Opinião

OPINIAO 21 03 2015 765

Nosso poder de não praticar o mal  –  Milan Kundera*
A verdadeira bondade do homem só pode se manifestar com toda a pureza, com toda a liberdade, em relação àqueles que não representam nenhuma força. O verdadeiro teste moral da humanidade (o mais radical, num  nível tão profundo que escapa a nosso olhar) são as relações com aqueles que estão à  nossa mercê: os animais. É aí que se produz o maior desvio do homem, derrota fundamental da qual decorrem todas as outras: o poder divino.
No começo do Gênese  está escrito que Deus criou o homem para reinar sobre os pássaros, os peixes e os  animais. É claro, o Gênese foi escrito por um homem, e não por um cavalo. Nada nos garante que Deus desejasse realmente que o homem reinasse sobre as outras criaturas. É  mais provável que o homem tenha inventado Deus para santificar o poder que usurpou  da vaca e do cavalo, trocando de lugar com os animais. Esse direito [o de matar um  veado ou uma vaca] nos parece natural porque somos nós que estamos no alto da  hierarquia. Mas bastaria que um terceiro entrasse no jogo, por exemplo, um visitante de  outro planeta a quem Deus tivesse dito: “Tu reinarás sobre as criaturas de todas as outras  estrelas”, para que toda a evidência do Gênese fosse posta em dúvida.
O homem atrelado à carroça de um marciano – eventualmente grelhado no espeto por um visitante da  Via-Láctea – talvez se lembrasse da costeleta de vitela que tinha o hábito de cortar em seu prato. Pediria (tarde demais) desculpas à vaca. Criticando Descartes: Descartes deu o passo decisivo: fez o homem ‘maître et propriétaire de la nature’. Que seja precisamente ele quem nega de maneira categórica que os animais tenham alma, eis aí uma enorme  coincidência. O homem é senhor e proprietário, enquanto o animal, diz Descartes, não passa de um autômato, uma máquina animada, uma machina animata. Quando um animal  geme, não é uma queixa, é apenas o ranger de um mecanismo que funciona mal. Quando a roda de uma charrete range, isso não quer dizer que a charrete sofra, mas apenas que ela  não está lubrificada. Devemos interpretar da mesma maneira os gemidos dos animais, e é  inútil lamentar o destino de um cachorro que é dissecado vivo num laboratório.
Nietzsche está saindo de um hotel em Turim. Vê diante de si um cavalo, e um cocheiro espancando-o com um chicote. Nietzsche se aproxima do cavalo, abraça-lhe o pescoço, e  sob o olhar do cocheiro, explode em soluços. Isso aconteceu em 1889, e Nietzsche já  estava também distanciado dos homens. Em outras palavras: foi precisamente nesse  momento que se declarou sua doença mental. Mas, para mim, é justamente isso que  confere ao gesto seu sentido profundo. Nietzsche veio pedir ao cavalo perdão, por  Descartes. Sua loucura (portanto seu divórcio da humanidade) começa no instante em  que chora sobre o cavalo.
*Portal Nosso Mundo, de “A Insustentável Leveza do Ser”, 1983
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Contribuições das novelas globais  – Vera Sábio*
 “É fácil descobrir o caráter de uma pessoa, quando ela passa a ter poder”.
A Rede Globo, quando era regida pelo dr. Roberto Marinho, fora uma TV com autonomia e liberdade de expressão, uma rede moderna com temas atuais e aproximação da realidade, onde crimes, drogas, divórcios, reportagens, espionagens, fantasias, novidades, dramas, romances etc estavam presentes e atraiam a audiência da população que gosta de TV aberta e tem na televisão uma companhia, entreterimento e meio de informação.
Porém, mesmo com senas ousadas, a Globo tentava manter a ética no respeito à moral, aos costumes, às etnias e à preservação da família.   Estando no ar o BBB, este conceito de ética foi se distorcendo e tornando cada vez mais banalizado.
