Opinião

Opiniao 21 06 2016 2605

Memórias do Bom Jesus – Walber Aguiar*Eu sou o Caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim…                    João 14:6                                                                  Era o dia 18 de junho. Um dia ao contrário. Um corte no calendário pra entendermos o que significava, naquele dia, ter nascido sob o signo de gêmeos.  Até porque, no dia em que se completa mais um ano de vida, há um desejo de descanso, de ser servido apenas. Mas, naquele dia, fizemos uma espécie de caminho de Santiago.

A catedral do Bom Jesus era o nosso destino final. Um caminho árduo, cheio de água, bosques e declives. Um lugar vivo, escuro, mas tomado pelo estoante clarão da glória de Deus e suas manifestações culturalmente viáveis. Mas o caminho continuava naquele dia. Um percurso cansativo, à medida que as estações surgiam no trajeto.

Ora, uma das primeiras estações nos dá conta de que Jesus foi traído, manietado e entregue a Pilatos, que, num gesto de enorme covardia, disse: eis o homem. Eis o homem em quem não vejo crime algum, pois foi entregue por vocês. A partir daí entendemos que mãos lavadas não querem dizer absolutamente nada. Apenas revelam o caráter omissivo do ser humano, a não manifestação histórica, a irresponsabilidade humana diante das escolhas, da ética da decisão.

Uma outra estação foi a da caminhada, o trajeto da via crucis, o percurso sacrificial da morte. Nessa via, entendemos um dos maiores adjetivos do ser: a solidariedade. Isso porque, havia um Nicodemos no caminho.

Um indivíduo que ajudaria a carregar o instrumento de suplício, a cruz. Isso demonstra que estamos a caminho, onde não há educadores ou educados, mas, simplesmente, homens que se educam em comunhão. 

Aprendemos ali que ninguém caminha sozinho, que precisamos uns dos outros.

E seguimos adiante. A partir de Jesus e suas estações de martírio, passamos a entender melhor o significado da vida a caminho. Um dos mais significativos momentos dessa difícil caminhada aponta para o maior sacrifício da humanidade. A redenção, o sacrifício vicário, substitutivo, onde Jesus se deixa sacrificar, erguer entre o céu e a terra, no grande gesto de substituição de vida pela vida. A grande lição de tal estação é o fato de dar alguém a vida pelos outros, sejam eles amigos ou inimigos. Essa sim, a maior manifestação do amor entre os humanos e seus iguais.

A partir daquela estação, vimos que o cansaço era apenas um breve e leve sacrifício. As escadas em Z eram apenas um detalhe diante de todas aquelas estações sutil e misteriosamente vislumbradas. Acima de nossas cabeças, a extrema contradição: a grandeza arquitetônica diante da simplicidade de Jesus naqueles quadros pintados pela realidade observada.

Era o dia 18 de junho. Um dia de se colocar em busca, a caminho, na perspectiva de entender o existir mais profundamente e desentender a vida como a conhecemos hoje. Naquele dia em que a vida era celebrada, experimentamos o encontro com a morte.

A partir dali a vida ganhou maior significado.  Encontramos cada um consigo mesmo e nos encontramos um com o outro, à medida que encontramos o Sagrado.

Naquele dia entendemos melhor o poetinha Vinicius de Moraes: A vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros pela vida…

*Advogado, poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de [email protected]————————————O empregador é sempre o vilão – Marlene de Andrade*

Quem cometer injustiça receberá de volta injustiça, e não haverá exceção para ninguém. (Colossenses 3: 25)O empregado ao sofrer acidente de trabalho com afastamento de mais de 15 dias, passa a gozar de estabilidade de 12 meses. Até aí tudo bem, mas imaginar que todo empresário é sempre o vilão e os trabalhadores ‘santinhos’ é brincar com a nossa inteligência. Sendo assim, o empregado pode matar roubar e simular doenças que sempre terá razão?

Evidentemente, que existem empregadores injustíssimos que não dão a César o que é de César e ao empregado o que é de seu direito. Mas infelizmente, também existem trabalhadores muito perversos e usurpadores dos direitos dos seus empregadores e aí o que dizer disso?

