Revivendo – Afonso Rodrigues de Oliveira“Saudade é um sentimento que quando não cabe no coração escorrega pelos olhos”. (Bob Marley)Não vou ter tempo. É domingo. Tenho compromisso firmado pela família. Ela sempre me leva para onde vai. Quem mandou eu cair na tolice de entrar no círculo dos de boa idade? Brincadeira à parte, vamos ao assunto. Daqui a pouco os aviões da Base Aérea estarão roncando sobre Boa Vista. E só o fato de eu saber que eles virão já foi suficiente para me trazer um montão de saudade do passado de pré-adolescência e adolescência, dentro da Base Aérea de Natal, em Parnamirim. Sempre que um monomotor passa roncando sobre minha casa, sinto saudade do N-A e do P-40. Dois aviões que sempre me fascinaram. Eu costumava dizer que o N-A parecia que tinha sido atingido pelos alemães que arrancaram sua tromba; o P-40 tinha a tromba de tubarão. Comentários de pré-adolescente num mundo de guerra.
Quando terminou a guerra, os americanos voltaram para os Estados Unidos. Foram dois anos de preparos para completar a saída e a Força Aérea Brasileira ocupar a Base que era bem mais ampla e confortável. Foi aí que foi criada a Escola de Base, onde estudei por três anos e vivi um dos períodos mais importantes na minha formação adolescente. Ainda há pouco conversei com um amigo e falamos daqueles dias. De minha arenga com o padre que não permitiu que eu fizesse a primeira comunhão porque eu tinha bebido água de coco. Rimos e mandei brasa na conversa. Foi ainda no comando do ainda Major José Vaz da Silva, que o diretor da Escola era o então Capitão-Capelão Pedro Paulo Bezerra da Cunha.
Morávamos em Parnamirim. A Base tinha dois portões; um saía para Natal e outro para Parnamirim. Entravamos por este e ficávamos brincando na quadra de basquete até que o ônibus chegasse para nos levar para a Escola. Foi aí que naquela segunda-feira aconteceu o incidente que me levou a ficar “inimigo” do Capitão-Capelão. Enquanto brincávamos na quadra, acidentalmente meu lápis colocado no bolso da calça rabiscou toda a capa do livro que eu levara, da biblioteca da escola, para ler no fim de semana. A diretora da biblioteca levou-me à presença do Capitão que, como castigo pela minha negligência, proibiu-me de retirar livro da biblioteca a partir daquele dia. Fiquei terrivelmente revoltado. Como era que um diretor de uma escola proibia um estudante de retirar livros da biblioteca só porque ele, acidentalmente, riscou a capa de um livro de coleção, que estava encapado e não foi danificado. Era só trocar a capa que cobria a capa. Tomara que os aviões já comecem a passar pra eu esquecer tudo isso. Pense nisso.*[email protected] —————————————————-Era uma vez um Filósofo e três acordes – Tom Zé Albuquerque*“Sem a música, a vida seria um erro”, dizia o magnânimo Nietzsche. A musicalidade sempre causou grande repercussão na história e, no Brasil, a partir do século XX, com vários vieses musicais foram erguidos. Mas foi na década de 1980 que se provocou uma revolução sem medidas para a ala jovem no país.
Nesse diapasão, uma figura causou grande rebuliço e alavancou diversas referências para a música popular brasileira, através do rock: Renato Russo. No último dia 11, completados 19 anos que ele se foi, seu trabalho é constantemente revigorado, sobretudo pelas ausências de moral e ética brasileiras, e pelo alto grau de alienação do povo brasileiro, que prefere viver às margens do real, se regozijando com notícias superficiais, cujas problemáticas profundas são afastadas propositadamente, ora de forma ativa, ora de forma passiva.
