Opinião

Opiniao 20 03 2015 762

Vencendo o medo do desconhecido  –  Antonio de Souza Matos*
Vim participar de um curso na área de revisão textual aqui em Brasília. Pensar em sair da comodidade da minha terra-natal, Boa Vista, e dirigir-me a uma cidade totalmente desconhecida assustava-me. Mas, a exemplo de Haw, uma das personagens da história “Quem mexeu no meu queijo?”, venci o medo e aventurei-me, vislumbrando a possibilidade de ampliar meus conhecimentos linguísticos. Desembarquei na capital do País na manhã do dia 18 de agosto, quando os termômetros do Aeroporto Juscelino Kubishek marcavam 15 graus.  
Cansado da viagem, instalei-me num cubículo de uma pousada localizada na região central da cidade, na Asa Sul, onde havia reservado, por telefone, uma suíte. A princípio, a solidão quis me apavorar, mas orei, e Deus tranquilizou meu coração e me fez repousar em segurança em meio à quietude daquele lugar sombrio. Dois dias depois, mudei-me para outra pensão mais espaçosa, mais alegre e mais aconchegante. 
No primeiro dia de curso, antes de a aula começar, a coordenadora cumprimentou-me de modo cordial, ratificando a impressão que me causara por telefone. Deu-me boas- vindas e orientou-me em relação aos cuidados que eu deveria tomar no trajeto do hotel até o Ceteb(Centro de Educação Tecnológica de Brasília) – uma instituição que atua há mais de quarenta anos na área de ensino técnico nas modalidades presencial e a distância. 
Na sala de aula, a professora Maria Teresa Caballero Brügger, a Tetê, logo se apresentou e, de cara,conquistou os cursistas com seu jeito simples, espirituoso e gentil. Em seguida,a professora Ana Paula, sua auxiliar, fez o mesmo.  Com sua jovialidade, voz pausada e meiguice, ganhoutambém a simpatia de todos.  Depois, cada um de nós, alunos, teve de dizer seu nome e dar uma característica pessoal. Para minha surpresa, todos tínhamos algo em comum: o perfeccionismo.
Não podia ser diferente, já que revisor é um sujeito que vive procurando erro para corrigir, claro, erro linguístico, textual.   De repente, eu me vi em cada um dos meus colegas: na sua ansiedade, na sua busca frenética pelo texto perfeito, na sua frustração, na sua perseverança. Não era mais o único ser esquizofrênico no universo. Não era mais um indivíduo enclausurado no seu próprio mundo. Era uma parte de um todo – de um todo complexo, mas altamente estimulante. 
Cá estava um simples servidor público de Roraima, talvez o menos populoso e o menos importante estado da federação, no meio de pessoas inteligentes e perspicazes de uma das mais relevantes metrópoles brasileiras, Brasília, a sede do governo da República Federativa do Brasil – uma cidade planejada por um dos mais renomados arquitetos de todos os tempos: Oscar Niemeyer.Receei dizer algo tolo quando chegasse a minha vez de falar. Mas rasguei o véu, isso mesmo; não o verbo, como se expressam os que desconhecem os meandros da gramática normativa e dos manuais de redação e de estilo; como dizia eu antes do curso. Fui logo afirmando que tinha vindo de longe: de Roraima. Não mencionei minha timidez nem meu temor. Quiçá alguém tenha percebido.
Tetê, a nossa mestra,a partir daquele dia, foi nos conduzindo pelos labirintos do papel do revisor, das normas técnicas, da regência, da concordância, da semântica, da estilística, da ortografia, da pontuação, do registro dos numerais. Como os ratinhos da fábula citada no início, fomos saboreando os nossos pedaços de queijo, esperando que o estoque não se esgotasse. Mas sempre as pilhas estavam ali. Quando pensávamos que havia escassez, ou quando já estávamos enjoando o cardápio, lá vinha a Tetê e nos oferecia um novo banquete: um tipo de queijo ainda mais saboroso. 
Aprendi, durante as nossas ininterruptas jornadas atrás do nosso quinhão, a admirar e a amar aqueles que caminhavam comigo, desde o mais simples até o de paladar mais exigente. Nessa busca coletiva, nessa troca de experiência, nesse mútuo estimular, reconheci, à medida que o tempo passava, que tinha valido a pena deixar o meu cantinho escondido e aparentemente seguro, e arriscar-me. Percebi que o desconhecido não precisa nos causar temor e nos paralisar. Vi que não sou diferente, embora não seja exatamente igual aos outros. Descobri um mundo encantado onde ninguém é senhor de tudo; onde uns dependem dos outros e se completam. Conheci a bondade em cada olhar, a compaixão em cada gesto, a ternura em cada sorriso, a gentileza em cada palavra. Nunca imaginei que isso pudesse acontecer com um estrangeiro numa terra tão longínqua!
Aquele homem tímido e medroso que aqui desembarcou há duas semanas já não existe mais. Ele desapareceu junto com a neblina fria daquela manhã. E, daqui a algumas horas, quando ele embarcar rumo à sua cidade-natal, levará em sua bagagem um pouquinho de cada um daqueles que teve o privilégio de conhecer; daqueles cuja lida principal é “lutar com palavras”. 
