Opinião

Opiniao 21 10 2014 176

Canções de outubro – Walber Aguiar* Ser normal é meta dos fracassados                                               Carl Jung Era o mês de outubro. Calor e chuva. Gente correndo pelas ruas, na expectativa de que alguma coisa diferente acontecesse. Uns queriam um novo governo, outros buscavam muito dinheiro; alguns, ainda, seguiam no encalço de um novo e borbulhante amor. Uma paixão que enchesse a alma, que tonificasse o velho coração cansado e partido. Esperavam algo inusitado. Ou não. Era o décimo mês do ano. Tempo de relembrar as estripulias de Bach, de ressuscitar Renato Russo, de enternurar a alma com as flores do campo, o frio dos igarapés, o encanto gratuito das paisagens. Precisamente, era o dia 20  de outubro. Dia de celebrar a palavra poética, os poemas que rolavam pelo chão junto com as folhas de outono. Poesia do velho Drummond, do articulado Ferreira Gullar, do apaixonado Vinicius de Moraes, do hermético João Cabral de Melo Neto, do bucólico Mário Quintana, do simples Manoel de Barros, do universal Thiago de Mello. A poesia, em si, não conseguia renovar a alma resignada.  Precisava da motivação existencial, do desejo de viver coisas novas, da compulsão por novos caminhos, cachoeiras, montes, trilhas, acontecimentos. Embora o cotidiano se mostrasse sem aventura  e a poesia cuidasse em emprestar à vida um maior significado, muitos pareciam aceitar o conformismo, a normalidade, a mesmice como coisas absolutamente normais. Já não buscavam o inusitado, já não se deixavam fascinar pelo belo, fossilizadas que estavam diante da rotina  e da cantilena de viver os dias e as noites, as noites e os dias,  numa sucessão temporal apenas Naqueles dias absolutamente iguais, a política virou politicalha, o ético tornou-se conduta de otários, o riso mergulhou no cinismo, o respeito virou coisa de velhos e o amor acovardou-se pelo medo. A grande multidão marchava abatida na direção do velho matadouro existencial, do pântano enganoso das bocas, de uma espécie de niilismo que não levava a nada nem a lugar nenhum. Era preciso viver a força da palavra e do compromisso que as mesmas desencadeiam na realidade. Era ocupar-se de viver ou ocupar-se de morrer. Era não ter medo do fracasso, à semelhança dos leprosos que entraram no arraial dos sírios. Se fossem morreriam tentando, se ficassem morreriam de fome e de tédio. Era o mês de outubro. Tempo de amar, de respirar um outro perfume, lutar por um novo governo, percorrer novas trilhas na direção do infinito… *Advogado, poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras. [email protected] ———————————————————           A Ira de Deus – Marlene de Andrade* Como um Deus bom pode ficar irado e por que Ele permite que as pessoas sofram? A ira de Deus tem a ver com justiça retributiva e não com vingança. Deus jamais sente raiva, pois Ele é amor. Às vezes, disciplinamos nossos filhos com a vara, agora considerada crime, mas tal fato não quer dizer que os odiamos. Essa vara, às vezes, nem é uma vara propriamente dita, mas disciplinas variadas como proibir a criança de brincar por algumas horas e ficar pensando no ato insano, insensato e desatinado que cometeu. Deus corrige da maneira que Ele bem entende e porque Ele ama suas criaturas, pois quem ama corrige. Assim como corrigimos nossos filhos, Ele também assim procede. É verdade que existem pais que se iram com ódio contra os filhos e que são perversos com os mesmos, todavia este não é o caso de Deus, pois sua disciplina é sempre com amor. Os militares têm que andar sempre na linha, senão são disciplinados com rigor. Nessas instituições ninguém passa a mão por cima da cabeça de ninguém, como é que querem que Deus afrouxe na disciplina? Vejamos o que nos diz este versículo: “Filho meu, não rejeites a correção do Senhor, nem te enojes da sua repreensão. Porque o Senhor repreende aquele a quem ama, assim como o pai ao filho a quem quer bem.” (Provérbios 3:11-12). É verdade que Deus é amor, mas só por isto ele não pode disciplinar? Dizer que Deus não pode castigar porque Ele é amor, é uma forma de dissimular através de desculpas ou subterfúgios levianamente, a verdade. E tem mais, nem sempre é Deus quem está disciplinando. Ora, se a pessoa é alcoólatra como não vai querer adquirir um câncer de estômago? Deus é amor sim, mas não podemos nos esquecer que cada um de nós têm liberdade de agir conforme queiramos e tudo de mal que fizermos trará consequências. Existe a lei da semeadura e quase tudo que nos ocorre tem a ver com as más ações que praticamos, portanto nem sempre é Deus quem está castigando. Quando Deus permite que as pessoas sofram as consequências de suas más ações não é porque Ele é tirano. É insensatez achar que Deus é mau só porque disciplina aqueles que não cumprem seus os mandamentos. Um juiz de direito pode ser considerado perverso só por que condenou alguém que cometeu uma infração? Claro que não! Assim como o juiz tem todo o direito de disciplinar, Deus também tem esse direito. Deus é Santo, por isto Ele não peca e nem aprova qualquer tipo de pecado cometido pelas pessoas. Se Deus aceitasse o pecado, seria conivente