Opinião

Opiniao 22 01 2016 1960

Na medida certa – Vera Sábio*

Embora somos eternos questionadores, e muitas vezes não temos respostas aos nossos diversos questionamentos, ainda assim Deus misericordioso nos oferece tudo na medida correta. Alguns comentam que “Deus escreve certo por linhas tortas”. Eu digo que Deus escreve certo por linhas certas, somos nós que não sabemos ler.

Através de fatores ainda desconhecidos, mas com grande probabilidade de serem verdadeiros, estão nascendo várias crianças com microcefalia, o que desespera muitos corações amorosos, os quais as acolhem sem sequer saber o quanto lhes cresceram a paciência, a fé, a doação, o amor incondicional e tantos outros atributos que somente existe em mães especiais.

Há também um ditado popular que afirma que: “Ao fechar uma porta, Deus abre uma janela”. Todavia, ouvi de um padre um sentido contrário a esta frase, revelando maior confiança na bondade divina.

Deus nunca nos fecha nenhuma porta, simplesmente vivemos descuidados e esquecemos de colocar um calço para que os conflitos da vida não façam a porta bater. Porém, mesmo assim, Deus, em sua infinita compreensão, abre outra, a fim de sempre nos proporcionar uma saída.

A ganância doentia por vezes retira o bom senso, o amor ao próximo e tantos outros calços necessários para uma convivência mais justa, onde respeitemos o direito de todos e possamos crescer juntos como irmãos, sem oferecer risco aos pequenos.

Portanto, tudo de mal que nos acontece são consequência dos nossos próprios atos. Enquanto o bem que surge, sempre é presente das mãos de Deus, mesmo quando ele quer utilizar de nossas mãos.

Deus se revela em corações acolhedores, olhares atentos e braços fortes que protegem, amam e se doam aos filhos com alguma deficiência. Pois, nestas mães, facilmente verificamos a face singela e piedosa do nosso grande Pai.

Mães especiais, não se choquem, não se desesperem, não se sintam frustradas ao receber nos braços uma criança com alguma limitação. Agradeçam a Deus que tudo sabe, tudo pode e tudo provê; Ele lhes fornecerá condições necessárias para cuidar dos anjos que os concedeu.

Portanto, a vocês, autoridades, governantes e todos aqueles que são responsáveis pela falta de atendimento adequado, pelos desvios de recursos destinados à saúde, pela ambição doentia que os fazem sentir-se imortais; enfim, por tantas ações malditas que ajudam no aumento das deficiências, sendo pura culpa de todos que têm deficiência de empatia e amor, lembrem das palavras das sagradas escrituras, deixadas em Mateus capítulo 3.

“10 O machado já está pronto para cortar as árvores pela raiz. Toda árvore que não dá frutas boas será cortada e jogada no fogo.”

*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cegaCRP: 20/04509e-mail: [email protected].: 991687731

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O dólar e o carnaval – isso aí dá samba – Fernando Rizzolo*

Pode até parecer, pelo título deste artigo, que o assunto de hoje seja economia, os insondáveis custos de hospedagem nos hotéis, enfim, as viagens de feriado prolongado que estão por vir e quanto elas vão custar. Isso até renderia um longo texto, mas, na verdade, eu que nunca fui um folião, prefiro refletir os motivos do carnaval no Brasil. Sua insana e anestesiante felicidade rende mais que a economia. Com efeito, não há como desvencilhar situações tristes que são afogadas na alegria incontida desta festa.

Lendo um artigo há pouco tempo, descobri, surpreso, que nas quatro primeiras décadas do século 20, negros cariocas e judeus do Leste Europeu migrados para o Brasil dividiam ruas, escolas e mesmo casas no bairro Praça Onze, no Rio de Janeiro. E foi por lá, justamente na antiga Praça Onze, que as primeiras escolas de samba surgiram.

Mas, o que poderia, na época, fazer do carnaval uma efervescência de alegria na Praça Onze? Na minha humilde interpretação, a festa seria um jeito de extravasar a tristeza, o descaminho e o desalento, tanto de negros quanto de minorias étnicas. Por aqui, Brasil do samba, quando as coisas vão mal, o carnaval continua sendo um remédio – um tanto ingênuo e até passível do título ‘alienação’, é verdade. Ainda me lembro quando nos meus quinze anos juntávamos amigos e íamos de trem ao Rio de Janeiro, para o carnaval, é claro. Não entendia bem a alegria, mas aquilo me fazia feliz.

Com o samba enredo “2016: economia precária, recessão, desemprego e dólar alto”, a espontânea alegria carnavalesca é mais difícil, menos praticável. Apesar disso e por mais incoerente que pareça, acredito ser legítimo buscar meios de alegrar o espírito. Aqueles que criticam o carnaval devem apenas observar a alegria sem nexo, a fantasia da ilusão e se despojar da rigidez racional.

Talvez assim, e num vislumbre da história brasileira, compreenderemos que da alegria infantil revive a força; que com o espírito alegre, embalado pelas marchinhas, renascemos. Traçamos uma marcha sem rumo em direção ao inesperado, fortalecidos, apesar disso. Talvez haja alguns bêbados de esperança pelo caminho, em meio aos sempre sóbrios, assim como viviam outrora os negros e judeus da Praça Onze.O enredo político perdido neste país em que impera a corrupção só pode ser vencido pela esperança da alegria.

