Eu quero ir com ele! – Tom Zé Albuquerque*A frase acima foi dita na semana passada pela senhora Clarissa Garotinho, filha do ex−governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, quando da transferência dele do Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste do Rio.A cena, a priori, chocaria por se tratar de um choro de uma filha em defesa de um pai, mas o cenário dá contornos de bizarrice por sabermos que o político carioca é, como diz no jargão político, uma “raposa velha” e não raro esteve envolvido com denúncias de corrupção. A própria filha tem sido por longos anos beneficiada dos esquemas sinistros adotados pelo pai, mas agora brada que o pai não é bandido. Bem, na visão dela, é possível que ele não seja.Nem mesmo o mais dos otimistas acreditaria que o Brasil iria mudar tão rápido. O que ocorreu na semana passada com aprisão de dois ex−governadores, e o que tem acontecido nos últimos tempos com as inúmeras prisões de bandidos do colarinho branco regozija uma parte da população cansada, que não mais acreditava em uma nova conjuntura política no país da malandragem. O sentimento de “tudo pode” porque “você não sabe com quem está falando” é tão intenso que Garotinho e seu filho (discípulo do pai, pelo exemplo) ofereceram até 5 milhões de reais para que se interferisse na decisão do Juiz Glaucenir Silva de Oliveira, autor do pedido deprisão preventiva do político.Garotinho, Cabral, Renan, Cunha e, principalmente, o articulador-mor Lula, fazem parte de um lixo político que já deveria ter sido banido do Brasil havia tempos. Nada trazem de bom em prol do futuro do país, criam ações imediatistas sustentadas e pulverizadas pela mídia prostituta, transmitem uma realidade falsa e falha com promessas mirabolantes para refrigerar o seu senso comum nojento, falseiam uma sensação segura como pano de fundo, mas querem mesmo é blindar seus projetos de perpetuação de poder tendo por base as extravagâncias, o luxo, as comodidades, o enriquecimento ilícito e acumulação de posses, muitas posses, tudo isso retirado do patrimônio público.Quando um político safado se apropria indevidamente da coisa pública, ele está ceifando o direito de um ser humano ser atendido num hospital, de fazer uma cirurgia ou se beneficiar de um tratamento que lhe dará condições de viver por longos anos. Assim, ocorre com a falta de segurança que alimenta o sempre ascendente tráfico de drogas, que não consegue evitar o assassinato de milhares de brasileiros honestos, porque o dinheiro dessa seara está aplicado em mansões litorâneas, sítios novelescos, contas bancárias abarrotadas de dólares em paraísos fiscais. A corrupção deveria ser crime hediondo porque mata, sem direito a defesa. Todo CORRUPTO é um ASSASSINO!Não sabemos até onde isso vai dar, quanta lama ainda vai transbordar, mas acreditar já é possível. Ainda vamos penar um bocado porque acorrupção brasileira se respalda na mitologia grega, no monstro Hidra de Lerna, corpo de dragão e 3 cabeças de serpente, que quando uma delas era cortada cresciam mais 2 cabeças em substituição àquela eliminada, numa regeneração absurda, e cujo hálito do bicho gigante era venenoso. Quando a filha do Garotinho se histeriza em “Quero ir com ele!”, é de se acreditar que ela pretende seguir os passos do pai. Assim, um dia ela também irá.
*Administrador
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A tensão antes da prova – Ana Regina Caminha Braga* Se tem uma coisa que temos que lidar desde muito cedo é com o nervosismo antes das provas. Desde muito pequenos somos avaliados e devemos lidar com isso. Porém, na grande maioria das vezes em que essas avaliações acontecem, o stress e o nervosismo tomam conta do nosso emocional, podendo até prejudicar os resultados.E se em nós adultos o “estrago” pode ser grande, imaginem para as crianças. Ir mal numa prova nem sempre tem a ver com o fato dela não saber determinado conteúdo, mas com o estado emocional em que ela se encontra a realizar tal ato. A cobrança por parte dos pais, professores e até da sociedade é tão grande, que muitos não conseguem lidar e executar as tarefas como gostariam.Tal ato é um misto de sentimentos, como o medo, a frustração e a preocupação. É um processo delicado em que o professor deve estar atento, já que para os alunos, o dia da avaliação é esperado com muita ansiedade, estresse e nervosismo. Para eles, essas avaliações muitas vezes são a identificação do julgamento do que é certo ou errado, é o que rotula, o que o diferencia dos colegas em sala.E toda essa tensão pré-prova pode acabar levando a criança a níveis de stress fora dos padrões para a idade. Podendo desencadear sintomas ainda mais graves com enjoo, diarreia, pressão baixa, taquicardia, sensação de desmaio, choro e sentimento de incapacidade. Agora, se esse docente não estiver preparado, acabará revelando alguns dos problemas já citados, os quais devem ser analisados e encaminhados para a solução adequada, evitando assim maiores prejuízos.*Escritora, psicopedagoga e especialista em educação especial e em gestão [email protected]————————————–
A FRENTE PARLAMENTAR DO CRIME E A ELEIÇÃO DE 2018 – Percival Puggina*Enquanto transcorria a campanha eleitoral de 2014, eu apostava na possibilidade de um upgrade qualitativo no Congresso Nacional. A lei da ficha limpa, embora alcançando figuras menores, já afastava alguns do jogo político. A boa cobertura da mídia à operação Lava Jato e as denúncias das grandes revistas de circulação nacional sinalizavam o nível de comprometimento de vários personagens da cena política e de seus partidos. “O eleitor haverá de estar mais atento e seletivo ao digitar algo válido na urna eletrônica”, pensava eu. Mas não foi assim, como se constata, à medida que as investigações da força-tarefa da Lava Jato e as delações a ela feitas mostram a extensão das facções criminosas que continuaram operando dentro do Congresso. Embora aquela eleição tenha proporcionado renovação de 43% na Câmara dos Deputados, grande parte dos que buscaram conservar suas cadeiras foi bem-sucedida. Em números absolutos: dos 513 deputados, 122 não se candidataram, 391 disputaram e 290 se reelegeram. Taxa de insucesso de apenas 25%. Certamente, entre os reeleitos, estão quase todos aqueles cujos fundos de campanha foram previamente abastecidos por meios escusos para enfrentar os custos envolvidos. Onde a política vira negócio, investir é parte dele.Opera no Congresso Nacional uma numerosa bancada suprapartidária que poderia ser denominada Frente Parlamentar do Crime. É dela que procedem todas as tentativas de esvaziar a Lava Jato e de buscar anistias.
