalidade. Porque é assim que vivem os seres superiores. Você tem esse poder. É só acreditar. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460