*Revisor de textos. E-mail: [email protected]
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Eu dono de mim  –   Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Nossos corpos são nossos jardins… nossas vontades são jardineiros”. (Shackespeare)
O bem e o mal, o bom e o mau são resultados da nossa capacidade de jardinar nossos corpos. E fazemos isso com os nossos pensamentos. Tudo que obtemos na vida é produto dos nossos pensamentos. E a maior dificuldade encontrada é precisamente entender e acredita nisso. Na verdade não existe fracasso. O fracasso é, na realidade, o apelido que damos aos resultados negativos. E só aí eles se tornam fracassos. É quando ainda não aprendemos a não valorizar o problema. Sabemos que nunca iremos solucionar um problema ficando concentrado nele. Enquanto pensamos no problema não temos como pensar na solução. Então, não perca tempo com o problema; procure e concentre-se na solução. Senão ela nunca será uma solução. Simples pra dedéu. E talvez, por ser simples, não conseguimos acreditar nisso. Somos mais inclinados a acreditar no negativo do que no positivo. 
Inúmeros pensadores já nos disseram que são os resultados de uma ação que nos trazem o positivo e o negativo. Está muito claro. Obtemos sempre aquilo em que nos concentramos. O poder dos nossos pensamentos é incomensurável. Mas, valorizamos mais os nossos erros do que nossos acertos. Ou seja, ficamos mais tempo presos aos erros do que aos acertos. E nem imaginamos que os erros não são verdadeiramente erros. Eles são, na verdade, um indicador para o acerto. Estão nos dizendo como não devemos fazer o que fizemos do jeito que fizemos. Quando estamos realmente a fim de vencer, assumimos a responsabilidade pelos nossos erros. Quando jogamos nos ombros de outrem a responsabilidade, não estamos crescendo. Mesmo que nos avancemos na trilha do progresso, estamos navegando em piroga furada. E é nessa canoa que remam os desinformados na má formação. 
Sem confiança no que fazemos não podemos fazê-lo bem feito. E sempre podemos fazer melhor tudo que fazemos. Quando fazemos o melhor devemos ter a certeza de que poderíamos fazer melhor. Os vencedores nunca estão satisfeitos com o melhor que fazem. É o que é apelidado de perfeccionismo. Ninguém é tão perfeito que não cometa erros. O importante é que não nos apeguemos nem nos prendamos aos erros. Mesmo porque eles só serão solucionados quando encontrarmos a solução. E nunca vamos encontrar a solução, concentrados no problema. Esqueça o problema e concentre-se na solução. Todo o poder de que você necessita para vencer está em você. Sinta sempre prazer no que faz. Quando amamos o que fazemos, fazemos melhor, sempre. Nunca tente imitar alguém. Seja você no que você é. Pense nisso. 
*Articulista   –  [email protected]  99121-1460
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ESPAÇO DO LEITOR 
CRECHE
A leitora Carmem Dias enviou o seguinte comentário: “Já era tempo de o município ampliar a oferta de vagas nas creches existentes na Capital. Para poder trabalhar, tenho que deixar meu filho na casa de amigos pelo fato de não encontrar vaga disponível. Outra questão é o fato de os moradores dos bairros dos Estados e São Francisco contarem com apenas um local que não atendem nem metade das demandas. A expectativa é que o município construa novas unidades e garanta o acesso das crianças à creche”.
MIRANDINHA
A internauta Monique Almeida enviou o e-mail comentando sobre a questão da água e meio ambiente. “Em plena semana em que comemoramos o Dia Mundial da Água, no próximo domingo, vejo com tristeza o descaso das pessoas que frequentam, aos finais de semana, a Praça do Mirandinha para reuniões com amigos e familiares, que ao deixarem o local não recolhem o lixo e sacolas plásticas que acabam sujando todo o espaço. Em outros casos, por pura falta de educação, jogam a sujeira no córrego, em um claro desrespeito ao meio ambiente, poluindo, com isso, nossos igarapés”, afirmou.
LEI
O leitor Eduardo Leite comentou sobre a recente aprovação da lei 13.106/15, que torna crime a venda de bebida alcoólica para menores. “A lei tem minha aprovação. Mas, ao mesmo tempo, surge uma preocupação: será que a mesma, a exemplo de outras leis que são promulgadas, terá sua aplicabilidade na íntegra? Este é o nosso questionamento como cidadãos a tantas outras leis importantes que, pela não fiscalização dos órgãos competentes, acabam por se tornando mais uma lei como tantas que existem”.
FUMO
O leitor Maciel Góes fez a seguinte observação via e-mail: “Parece que a lei antifumo caiu no esquecimento. Nenhum alerta para a proibição de fumar em locais públicos é mais divulgado e, ao que parece, está tudo liberado. Esta semana, fui a um órgão federal e tive que esperar a boa vontade do servidor em me atender, após terminar de fumar seu cigarro bem próximo ao guichê de atendimento. É um desrespeito em dobro com o cidadão que vai buscar atendimento e é recepcionado desta forma”.