Opinião

Opiniao 21 08 2015 1353

A inflação nossa de cada dia – Rodrigo Rodrigues Silva*Estamos vivendo uma crise econômica no País, mas, na verdade esses são somente os primeiros respingos de uma tempestade muito maior que está avançando no horizonte em nossa direção. Essa situação parece não estar sendo percebida pela população de forma geral; muitos acreditam que a crise ocorrerá de forma rápida e já estaremos novamente conduzindo nossas vidas como há bem pouco tempo, e, essa visão por demais otimista, era muito parecida com aquela na qual algumas pessoas compartilhavam no passado, onde nem se quer acreditavam na possibilidade de crise.

Devemos analisar primeiro, como está se comportando os índices oficiais da economia e entender como a mesma se encontra “doente”. A taxa de inflação esperada para este ano é de em média 9,30% mas, pode aumentar dependendo do comportamento da economia nesses próximos meses. Não seria nenhum exagero considerar a possibilidade de um valor de dois dígitos maior que 10%. Lembrando que nossa meta de inflação oficial tem um teto de 6,5% em que é unânime o fato: não conseguiremos respeitar esse patamar este ano. Entretanto, se o Governo Federal estivesse conduzindo de forma responsável à economia (o que não faz há muitos anos) estaria hoje preocupado em atingir o centro da meta de 4,5%. Como se não bastasse, este é um dos centros de meta de inflação mais altos entre os países que adotam esse tipo de política, que em média costuma ficar entre 2% e 3%.

A última vez que atingimos o centro da meta de inflação foi em 2009. A partir de então todos os anos batemos no teto, e, enfim, o patamar atual. A inflação tem efeitos danosos no dia a dia das pessoas, porém age silenciosamente, crescendo um pouquinho aqui e outro ali, mas no final o seu padrão de vida não será mais o mesmo! Para exemplificar, a inflação acumulada dos últimos doze anos de janeiro de 2003 a julho de 2015 é de 112,63% medida pelo IPCA, isto é, se você comprasse em janeiro de 2003 esses produtos da cesta do IPCA por R$ 100,00 e depois comprasse a mesma cesta em julho passado, você gastaria R$ 212,63. Mais que o dobro. Pra exemplificar ainda mais, se você enchesse o carrinho de compras com R$ 100,00 em 2003, hoje com esse mesmo valor você compraria menos da metade do carrinho. E, dependendo do que você está comprando a inflação poderá ser muito maior de duas, três ou quatro vezes mais que a oficial, pois esta se restringe a um grupo de bens e seu peso respectivo numa cesta hipotética do consumidor de bens de primeira necessidade e de baixa elasticidade-preço em relação à inflação. Ou seja, se você compra produtos de marcas específicas e de qualidade melhor você poderá pagar ainda mais caro por isso.

Infelizmente, o governo tem a possibilidade de definir alguns preços importantes na economia. Esses são os chamados preços administrados, principalmente tarifa de energia e o preço da gasolina que foram durante boa parte do ano de 2014 controlados em níveis artificialmente baixos. O motivo de tal política foi de caráter meramente político e não econômico, pois, manteve a inflação no limite do teto até o final das eleições e depois o governo, já reeleito, deixou os preços flutuarem para responder aos custos reais desses setores.

A presidente Dilma Rousseff argumentou ultimamente que as pessoas deveriam respeitar a democracia no sentido de acatar a decisão das urnas, não mais reivindicarem impeachment ou a renúncia da presidente. Agora, até que ponto a manobra dos preços administrados para gerar uma falsa imagem de economia estável e assim obter respaldo nas eleições também não é um desrespeito com a democracia? Mesmo sendo legal o uso dos preços administrados na política econômica, temos no mínimo o direito de contestar o seu uso indiscriminado. Portanto, boa parte da queda de popularidade da presidente está vinculada a sua política econômica e os rumos dela, além é claro, do contingente de eleitores que tiveram a legítima sensação de que foram enganados após o último pleito.