com o pecador. “Deus julga o mundo com justiça; governa os povos com retidão” (Salmo 9:8). *Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT Facebook.com/marlene.de.andrade47 ——————————————————— Aos poetas – Afonso Rodrigues de Oliveira* “Se vires a tarde fria Com ar de querer chover, Lembra-te são meus olhos Que choram para te ver”. Só ontem, pela manhã, fiquei sabendo que era o dia dedicado ao poeta. Abri um livro com um zilhão de poesias do Olavo Bilac. Li uma porção. Peguei o livro da Roberta Cruz e li-o quase todo. Mas não me saiam da cabeça, poemas, sonetos e muitos mais, que li na minha infância, cujos autores sem sei quem são. Certa vez procurei, por muito tempo, o autor do soneto que mais mexeu comigo na minha adolescência. Só recentemente descobri seu autor, através da internet. Tenho certeza de que já o enviei pra você, por aqui. Mas vamos repetir, porque vai valer a pena. É um dos sonetos mais encantadores que já tive o prazer de conhecer. SANTA (Hermeto Lima) Essa que passa por aí senhores, De olhos castanhos e fidalgo porte, É a princesa ideal dos meus amores, É a mais franzina pérola do norte. Contam que numa noite de esplendores, A essa que esmaga o coração mais forte, Hinos cantaram e jogaram flores Às estrelas em mágico transporte. Acreditai, talvez, ser fantasia. Eu vos direi que não; em certo dia, Quando ela entrou na festival capela Eu vi a virgem mergulhada em prantos, E o Cristo de marfim fitá-la tanto, Como se fosse apaixonado dela. A poesia nos leva muito além do tempo. Mesmo quando não vivemos tempos distantes. Não importa. Ela mexe com nossos sentimentos, espraia nossos amores e nos traz, na nave universal, os sentimentos que brotam, e sempre brotam. Como eu gostaria de ser um poeta. Mas me sinto bem. Porque se eu fosse um poeta talvez não admirasse tantos os realmente poetas. E sem poesia aproveito o momento para mandar um abração do tamanho do mundo, para toda a equipe da Folha, pelo aniversário do jornal. Toda a equipe, sem exceção. Um relacionamento que vem desde sua primeira edição. O que me deixa muito orgulhoso. Amizades, algumas das quais já estão distantes e que me marcaram, como o Fernando Estrela e a Sandra Tarcitano. Amizades que não morrem separadas pela distância. A toda a equipe, não importa onde estejamos, aquele abraço quebra-constelas. Mais um ano, que será apenas mais um ano, de luta amenizada pela ordem, harmonia e, sobretudo pela responsabilidade no dever de cumprir o dever. Porque é assim, e só assim, que chegamos onde queremos e devemos chegar. Nossos caminhos somos nós que os traçamos. Obstáculos e desvios são enfrentamentos nas veredas da vida; e nada mais do que isso. Sigamos nossos caminhos sem dar importância ao que não merece nossa importância. E por isso somos um só. Pense nisso. *Articulista [email protected]     9121-1460     ————————————————– ESPAÇO DO LEITOR CAMPANHA “Os debates de campanha parecem programas de humor. Chamem o Tiririca para participar, e vamos rir”, comentou o internauta identificado como Jotace sobre o horário político na televisão e no rádio. ESQUECIDOS Um morador do Jardim das Copaíbas, no Distrito Industrial, zona Sul de Boa Vista, denunciou que a região está abandonada. “As pessoas que moram aqui estão esquecidas. Moro há cinco anos no bairro e minha sogra há 14 anos. Até hoje não temos água encanada, asfalto nem transporte público”, denunciou. CORRIDA Sobre o acidente envolvendo uma corredora de rua, o internauta Everton Silva comentou na página da Folha no Facebook: “O canteiro central da Avenida Ville Roy é gigantesco. Mas o povo insiste em correr no meio da rua. Só uma dica, se for correr à noite, use roupas claras”. PROMESSAS Sobre as promessas de campanha dos candidatos ao Governo do Estado, a internauta Francisca Queiroz comentou: “Fico vendo as acusações dos candidatos de ambos os lados. Seria bom mesmo se os candidatos cumprissem as promessas. Os que dizem que vão fazer diferente quando estão lá fazem do mesmo jeito. É uma pena”. REFORÇO “Será imperativo que tenhamos a presença de forças federais nesse segundo turno. Nunca, antes na história de Roraima, o governo teve a possibilidade de ser derrotado pela oposição. Logo, farão todas as possíveis estripulias, inclusive contando com os agentes públicos. Pra que tenhamos um quadro de tranquilidade, é importante a presença também da Força Nacional, do Exército e da Aeronáutica no pleito. O eleitor tem que ter a tranquilidade de exercer o seu direito constitucional, do sufrágio universal. Forças Federais já”, declarou o internauta Carlos Roberto Bezerra Calheiros. DOAÇÃO Em relação à nota “Doação”, publicada no sábado, a Direção de Captação do Hemocentro de Roraima (Hemoraima) informou que eventualmente funcionários do setor responsável pelo Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) têm realizado ações de captação externa, sobretudo durante ações em parcerias para ampliar o número de doadores cadastrados. No entanto, todos os profissionais que atuam na captação de sangue estão aptos a realizarem o cadastro no Redome. Diante de qualquer dificuldade, o usuário deve procurar a direção da unidade.