Pena que o antigo trem de ferro São Paulo-Rio já não exista mais. Se por suas linhas ainda trafegasse, estaria eu mesmo tentado a esquecer de tudo e a viver deste ardor mais uma vez, deste antídoto chamado carnaval. Festa bonita, da forma como se realiza, é só nossa. Incoerente? O que importa! Evento monumental, figura sim como disforme no contexto da nossa democracia. Aliás, aqui democracia rima com folia e eu vou sim preparar minha fantasia, pois sinto saudades do tempo em que o real (Real?) valia… acho até que… isso aí dá samba…!

*Advogado, Jornalista, Mestre em Direitos Fundamentais e membro efetivo da Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP

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No calor do cadinho – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Com o Congresso poderemos até não ter alguma liberdade. Mas sem o Congresso não teremos liberdade nenhuma”. (Jarbas Passarinho).

O caldeirão político está sempre em efervescência. E isso é bom. Mesmo quando o rebuliço traz indícios de desmandos. Ruim era quando os desmandos não vinham à tona. Ultimamente tenho sentido que os discursos andam tomando novos rumos, porém concentrados nos rumos da política. As derrotas do Governo atualmente, são significativas. Se elas são boas ou más, não sei. O que estou focando é como discussões, acontecimentos e resultados acontecem.

Há décadas ouvimos os realmente entendidos dizerem que o Congresso Nacional perdeu muito na sua qualidade. Que atualmente temos até muitos bons políticos, mas nenhum estadista. Cheguei a concordar por algum tempo. Mas, parece-me que os estadistas estão tentando voltar. Estão querendo tomar assento. Mas é bom que estejamos de orelha em pé. Numa democracia não se formam estadistas sem um Estado bem estruturado. E o que vimos e ouvimos, recentemente, em discussão sobre a redução da idade penal, deixou-me preocupado. Continuamos discutindo a cor do miolo do bambu.

Ontem andei procurando um pessoal aí pela rua. O que soube foi que todos foram cortar lenha. Isso significa que dentro em pouco, nosso cadinho político vai ferver. O que não será novidade nenhuma. O que me preocupa é que se durante a fervura, vamos ver os problemas ferventes, de binóculo ou de periscópio. A superficialidade política no nosso cenário político continua a mesma; nada mudou nem muda. Continuamos a mesma província cercada e encurralada.

Quando será que vamos parar de pescar piabas e partir para o profundo? Quando será que vamos conscientizar nossa sociedade de que os problemas com os políticos são da sociedade? Que enquanto não nos libertarmos das cercas e dos currais, não poderemos evitar cavaleiros de esporas nos representando onde deveriam estar políticos e estadistas de verdade. Quem de nós está dizendo para seu filho que a responsabilidade nas mudanças é dele; que ele tem que aprender muito sobre política, para poder ser um cidadão politizado? Que quando ele for para as ruas protestar contra o comportamento de certos “políticos” deve primeiro procurar saber por que aquele mau-político está representando-o, eleito pelo voto cidadão. Aí ele vai desistir de protestar, voltará para casa e estudará mais sobre os deveres do cidadão na eleição dos seus representantes na política. Quando elegemos alguém que não merece nosso respeito não podemos esperar que ele nos respeite. Falta educação. Pense nisso.

*[email protected] 99121-1460

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ESPAÇO DO LEITOR

CEMITÉRIOO leitor Edir da Silva comentou que o cemitério municipal Nossa Senhora da Conceição, localizado no bairro São Vicente, está sem espaço para novos sepultamentos. Ele afirmou que um amigo faleceu e que familiares e amigos fizeram cota para realizar o sepultamento no cemitério particular Campo da Saudade, localizado na avenida Centenário.

SOSSEGOMoradores do bairro Jardim Floresta reclamam que estão passando por transtornos por casa do barulho de uma casa de Evento. “Mesmo diante de tantas denúncias de poluição sonora por anos, os órgãos insistem com o ‘jeitinho brasileiro’ em conceder licenças ambientais sem critérios técnicos (sem isolamento acústico e adequadas pesquisas de vizinhança). As ligações com denúncias feitas ao número 156 não são atendidas. Nós, moradores, estamos cansados e fadigados de ter nosso direito de sossego ser massacrado por conta de interesses diversos”, afirma o e-mail.

RESPOSTASobre a nota “Convocação”, no dia 15, o Instituto Federal de Roraima (IFRR) informou que houve impossibilidade de contratar professores temporários por determinação do Governo Federal e que os aprovados para os três cargos do processo seletivo, publicado em 18 de fevereiro de 2015, que faltavam ser preenchidos, não puderam ser convocados. Dos 27 cargos disponibilizados, foram contratados 24 professores substitutos e somente três não puderam ser efetivados.

SEGURANÇAInternauta Francisco Muniz comentou sobre o acusado de assalto que morreu ao ser atropelado pelo namorado da vítima: “A grande questão apontada por fatos como esse diz respeito à eficácia e à eficiência do provimento da ordem pública, que não pode ser garantida apenas como responsabilidade exclusiva da polícia. A ausência do provimento estatal dessa ordem pública gera a sensação de impunidade, de que o bandido sempre terá vantagem. O problema é que nem todos conseguem evitar o pior na ausência do Estado Polícia. Por outra parte, não se pode negar as outras formas de violência que precarizam as relações sociais e fazem com que a Ordem Pública se torne preocupação de ninguém. De certa maneira, quadros como esse resumem efeitos, e não as causas, do não provimento da ordem pública!”.