E ainda tem mais, o trabalhador imoral passa a faltar ao trabalho levando atestados, muitas vezes, falsos e com o agravante de algumas vezes, ser assinado pelos “Mais Médicos”, que não são autorizados, pelo CFM, assinarem esse tipo de atestados, pois essa autorização deles trabalharem no Brasil veio da presidente afastada e não do nosso Conselho Federal. E aí, trabalhadores desonestos, vão entregando atestados e mais atestados sem estarem doentes. Ainda bem, que nem todos os trabalhadores agem de má fé contra seus empregadores e nem todos os empregadores são vilões. Felizmente, ainda existem pessoas honestas no mundo do trabalho.

Certa vez escutei um professor de medicina afirmar que acidentes não existem, pois sempre são provocados e isto é verdade mesmo. Vamos a um exemplo: pode ocorrer de o empregado sair para trabalhar de ressaca por ter ingerido bastante álcool etílico na véspera. Sendo assim, antes de sair de casa teve uma discussão com a esposa que não aceita as bebedeiras dele, principalmente nos finais de semana, quando ele literalmente passa o tempo todo com os “amigos”. Nessa confusão generalizada,  sai de casa de manhã, já atrasado para ir trabalhar, conduzindo sua moto a mil por hora e por isso sofre acidente de trajeto, e aí? O patrão, coitado, tem que abrir a Comunicação de Acidente de Trabalho/CAT e se não der entrada na Previdência Social em até 24h após o acidente, é multado.

Sabedor de sua estabilidade o empregado passa a fazer ‘corpo mole’ para trabalhar naquele ano que não poderá ser demitido, mas o que esperar de um beberrão e péssimo chefe de família? Graças a Deus que nem todo trabalhador age dessa maneira, caso contrário o que seria das empresas?

*Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMThttps://www.facebook.com/marlene.de.andrade47Tel.: 36243445————————————Seguindo idéias – Afonso Rodrigues de Oliveira*“As idéias dominantes de cada época sempre foram as idéias de sua casse dominante”. (Karl Marx)Noite passada, vivi um momento feliz, com uma netinha de um aninho de idade. Foi um momento interessantíssimo. Fiquei observando o comportamento da criança, e imaginando como anda o desenvolvimento humano. Como ainda não aprendemos a viver o momento atual. E isso em todas as atualidades. Sempre vivemos no passado. Ainda não somos capazes de acompanhar o desenvolvimento racional. Ainda caímos na esparrela de misturar os acontecimentos, sem nem saber que estamos evoluindo, percebamos ou não. E quando não percebemos, ficamos para trás. Não sei se meus pais cometeram mais erros na minha educação do que eu cometi na educação dos meus filhos. E não adianta você tentar ficar fora dessa piroga furada, porque estamos todos no mesmo barco do desenvolvimento racional. E o importante é que não nos preocupemos com isso. Nada de preocupações. O importante é que nos atentemos para o fato, e procuremos ser, pelo menos, mais esclarecidos.

Eu estava na cozinha, e a televisão exibia um programa de música supermoderna. De repente a Amada, minha netinha de apenas um ano e seis meses de idade, entrou na cozinha, fez sinal com a mão, me chamando. Aproximei-me, ela me estendeu a mão e me puxou para a sala, e começou a dançar, num ritmo incrivelmente frenético. Fiz uma força titânica para não rir. Acompanhei-a com um sorriso carinhoso até que a música terminou. Fiquei pensando o quanto estamos preparados para educar as crianças no mundo em que elas nascem, crescem e amadurecem. Será que nós nos preparamos maduramente? Será que já somos capazes de educar educadamente para separar, maduramente, a liberdade da libertinagem? A Amanda nos deu um exemplo notável do que é usar da liberdade do direito à vida, sem libertinagem. Fazendo o que quer fazer, como deve ser feito.

Alguém já nos disse que começamos a enganar as crianças nos seus primeiros meses de vida, dando-lhes a chupeta em vez de lhes dar o seio. Na verdade estamos sempre enganando a criança nos seus primeiros meses de vida. Ou tiramos-lhe a liberdade ou a libertamos exageradamente. É preciso que aprendamos a educar para que tenhamos um mundo melhor para que nossos descendentes vivam felizes. E não nos esqueçamos de que são eles que vão construir o mundo deles que, certamente, será bem diferente do nosso. Construa seu mundo com amor, respeito e, sobretudo, com educação. E muito cuidado com a importância positiva ou negativa da palavra não, na educação dos filhos. Ela tanto pode ser benéfica quanto maléfica. Pense nisso.

*[email protected]    99121-1460