Renato Russo com sua banda, Legião Urbana, instigou milhões de jovens no país a pensarem, a refletirem e não se curvarem às idiotices sociais e ao acovardamento de uma sociedade emburrecida pelas ações politiqueiras cosméticas que enrolam perenemente um povo ensandecido por pão e circo. O vocalista da Legião sofria com isso, não aceitava e não se esquivava em disparar suas letras fartas de criticidade, de sensatez, erguendo frases que ecoarão por séculos. O próprio nascimento da banda foi uma evolução de uma outra sob nome “Aborto Elétrico”, em referência à invasão da polícia à Universidade de Brasília – UNB, por soldados munidos de cassetetes elétricos detonados em estudantes e também nas barrigas de jovens grávidas.
A Legião Urbana mostrava para a sociedade a “Geração Coca-Cola”, com conteúdo racionalmente sedutor: “Desde pequenos nós comemos lixo comercial e industrial. Mas agora chegou a nossa vez, vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês (…) Depois de vinte anos na escola, não é difícil aprender todas as manhas do seu jogo sujo. Não é assim que tem que ser?”. Ou então o hino “Que país é esse?”, que pregava (pasmem, em 1987): “Nas favelas, no Senado, sujeira para todo lado; ninguém respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro da nação… que país é esse? Na morte eu descanso, mas o sangue anda solto manchando os papéis, documentos fiéis ao descanso do patrão. Terceiro mundo se for, piada no exterior… que país é esse?”.
“O homem que não tem a música dentro de si e que não se emociona com um concerto de doces acordes é capaz de traições, de conjuras e de rapinas”, disse Shakespeare. E a música, embora esteja sendo tratada nos últimos anos como objeto comercial ordinário, foi feita para pessoas inteligentes, por isso que tem que ser qualificada. Huxley dizia que “Depois do silêncio, o que mais se aproxima de expressar o inexprimível é a música”, tal qual suscitou Khalil Gibran, sobre o intangível “A música é a linguagem dos espíritos”.
Saudades muitas do Renato Russo, saudades da música que exprimia razão, que baldeava o meu raciocínio. E como ele mesmo expediu: “Não vou me deixar embrutecer, Eu acredito nos meus ideais. Podem até maltratar meu coração que meu espírito ninguém vai conseguir quebrar”.*Administradoremail: [email protected]—————————————————–Boas intenções também ardem no inferno – Percival Puggina*Em discurso tão inflamado quanto lhe permite a dificuldade de expressão, a presidente Dilma justificou as pedaladas fiscais perante uma plateia amiga. O fato aconteceu no último dia 13, em São Bernardo do Campo, durante a abertura oficial do 1º Congresso Nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores. Como tem feito nos últimos meses, saiu de casa para falar em casa. É o jeito de escapar das vaias.
Disse a presidente que as pedaladas foram usadas para pagar o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida, os dois maiores programas sociais do governo. Quer dizer, ela teria agido sob o manto das mais nobres intenções. E, apesar disso, concluo eu, os nove ministros “golpistas” do Tribunal de Contas da União lhe rejeitaram as compassivas contas. O discurso da presidente escondeu pelo menos dois fatos.
Primeiro, escondeu o motivo pelo qual faltou dinheiro para aqueles programas. Refiro-me às irresponsáveis injeções de esteroide anabolizante que ela aplicou como dopping em outras ações do governo para dar-lhes musculatura financeira, multiplicar o número de beneficiários e trombeteá-las durante a campanha eleitoral. O leitor destas linhas haverá de lembrar que Dilma e todos os candidatos da corte governista, eleitoralmente beneficiados com isso, percorreram o país discursando, à exaustão, sobre a prodigalidade oficial que se expressava, entre outros, nos programas FIES, Pronatec e Minha Casa Melhor. Com isso, empilharam votos e elegeram as numerosas bancadas que agora se veem às voltas com necessárias explicações que suas ditas boas intenções passam a exigir.