As novelas acabaram perdendo a moral das famílias, a preservação das tradições, das culturas e da ordem. E não venham as classes inferiorizadas, como a dos homossexuais, pessoas com deficiência e negros, me embutirem que o que passa na TV é normal, legal, moral e ético. Pois não é.
Devem ser respeitadas as pessoas com deficiência, concordo. Sou “cega” e luto muito para colocar-me na sociedade que não nos enxergam e acha que o mundo foi criado apenas para os que enxergam. Porém, nesta fantasiosa “inclusão global”, teve não há muito tempo atrás um ator que fez o papel de um cego. Por isto não podia segurar o filho nos braços, não escutava o barulho da esposa com o amante, era totalmente alienado, simplesmente porque lhes faltava um dos sentidos.
E que “contribuição” teve este papel, na tal famosa “inclusão”? Nós, pessoas com deficiência visual, pensamos, ouvimos, agimos e cuidamos dos filhos, desenvolvemos muitas tarefas que os que enxergam fazem e nos
profissionalizamos em muitos setores da vida.
O que agora está em moda nas novelas globais é expor de qualquer maneira a sexualidade. É normal um filho ficar totalmente revoltado e decepcionado com o pai, quando descobre que ele tem uma bissexualidade, ou é comum os pais terem relações extras conjugais e nós, filhos, acharmos perfeitamente normal?
Qual o conceito de casamento, quando as crianças presenciam e ficam fascinadas por mulheres que deixam os maridos e ficam publicamente aos beijos com outras mulheres?
Respeito a sexualidade de cada um, embora ainda hoje o código mais atual de classificação de transtornos, “DSM5”, trata a homossexualidade como um transtorno de sexualidade. Porém, a partir do momento em que os homossexuais querem cotas para quaisquer coisas, como se são de alguma forma distintos dos demais, denominam-se e aceitam-se com este transtorno, o qual é uma declaração de que são diferentes.
Esta regra de normalidade, muitas vezes, é sentida como inferioridade e, por isto, sente à vontade de um destaque maior para que se vejam “inclusos”. Entretanto, porém o direito de cada um termina onde começa o direito do outro, senão vira bagunça. E realmente está se tornando uma total bagunça as novelas globais.
Querem ser iguais, não precisam de nenhum destaque, pois o que mais existem são pessoas com suas limitações, suas particularidades, seus gostos e costumes. No entanto, nem por isto colocam a força o que desejam, entrando de uma maneira agressiva na sociedade, com uma invasão ridícula aos princípios que regem uma nação e, por vezes, as gerações e a vida em geral.
Quem quer se aparecer, seja discreto e deixe que aos poucos notem a sua presença, pelas boas ações que produza; e não de uma forma leviana e com um exibicionismo forçado, a fim que o vejam de qualquer maneira.
Se dependesse de mim, as novelas globais perderiam sua audiência e sua fama, pois não há nada de cultura, de melhoria e de formação apresentadas nelas. Servindo tão somente para empobrecer o espírito, revoltar-se com a realidade sem ética pela qual estamos presenciando e mal educando nossos filhos.
 “O mundo que queremos deixar para nossos filhos depende dos filhos que deixaremos para o mundo”.
*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cega  CRP: 20/04509 [email protected] Cel.: 99687731
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Talvez até mudasse  –  Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Há pessoas que amam o poder, e outras que têm o poder de amar”. (Bob Marley)
Às vezes caminho pelas ruas pensando do que vejo. Às vezes dá certo. A mania de trocar letras e formar novas palavras quase sempre me faz rir, ou pelo menos sorrir. Já falei, não sei se ontem, que tenho passado todos os dias de todas as semanas, acompanhando a dona Salete aos médicos. E ontem não foi diferente. Quase não tive tempo pra este papo. Cheguei em cima da hora. E foi na ida ao Hospital, para um retorno costumeiro, que aconteceu. Passando pelo Hospital do Exército li: “Exército Brasileiro”. Aí comecei a sorrir. Meu filho que dirigia o carro olhou pra mim, mas não comentou. Ele já está acostumado a meus costumes. Parei de sorrir e comecei a pensar. 