A inflação é somente a ponta do iceberg, mas uma variável importante para se entender a crise, pois tem uma influência direta e indireta sobre as demais variáveis: juros, PIB e desemprego. Considerada pelos economistas um dos pilares macroeconômicos, quando começamos a perder controle sobre os preços um efeito dominó atinge as bases de sustentação da prosperidade do país.

Por fim, neste momento, as pessoas devem ter cautela em se endividar, evitar fazer financiamentos de longo prazo e devem guardar se possível seus recursos em algum investimento que garanta ganhos reais ou pelo menos que somente proteja sua renda da inflação corrente. Estamos literalmente pagando caro pelos erros do passado, e, talvez no futuro ocorra alguma mudança positiva para nós brasileiros, pois o presente é incerto, turbulento e de preços altos.*Doutor em Economia e professor do Departamento de Economia da [email protected]———————————–Faça a reflexão – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, e na ação-reflexão”. (Paulo Freire)Alguns anos atrás entrei pelo corredor do Palácio da Justiça. Havia uma greve e os grevistas estavam, desrespeitosamente, sentados à vontade, no chão do corredor. De repente alguém apontou pra mim e falou:- Foi esse.

Foi o bastante para uma senhora de cabelos loiros, que me pereceu dirigir o sindicato, vir até mim, pôr o dedo em riste quase na ponta do meu nariz e começar a falar tolices que me davam vontade de rir. Só aí lembrei-me de que eu havia falado, pelo jornal, sobre o que acho dos movimentos-de-rua. É difícil alguém pôr o dedo no seu nariz e você não reagir. Mas eu não me aborreci e vi como não me aborreço com o aborrecimento dos tolos.

Já falei pra você, que sempre fui sindicalizado. Sempre que entrava numa empresa já me sindicalizava. Vivi um período na indústria paulista, em que os movimentos grevistas eram muito mais acirrados do que os de hoje. Sempre que estávamos em greve eu aproveitava para descansar e fazer coisas mais úteis do que ir para as ruas gritar. E continuo o mesmo, mesmo fora das empresas. Não concordar com os movimentos grevistas não significa que não os respeite. Admiro os que têm coragem de levantar a bandeira na luta pelo que querem e merecem. O que defendo é que tais movimentos não deveriam ser necessários. E se ainda são é porque não sabemos lutar, pacificamente, pelos nossos direitos.

O assunto é longo e detalhadista. Logo, vou apenas expressar meu parecer no que discuto. Com todo meu respeito pelos sindicatos, continuo achando, como achava na década dos cinquentas, que o sindicato é um órgão político. Seus dirigentes são eleitos. E se têm que brigar para conseguir o que querem é porque não têm a competência necessário para resolver o problema politicamente, sem prejudicar os que não têm nada com o problema. Que é o que fazemos nas greves. Não prejudicamos o governo nem os secretários de educação, mas os alunos e famílias que não pertencem ao governo. Simples pra dedéu. E é o não entender isso que nos faz não entender que somos nós, cidadãos, os responsáveis pelos maus políticos e péssimos administradores. Logo, expie-se nos seus desmandos nas reflexões. E não venha pôr o dedo no meu nariz porque eu não vou mudar de opinião. Você é que tem que mudar sua maneira pueril de pensar sobre a evolução social. Por que você votou nos políticos que estão incomodando você e o levando às ruas? “Não é a política que faz o candidato virar ladrão, é o seu voto que faz o ladrão virar político”. Pense nisso.*[email protected]————————————–Praças e Tapumes – Lindomar Neves Bach*Quando estive morando fora e retornei depois de alguns anos, naquele momento estava um sol de rachar, mas logo choveu forte. Estava novamente em casa. Com as duas estações predominantes vindo me saudar no mesmo dia. Fiquei surpreso, deparei-me com uma cidade florida e com um projeto de urbanização de dar inveja a muita cidade pelo Brasil afora. Era uma ilusão. Foi só passar a Avenida Venezuela que tudo ficou como eu ainda lembrava. Asfalto cheio de buracos e lama, muita lama. Depois da Avenida São Sebastião o caos de sempre.