Segundo, escondeu algo que é óbvio perante toda consciência bem formada: a necessária compatibilidade moral entre os meios e os fins. Se lá na ponta da decisão de sair pedalando com os recursos públicos havia um fim bom (atender dois programas sociais para os quais os recursos haviam secado) e um melhor ainda (angariar votos para a presidente e seu partido), o meio usado para isso foi ilícito e contrário à norma constitucional. A manobra tornou-se ainda mais óbvia a partir do momento em que, obtido o resultado eleitoral, a agulha chegou furando os inflados programas eleitoreiros de 2014 do mesmo modo como tentam fazer com os pixulecos em 2015.*membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org.————————————————–Pátria educadora só na propaganda – Daniel Marques*Governo brasileiro se autointitula pátria educadora e ainda comemora o dia do professor, sendo que nada temos a comemorar.Muito o contrário, pois o professor brasileiro, salvo exceções, nunca ensinou o aluno a pensar criticamente, entender o mundo e a aprender a aprender. Ao contrário, sempre ensinaram os conteúdos de livros didáticos, aprovando os alunos que aprendem a decorar e excluindo pessoas e pensamentos diferentes.
Atualmente os professores não são valorizados e os culpados são os seus alunos que não aprenderam a votar, não sabem ler, sequer aprender, ainda mais grotesco é o fato de alunos formados em faculdade sejam analfabetos funcionais, apenas para engrossarem estatísticas visando financiamentos internacionais.
É público o fato de nossos governos, desde a proclamação da República,terem projetado o péssimo ensino como um objetivo do Estado visando formar manipuláveis eleitores, mas chegamos ao cúmulo de uma baixa cultura e educação que, por exemplo, nos obriga a criar uma lei que permite uma mãe amamentar o filho em lugares públicos, entre inúmeras regras que até no reino animal são costumeiras e aceitáveis.
Infelizmente, nosso grande educador Paulo Freire, um grande herói na Suécia e em outros países que valorizam a educação, é ignorado em sua terra natal, justamente por ensinar que o professor é aquele que faz o aluno procurar o conhecimento, ser crítico e lutar contra a opressão e injustiça. Mas a maioria serve ao estado, adestrando, oprimindo e tornando pessoas em objetos apáticos, em troca os alunos elegem políticos que nada fazem pela educação ou pelo país.*historiador—————————————————-
ESPAÇO DO LEITOR
BARZINHOUm morador de Mucajaí denunciou a violência e o barulho de um barzinho que fica próximo a uma área residência. “Todos os dias tem festa nesse bar e os moradores das ruas próximas não têm paz. Ali moram famílias com crianças recém-nascidas e idosos. Três pessoas já foram assassinadas no local, sendo uma na sexta-feira à noite”, afirmou.TRÁFICOSobre a prisão de três pessoas, efetuada pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes, o internauta identificado como Root Claysilva de Souza parabenizou o trabalho da polícia para tentar coibir o tráfico de drogas no Estado. “Por causa de pessoas como esses traficantes é que famílias perdem seus parentes para o mundo das drogas. Parabéns também à Guarda Civil Municipal, que mesmo sem trabalhar armada, faz um belíssimo trabalho combatendo o crime”, disse.PONTES 1O internauta Sousa criticou a ação de moradores que, em protesto, queimaram uma ponte em Amajari. “Isto não se chama protesto, mas vandalismo, irresponsabilidade. Por mais que as pontes precisem ser trocadas, essa ainda era a única forma de trafegar na rodovia. Agora temos que orar para que ninguém sofra nenhum acidente neste trecho”, comentou.PONTES 2“Pontes de concreto não são construídas de uma hora para outra, principalmente porque a verba não é estadual. Geralmente, as pessoas trafegam a 100 quilômetros por hora nas BRs e estão correndo o risco de perder a vida à noite. Há muito tempo eles estão querendo atear fogo nesta ponte. No início do mês passado, uma conhecida apagou o fogo deste mesmo local. Quando chegou lá, tinham acabado de pôr fogo na ponte, e ela e os ocupantes do carro apagaram o fogo. Seria muito bom que o órgão responsável pelo tráfego colocasse um alerta para a população naquele local”, concluiu Sousa.