Já pensou se o Exército Brasileiro criasse uma revista com o título: “Exercito o Brasileiro”, que bom seria? Agora veja bem, não estou dizendo que o Exército não exercite seus soldados. Longe disso. Mas o que a revista nos indicaria seria que o Exército Brasileiro estaria caminhando para um processo de aperfeiçoamento do cidadão, na fronteira da política. Vamos debulhar isso. Estou sempre repetindo que nunca seremos um povo democrata nem democrático, enquanto houver obrigatoriedade no voto e no serviço militar. Ou seja, enquanto formos obrigados a votar e a servir nas Forças Armadas. E a explicação para a permanência da obrigatoriedade é que o cidadão brasileiro ainda não está preparado para a faculdade nem do voto nem do serviço militar. No que concordo plenamente. Só não entendo é por que não preparamos o cidadão para a cidadania.
Não estou preparado para dizer como se fazer a coisa, mas sei o que deveria ser feito. E tudo de que gostaria era que os preparados e responsáveis pelo País fizessem. Simples pra dedéu. Mas nada impede que eu diga o que acho que deveria ser feito nas duas áreas: na politica e nas forças armadas. Por que as Foças Armadas não profissionalizam os soldados para quando eles saírem, saírem preparados para o mundo do qual viveram afastados por, pelo menos, dois anos? E por que o ministério da Educação não melhora o nível do ensino para que o jovem atinja a maioridade com competência para votar como verdadeiro cidadão? Talvez isso não interesse ao poder público. Ainda estamos naquela de se é povão, quanto pior, melhor. Isso faz parte de certa politica.
 Tudo bem. Não fique chateado com meu comentário fora de hora para um fim de semana. Mas não deixe de pensar nisso. Enquanto não formos um povo de verdadeiros cidadãos, seremos sempre marionetes e títeres dos titeriteirospolíticos. Pense nisso.
*Articulista  – [email protected] – 99121-1460
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ESPAÇO DO LEITOR 
LOTERIA
A internauta Aline Brandão enviou o seguinte e-mail: “Um absurdo a situação dos moradores de Caracaraí. O prefeito sequer intervém na situação da única lotérica que atendia à população do município e as vicinais, que há mais de cinco meses está inoperante. A causa apresentada é o fato de o estabelecimento ter sido assaltado algumas vezes, o que também é um absurdo a insegurança a que os comerciantes e a população estão sujeitos. Esperamos que esta situação se resolva o quanto antes”.
FUGAS 1
O leitor Evandro Menezes comentou que o poder público se mostra mais uma vez ineficiente diante da atual situação do sistema penitenciário. “Quem sofre com tudo isso somos nós, que pagamos altos impostos. Esses bandidos que fugiram cometerão assaltos, assassinatos, estupros, roubo de motos e diversos outros crimes. E quem vai sofrer com isso? A cidade está desguarnecida, pois não vemos mais as rondas que estão sem combustível para rodar. A população está desamparada infelizmente”, frisou.
FUGAS 2
Ainda sobre a fuga de presos, a servidora pública Lizonete Ramos relatou: “Há tempos vivemos na insegurança em razão dos mesmos problemas relacionados à segurança pública. Quando não é a falta de viaturas é a falta de combustível, já que a desculpa da falta de efetivo ter sido resolvida com o ingresso de novos servidores da Polícia Militar. Quando é noticiada a fuga em massa de detentos do sistema prisional é um dia de pavor, quando temos que nos proteger como podemos, já que este clima de intraquilidade ainda não foi superado pela população”.
INVERNO
Os moradores que residem próximo a uma área que alaga todos os anos entre a Ville Roy e a Nossa Senhora da Consolata relataram que passam por dificuldades com as chuvas que sempre causam prejuízos. “Mas, este ano, ainda não foi feito nenhuma limpeza nesta área que interliga as ruas Ville Roy, Nossa Senhora da Consolata e Terêncio Lima. Já era para este local está recebendo a devida atenção por parte do município antes do período do inverno”, reclamou um leitor.