Síndrome de Drummond – Walber Aguiar*E dizem que a solidão até que me cai bem Renato RussoEram dias de junho. Eram dias úmidos e profundamente herméticos. Tempo de formar nuvens no céu e desanuviar mentes, de buscar qualquer gota d’água nessa geografia da secura, nesse espaço da escassez. Um pingo de companhia era o desejo daqueles que vagavam insones pela casa, daqueles que a vida esqueceu num canto.
Junto com o tempo úmido, as mentes pareciam ausentes, distantes, perdidas num ponto fixo. A solidão parecia não acabar nunca, junto com a situação que nos empurrava para o isolamento e a síndrome de Drummond.
O velho poeta mineiro de Itabira de Mato Dentro era de temperamento melancólico. Calado, ele se enfurnava no velho apartamento da Magalhães Barata e curtia longos momentos de solidão. Avesso aos chatos, Drummond detestava reuniões, convenções, congressos. Isso porque amava sua privacidade e solidão, e, não via nenhum motivo para estar em reuniões que nada reuniam, congressos que a ninguém congregava e convenções que não conseguiam convencer a quem quer que fosse.
Ora, aqueles dias de junho eram de enorme expectativa. As águas quase não vinham, não vinham os amigos de outrora, pois o isolamento tomara conta da alma enauseada e os fantasmas da solidão ameaçavam tragar a todos que cultuavam a deusa dos raios azulados.
O nível das águas do rio identificava-se com a vontade de sair e procurar gente naqueles dias de intenso calor e solidão. A aridez de alma nunca fora tão intensa quanto naquele contexto do meio do ano, tomado pelo banzo de qualquer coisa assim inusitada, de algo que se espremera entre a euforia do carnaval e o desejo de junho trouxesse chuvas, flores, amigos e esperança. De que essa novidade vindoura também curasse e renovasse o amigo João Coxó, o cara de cabelo curto e sorriso largo, uma espécie de professor de vida para cada um de nós.
Eram dias de junho. Dias de solidão e expectativa, de sequidão e fecundidade, de náusea e prazer, de coisas velhas, que em si mesmas trariam um inverno existencial, com aquela chuva renitente, que canta em nosso telhado, abre a flor e nos faz lembrar…*Poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de [email protected]
Inocência ou ganância? – Marlene de Andrade*Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos inteligentes. (1 Coríntios 1:19).Como entender que políticos estejam ainda recebendo propina na maior tranquilidade? Joesley, segundo a mídia, foi à casa do Temer para resolver esse tipo de assunto, ou seja, fazer barganhas nada digno de um Presidente da República.
Nosso Presidente é intelectual, sendo assim, como explicar que ele como advogado, professor com doutorado, esteja envolvido, conforme explica a mídia, com a corrupção? É como se ele acreditasse que a Justiça jamais o pegará.
Temer sabia que os corruptos estão indo para a cadeia e, no entanto também estava conivente com a corrupção a ponto de se envolver com Joesley da JBS. Que fez Joesley? Gravou secretamente conversas que teve com Temer sem ele desconfiar de nada. Nosso Presidente estava muito tranquilo e achava que nada lhe aconteceria.
Não dá para entender como Temer caiu numa armadilha dessas, pois Joesley na maior facilidade do mundo o gravou sem que ele nem percebesse. Esse corrupto estava tão à vontade que compartilhou com Temer situações altamente comprometedoras como, por exemplo, que tinha dois juízes nas mãos e de quebra um procurador da Lava Jato. E o que mais causa espanto é que nesse momento o presidente inteligente e politizado exclama: “ótimo, ótimo”. Quer dizer que uma confissão dessas é algo ótimo? Que moral é essa do nosso governante maior?
Nessa gravação, Temer ainda afirma: “tem que manter isso aí, viu?” O ‘santinho’ então pergunta ao Temer qual era a sua relação com o Cunha, que ameaçava delatá-lo caso não fosse ajudado. Nosso ‘nobre’ presidente respondeu: “Eduardo tentou me fustigar” e ainda lhe explica que quando quisesse falar com ele, tinha que entrar em contato primeiro com o deputado Rodrigo R. Loures, o qual hoje está preso, pois foi flagrado recebendo R$ 500 mil de propina a qual dizem ser da JBS. Esse dinheiro estava dentro de uma maleta dele e a mídia anunciou que seria entregue ao Temer. Que calamidade!
A discussão aqui então é: em plena operação da Lava Jato, a qual, diga-se de passagem, tem merecido nota 10, ainda existem políticos se locupletando do dinheiro público, será que essas pessoas movidas pela cobiça não têm medo da Justiça dos homens e, principalmente a de Deus?*Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT
Eu no eu – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Através dos milênios, chegamos até aqui na condição de meros espectadores passivos de nossa história pessoal”. (Waldo Vieira)Acho até que os milênios são poucos. Segundo a Cultura Racional estamos aqui, sobre a Terra, há exatamente vinte e uma eternidades. É tempo pra dedéu. E porque ainda não aprendemos a ver as coisas com racionalidade, continuamos os mesmos de eternidades passadas. Continuamos descobrindo a pólvora, pensando que estamos vivendo o mundo da ciência. Descobrindo coisas que já existiam muito antes do primeiro dilúvio sobre a Terra. E pelo que me parece, estamos caminhando para mais um dilúvio, sem perceber as mudanças no universo. Ainda não percebemos nem acreditamos que fazemos parte desse universo.
Comece a mudar o mundo, mudando seu modo de pensar sobre ele. Vivemos num mundo em evolução. E tudo depende da nossa capacidade de evoluir. Vai depender, também, de como interpretamos o termo evoluir. Ainda continuamos não acreditando em nós mesmos. Ainda não acreditamos que somos responsáveis pela nossa evolução. Continuamos caminhando por caminhos que nos dizem para caminhar. Dirigem-nos como se fossemos títeres.
Mire-se no seu interior. Procure em você o que você é, e não o que dizem pra você ser. Seu caminho, você deve traçar. As veredas de sua vida são diferentes das dos outros. Cada um de nós vive seu nível de evolução racional. Mas é preciso acreditar nisso. E você nunca irá acreditar se não acreditar em você, no seu poder de dirigir sua vida. Procure conhecer o poder que você tem no seu subconsciente. Porque é aí, e nele, que está o caminho para sua evolução. Simples pra dedéu. “Aquele céu azul que vedes não é céu nem é azul”. Procure seu céu dentro de você, com seus pensamentos sadios, firmes e positivos. E você nunca alcançará isso se não acreditar em você mesmo.
Não permita que ninguém dirija sua vida. Comunique-se frequentemente com o seu subconsciente. Ele levará você aonde você quer ir. Mas você tem que amadurecer para poder se comunicar com ele. E seu amadurecimento não vai depender do seu grau de formação cultural. Tudo de que você necessita está em você mesmo, dentro de você. Dependendo de como você é capaz de acreditar em você mesmo, valorizando-se no que você é. Acredite mais em você e você aprenderá a identificar os que merecem, realmente, seu crédito. Mire-se sempre no seu espelho interior. Não permita que crenças ou descrenças de alguém, faça de você um seguidor aleatório. O mundo é todo seu. Faça sua parte no progresso dele. Só assim você progredirá. Todo o poder está em você. Use-o com racionalidade. Pense nisso.*[email protected]