É ela que costura as propostas para conter e constranger o Ministério Público, a Polícia Federal e o Poder Judiciário. É ela que se opõe às medidas legislativas sugeridas para o combate à corrupção. E não hesito em afirmar que essa frente parlamentar é, também, mais numerosa que qualquer das bancadas da Casa.Conheço o constrangimento que os bons experimentam nesse convívio com o que deveria ser população carcerária. Será que toda a monumental tarefa da operação Lava Jato e tudo mais que venha a ser documentalmente comprovado pelas múltiplas delações da Odebrecht será inútil para expurgar da vida pública a Frente Parlamentar do Crime? Mais ainda, a impunidade e a prescrição continuarão a suscitar “vocações políticas” entre criminosos interessados em agasalhar-se com o privilégio de foro? Nossas instituições dormem sossegadas com a perspectiva de que tal situação perdure para a eleição de 2018 e mantenha a Frente Parlamentar do Crime operante até o bicentenário da Independência, em 2022? *Membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org————————————-
O mestre – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Se o mestre for realmente sábio, ele não o levará a entrar na casa da sabedoria dele, mas, sim, o guiará para os limites da sua própria mente”. (Gibran Khalil Gibran)É isso aí. Os realmente sábios apenas orientam, não dirigem. Porque só você sabe o que é realmente importante pra você. Mas não vamos falar de sabedoria. Quem sou eu? Eu vinha ali, pela rua, e comecei a pensar sobre o grande número de Mestres que já conheci e ainda convivemos. E a maioria é de uma simplicidade encantadora. O que nos leva à dificuldade de trabalhar com a Cultura. Os reconhecidamente cultos ainda vivem a ilusão que a Cultura está só nas universidades. Eles não saem por aí descobrindo o encanto da sabedoria enraizada em interiores desconhecidos, desses brasis desbravados. Geralmente quando estamos sós, eu e a dona Salete, os assuntos aparecem da forma mais estranha. Tempo desses estávamos à mesa do almoço e ela me parecia meio casmurra. De repente ela olhou pra mim e me perguntou:- Por que será que o pessoal chama você de mestre? Segurei o riso e respondi com sinceridade:- Não tenho a menor ideia. E gostaria muito de saber.Ela continuou olhando para a parede, meneou a cabeça e voltou a comer. Continuei segurando o riso, mas não consegui segurar a curiosidade. Por que será? Aí comecei a sorrir disfarçadamente, lembrando-me de um episódio ocorrido comigo, tempo desses, em São Paulo. Era começo de tarde e fui até um colégio ali na Liberdade, para ver a possibilidade de matricular uma de minhas netas, no colégio. Mas a diretora ainda não tinha chegado do almoço. O atendente foi super legal e aconselhou-me a esperar. Sentei-me ali no corredor. Logo a diretora chegou e perguntou para o atendente:- Alguém me procurou?Ele apontou pra mim e falou:- Só o mestre ali. Ele quer falar com a senhora.Aí, sim, fiz força pra segurar o riso. Por que será que aquele cidadão me chamou de mestre, se ele não me conhecia nem sabia que isso é mania dos roraimenses? A diretora me atendeu e saí sorrindo pela rua.
Caminhei me perguntando: por que será que me chamam de mestre? Será que tenho cara de sabido? Pelo meu porte físico, com certeza, não é; pela minha beleza física, também não; pela sabedoria também não.
Mas deixa pra lá. Mesmo porque sei que ninguém está gozando com minha cara feia. E acho que a dona Salete continua com a mesma dúvida. Mas o que realmente me importa é que amo, sinceramente, todos, sejam conhecidos ou não. Mesmo porque o tratamento que me dão, com certeza, é retorno do respeito e tratamento que dou a todos. O que colhemos é fruto do que plantamos. Pense nisso.*[email protected]