Ontem essa sensação recorrente me abateu quando estava saindo de casa debaixo de uma chuva torrencial. As obras da prefeitura têm se limitado ao centro da cidade. A exemplo do asfalto novinho em ruas já asfaltadas. Enquanto isso, importantes vias de acesso a periferia, recebem apenas os remendos da operação “Tapa-Buraco”. Isso quando recebem.

O cuidado que se tinha antes com as floridas rotatórias, com suas onze-horas e margaridas, substituídas por semáforos, agora está sendo dirigido às praças de bairros próximos ao centro da cidade. Enquanto outras de bairros afastados têm sido abandonadas. Com brinquedos quebrados enferrujados e muita sujeira. A praça do bairro Nova Cidade é um exemplo disso. Enquanto aquela estrutura corroída do ginásio não cair, causando uma tragédia maior, ninguém vai se importar.

Virou uma febre. Praças recentemente reformadas, como a do Coreto, estão cercadas com tapumes para nova reforma, dificultando o trânsito de pedestres naquele local. Nada contra. Podiam entregar a Praça da Bandeira, ou a Orla Taumanan, antes de iniciar a reforma de outra. A estrutura nua do Portal do Milênio tem sido testemunha dessa triste realidade. Desse imenso canteiro de obras inacabadas. Com relação a essa febre de reformas das praças fica a pergunta: vai ser possível entregar todas com tempo para festas de fim de ano? Quanto recurso ainda será gasto nessas obras? Quanto transtorno a população ainda vai que enfrentar? E quando vai se entrar num consenso das reais necessidades de Boa Vista? Temos uma cidade que tem um trânsito caótico e uma população que cresce cada dia mais, assim como a própria cidade. Não há como fechar os olhos para essa realidade. Ou o poder público começa a estender suas ações para minimizar as demandas dos bairros mais distantes ou corremos o risco de virar uma cidade de lindos cartões de visita no centro e um cenário de extrema penúria e abandono na periferia.*Artista plástico, designer gráfico, cartunista [email protected]————————————ESPAÇO DO LEITORVÍRUSA moradora do bairro Paraviana Aline Dantas relatou: “A grande infestação de mosquitos nas residências, neste recomeço das chuvas, tem contribuído para uma quantidade imensa de pessoas doentes no bairro. Sempre com os mesmos sintomas: dor de cabeça forte, dor nas articulações, febre intensa sempre no período da tarde e mal-estar. Os postos de saúde apenas informam que se trata de uma virose relacionada ao período do inverno. Mas, ao que parece, pode estar relacionado a uma infestação de dengue. O estranho é que não estão notificando estes casos.ENTULHOSA leitora Antônia Lima comentou: “Continua sendo desrespeitosa a ação de alguns moradores do bairro Cinturão Verde que insistem em jogar lixo e entulhos em terrenos baldios. Esta semana, um terreno próximo à minha residência amanheceu tomado de entulho e sujeira, sendo que a prefeitura tinha realizado a limpeza do bairro na semana anterior. Acredito que deveriam endurecer a multa para quem realiza este tipo de vandalismo”, disse.ATOLEIROMoradores da rua Constância Monteiro Guedes, no bairro Centenário, relataram: “Com a chuva que está caindo sobre a cidade nesta semana, a situação das ruas piorou e estamos praticamente sem ter como sair de casa devido à quantidade de água e buracos que se formaram. A rua, que já estava intrafegável, piorou mais ainda, e a solução que estamos encontrando é deixar nosso veículo na casa de vizinhos. Se as chuvas continuarem, é bem provável que as residências fiquem alagadas”, comentou um morador.PRAÇASO leitor Adelson Guedes relatou: “Moro bem próximo à praça do bairro 13 de Setembro e estes dias notei uma aglomeração de jovens fardados, e me chamou a atenção o fato de as escolas estarem em greve. Por esta razão, queria chamar a atenção do Conselho Tutelar para que fiscalize esta situação e assim possa acionar os pais que liberam seus filhos para ir às praças para outros fins, uma vez que as escolas estão em greve”, informou.